O feitiço do olhar - A redenção do lobisomem
O feitiço do olhar - A redenção do lobisomem
Por: Jessy navarro
Essa foi por pouco

Benjamin corria como nunca feito antes em sua vida. Sua cabeça girou mais uma vez para trás a procura de algo que não estava mais ali. Apoiando as mãos em seus joelhos ele tentava regularizar sua a respiração, enquanto ainda permanecia atento à sua volta. " Por que diabos eu não ouvi a vovó?" Ele pensou enquanto erguia o corpo já com a respiração quase normalizada.

Do nada o silêncio que dominava aquele estacionamento vazio do supermercado da cidade acabou, ele podia ouvir novamente aquele grunhido as suas costas. Ben não tinha mais forças para correr, suas pernas tremiam igual duas varas bambas, só restava para ele torcer para sobreviver.

Lentamente Benjamin se virou ficando cara a cara com a fera. Um bicho enorme e peludo, seus dentes amarelos e afiados, aqueles olhos avermelhados sombrios e aquelas garras medonhas, seus olhos fixaram naquelas garras enormes que se fecharam em seus braços.

Benjamin subiu seu olhar novamente para aqueles olhos vermelhos que o encaravam, precisava tentar pedir por misericórdia ou torcer para que sua morte ao menos não fosse lenta, mas ao olhar para aqueles olhos Benjamin notou algo diferente, era algo como um pedido de socorro. Aquele lobisomem não queria matá-lo? Ele estava pedindo ajuda??

O lobisomem aproximou ainda mais sua cara grande do rosto de Benjamin que pôde sentir aquele terrível bafo podre em suas narinas, algo que lhe causou uma forte ânsia, da qual fez o bicho o soltar e correr para longe, deixando Benjamin totalmente chocado e confuso com essa estranha experiência.

Ele viu o monstro sumir por entre as árvores e um uivo alto ecoou ao longe, causando arrepios em Ben, que respirou aliviado por ainda estar vivo.

— Puta merda, que diabos foi isso?

Ele passou as mãos nos próprios braços querendo conter o arrepio que estava por seu corpo.

Após uns segundos tentando colocar a mente no lugar, Benjamin agora de fôlego recuperado correu pela rua em direção à casa de seus avós.

Assim que entrou pela porta sua avó veio ao seu encontro, seus cabelos brancos bagunçados e com as mãos a senhorinha segurava seu hobby de seda, o mantendo fechado em seu corpo.

— Pelo amor de Deus Benjamin Smith, por onde se meteu uma hora dessas? Não é seguro lá fora, temos um louco psicopata à solta na rua.

— Desculpe vovó, eu não quis preocupá-la. — Benjamin respondeu ainda sentindo seu corpo tremer involuntariamente de nervoso. — E não é um louco, eu o vi, pode parecer loucura o que eu vou dizer, mas era um lobisomem.

Grace levou as mãos na boca chocada com as palavras de seu neto, ela já havia escutado relatos de que o que andava matando pessoas pela cidade era um animal, devido ao fato de como os corpos eram encontrados, mas agora um lobisomem? Isso era demais.

— Ora menino, não seja tolo, lobisomens não existem, são apenas lendas. Andou bebendo, não é? Bem que sua mãe me disse que você anda inventando coisas por aí.

Benjamin olhou incrédulo para sua avó, mais uma vez estava sendo taxado de mentiroso apenas porque bebeu algumas cervejas, mas nada a ponto de não saber o que viu, isso, ele sabia muito bem, podiam não acreditar nele, mas ele tinha plena certeza de que aquele bicho que agarrou seus braços com aquelas patas frias era um lobisomem, mas de que ia adiantar discutir com sua avó? Apenas ia chamá-lo de bêbado.

Ben respirou fundo e balançou a cabeça chateado.

— É vovó, eu devo estar mesmo bêbado, não é? Então eu vou dormir. Amanhã falamos.

Benjamin sobe as escadas frustrado, indo para seu quarto, o mesmo quarto que um dia foi de sua mãe. Ele fechou a porta e olhou em volta, odiava ficar ali, aqueles montes de coisinhas rosas e delicadas no quarto era sufocante, o que salvava daquele quarto eram os posteres de astros do rock sem camisa, vestindo apenas uma jaqueta de couro que os deixavam com um ar extremamente sexy.

Benjamin era gay assumido desde os treze anos, sofreu muito com o preconceito na escola quando se assumiu, mas agora com vinte anos, não permitia que ninguém o tratasse mal, ele se tornou um homem de personalidade forte e decidido do que queria para sua vida, que era se tornar um grande astro de Rock.

Cansado Ben tirou a roupa ficando apenas de cueca boxer, do jeito que gostava e se jogou na cama, puxando sobre seu corpo a coberta lilás de sua mãe, mas Ben infelizmente não tinha sono no momento, mesmo as três da madrugada, ele agora só conseguia pensar naquele lobisomem, naqueles dentes afiados e naqueles olhos, algo naqueles olhos o intrigaram, ele sentia que a fera precisava de ajuda, mas como ajudar um lobisomem e que tipo de ajuda ele queria? O fato era que ele precisava descobrir, havia tomado essa decisão para si, e quem sabe ajudando a fera, a cidade não voltaria a sua normalidade, acabando com o maldito toque de recolher e voltando a funcionar os bares noturnos de que ele tanto gostava.

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