Logan saiu do mercado e caminhou até seu carro, onde jogou as sacolas no banco detrás, ele entrou no carro e saiu dirigindo para fora do estacionamento. Seu carro era grande, um 4X4 preto, com os vidros igualmente negros. O que tornava impossível de alguém vê-lo dentro do veículo.
— Que rapaz mais atrapalhado. — Logan disse rindo a si mesmo. — De onde eu o conheço? Ele não é estranho, sinto que já o vi em algum lugar, mas onde Benjamin, onde? Logan dirige até sua casa, que era um pouco mais afastada da pequena cidade, do outro lado do grande bosque. Após pegar a estradinha ele dirigiu mais uns três quilômetros até sua casa, na beira do lago, ele desce e após pegar as sacolas no carro, ele olha para trás, ouvindo o barulho de um barco se aproximando, ele já sabia bem do que se tratava e respirou fundo, buscando dentro de si a paciência a neutralidade que precisava ter naquele momento. — Droga, de novo? Ele para ainda segurando as sacolas em suas grandes mãos e vê o xerife se aproximando com o barco, até parar na beirada do lago. — Bom dia Sr. White. Como vai? — O xerife diz enquanto se aproxima de Logan. — Bom dia xerife, estou bem e o senhor? — Poderia estar melhor. Tivemos outro ataque no bosque essa noite, desculpa, mas preciso perguntar mais uma vez. O senhor viu ou ouviu alguma coisa? — Infelizmente não xerife. Ontem estava com uma dor de cabeça insuportável, tomei alguns remédios e apaguei. O xerife respira fundo parecendo frustrado, ele retira seu boné da cabeça e coça no topo da cabeça. — Não sei mais o que fazer, seja lá que animal está fazendo isso, ele não deixa pistas, não há pegadas, não há um rastro sequer, além da vítima. — Espero que o pegue logo xerife. — Logan disse querendo encerrar logo aquele assim. O coração dele batia acelerado. Ele olha para os lados e depois volta a olhar para o xerife. — Também espero, de qualquer forma tome cuidado, ainda estamos com o toque de recolher as dezoito horas. — Certo, vou me lembrar disso. Obrigado! O xerife dá um aceno com a mão se despedindo e volta para seu barco, puxa a cordinha três vezes para religá-lo e depois sai navegando pelo grande lago, sumindo de vista. Logan então finalmente entrou em sua casa, uma grande cabana de madeira pré-moldada, linda por fora e aconchegante por dentro. Ele foi até a cozinha e retirou as cervejas da sacola, abriu uma das garrafas e tomou um grande gole, enquanto guardava as outras na geladeira. Ele ligou o pequeno rádio que tinha na cozinha, deixando na sua estação de rádio favorita, "rocks and rock" e começou a pegar alguns ingredientes para fazer um almoço em sua geladeira, os deixando sobre a bancada. Logan sempre foi um rapaz rodeado de amigos, mas de dois anos pra cá estava aprendendo a curtir sua própria companhia, ele aprendeu a cozinhar assistindo a programas de culinária na tv. Se seus amigos soubessem disso, com certeza viraria motivo de chacota, mas ele no momento não ligava para isso, na verdade ele não estava ligando para muita coisa, queria apenas sua paz e tranquilidade, ali em sua cabana. Após o almoço, Logan se sentou em sua cadeira de balanço na varanda com uma garrafa de cerveja na mão, a caixinha de som o acompanhou, ele olhava para o lago pensativo, estava cansado e com uma leve dor em seu corpo. Tudo parecia tão calmo, diferente do que ele via na cidade grande. A cada dia que passava ali, sabia que havia escolhido certo, a cidade para ter seu momento de paz e sossego e Illgen City era o lugar perfeito, uma cidade pequena, uma casa afastada, com muito verde, totalmente longe do caos de Nova York onde ele tinha que estar constantemente. Após um tempo ali curtindo um bom rock, Logan olhou para o assoalho e notou uma mancha, seu coração gelou imediatamente, ele levantou rapidamente, entrando na casa e voltou com uma bucha, um pano e produtos de limpeza, ele abaixou e começou a esfregar o sangue que manchava o chão. — Merda, merda. Isso tem que sair. Ele esfregou por pelo menos quinze minutos até ver que a mancha havia sumido dali. Ele olhou atentamente no chão em volta, se certificando de que não havia mais sangue por ali, mas para o seu alívio, tudo permanecia limpo. A noite Logan se largou em seu sofá se ajeitando entre as almofadas, sempre carregando em sua mão uma garrafa de cerveja. Não que ele fosse alcoólatra, mas nos dias de folga, ele gostava de tomar sua gelada. Ele escolheu um filme de comédia para assistir, mas o filme ao invés de distraí-lo, o fez pensar em Benjamin, pois o ator do filme era bem parecido com aquele rapaz, desastrado e muito bonito. Logan sorriu lembrando de quando eles se esbarraram no corredor do mercado e Ben deixou cair tudo no chão. Aquele jeito atrapalhado estranhamente o encantou, fazendo com que Logan pensasse se o veria novamente. Talvez se começasse a frequentar mais vezes aquele mercado, ele desse a sorte de esbarrar com Benjamin novamente. Pensar naquilo fez Logan respirar profundamente. Onde é que ele estava com a cabeça? Não podia pensar em Benjamin, não podia arriscar que acontecesse tudo de novo. Ele não podia permitir se apaixonar.Ainda no carro, vovô Tom dirigia apressado em direção à delegacia. Ben o olhava pensativo sobre sua mudança de humor e sobre o que ele havia dito.— Vovô, o que quiz dizer com marcado?— Marcado meu filho, é quando um lobisomem te arranha ao tentar te pegar, isso faz você virar um lobisomem, pois o DNA dele fica cravado na pessoa.— Credo. — Benjamin diz arrepiado, só de pensar em uma possibilidade daquela.Tom sorri enquanto manobra o carro no estacionamento da delegacia.— Então quer dizer que o senhor acredita em mim? Acredita que eu vi um lobisomem?— Claro que sim, sua avó é muito cética, a vida a tornou assim, mas eu conheço a lenda, e tudo bate, os fatos, as vítimas.Tom sai do carro e Ben o acompanha para dentro do prédio da delegacia.— Bom dia Emma, o xerife está? Preciso urgente falar com ele.— Ele está sim. Pode ir à sala dele senhor Smith. — Emma, a secretária do xerife, responde de forma simpática. — Ele está sozinho.Tom e o xerife Vicent eram amigos de infância e Emma
Uma semana se passou e Logan estava em um avião rumo a Nova York, ele olhava as nuvens pela janela e seus pensamentos ainda o levavam a Ben. Infelizmente ele não havia mais cruzado seu caminho com o rapaz, mesmo indo todos os dias naquele mercado, as vezes ia quatro vezes no dia, com a desculpa de que esquecera de comprar algo, mas nada de encontrá-lo.Ao chegar no prédio de uma de suas gravadoras, ele logo viu como sempre várias pessoas na frente do prédio, todos ali eram artistas esperando uma oportunidade para mostrar seus talentos e conseguir uma chance de se tornar uma estrela.Logan White era um empresário considerado caridoso, todo semestre ele dava a chance de um artista ou banda se apresentar a ele. Tudo era feito com muito profissionalismo, um anúncio era feito e diversas bandas e cantores se escreviam. Depois seus agentes realizavam uma série de audições, selecionando apenas os cinco melhores, esses cinco finalistas tinham a grande oportunidade de se apresentarem ao Sr. Whi
Após o anúncio a mídia estava eufórica, todos puderam fazer duas perguntas e Logan as respondeu com toda a simpatia que ele não tinha, sempre sério e respondendo de forma simples e direta.Ele finalizou e saiu dizendo apenas um " Isso é tudo".Logan estava cansado e não via a hora de ir para casa, onde poderia finalmente descansar, mas se lembrou que havia recentemente vendido seu apartamento de Nova York, não que ele realmente quisesse estar ali novamente, não depois do que aconteceu.Assim que entrou no elevador, viu Lia entrando logo em seguida e lhe entregando um pequeno cartão.— Senhor White, fiz uma reserva para o senhor neste hotel, é a duas quadras daqui. Sei que deve estar cansado.Ele pegou o cartão em suas mãos e o levou ao bolso da calça.— Obrigado Lia, você nunca decepciona. Agora vá para casa, não se atreva a ficar aqui até tarde. O que tiver que resolver, resolva amanhã.— Sim senhor White.A porta do elevador abre e Logan sai pelo saguão, enquanto Lia sobe novamente
Benjamin olhava para White reparando que ele estava de terno, assim como o viu no site, o que o deixava extremamente sexy e imponente. O homem sorria a sua frente, mostrando seus dentes incrivelmente brancos e alinhados.— Vai fazer um bolo? — Logan perguntou, ainda observando os itens nos braços de Benjamin.O rapaz saiu de seus pensamentos olhando confuso para Logan.— Como?— Perguntei se você vai fazer um bolo. Leite, farinha, fermento...Logan falava apontando para os ingredientes nos braços de Ben que olhou sorrindo para os itens que segurava.— Não sei, são para a minha avó.Ele diz sacudindo a lista de compras em um papel amassado em sua mão.— Ah sim. Você mora com sua avó? — Logan perguntou, ele não se lembrava que Benjamin havia dito na outra vez que estava de visita.— Não, moro em Seattle com minha mãe.— Seattle? Um pouco longe, não é? E o que faz por aqui Ben?Logan queria saber mais sobre Benjamin, o rapaz que não saia dos seus pensamentos.— Estou passando um tempo aq
Ben discou o número recém salvo em seu celular e escutou o toque chamando.— Ben? Oi.— Oi Sr. White, é que minhas compras ficaram no seu carro.Benjamin pôde ouvir uma risada gostosa do outro lado da linha o que o fez de certa forma se sentir envergonhado.— Tudo bem, estou retornando.Ben não teve tempo de dizer mais nada, pois Logan desligou a ligação. Ele guardou o celular no bolso e se virou para seu avô que o olhava desconfiado.— Seja lá quem for que te deu essa carona deve ser importante para te deixar perdido assim. — Ele disse com um olhar astuto enquanto olhava para seu neto.Tom sabia sobre sua sexualidade, o aceitava e o amava sem se importar com isso, era seu neto e isso não o fazia ser diferente de outras pessoas.— Vovô, que isso, eu não...O som do carro se aproximando fez Ben se virar, já vendo Logan parando o carro novamente na frente da casa. Ele desceu do carro e Tom ficou impressionado ao reconhecer Logan White.— Desculpe mesmo Logan, eu devo estar com a cabeça
Após deixar as compras sobre a mesa da cozinha, Ben sentiu seu celular vibrando, ele o pegou vendo na tela seu amigo Mark ligando.— Oi Mark.— Fala Ben, qual é a boa? Já está voltando?Ben vai subindo para o quarto e entra fechando a porta como de costume.— I cara, foi mal, ainda não. Aconteceu uma coisa aqui na cidade e eu vou ficar mais uns dias.— Caramba Ben, me diz que pelo menos levou sua guitarra? Está ensaiando? Eu escrevi a banda naquele concurso famoso da gravadora White, se nos chamarem precisamos estar ensaiados.Ben que havia sentado na cama se levantou num pulo ao ouvir o que seu amigo falava.— Você o que? Como? Como conseguiu nos inscrever?A cabeça de Benjamin agora parecia girar rápido lotada de pensamentos, sua banda estava inscrita no concurso musical mais famoso do país e por coincidência o responsável por isso havia o chamado para dormir em sua casa. Qual era a chance de isso acontecer? Talvez uma em um milhão? Não, com certeza uma em cinquenta mil trilhões.—
Benjamin observava a cabana quando notou que Logan pegada algumas sacolas no porta-malas, então ele se apressou em ajudá-lo.— Comprou bastante coisa.Ele disse segurando quatro sacolas em cada mão, vendo Logan com um pouco mais.— Você acha? São apenas algumas porcarias.Logan sorriu enquanto seguia para a direção da cabana. Ele empurrou a porta que estava destrancada e entrou sendo seguido por Benjamin.— Você deixa a porta aberta?— Sim, não há ladrões por aqui. É um lugar seguro.— Mas há uma fera. — Benjamin disse preocupado.Logan sorrio, pousando as sacolas na bancada da cozinha.Ben olhou a sua volta, vendo que a cabana era bem equipada, mas ao mesmo tempo minimalista, havendo apenas o necessário, sem fotos, quadros ou enfeites, apesar disso, ali era muito aconchegante. Ele deixou as sacolas com as outras e viu White o olhando com um belo sorriso no rosto.— Uma fera?— Sim, um lobisomem, eu o vi, ele me seguiu.Logan ao ouvir isso pareceu petrificado, olhava para Benjamin qui
Ben ficou pasmo com as habilidades culinárias de Logan, ele fez um belo risoto e carne ao molho de ervas, estranhamente uma delas estava muito mal passada, Ben poderia julgá-la como crua talvez, mas não questionou o gosto de seu novo amigo, amigo esse do qual Ben não conseguia desgrudar os olhos, ele lavava as folhas das verduras e os músculos de suas costas dançavam com perfeição naquela camiseta regata que deixavam seus braços fortes a mostra, se Logan já era uma tentação de terno, ali, naquela cozinha era de dar água na boca.Ben tomou um gole do vinho que Logan havia acabado de colocar em sua taça, ele não estava acostumado com aquele sabor que acabou amarrando em sua boca o forçando a fazer uma careta.— Não gosta de vinhos?Logan que colocava os pratos já montados na mesa disse o observando.— Não é bem isso, eu só não estou acostumado, bebo outras coisas com o pessoal.— Me deixe adivinhar, além de cervejas devem beber Vodka.Ben sorriu confirmando com a cabeça.— Uau isso fico