Lembrava-se dos sorrisos de Charlotte , do gosto de seus lábios e de sua voz doce e suave que era como música aos seus ouvidos. Não saberia viver sem ela em hipótese alguma e estava ciente de que, se Charlotte Capman morresse, ele morreria com ela. Mas eles não eram os únicos que corriam. Em meio a mata fechada, desviando das árvores e pulando por sobre as raízes, Marcel perseguia o homem que havia conquistado todo seu ódio. Sequer sabia do estado de sua irmã, fora guiado por seu ódio para caçar o rato que a havia ferido. Enquanto Willian vivesse sua irmã não teria paz, sendo assim, ele estava decidido a matá-lo e o faria sem remorso algum, sem culpa. Willian, por sua vez, fugia como o diabo foge da cruz. Corria desesperadamente em direção a lugar algum, sequer sabia para onde ir, só desejava tirar o homem enfurecido de seu encalço. Golpear Charlotte não tinha sido uma de suas melhores decisões, ele sabia, sabia que, no instante em que atravessou sua lâmina no corpo da Capman ma
Por muito tempo não houve nada além do vazio, da escuridão. Então, a luz dos olhos castanhos do seu amor resplandeceu e quando a imensidão esverdeada encontrou o rosto preocupado daquele que chorou por ela por dias e noites sem descanso, finalmente Charlotte Capman descobriu que o amor pode ser muito mais valioso do que ela um dia imaginou. — Lucian? — ela o chamou, vendo-o erguer o rosto lentamente. Charlotte observou a expressão cansada, as olheiras fundas e os olhos avermelhados dele se direcionarem a ela como se encarasse uma miragem. Lucian tinha sua barba por fazer e seus cabelos castanhos caiam sobre sua face, claramente ele não havia saído dali um segundo sequer, não havia deixado-a em momento algum. Então, depois de alguns instantes de choque e medo de, mais uma vez, seu cérebro estar lhe pregando uma peça de mal gosto, como havia acontecido antes, Lucian se ergueu, inclinando o corpo sobre ela e lhe tocando o rosto como quem pega um frágil cristal. Charlotte inclinou
Início do livro 2: Um príncipe para chamar de meu O que faz de alguém uma rainha?Títulos? Riqueza? Joias? A resposta é incerta, afinal, depende muito de a quem está destinada essa pergunta. Para Brista Capman, uma rainha é feita de fibra, compaixão, inteligência e muito caráter.Depois de tudo o que aconteceu com sua irmã e com ela mesma, Brista se vê perdida, já não tinha sua mãe, que sempre a disse para onde ir, e também não sabia o que fazer em sua vida depois daquela noite que ainda lhe causava pesadelos. Como prosseguir depois de passar por uma experiência como aquela? Como conseguir viver e confiar novamente depois de estar nas mãos de Willian Griffin, de ter de lutar para que sua irmã mais nova conseguisse fugir das mãos de homens vis e de experienciar horas de terror enquanto era perseguida ao lado de Charlotte em meio a uma floresta densa e escura?Ela ainda não havia encontrado, de fato, seu caminho. Porém, a notícia de que o príncipe estava em busca de uma noiva e a po
Sua voz, mesmo que baixa, chegava aos ouvidos de Lucian como a música mais bela e seu sorriso era para ele a luz que iluminaria seus dias, outrora escuros, pela eternidade. Ali, o Duque sabia que encontrava a felicidade que procurou compulsivamente por toda sua vida. A voz do padre soou e, durante todo o sermão, a capela mergulhou num silêncio respeitoso e de apreciação, afinal, era um casamento por amor, um amor puro que refletia para todos que quisessem ver. Era algo raro na alta sociedade, um Duque casando-se por amor com uma jovem sem títulos de nobreza, quem poderia imaginar que tal coisa aconteceria?Mas as jovens Capman’s tinham um grande potencial de conquistar quem bem entendessem, não só por sua beleza, mas pela personalidade encantadora que tinham.Charlotte mentiria se dissesse que ouviu tudo o que foi dito pelo padre, ela sequer prestou atenção às palavras do senhor sem barba ou cabelos que falava de forma célebre e culta. Sua mente viajava entre as doces lembranças do h
A loira entendia os motivos que seu pai tinha para mandar Judith para longe e ainda mais os motivos que tinham para não querê-la ali naquele momento, mas não podia evitar pensar em como sua mãe estaria, depois de quase três meses de distância. Sabia que aquele momento não deveria ser para lembrar-se de sua mãe ou pensar em qualquer outra coisa que não a felicidade que os noivos esbanjavam ou em como sua irmã estava bela, mas precisava, de alguma forma, fugir do pensamento constante de que sua vez nunca chegaria, não daquele jeito. Invejava a felicidade de sua irmã, mas isso não a impedia de estar feliz por ela. Não desejava o mal para Charlotte jamais o faria, ela havia descoberto um carinho secreto que nutria por sua irmã e agora ambas se davam extremamente bem, não havia mais competições entre elas. Mas aquilo não impedia que parte do coração de Brista se sentisse machucado enquanto a hipótese de não ter a sorte da irmã se fazia presente em sua mente. “O amor é um luxo que, infeli
Quando o dia amanheceu, Jonathan abriu os olhos lentamente, sentindo-se cansado. Suas noites de sono não pareciam suficientes para restaurar suas energias gastas durante o dia e, naquele momento, ele entendia a frase que o rei sempre disse para ele, “um trono deve ser repartido em dois para que o reino seja próspero”. Agora entendia o que aquilo significava, afinal, estava sentindo na pele como era difícil administrar todo um reino sozinho e tinha plena consciência de que aquilo não poderia ser feito por somente uma pessoa, era difícil demais. Haviam muitas atividades a serem feitas, muitas áreas a serem coordenadas e, por mais que, politicamente falando, pouco a rainha de fato participava, ter alguém ao seu lado para ajudá-lo a pensar seria mais que bem vindo. Tinha consciencia de que precisava de uma rainha forte, inteligente e muito bem preparada para gerir o reino e, memso que sua mãe discordasse, pretendia que sua futura esposa participasse ativamente de todas as áreas de organi
— Mãe, pai — ele falou, sorrindo levemente e se sentando ao pé da cama. — Como estão hoje?— Estamos bem, querido! — sua mãe respondeu, deixando o prato de sopa no móvel ao lado da cama e limpando os lábios do rei com um lencinho. — Esperamos você mais cedo! — Acabei me atrasando um pouco — ele respondeu, se aproximando mais e pegando a mão que seu pai havia lhe estendido. — Precisava conversar com o senhor, pai. — Acredito que sei de qual assunto se trata, mas prefiro deixar que fale com suas próprias palavras, meu filho — o rei respondeu. Salvo os olhos leitosos, sua expressão estava corada e saudável, não fosse pela estranha doença que o acometia, se assentaria sobre o trono por alguns anos mais. — Decidi que o senhor estava certo — Jonathan falou, apertando a mão de seu pai levemente —, preciso me casar! A fala fez a rainha sorrir e bater palmas, esperava aquela declaração vinda de seu filho há semanas e já tinha em vista possíveis pretendentes.— Oh, querido! Estou tão feliz
Quando o dia amanheceu, a cidade despertou com um burburinho sem igual. Naquela manhã, os mensageiros reais deixaram o palacio bem cedo e se espalharam pela região. A contra-gosto, a rainha instruiu os criados sobre as preparações para o baile que haveria e também para receber as possiveis pretendentes do principe, passou seu dia coordenando a organização do palacio e, além disso, escreveu algumas cartas para nobres aliados, visando pretendentes reais e que a agradassem. — Senhora… — sua ama, Lorellay, uma mulher já de idade e com feições extremamente simpáticas. — A temporada mal começou, quem sabe o príncipe desista dessa ideia. A rainha suspirou, observando os empregados correrem com flores e ornamentos para manter o palacio em sua melhor versão para os convidados que chegariam dali há alguns dias. Esperava com toda vontade que o coração de uma mãe pode ter, que seu flho encontrasse a princesa perfeita em alguma das nobres que ela lhe apresentasse e que desstisse daquela ideia to