Benjamin corria como nunca feito antes em sua vida. Sua cabeça girou mais uma vez para trás a procura de algo que não estava mais ali. Apoiando as mãos em seus joelhos ele tentava regularizar sua a respiração, enquanto ainda permanecia atento à sua volta. " Por que diabos eu não ouvi a vovó?" Ele pensou enquanto erguia o corpo já com a respiração quase normalizada.
Do nada o silêncio que dominava aquele estacionamento vazio do supermercado da cidade acabou, ele podia ouvir novamente aquele grunhido as suas costas. Ben não tinha mais forças para correr, suas pernas tremiam igual duas varas bambas, só restava para ele torcer para sobreviver. Lentamente Benjamin se virou ficando cara a cara com a fera. Um bicho enorme e peludo, seus dentes amarelos e afiados, aqueles olhos avermelhados sombrios e aquelas garras medonhas, seus olhos fixaram naquelas garras enormes que se fecharam em seus braços. Benjamin subiu seu olhar novamente para aqueles olhos vermelhos que o encaravam, precisava tentar pedir por misericórdia ou torcer para que sua morte ao menos não fosse lenta, mas ao olhar para aqueles olhos Benjamin notou algo diferente, era algo como um pedido de socorro. Aquele lobisomem não queria matá-lo? Ele estava pedindo ajuda?? O lobisomem aproximou ainda mais sua cara grande do rosto de Benjamin que pôde sentir aquele terrível bafo podre em suas narinas, algo que lhe causou uma forte ânsia, da qual fez o bicho o soltar e correr para longe, deixando Benjamin totalmente chocado e confuso com essa estranha experiência.Ele viu o monstro sumir por entre as árvores e um uivo alto ecoou ao longe, causando arrepios em Ben, que respirou aliviado por ainda estar vivo.
— Puta merda, que diabos foi isso? Ele passou as mãos nos próprios braços querendo conter o arrepio que estava por seu corpo. Após uns segundos tentando colocar a mente no lugar, Benjamin agora de fôlego recuperado correu pela rua em direção à casa de seus avós. Assim que entrou pela porta sua avó veio ao seu encontro, seus cabelos brancos bagunçados e com as mãos a senhorinha segurava seu hobby de seda, o mantendo fechado em seu corpo. — Pelo amor de Deus Benjamin Smith, por onde se meteu uma hora dessas? Não é seguro lá fora, temos um louco psicopata à solta na rua. — Desculpe vovó, eu não quis preocupá-la. — Benjamin respondeu ainda sentindo seu corpo tremer involuntariamente de nervoso. — E não é um louco, eu o vi, pode parecer loucura o que eu vou dizer, mas era um lobisomem. Grace levou as mãos na boca chocada com as palavras de seu neto, ela já havia escutado relatos de que o que andava matando pessoas pela cidade era um animal, devido ao fato de como os corpos eram encontrados, mas agora um lobisomem? Isso era demais. — Ora menino, não seja tolo, lobisomens não existem, são apenas lendas. Andou bebendo, não é? Bem que sua mãe me disse que você anda inventando coisas por aí. Benjamin olhou incrédulo para sua avó, mais uma vez estava sendo taxado de mentiroso apenas porque bebeu algumas cervejas, mas nada a ponto de não saber o que viu, isso, ele sabia muito bem, podiam não acreditar nele, mas ele tinha plena certeza de que aquele bicho que agarrou seus braços com aquelas patas frias era um lobisomem, mas de que ia adiantar discutir com sua avó? Apenas ia chamá-lo de bêbado. Ben respirou fundo e balançou a cabeça chateado. — É vovó, eu devo estar mesmo bêbado, não é? Então eu vou dormir. Amanhã falamos. Benjamin sobe as escadas frustrado, indo para seu quarto, o mesmo quarto que um dia foi de sua mãe. Ele fechou a porta e olhou em volta, odiava ficar ali, aqueles montes de coisinhas rosas e delicadas no quarto era sufocante, o que salvava daquele quarto eram os posteres de astros do rock sem camisa, vestindo apenas uma jaqueta de couro que os deixavam com um ar extremamente sexy. Benjamin era gay assumido desde os treze anos, sofreu muito com o preconceito na escola quando se assumiu, mas agora com vinte anos, não permitia que ninguém o tratasse mal, ele se tornou um homem de personalidade forte e decidido do que queria para sua vida, que era se tornar um grande astro de Rock. Cansado Ben tirou a roupa ficando apenas de cueca boxer, do jeito que gostava e se jogou na cama, puxando sobre seu corpo a coberta lilás de sua mãe, mas Ben infelizmente não tinha sono no momento, mesmo as três da madrugada, ele agora só conseguia pensar naquele lobisomem, naqueles dentes afiados e naqueles olhos, algo naqueles olhos o intrigaram, ele sentia que a fera precisava de ajuda, mas como ajudar um lobisomem e que tipo de ajuda ele queria? O fato era que ele precisava descobrir, havia tomado essa decisão para si, e quem sabe ajudando a fera, a cidade não voltaria a sua normalidade, acabando com o maldito toque de recolher e voltando a funcionar os bares noturnos de que ele tanto gostava.Pela manhã Benjamin acordou assustado com sua avó batendo insistentemente na porta do quarto.— Oi vovó. — Ele disse ainda deitado.— Acorda menino, já é quase hora do almoço, preciso que vá ao mercado para mim.— Mas vó, é domingo, dia de dormir. Aonde está o vovô?— Ele foi a cidade vizinha, buscar o peixe para o almoço. Vamos levante-se menino.Ben sentou em sua cama esfregando as mãos em seu rosto, ainda sonolento, olhou para o relógio rosa na mesinha de cabeceira que indicava que eram dez e meia da manhã.— Ela tem coragem de dizer que é quase hora do almoço.Ele resmungou e respirou fundo antes de se levantar, vestiu uma camiseta preta e calça jeans rasgadas na frente, calçou um All Star preto e saiu do quarto ainda esfregando os olhos.— Vovó?— Aqui na cozinha filho.Benjamin desceu as escadas, indo até a cozinha, onde pegou uma maçã na fruteira, deu uma mordida e beijou o rosto da senhora de cabelos brancos e cacheados, que pareciam nuvens fofas.— Bom dia vovó.— Quase uma b
Ao chegar em casa, Benjamin agora tinha duas coisas rodando em sua cabeça, Logan, aquele cara sexy do mercado e dono de uma das maiores produtoras musicais do país e aquele lobisomem, com tivera o desprazer de encontrar na noite anterior. Como faria para encontrar com ambos novamente??Após deixas as compras na cozinha, Benjamin subiu para o quarto e pegou seu notebook na mesinha de estudos, sentou-se na cama, colocando o computador sobre suas coxas. Ele ligou a máquina e abriu na página de buscas, pesquisando primeiro o nome Logan White.De cara já apareceu uma foto de Logan na tela, o homem vestia um belo terno azul marinho, seus cabelos estavam presos em um coque e ele tinha um olhar sério, mostrando ser um homem de negócios, diferente do que Ben havia visto no mercado, onde o encontrara totalmente descontraído.— Nossa, você fica ainda mais gato de terno senhor Logan. — Ben disse baixinho para si mesmo.Ele abriu a página, em um site, vendo algumas informações sobre Logan." Logan
Logan saiu do mercado e caminhou até seu carro, onde jogou as sacolas no banco detrás, ele entrou no carro e saiu dirigindo para fora do estacionamento. Seu carro era grande, um 4X4 preto, com os vidros igualmente negros. O que tornava impossível de alguém vê-lo dentro do veículo.— Que rapaz mais atrapalhado. — Logan disse rindo a si mesmo. — De onde eu o conheço? Ele não é estranho, sinto que já o vi em algum lugar, mas onde Benjamin, onde?Logan dirige até sua casa, que era um pouco mais afastada da pequena cidade, do outro lado do grande bosque. Após pegar a estradinha ele dirigiu mais uns três quilômetros até sua casa, na beira do lago, ele desce e após pegar as sacolas no carro, ele olha para trás, ouvindo o barulho de um barco se aproximando, ele já sabia bem do que se tratava e respirou fundo, buscando dentro de si a paciência a neutralidade que precisava ter naquele momento.— Droga, de novo?Ele para ainda segurando as sacolas em suas grandes mãos e vê o xerife se aproximand
Ainda no carro, vovô Tom dirigia apressado em direção à delegacia. Ben o olhava pensativo sobre sua mudança de humor e sobre o que ele havia dito.— Vovô, o que quiz dizer com marcado?— Marcado meu filho, é quando um lobisomem te arranha ao tentar te pegar, isso faz você virar um lobisomem, pois o DNA dele fica cravado na pessoa.— Credo. — Benjamin diz arrepiado, só de pensar em uma possibilidade daquela.Tom sorri enquanto manobra o carro no estacionamento da delegacia.— Então quer dizer que o senhor acredita em mim? Acredita que eu vi um lobisomem?— Claro que sim, sua avó é muito cética, a vida a tornou assim, mas eu conheço a lenda, e tudo bate, os fatos, as vítimas.Tom sai do carro e Ben o acompanha para dentro do prédio da delegacia.— Bom dia Emma, o xerife está? Preciso urgente falar com ele.— Ele está sim. Pode ir à sala dele senhor Smith. — Emma, a secretária do xerife, responde de forma simpática. — Ele está sozinho.Tom e o xerife Vicent eram amigos de infância e Emma
Uma semana se passou e Logan estava em um avião rumo a Nova York, ele olhava as nuvens pela janela e seus pensamentos ainda o levavam a Ben. Infelizmente ele não havia mais cruzado seu caminho com o rapaz, mesmo indo todos os dias naquele mercado, as vezes ia quatro vezes no dia, com a desculpa de que esquecera de comprar algo, mas nada de encontrá-lo.Ao chegar no prédio de uma de suas gravadoras, ele logo viu como sempre várias pessoas na frente do prédio, todos ali eram artistas esperando uma oportunidade para mostrar seus talentos e conseguir uma chance de se tornar uma estrela.Logan White era um empresário considerado caridoso, todo semestre ele dava a chance de um artista ou banda se apresentar a ele. Tudo era feito com muito profissionalismo, um anúncio era feito e diversas bandas e cantores se escreviam. Depois seus agentes realizavam uma série de audições, selecionando apenas os cinco melhores, esses cinco finalistas tinham a grande oportunidade de se apresentarem ao Sr. Whi
Após o anúncio a mídia estava eufórica, todos puderam fazer duas perguntas e Logan as respondeu com toda a simpatia que ele não tinha, sempre sério e respondendo de forma simples e direta.Ele finalizou e saiu dizendo apenas um " Isso é tudo".Logan estava cansado e não via a hora de ir para casa, onde poderia finalmente descansar, mas se lembrou que havia recentemente vendido seu apartamento de Nova York, não que ele realmente quisesse estar ali novamente, não depois do que aconteceu.Assim que entrou no elevador, viu Lia entrando logo em seguida e lhe entregando um pequeno cartão.— Senhor White, fiz uma reserva para o senhor neste hotel, é a duas quadras daqui. Sei que deve estar cansado.Ele pegou o cartão em suas mãos e o levou ao bolso da calça.— Obrigado Lia, você nunca decepciona. Agora vá para casa, não se atreva a ficar aqui até tarde. O que tiver que resolver, resolva amanhã.— Sim senhor White.A porta do elevador abre e Logan sai pelo saguão, enquanto Lia sobe novamente
Benjamin olhava para White reparando que ele estava de terno, assim como o viu no site, o que o deixava extremamente sexy e imponente. O homem sorria a sua frente, mostrando seus dentes incrivelmente brancos e alinhados.— Vai fazer um bolo? — Logan perguntou, ainda observando os itens nos braços de Benjamin.O rapaz saiu de seus pensamentos olhando confuso para Logan.— Como?— Perguntei se você vai fazer um bolo. Leite, farinha, fermento...Logan falava apontando para os ingredientes nos braços de Ben que olhou sorrindo para os itens que segurava.— Não sei, são para a minha avó.Ele diz sacudindo a lista de compras em um papel amassado em sua mão.— Ah sim. Você mora com sua avó? — Logan perguntou, ele não se lembrava que Benjamin havia dito na outra vez que estava de visita.— Não, moro em Seattle com minha mãe.— Seattle? Um pouco longe, não é? E o que faz por aqui Ben?Logan queria saber mais sobre Benjamin, o rapaz que não saia dos seus pensamentos.— Estou passando um tempo aq
Ben discou o número recém salvo em seu celular e escutou o toque chamando.— Ben? Oi.— Oi Sr. White, é que minhas compras ficaram no seu carro.Benjamin pôde ouvir uma risada gostosa do outro lado da linha o que o fez de certa forma se sentir envergonhado.— Tudo bem, estou retornando.Ben não teve tempo de dizer mais nada, pois Logan desligou a ligação. Ele guardou o celular no bolso e se virou para seu avô que o olhava desconfiado.— Seja lá quem for que te deu essa carona deve ser importante para te deixar perdido assim. — Ele disse com um olhar astuto enquanto olhava para seu neto.Tom sabia sobre sua sexualidade, o aceitava e o amava sem se importar com isso, era seu neto e isso não o fazia ser diferente de outras pessoas.— Vovô, que isso, eu não...O som do carro se aproximando fez Ben se virar, já vendo Logan parando o carro novamente na frente da casa. Ele desceu do carro e Tom ficou impressionado ao reconhecer Logan White.— Desculpe mesmo Logan, eu devo estar com a cabeça