Eu conheço Aline desde quando ela nasceu, sempre foi a coisinha mais fofa do mundo. Rael sempre foi meu melhor amigo, ele estava sempre presente em todos os lugares que eu. Acompanhamos cada passo um do outro, e quando Aline completou seus quinze anos eu já tinha meus dezenove entrando para os vinte. E foi na noite do seu aniversário de quinze anos que eu me vi apaixonado por uma criança, parece que tudo mudou do dia para noite, em que ela foi dormir menina e acordou uma mulher.
Eu a admirei a noite toda, mesmo eu sabendo que é errado eu sentir algo por ela em tão pouca idade. Depois dos parabéns eu percebi que ela também me olhava de uma forma diferente e isso só me fez sentir ainda pior (será que ela não viu que eu sou da idade do seu irmão, que sou velho para ela?). Ao perceber que ela continuava a olhar para mim, vou até Bruna, minha namorada e a beijo, como se aquele beijo dela pudesse me salvar de algo que estava crescendo em mim, sem eu ter controle. Três anos depois meu pai me chama e ao meu irmão Augusto para uma conversa de escritório fechada, e eu já sabia que de lá não poderia sair nada de bom.— Bom, filhos, o que eu gostaria de falar é para você, Murilo. — Ele diz entregando um papel para mim e quando eu pego e vejo que está escrito, minhas pernas falham e sou aparando pelo meu irmão. — Parabéns, filho, sua mãe já preparou a cerimônia para daqui a uma semana, acho bom você terminar o que quer que tenha com essa tal de Bruna.— A idade só pode ter mexido com seus neurônios. Só pode ser isso. Que porra o senhor acha que fez com a minha vida, me casando com uma criança? Me contrataram para ser babá, né?— Pare de drama Murilo e fique ciente que isso jamais pode ser desfeito. A única coisa que pode acabar com essa relação é a morte.— Pois me mate logo, porque eu não vou me casar com essa menina, eu já tenho uma noiva e somente ela poderá ser minha esposa.— Aí que você se engana, você já é um homem casado, e essa sua novinha é apenas uma das muitas amantes que você terá no decorrer da sua vida— Isso é o que veremos meu pai.Saio da sala pisando em brasas. Como ele pôde fazer isso? E como Aline pode se rebaixar a esse ponto? Eu sabia que esse sentimento de criança ia longe demais. Já no meu quarto eu escuto a porta sendo aberta e vejo meu irmão entrar.— Murilo, é sério que não te entendo, você não gosta dessa menina? Então, porque não aproveita e faz dela tua mulher.— Guto, você ouviu o que acabou de falar? Como você se referiu a ela? “Essa menina” por que é isso que ela é, Aline é apenas uma menina e que, se foda meus sentimentos, eu jamais tocaria nela, só quero distância dela, me sinto sujo apenas em pensar que algo poderia acontecer.Meu irmão sai do quarto e me deixa sozinho com meus pensamentos. Minha mente está em uma guerra contra meu coração, ele pede para eu ceder e me entrega ao amor que sinto por Aline, e já minha mente pede para eu agir com a razão e não destruir a vida daquela criança, pois se eu deixar o seu caminho livre, ela terá uma vida maravilhosa sem mim. Sei que sua família irá cuidar bem dela e remover esse sentimento que ela julga sentir por mim.Quando chegou o dia do casamento na igreja, eu estava preparado. Eu iria me casar com ela. Porém, Aline só seria minha esposa apenas no papel, afinal, eu jamais a tocaria e iria fazer dela uma mulher feliz em todos os sentidos, mas com a condição de que Aline não exigisse meu amor. Um dia antes de nos casarmos, marcaram um jantar para mim e Aline trocarmos umas palavras e foi nesse dia que cometi a pior burrice da minha vida. “Nem se você fosse a última mulher da face da terra eu não iria querer ter relação com você, a única coisa que consigo sentir por você é nojo e nada mais.” Em um momento de raiva por tudo que aconteceu no jantar eu soltei essa frase para Aline que não aguentou e saiu chorando me deixando sozinho no jardim.Estava em meu quarto me arrumando para o bendito casamento quando a porta se abre e por ela atravessa Bruna em lágrimas, afirmando estar grávida de mim. Eu não tive outra opção senão fugir com ela, deixando para trás aquela garotinha que desde seus quinze dominava meus pensamentos. Os primeiros meses ao lado de Bruna foram fantásticos, até eu descobrir que ela mentiu sobre a gravidez, ela disse que só inventou isso para eu deixar Aline plantada no altar, para ela saber o gosto de ter algo sendo tirando dela. Ela disse que ainda espalhou um boato pela vila, em que Aline já tinha se deitado com todos os soldados da família e eu sei que isso é mentira, mas só de imaginar isso acontecendo foi como se tivessem rasgando meu coração.Naquele mesmo dia eu terminei com Bruna, e mesmo me arrependendo eu não podia ir atrás da minha "esposa". Sei que Aline deve estar destruída. Queria eu ter uma máquina do tempo e voltar para o dia do nosso casamento, fazer as coisas certas, mesmo que eu me casasse com ela e não a tocasse. Aline só iria ser minha mulher no papel, pois jamais conseguiria tirar a pureza que brilha em seus olhos.Eu fui perdoado pelo que fiz a família e depois de quase dois anos longe eu pude voltar para ver meus pais. Meu pai disse que não tinha raiva de mim, pois não foi ele que ficou no altar na frente de toda família e nem foi ele acusado de adultério, mesmo não consumando o casamento. Ouvir isso me cortou a alma no meio. Ainda sim, eu vinha todo mês querendo vê-la, mas não conseguia nem ao menos ver a sua sombra, parecia que simplesmente evaporou.Tinha dias que me dava vontade de invadir a sua casa para ver como ela estava, mas sempre me controlei, pois achava estar fazendo o melhor para ela. Quanta idiotice eu fiz nesses cinco anos.Todas as minhas visitas à vila sempre que tinha oportunidade eu perguntava a Rael sobre sua irmã e a única coisa que recebia em troca era para eu esquecê-la, pois mulher igual Aline tinha que viver sozinha e que ela não valia nada. Fiquei horrorizado ao ouvi-lo dizer isso da própria irmã, mas imagino que ela deve ter aprontado algo, porque meu amigo não teria esse ódio gratuito sem que ela tenha feito nada.Em alguns dias, meu "casamento" e de Aline irá completar cinco anos, e eu nunca dei ao menos um beijo em sua mão nesses anos todos. Nesse tempo que retornei para nossa vila, só a vi uma vez, mas acho que ela não me percebeu, pois, estava junto a um grupo de pessoas rindo muito[...] e parecia muito feliz. Observando essa cena, não quis estragar a felicidade dela, daí resolvi voltar para trás sendo essa a última vez que eu a vi de perto... até hoje.Guto me avisou que Aline estava vindo para nossa casa e que ela pediu uma reunião. Eu o supliquei para estar presente nessa reunião e
— O senhor que fez o trato? Não foi Aline quem pediu? — Eu pergunto e torço para que o que eu imaginei seja verdade ou eu fui tão burro de achar que Aline armou tudo por amor, só que meu pai acena e confirma o que disse e só agora eu entendo que ela foi tão vítima como eu nessa história toda, na verdade, ela foi a única vítima, já que foi a única que sofreu.— Eu preciso de ar. — Falo com a voz embargada. — Augusto, vou dar uma volta depois você me conta como isso aqui terminará. Ele acena positivamente assim que percebe meu estado, vou em direção a porta para sair da sala que parecia estar abafada, mas antes de sair eu me viro e pergunto para Rael.— Pelos vinte anos de amizade que nós tínhamos, com toda sinceridade que ainda resta em ti, me fale: onde ela está?— Ela foi expulsa de casa e está morando em uma quitinete no final da rua, na segunda casa.Saio daquela sala, sem saber direito o que estou fazendo, e vou ao endereço dela. Chegando na frente da quitinete, não vejo a hora
Ao acordar, virei meu rosto e percebi um homem deitado ao meu lado; ele estava de costas para mim e quando ele se virou deu vontade de gritar! Cheguei perto de surta. Como eu passo cinco anos, casada com esse homem, não o vi esse tempo todo e no dia que resolvo me separa dele eu simplesmente acordo ao seu lado no dia seguinte. Isso só pode ser castigo!O pior é que eu não lembro de quase nada que aconteceu ontem a noite, a única certeza que tive foi que nunca mais eu irei beber e muito menos deixar Murilo chegar perto de mim novamente.Levantei da cama sem fazer movimentos bruscos, peguei minhas roupas que estavam espalhadas pelo quarto, reparei no meu reflexo no espelho e notei que por todo o meu corpo havia marcas de uma noite que pretendia esquecer e fingir que não existiu. Virei meu rosto em direção ao homem deitado na cama e em silêncio comecei a me vestir, não queria correr o risco de fazer algum barulho e acorda-lo. Saí rapidamente do quarto, deixando para trás o homem que sem
Ainda não estava preparada para dizer onde estava morando, mas sabia que em alguns dias eu contaria. Eu tinha medo do meu pai desejar vingança por eu acabar seu sonho de ser sogro do subchefe da família. Se ele pelo menos desconfiar que eu estava grávida, iria querer me agredir até eu perder meu filho. Mas se ele chegasse a pelo menos um metro de mim, eu seria capaz de perder meu réu primário, acredito que faria uma besteira. Mesmo descobrindo só agora que estou grávida, eu já virei uma leoa para defender meu raiozinho. Esse foi o apelido que Bernadete colocou nele.Nesse tempo todo em que vim morar aqui, não existe nem um só dia que não lembrei de Murilo, após aquele dia, minha memória voltou aos poucos de como foi nossa noite, não vou negar que ele me tratou muito bem, Murilo respeitou minha vontade, em momento nenhum ele ultrapassou os limites. A sensação dos seus beijos e toques ainda estão vivas na minha memória. Não vou mentir que tenho vontade de repetir aquele momento mais vez
Estava fazendo o almoço por que Bernadete vem almoçar aqui em casa, antes de morarmos juntas ela almoçava em um restaurante perto da clínica, mas agora almoçamos juntas em casa. Ela dizia que como estou com um barrigão e não era bom ficar muito tempo, sozinha.O almoço vai ser o prato preferido de Bê, ela me ensinou quase tudo que sei hoje. Coloquei a lasanha no forno e fui até o banheiro para um banho bem demorado, pois eu estou suada de limpar a casa. Meu banho demorou o tempo suficiente para me deixar relaxada e vou para a sala me sentar no sofá. Peguei uma escova e penteei meus cabelos, que estava mais cumprido do que quando eu saí da minha cidade. Ainda de toalha eu me sentei no sofá puxando a mesa de centro para esticar minhas pernas e relaxar ainda mais. Meus pés ultimamente estão inchados, e foi por conta de eles estarem inchados que Victor, o primo da minha amiga e meu patrão, comprou uma poltrona e colocou na recepção da clínica para mim e ele dizia que não é para eu ficar m
Acordei de manhã me sentindo o homem mais afortunado do mundo inteiro. Dormi com a mulher da minha vida, a que eu sempre amei. Mas ao acordar, eu procurei por ela no quarto todo e não a vi, constatei imediatamente que ela acordou cedo e foi embora, pois quando ela percebeu quem estava do seu lado, deve ter se sentido mal. Ela passou por tanta coisa antes de decidir pedir a anulação do casamento, e eu reconheço que dei uma grande mancada de ter deixado minha ternura sozinha esses cinco anos, mas agora que sei de como é a sensação de estar com ela, não a deixarei mais. Se antes eu já era obcecado por Aline, depois da noite que tivemos, eu a quero diariamente ao meu lado.Ela é minha esposa e será até que a morte nos separe.Queria poder apagar os cinco anos que eu fui o pior homem da Terra, o marido mais miserável que uma mulher poderia ter em sua vida..., mas eu vou me redimir. Irei fazer Aline a mulher mais feliz desse mundo, planejei ir atrás dela no mesmo dia, mas ela precisava desc
Parei o meu carro em frente à casa da minha ternura e caminhei até a porta. Bati a porta..., bati de novo e novo e de novo, mas nada. Chamei pelo nome dela e nem assim ela respondeu. Fiquei quase meia hora batendo em sua porta sem ter resposta, até que uma senhora chegou perto de mim e com uma simples pergunta, pareceu que adagas foram lançadas e que o alvo era meu coração.— Você é parente da mocinha que morava aí? — Ela perguntou com a voz tremula.— Como assim morava? Ela se mudou quando? Se até ontem ela morava aqui. — Perguntei sem entender nada.— Então, rapaz! Eu também estou sem entender nada. — Ela disse se aproximando de mim. — Quando acordei pela manhã havia um bilhete na minha porta, e a chave da casa dela embaixo do tapete do lado de fora. Passou todas as perguntas possíveis pela minha mente. Será o que houve? Aline realmente fugiu de mim? Será que ela me odeia tanto assim?— Posso dar uma olhada nesse bilhete? — Ela acenou e me chamou para ir até sua casa e quando chegu
E assim dei início ao plano, os homens do meu irmão chegaram na boate e um deles esbarrou de propósito em um dos amigos de Lucca que logo começaram a se entranhar e antes de dois minutos já estavam trocando murros um no o outro, então coloquei a minha parte do plano em ação. Fui devagar para a mesa em que eles estavam sentados, peguei o celular de Lucca sem ninguém ver e corri para fora. Sai da boate e liguei para meu irmão para que ele ordenasse seus homens para recuarem. Entrei no meu carro e comecei a dirigir sentido uma esperança crescendo em mim. Fui para o mesmo apartamento onde eu tive a minha noite de amor com a minha ternura.Aquele Lucca só pode ser louco! Quem hoje em dia usa celular sem senha? Ainda mais sendo alguém da máfia, não poderia ser descuidado a esse ponto, qualquer um pode pegar nossos celulares e descobrir nossos segredos. Para minha alegria, ele não teve esse cuidado. Eu já estava me preparando para usar meus dotes de hacker e desvendar a senha do celular dele