Pela manhã Benjamin acordou assustado com sua avó batendo insistentemente na porta do quarto.
— Oi vovó. — Ele disse ainda deitado. — Acorda menino, já é quase hora do almoço, preciso que vá ao mercado para mim. — Mas vó, é domingo, dia de dormir. Aonde está o vovô? — Ele foi a cidade vizinha, buscar o peixe para o almoço. Vamos levante-se menino. Ben sentou em sua cama esfregando as mãos em seu rosto, ainda sonolento, olhou para o relógio rosa na mesinha de cabeceira que indicava que eram dez e meia da manhã. — Ela tem coragem de dizer que é quase hora do almoço. Ele resmungou e respirou fundo antes de se levantar, vestiu uma camiseta preta e calça jeans rasgadas na frente, calçou um All Star preto e saiu do quarto ainda esfregando os olhos. — Vovó? — Aqui na cozinha filho. Benjamin desceu as escadas, indo até a cozinha, onde pegou uma maçã na fruteira, deu uma mordida e beijou o rosto da senhora de cabelos brancos e cacheados, que pareciam nuvens fofas. — Bom dia vovó. — Quase uma boa tarde, garoto. Tome esse dinheiro, preciso dos itens desta lista. Ela disse entregando para Benjamin uma lista e algumas notas de dinheiro, que ele pegou enquanto ainda comia a maçã. — Vá ao mercado da rua Greene, esse outro mais perto não vai achar as coisas que preciso. — Ok minha velhinha linda. Benjamin guarda à lista e o dinheiro em seu bolso, jogo o que sobrou da maçã no lixo e vai rumo a sala, por onde sairia. Benjamin anda com seu Skate e uma mochila nas costas pelas longas sete quadras até o mercadinho de bairro que sua avó indicou. O lugar até que era grande e possuía uma variedade de coisas. Após deixar seu skate no guarda volumes, ele parou em um dos corredores e pegou a lista em seu bolso, nem notando que as notas de dinheiro caíram no chão. — Farinha, ovos, aipo... Ele lia a lista item a item quando sentiu alguém tocar seu braço, uma mão fria que fez sua pele arrepiar instantaneamente. Ao olhar para trás levou um grande choque ao ver um homem alto com os cabelos até os ombros, ele olhou para os ombros largos e aqueles braços fortes, "Que braços " pensou sorrindo. O homem era uma escultura grega parado a sua frente. Aquela camiseta branca coladinha ao corpo, mostrando seu peitoral sarado, a calça jeans que dava um ar rebelde, combinando perfeitamente com os cabelos meio bagunçados, uma camisa xadrez vermelha estava amarrada em sua cintura, o que acabava o deixando ainda mais descontraído. “Que belo monumento”, Benjamin pensou, reparando naquele homem à sua frente. — Seu dinheiro caiu. — Aquela voz grave soou baixa, mas não passou despercebida por Benjamin, que imediatamente imaginou aquela voz falando baixinho em seu ouvido. Ele estendeu a mão na frente do rosto de Benjamin que olhou as notas entre seus dedos e rapidamente as pegou, ainda meio confuso. — Ah, obrigado, eu não tinha visto. Que gentileza a sua. — Não tem de que, é novo na cidade? Nunca o vi por aqui antes. — Sim e não, estou passando uns dias na casa dos meus avós. Benjamin olhava para aquele homem e uma sensação estranha percorria seu corpo, uma espécie de me beija com se afasta de mim seu louco estranho gostosão. — Huum. Tome cuidado, nem todos são gentis e honestos. Guarde bem esse dinheiro. Ele disse e saiu andando pelo corredor, sem aguardar por uma resposta, sob o olhar de Benjamin naquelas costas largas que mesmo com a camiseta se via que eram fortes, e a bundinha arrebitadinha que fez Benjamin desejar dar um aperto. Ele fez o gesto de aperto no ar antes do homem virar sumindo entre as prateleiras. — Aí um homem desse na minha vida. — Ele disse baixinho para si mesmo e voltou a atenção a lista de compras de sua avó. Benjamin era um rapaz bem avoado, ele pegava os itens e ia enfileirando todos em seus braços, enquanto andava ainda lendo a lista, totalmente distraído com as coisas a sua volta. Ao virar o corredor, seu corpo bateu em algo e as coisas que carregava caíram no chão, se espalhando pelo corredor. — Ei cuidado rapaz. Benjamin recolhia as coisas com a ajuda daquele mesmo homem que lhe devolveu o dinheiro, sentindo o constrangimento causado por sua distração. — Onde está a sua cestinha? — Ah, eu esqueci de pegar e depois deu preguiça de ir lá na frente. O homem sorriu se divertindo com o jeito de Benjamin. Ele saiu pelo corredor e voltou segundos depois com uma cestinha em suas mãos. — Pronto, coloque as coisas aqui. Benjamin prontamente colocou seus itens na cestinha e olhou envergonhado para aquele belo monumento, sentindo suas bochechas coradas e um calor que surgia em seu corpo. Mesmo com o ar-condicionado do ambiente, agora parecia que ali estava uns quarenta graus. — Obrigado. Posso saber seu nome? — White, Logan White e o seu? — Benjamin arregalou os olhos surpresos para o homem. — Logan White? Das indústrias White de música? Logan mais uma vez sorriu do jeito de Benjamin, que parecia empolgado e agora sorrindo também. Ele não pôde não reparar naquele sorriso, era um sorriso largo e muito bonito. Seu olhar subiu para os olhos de Benjamin, reparando na bela cor que eles tinham, uma bela cor âmbar. — O próprio, pelo jeito você já me conhece. — Só de nome, mas pessoalmente estou achando bem melhor. — Benjamin diz e tampa a boca com a mão livre ao notar as palavras que soltou. — Me desculpe, as vezes não consigo controlar minha boca grande. Quando vi já falei. — Sem problemas é... — Smith, Benjamin Smith, mas você pode me chamar apenas de Ben. — Certo Ben. Bom, eu preciso ir, cuidado com suas coisas. Ele alerta Benjamin, que sorri e o vê indo para o caixa. Ele ficou ali parado olhando até que Logan saiu pela porta do mercado, notando que o homem havia comprado apenas cervejas, carnes e salgadinhos. — Compra de solteiro ou divorciado? — Ele perguntou a si mesmo. Ainda parado naquele corredor, ele balançou a cabeça e deu um estalo com a língua no céu da boca, voltando a olhar para a lista, vendo que ainda faltava algumas coisas. Após comprar todos os itens da lista, Ben voltou em seu skate para a casa de sua avó, pensando naquele gostosão do Logan, algo nele era familiar, mas ele não sabia dizer oque. Talvez fosse aquele belo sorriso? Ou aqueles olhos que pareciam ao mesmo tempo quentes e tão perdidos. Qual seria a história por trás daquele homem?Ao chegar em casa, Benjamin agora tinha duas coisas rodando em sua cabeça, Logan, aquele cara sexy do mercado e dono de uma das maiores produtoras musicais do país e aquele lobisomem, com tivera o desprazer de encontrar na noite anterior. Como faria para encontrar com ambos novamente??Após deixas as compras na cozinha, Benjamin subiu para o quarto e pegou seu notebook na mesinha de estudos, sentou-se na cama, colocando o computador sobre suas coxas. Ele ligou a máquina e abriu na página de buscas, pesquisando primeiro o nome Logan White.De cara já apareceu uma foto de Logan na tela, o homem vestia um belo terno azul marinho, seus cabelos estavam presos em um coque e ele tinha um olhar sério, mostrando ser um homem de negócios, diferente do que Ben havia visto no mercado, onde o encontrara totalmente descontraído.— Nossa, você fica ainda mais gato de terno senhor Logan. — Ben disse baixinho para si mesmo.Ele abriu a página, em um site, vendo algumas informações sobre Logan." Logan
Logan saiu do mercado e caminhou até seu carro, onde jogou as sacolas no banco detrás, ele entrou no carro e saiu dirigindo para fora do estacionamento. Seu carro era grande, um 4X4 preto, com os vidros igualmente negros. O que tornava impossível de alguém vê-lo dentro do veículo.— Que rapaz mais atrapalhado. — Logan disse rindo a si mesmo. — De onde eu o conheço? Ele não é estranho, sinto que já o vi em algum lugar, mas onde Benjamin, onde?Logan dirige até sua casa, que era um pouco mais afastada da pequena cidade, do outro lado do grande bosque. Após pegar a estradinha ele dirigiu mais uns três quilômetros até sua casa, na beira do lago, ele desce e após pegar as sacolas no carro, ele olha para trás, ouvindo o barulho de um barco se aproximando, ele já sabia bem do que se tratava e respirou fundo, buscando dentro de si a paciência a neutralidade que precisava ter naquele momento.— Droga, de novo?Ele para ainda segurando as sacolas em suas grandes mãos e vê o xerife se aproximand
Ainda no carro, vovô Tom dirigia apressado em direção à delegacia. Ben o olhava pensativo sobre sua mudança de humor e sobre o que ele havia dito.— Vovô, o que quiz dizer com marcado?— Marcado meu filho, é quando um lobisomem te arranha ao tentar te pegar, isso faz você virar um lobisomem, pois o DNA dele fica cravado na pessoa.— Credo. — Benjamin diz arrepiado, só de pensar em uma possibilidade daquela.Tom sorri enquanto manobra o carro no estacionamento da delegacia.— Então quer dizer que o senhor acredita em mim? Acredita que eu vi um lobisomem?— Claro que sim, sua avó é muito cética, a vida a tornou assim, mas eu conheço a lenda, e tudo bate, os fatos, as vítimas.Tom sai do carro e Ben o acompanha para dentro do prédio da delegacia.— Bom dia Emma, o xerife está? Preciso urgente falar com ele.— Ele está sim. Pode ir à sala dele senhor Smith. — Emma, a secretária do xerife, responde de forma simpática. — Ele está sozinho.Tom e o xerife Vicent eram amigos de infância e Emma
Uma semana se passou e Logan estava em um avião rumo a Nova York, ele olhava as nuvens pela janela e seus pensamentos ainda o levavam a Ben. Infelizmente ele não havia mais cruzado seu caminho com o rapaz, mesmo indo todos os dias naquele mercado, as vezes ia quatro vezes no dia, com a desculpa de que esquecera de comprar algo, mas nada de encontrá-lo.Ao chegar no prédio de uma de suas gravadoras, ele logo viu como sempre várias pessoas na frente do prédio, todos ali eram artistas esperando uma oportunidade para mostrar seus talentos e conseguir uma chance de se tornar uma estrela.Logan White era um empresário considerado caridoso, todo semestre ele dava a chance de um artista ou banda se apresentar a ele. Tudo era feito com muito profissionalismo, um anúncio era feito e diversas bandas e cantores se escreviam. Depois seus agentes realizavam uma série de audições, selecionando apenas os cinco melhores, esses cinco finalistas tinham a grande oportunidade de se apresentarem ao Sr. Whi
Após o anúncio a mídia estava eufórica, todos puderam fazer duas perguntas e Logan as respondeu com toda a simpatia que ele não tinha, sempre sério e respondendo de forma simples e direta.Ele finalizou e saiu dizendo apenas um " Isso é tudo".Logan estava cansado e não via a hora de ir para casa, onde poderia finalmente descansar, mas se lembrou que havia recentemente vendido seu apartamento de Nova York, não que ele realmente quisesse estar ali novamente, não depois do que aconteceu.Assim que entrou no elevador, viu Lia entrando logo em seguida e lhe entregando um pequeno cartão.— Senhor White, fiz uma reserva para o senhor neste hotel, é a duas quadras daqui. Sei que deve estar cansado.Ele pegou o cartão em suas mãos e o levou ao bolso da calça.— Obrigado Lia, você nunca decepciona. Agora vá para casa, não se atreva a ficar aqui até tarde. O que tiver que resolver, resolva amanhã.— Sim senhor White.A porta do elevador abre e Logan sai pelo saguão, enquanto Lia sobe novamente
Benjamin olhava para White reparando que ele estava de terno, assim como o viu no site, o que o deixava extremamente sexy e imponente. O homem sorria a sua frente, mostrando seus dentes incrivelmente brancos e alinhados.— Vai fazer um bolo? — Logan perguntou, ainda observando os itens nos braços de Benjamin.O rapaz saiu de seus pensamentos olhando confuso para Logan.— Como?— Perguntei se você vai fazer um bolo. Leite, farinha, fermento...Logan falava apontando para os ingredientes nos braços de Ben que olhou sorrindo para os itens que segurava.— Não sei, são para a minha avó.Ele diz sacudindo a lista de compras em um papel amassado em sua mão.— Ah sim. Você mora com sua avó? — Logan perguntou, ele não se lembrava que Benjamin havia dito na outra vez que estava de visita.— Não, moro em Seattle com minha mãe.— Seattle? Um pouco longe, não é? E o que faz por aqui Ben?Logan queria saber mais sobre Benjamin, o rapaz que não saia dos seus pensamentos.— Estou passando um tempo aq
Ben discou o número recém salvo em seu celular e escutou o toque chamando.— Ben? Oi.— Oi Sr. White, é que minhas compras ficaram no seu carro.Benjamin pôde ouvir uma risada gostosa do outro lado da linha o que o fez de certa forma se sentir envergonhado.— Tudo bem, estou retornando.Ben não teve tempo de dizer mais nada, pois Logan desligou a ligação. Ele guardou o celular no bolso e se virou para seu avô que o olhava desconfiado.— Seja lá quem for que te deu essa carona deve ser importante para te deixar perdido assim. — Ele disse com um olhar astuto enquanto olhava para seu neto.Tom sabia sobre sua sexualidade, o aceitava e o amava sem se importar com isso, era seu neto e isso não o fazia ser diferente de outras pessoas.— Vovô, que isso, eu não...O som do carro se aproximando fez Ben se virar, já vendo Logan parando o carro novamente na frente da casa. Ele desceu do carro e Tom ficou impressionado ao reconhecer Logan White.— Desculpe mesmo Logan, eu devo estar com a cabeça
Após deixar as compras sobre a mesa da cozinha, Ben sentiu seu celular vibrando, ele o pegou vendo na tela seu amigo Mark ligando.— Oi Mark.— Fala Ben, qual é a boa? Já está voltando?Ben vai subindo para o quarto e entra fechando a porta como de costume.— I cara, foi mal, ainda não. Aconteceu uma coisa aqui na cidade e eu vou ficar mais uns dias.— Caramba Ben, me diz que pelo menos levou sua guitarra? Está ensaiando? Eu escrevi a banda naquele concurso famoso da gravadora White, se nos chamarem precisamos estar ensaiados.Ben que havia sentado na cama se levantou num pulo ao ouvir o que seu amigo falava.— Você o que? Como? Como conseguiu nos inscrever?A cabeça de Benjamin agora parecia girar rápido lotada de pensamentos, sua banda estava inscrita no concurso musical mais famoso do país e por coincidência o responsável por isso havia o chamado para dormir em sua casa. Qual era a chance de isso acontecer? Talvez uma em um milhão? Não, com certeza uma em cinquenta mil trilhões.—