No vídeo que estava rolando, deu para ver meu irmão agarrando em meu pescoço e apertando até eu desmaiar, mas antes que a escuridão me alcançasse, foi possível escutar ele exclamando “Isso que você sempre mereceu!”
— Isso aí é falso, eu nunca fiz isso. — Meu irmão tentou negar, porém, as imagens são bem claras.— Cala boca Rael, ou eu não responderei por mim. — O Don avisou e então olhou para mim. — Eu ficarei com esse pen drive, e eu concordarei com o cancelamento, mas peço que você pense mais uma vez sobre sair da família.— Eu não preciso pensar mais, já decidi que quero distância de tudo e todos que envolvam nossa família.— Você já sabe para onde vai? Quer ajuda em algo? Minha família deve a você.— Não se preocupe Don, Lucca irá comigo e me ajudará em tudo que eu precisar. — Ele acenou.— Quem é Lucca? — Escutei a voz do meu digníssimo novamente, mas dei de ombros.— É um rapaz que sempre foi apaixonado por Aline. — Sônia retrucou.— Augusto, você não está pensando em concordar com esse absurdo, né? Vai deixar minha esposa ir embora com outro Homem.— Murilo, acho que você não entendeu nada do que foi dito aqui. Depois de amanhã você não terá mais esposa. Aline, você pode ir, agora quero conversar com meu irmão e com o seu, logo mais farei uma reunião com os nossos pais e amanhã você será uma mulher livre para fazer o que quiser com sua vida. Sônia, meu amor, leve Aline até a porta, que agora quero ter uma conversa com Murilo, Rael e sua esposa. — Ela acenou para ele e segurou minha mão, me levando até a porta.— Aline, qualquer coisa que você precisar, pode vir nos procurar que sempre estaremos aqui, pois nunca fomos a favor do que Murilo fez com você. Que pena que ele se arrependeu tarde demais.— Obrigada, Sônia! — Me despedi dela sem nem questionar o que ela queria dizer com ele se arrepender tarde demais, pois nada mais que envolvia Murilo era da minha conta.Ao sair da casa do Don eu peguei meu celular e imediatamente liguei para meus amigos para marcar uma noite de bebedeira com eles. Lucca não poderia vir, afinal ele está em outra cidade, mas como presente pelo feito anterior, Lucca envia um dinheiro para mim e diz que a noite é digna de uma grande comemoração. No caminho da minha casa comecei a rir, pois, me sentia livre, como se um peso grande tivesse sido arrancando dos meus ombros. Cheguei em casa, e quando deitei na minha cama as lágrimas que eu deixei presas começaram a rolar. Então, percebi que agora mais do que nunca que precisava ir embora. Se ele estivesse aqui para ficar, eu não conseguiria guardar meu coração por muito tempo. Ainda amo Murilo, desde que eu descobri o que era amor, e sempre foi ele que mexeu comigo de uma forma que nunca outro conseguiu.Chegou a noite, vesti um vestido branco bem justo no corpo, porque hoje tudo em mim está branco. Queria sair desses casamentos da forma que eu entrei e me despedir da forma mais alegre que eu consegui. Fui com carro até a boate que marcamos, deixei o carro no estacionado da esquina onde não ficava nem perto demais e nem longe, coloquei meu salto e vou em direção a boate. Ao entrar, dou de cara com minhas amigas. Ao me ver, Evelyn vem me abraçar, me parabenizando pelo divórcio. Eu agradeci e abracei cada uma delas, logo depois vamos para o bar pedir nossas bebidas. A pista foi o destino seguinte, e lá dançamos até às pernas ficarem bambas, não demorou muito e logo vi minhas amigas dando uns pegar nos rapazes que vieram com elas. Resolvi sair da pista e caminhei em direção ao bar. Pedi mais umas e já estava a ponto de não distinguir quem era quem, acho que nem lembrava do meu nome.— Sozinha?Eu escutei uma voz que me transmitia arrepios, virei meu rosto e parecia ser alguém conhecido, só que no momento não consegui descobrir quem era (eu estou muito bêbada.)— No momento, sim. — Eu confirmei, procurando minhas amigas, mas não as encontrei.— Posso me sentar ao seu lado? — Ele perguntou e eu dei de ombros.— Está comemorando algo?— Sim, estou comemorando a liberdade.— E o que prendia você? — Ele perguntou e eu bati em meu peito.— Isso aqui, meu coração idiota que me prendia. Ele amou por anos alguém que nunca me olhou da mesma forma. Mas hoje eu estou livre dele e posso dar para outro o que aquele idiota não quis. A propósito, qual é seu nome?— hum! — Começando a falar, me olhou e então disse. — Não vamos nos prender a nomes hoje. Então... me diga o que você tanto guardou para esse amor não correspondido?Eu cheguei perto dele tentando me lembrar de onde eu o conhecia, mas não consegui lembrar, meu cérebro estava cheio de álcool e como seria o último dia que eu iria vê-lo, não me importei em desabafar.— Tudo bem, senhor sem nome. Eu guardei tudo, meus beijos. — Falei tocando meus lábios. — Meu corpo e tudo que envolve a primeira vez de alguém.— Você nunca beijou ninguém? — Ele perguntou como se não acreditasse.— Não. Porquê? Você quer ser o primeiro? — Eu falei chegando mais perto. Ele olhou para minha boca e depois me encarou pedindo permissão e quando ia me afastar dele, ele me puxou para o meu primeiro beijo, e que beijo! Por um momento, passou pela minha cabeça se Murilo beijaria assim!Ele me puxou para perto dele, segurou minha cintura e com a outra mão ele apertou minha nuca, me beijando ainda mais. Sinto sua língua pedindo abertura para invadir minha boca e eu apenas abri um pouquinho e ele aproveitou para devorar minha boca. Queria ser beijada assim diariamente! Ele pára um pouco e pergunta se eu queria ir para um lugar mais sossegado. Só podia ser a bebida, pois eu concordei e ele me levou para um quarto. A única coisa que passava nos meus pensamentos era: Já que estou aqui vou deixar tudo rolar, e deixar para me arrepender depois.Eu acordei com uma baita dor de cabeça, me sentei, olhei para os lados e percebi que não estava no meu quarto. Meu corpo inteiro doía como se eu tivesse corrido uma maratona. Virei meu rosto para lado, e ao perceber quem está lá, tomei um susto enorme.— Não. Isso jamais poderia ter acontecido.Eu conheço Aline desde quando ela nasceu, sempre foi a coisinha mais fofa do mundo. Rael sempre foi meu melhor amigo, ele estava sempre presente em todos os lugares que eu. Acompanhamos cada passo um do outro, e quando Aline completou seus quinze anos eu já tinha meus dezenove entrando para os vinte. E foi na noite do seu aniversário de quinze anos que eu me vi apaixonado por uma criança, parece que tudo mudou do dia para noite, em que ela foi dormir menina e acordou uma mulher.Eu a admirei a noite toda, mesmo eu sabendo que é errado eu sentir algo por ela em tão pouca idade. Depois dos parabéns eu percebi que ela também me olhava de uma forma diferente e isso só me fez sentir ainda pior (será que ela não viu que eu sou da idade do seu irmão, que sou velho para ela?). Ao perceber que ela continuava a olhar para mim, vou até Bruna, minha namorada e a beijo, como se aquele beijo dela pudesse me salvar de algo que estava crescendo em mim, sem eu ter controle. Três anos depois meu pai me
Todas as minhas visitas à vila sempre que tinha oportunidade eu perguntava a Rael sobre sua irmã e a única coisa que recebia em troca era para eu esquecê-la, pois mulher igual Aline tinha que viver sozinha e que ela não valia nada. Fiquei horrorizado ao ouvi-lo dizer isso da própria irmã, mas imagino que ela deve ter aprontado algo, porque meu amigo não teria esse ódio gratuito sem que ela tenha feito nada.Em alguns dias, meu "casamento" e de Aline irá completar cinco anos, e eu nunca dei ao menos um beijo em sua mão nesses anos todos. Nesse tempo que retornei para nossa vila, só a vi uma vez, mas acho que ela não me percebeu, pois, estava junto a um grupo de pessoas rindo muito[...] e parecia muito feliz. Observando essa cena, não quis estragar a felicidade dela, daí resolvi voltar para trás sendo essa a última vez que eu a vi de perto... até hoje.Guto me avisou que Aline estava vindo para nossa casa e que ela pediu uma reunião. Eu o supliquei para estar presente nessa reunião e
— O senhor que fez o trato? Não foi Aline quem pediu? — Eu pergunto e torço para que o que eu imaginei seja verdade ou eu fui tão burro de achar que Aline armou tudo por amor, só que meu pai acena e confirma o que disse e só agora eu entendo que ela foi tão vítima como eu nessa história toda, na verdade, ela foi a única vítima, já que foi a única que sofreu.— Eu preciso de ar. — Falo com a voz embargada. — Augusto, vou dar uma volta depois você me conta como isso aqui terminará. Ele acena positivamente assim que percebe meu estado, vou em direção a porta para sair da sala que parecia estar abafada, mas antes de sair eu me viro e pergunto para Rael.— Pelos vinte anos de amizade que nós tínhamos, com toda sinceridade que ainda resta em ti, me fale: onde ela está?— Ela foi expulsa de casa e está morando em uma quitinete no final da rua, na segunda casa.Saio daquela sala, sem saber direito o que estou fazendo, e vou ao endereço dela. Chegando na frente da quitinete, não vejo a hora
Ao acordar, virei meu rosto e percebi um homem deitado ao meu lado; ele estava de costas para mim e quando ele se virou deu vontade de gritar! Cheguei perto de surta. Como eu passo cinco anos, casada com esse homem, não o vi esse tempo todo e no dia que resolvo me separa dele eu simplesmente acordo ao seu lado no dia seguinte. Isso só pode ser castigo!O pior é que eu não lembro de quase nada que aconteceu ontem a noite, a única certeza que tive foi que nunca mais eu irei beber e muito menos deixar Murilo chegar perto de mim novamente.Levantei da cama sem fazer movimentos bruscos, peguei minhas roupas que estavam espalhadas pelo quarto, reparei no meu reflexo no espelho e notei que por todo o meu corpo havia marcas de uma noite que pretendia esquecer e fingir que não existiu. Virei meu rosto em direção ao homem deitado na cama e em silêncio comecei a me vestir, não queria correr o risco de fazer algum barulho e acorda-lo. Saí rapidamente do quarto, deixando para trás o homem que sem
Ainda não estava preparada para dizer onde estava morando, mas sabia que em alguns dias eu contaria. Eu tinha medo do meu pai desejar vingança por eu acabar seu sonho de ser sogro do subchefe da família. Se ele pelo menos desconfiar que eu estava grávida, iria querer me agredir até eu perder meu filho. Mas se ele chegasse a pelo menos um metro de mim, eu seria capaz de perder meu réu primário, acredito que faria uma besteira. Mesmo descobrindo só agora que estou grávida, eu já virei uma leoa para defender meu raiozinho. Esse foi o apelido que Bernadete colocou nele.Nesse tempo todo em que vim morar aqui, não existe nem um só dia que não lembrei de Murilo, após aquele dia, minha memória voltou aos poucos de como foi nossa noite, não vou negar que ele me tratou muito bem, Murilo respeitou minha vontade, em momento nenhum ele ultrapassou os limites. A sensação dos seus beijos e toques ainda estão vivas na minha memória. Não vou mentir que tenho vontade de repetir aquele momento mais vez
Estava fazendo o almoço por que Bernadete vem almoçar aqui em casa, antes de morarmos juntas ela almoçava em um restaurante perto da clínica, mas agora almoçamos juntas em casa. Ela dizia que como estou com um barrigão e não era bom ficar muito tempo, sozinha.O almoço vai ser o prato preferido de Bê, ela me ensinou quase tudo que sei hoje. Coloquei a lasanha no forno e fui até o banheiro para um banho bem demorado, pois eu estou suada de limpar a casa. Meu banho demorou o tempo suficiente para me deixar relaxada e vou para a sala me sentar no sofá. Peguei uma escova e penteei meus cabelos, que estava mais cumprido do que quando eu saí da minha cidade. Ainda de toalha eu me sentei no sofá puxando a mesa de centro para esticar minhas pernas e relaxar ainda mais. Meus pés ultimamente estão inchados, e foi por conta de eles estarem inchados que Victor, o primo da minha amiga e meu patrão, comprou uma poltrona e colocou na recepção da clínica para mim e ele dizia que não é para eu ficar m
Acordei de manhã me sentindo o homem mais afortunado do mundo inteiro. Dormi com a mulher da minha vida, a que eu sempre amei. Mas ao acordar, eu procurei por ela no quarto todo e não a vi, constatei imediatamente que ela acordou cedo e foi embora, pois quando ela percebeu quem estava do seu lado, deve ter se sentido mal. Ela passou por tanta coisa antes de decidir pedir a anulação do casamento, e eu reconheço que dei uma grande mancada de ter deixado minha ternura sozinha esses cinco anos, mas agora que sei de como é a sensação de estar com ela, não a deixarei mais. Se antes eu já era obcecado por Aline, depois da noite que tivemos, eu a quero diariamente ao meu lado.Ela é minha esposa e será até que a morte nos separe.Queria poder apagar os cinco anos que eu fui o pior homem da Terra, o marido mais miserável que uma mulher poderia ter em sua vida..., mas eu vou me redimir. Irei fazer Aline a mulher mais feliz desse mundo, planejei ir atrás dela no mesmo dia, mas ela precisava desc
Parei o meu carro em frente à casa da minha ternura e caminhei até a porta. Bati a porta..., bati de novo e novo e de novo, mas nada. Chamei pelo nome dela e nem assim ela respondeu. Fiquei quase meia hora batendo em sua porta sem ter resposta, até que uma senhora chegou perto de mim e com uma simples pergunta, pareceu que adagas foram lançadas e que o alvo era meu coração.— Você é parente da mocinha que morava aí? — Ela perguntou com a voz tremula.— Como assim morava? Ela se mudou quando? Se até ontem ela morava aqui. — Perguntei sem entender nada.— Então, rapaz! Eu também estou sem entender nada. — Ela disse se aproximando de mim. — Quando acordei pela manhã havia um bilhete na minha porta, e a chave da casa dela embaixo do tapete do lado de fora. Passou todas as perguntas possíveis pela minha mente. Será o que houve? Aline realmente fugiu de mim? Será que ela me odeia tanto assim?— Posso dar uma olhada nesse bilhete? — Ela acenou e me chamou para ir até sua casa e quando chegu