A respiração ofegante e quente de Edigar próximo ao seu pescoço, fazia todo o corpo de Hazel tremer e se arrepiar, e se ele não a segurasse com tanta firmeza, tinha certeza que já estaria caída no chão. As sensações que ele despertava em seu corpo eram indescritíveis, e nunca antes, tinha sentido algo assim.
Como havia chegado a este ponto?
Logo ela, que sempre prezou pelas boas maneiras da sua classe social, que procurava cumprir fielmente todas as regras da sociedade e também as que os seus pais ditavam, que sempre manteve o recato, mesmo quando cortejada por outros cavalheiros de ótima família.
No entanto, agora estava ela, alí, tão apertada nos braços de Edigar que era possível sentir as batidas do coração do rapaz e o calor que ele emanava daquele corpo rígido, aos beijos intensamente apaixonados e indecentes, na escuridão do estábulo da sua família. Do estábulo!
Qualquer princípio de desconfiança, de qualquer um ao seu redor e a sua reputação estaria arruinada para sempre. Mas, no momento ela não estava preocupada com isso, pelo contrário, manter-se honrada e obediente era o que menos a aflingia atualmente, seus pensamentos estavam focados justamente no oposto disso tudo, o seu plano de fuga com Edgar, para finalmente ser feliz, longe das regras e ao lado do homem que amava.
- já está tudo certo, meu amor, - disse com sua respiração ainda alterada pelos beijos intensos que trocavam ali.- precisaremos ser cuidadosos ao extremo, para que nada dê errado, eu não saberia o que fazer se algo não desse certo, essa será a nossa única chance.
- chega de se preocupar tanto, nada vai dar errado, minha querida. Nós Já repassamos o plano diversas vezes, não foi? não vamos errar, tudo vai dar certo, esse casamento não irá acontecer, eu jamais iria permitir que você fosse de outra pessoa.- respondeu Edgar entre os beijos, ao mesmo tempo em que subia a barra do vestido de Hazel e sentia o toque macio da sua meia por cima da pele alva e quente.
- oh, Edigar, pare com isso! Nos não devemos...- disse ofegante, enquanto tentava se afastar um pouco mais do seu abraço, porém, a parede atrás de si, não permitiu que o fizesse.- não podemos ultrapassar os limites, pelo menos não ainda. Só mais um pouco, sim? Amanhã fugiremos juntos e nos casaremos na cidade vizinha, eu estou tão ansiosa por isso, eu te amo tanto!
- então, porque esperar se estamos juntos aqui, agora, meu bem? Por acaso não me ama o suficiente para confiar em mim? Venha, meu amor, não há o que temer, eu amo você. Acredita em mim, não acredita? Confia em mim? Hum? Prove que me ama Hazel.
Edigar retomou a aproximação de forma ainda mais quente e colou ainda mais o seu corpo ao de Hazel contra as paredes do estábulo. para a moça era difícil raciocinar direito naquela situação, era tudo tão errado e ao mesmo tempo parecia tão bom, sentia todo o seu corpo arder e derreter sob o toque exigente dele, como se cada toque daquelas mãos tão ousadas a inflamassem por inteiro, e ela já estava prestes a explodir.
- Edigar, estamos em um estábulo! Nossa primeira noite juntos deveria ser pelo menos em um lugar especial...- por mais que ainda buscasse forças ou motivos para protestar, sua voz já não passava de um sussurro fraco, e já não tinha tanta certeza de que precisavam mesmo parar.
- não seja tão mimada, Hazel, o lugar de nada importa, o que importa de verdade é o nosso amor.
Por que a voz daquele homem conseguia penetrar tanto na sua mente? Ele era capaz de desestabilizar seus argumentos e já não tinha certeza de que aquele lugar era tão desadequado assim. seu corpo inteiro se rebelava contra a sua razão e ela estava prestes a se render ao desejo que a consumia.
Seus encontros nunca haviam ido tão longe antes disso. As vezes, quando Hazel conseguia fugir do olhar dos pais, os dois se encontravam em algum lugar reservado do jardim, ou dentro da carruagem que Edgar dirigia. certa vez, quando conseguiu despistar a sua dama de companhia no parque, se beijaram muito rapidamente atrás de uma árvore, Mas, sempre sob a luz do dia, e em momentos breves, por medo de serem descobertos.
Dessa vez, no entanto, Edigar a convenceu a sair de uma forma arriscada, na calada da noite, sob o pretexto de que precisariam de mais tempo e privacidade para recapitular os planos de fuga, que por sinal, já seriam para o dia seguinte.
E agora, estavam lá, na escuridão do estábulo, sem recapitular plano nenhum, enquanto as mãos do mais novo cocheiro da família Stafford passeavam avidamente pelo seu corpo e agora subiam ousadamente por baixo do seu vestido. E naquele momento Hazel estava tão fora de si, que teria cedido a tudo o que Edigar quisesse, Sem pensar no amanhã.Rapidamente, Edigar ergueu de uma vez a saia do vestido da jovem dama, sem parar de beija-la e sem lhe dar tempo para protestar. Ela agora estava ao mesmo tempo, ansiosa e assustada, queria parar e ao mesmo tempo temia decepciona-lo de alguma forma, ou agir como se não o amasse o suficiente. Neste momento, um som diferente chegou aos ouvidos de Hazel, que tomou um susto imediato, mas Edigar pareceu não notar seu susto ou o barulho do lado de fora.
- ei, Ed, eu ouvi um som estranho. - sussurrou preocupada, mas Edigar continuava tocando o seu corpo e parecia não estar absolutamente preocupado. - Edgar, eu falo sério.
Nesse momento o som se aproximava ainda mais alto e Hazel teve certeza de que não estava criando coisas ou enlouquecendo, os dois seriam pegos no flagra e sua vida estaria arruinada. Ela agora estava paralisada de medo, parada como uma estátua de gelo, e todo prazer que sentira antes se discipou em questão de segundos, dando lugar a um Pânico que a fez estremecer, enquanto isso, o seu amante ainda parecia alheio a toda situação e não dava nenhum sinal de que iria se afastar dela, como se não conseguisse perceber mais nada além das suas pernas expostas, com sua saia ousadamente levantada.
- Edgar!- Hazel não podia gritar, mas o repreendeu seriamente e o empurrou com toda força que tinha.- escute!
Os dois já estavam a algum tempo na Escuridão, e a visão de ambos já havia se adaptado ao escuro, por isso, mesmo sem luz no local, Hazel notou o olhar aborrecido do rapaz quando o empurrou, e também notou que logo mudou para um olhar de preocupação quando por fim se atentou ao barulho que agora parecia bem próximo de onde estavam.
o coração da jovem dama, disparara ainda mais. Quem quer que fosse, que estivesse se aproximando, não poderia vê-la, não poderia sequer sonhar que ela esteve ali, ou seus planos de fuga estariam arruinados e juntamente com eles a sua felicidade futura, seria a sua desgraça.
Em silêncio, Edigar a puxou pela mão e a fez entrar em uma antiga carruagem, que precisava de reparos e por isso estava encostada no estábulo há algum tempo. Em outros tempos, o rapaz até se queixara com o mordomo, para que o mesmo desse ordens e alguém a retirasse logo de lá, pois tomava muito espaço no lugar, mas agora estava realmente aliviado por tê-la alí a tanto tempo e agora lhe serviria perfeitamente como um esconderijo para senhorita Hazel. A moça entrou lentamente, e apesar da pouca luz, sentiu a poeira acumulada naquele local sob os seus dedos. Mal entrou completamente na carruagem e ouviu os passos, dessa vez já no Interior do estábulo, e em seguida uma voz melodiosa.
- Ed? O que faz aqui a esta hora, ainda por cima neste escuro?- perguntou uma das servas da casa, que entrava com uma pequena lamparina acesa. Para Hazel dentro da carruagem, não passou despercebida a forma íntima como a jovem tratou Edigar.
- Maire, que bom que chegou com uma luz! Eu ia voltar agora mesmo. A senhorita Stafford precisará sair amanhã bem cedo e eu ia adiantar o serviço e separar algumas selas, mas deixei minha vela cair e se apagou no chão.
Maire? Então ele também a trataria assim, de forma informal?
- mas eu estava te procurando...- disse a mulher com a voz ainda mais afetada.- hum, neste caso, podemos aproveitar que já estamos aqui e...
Porque estava procurando ele? Aproveitar que já estavam lá?
- não, Maire! Me desculpe por ser grosseiro, mas precisamos sair daqui imediatamente, este lugar está completamente infestado de baratas a noite!
- oh, não! Ah! Então Por que não me disse isso antes, sabe muito bem que eu tenho pavor dessas asquerosas, Ed!
Sem precisar falar duas vezes, os dois saíram o mais rápido possível do estábulo, deixando Hazel assustada, na maior escuridão, pensando se as baratas eram apenas uma forma de Edigar assustar a outra jovem para saírem mais rapidamente ou se de fato elas estavam por lá, rastejando no escuro. Devagar o suficiente pra não esbarrar em nada no escuro e chamar a atenção de alguém sobre si, mas, também rápido o suficiente pra não ter que lidar com uma barata horrorosa sozinha, Hazel saiu do interior da carruagem velha e também do estábulo. tentou se recompor o melhor que pôde, baixando a saia direito e reforçando o coque que havia se desfeito, pra o caso de cruzar com alguém no caminho. Após se certificar de que não havia mais ninguém do lado de fora ela se esgueirou entre as sombras da noite até atravessar todo jardim e conseguir chegar em casa novamente.
De forma silenciosa, entrou pela porta dos fundos e caminhou praticamente na ponta dos pés até chegar em seu quarto. Ainda teria que conversar com Edgar sobre a sua relação com aquela criada sem modos, mas, de toda forma partiriam no dia seguinte e ela seria deixada para trás, então não havia motivos para sentir ciúmes. Ou tinha?
Olhando a sua mala arrumada, no canto do quarto, ela sentiu seu coração se apertar, por tudo o que estava prestes a deixar para trás, mas, também sabia que não haveria outra escolha para a sua vida, seus pais jamais permitiriam que vivesse o seu amor, além disso, no dia seguinte o seu noivo deveria finalmente estar chegando ao condado, e todos os preparativos para o seu casamento já estavam prontos. Não, não teria outra alternativa.
Dois anos atrásRichard Stafford, conde de Burlington voltava de uma excelente viagem de negócios, junto com uma comitiva de criados, que transportavam em algumas carruagens diversos objetos de valor e algumas obras de arte para a coleção da condessa. O caminho em que estavam era considerado como uma estrada tranquila, cercado por uma vegetação verde e extensa. O senhor Gaspar, empregado do conde há muitos anos, ia na retaguarda, quando notou um movimento estranho na mata, um pouco a frente do grupo. Infelizmente, o mesmo sequer teve tempo de alertar ou reagir, quando todos foram repentinamente surpreendidos por saqueadores da estrada.Os homens do conde, tentaram se defender, e lutaram como podiam, mas, estavam em desvantagem de número de homens e de armas, além de terem sido pegos de surpresa. A vida de seus homens e a sua própria, valiam muito mais do que aqueles tesouros, pensando nisso, Richard ordenou que recuassem e soltassem os cavalos das carruagens para f
Desta vez, a viagem prosseguiu tranquila, e após alguns dias, Richard finalmente chegou ao condado de Burlington.Logo, foram recebidos pelos empregados da propriedade e pelos parentes que aguardavam ansiosos. Loretta ficou aflita e nervosa, quando soube do que poderia ter acontecido com Richard durante a viagem, porém, passada toda a sua preocupação, ao constatar que agora estavam todos bem, ela também ficou radiante com as novas peças de arte para a sua galeria pessoal, mas, sua alegria foi realmente incomparável ao saber do acordo de casamento entre Richard e o duque de Rothesay. Sua filha, sua amada Hazel, seria nada menos que uma duquesa, e ela não merecia nada inferior a isso.Hazel, por outro lado, não pareceu tão exultante com a menção daquele acordo. Sabia que mais cedo ou mais tarde algo do tipo iria acontecer, seu pai já estava há a
- Hazel, anime-se querida! O duque de Rothesay não gostará de conhecê-la com essa carinha tão triste, hoje é o seu noivado e não o seu velório.- disse a condessa de Burlington, sorrindo animadamente, enquanto admirava a filha que acabara de se preparar para o baile e estava radiante.- perdão mamãe, eu sei que um Duque será um ótimo partido para mim, principalmente na visão do papai, mas, é que eu não imaginava me casar assim, tão de repente e sem nenhum tipo de sentimento! E pelo que ouvi de algumas senhoritas, no baile da senhora Kent, ele deve ter o dobro da minha idade.-ah, minha querida, não pense nas bobagens que as senhoritas falam nos bailes, a maioria delas, decerto que estão invejando-a grandemente. Além disso, futuramente um sentimento poderá surgir no seu casamento, isso não é tão incomum, eu e o seu pai nos damos muito bem.- espero que tenha razão, mamãe. Eu prometo que tentarei sorrir durante este baile e
Após o desastroso noivado, algumas outras missivas chegaram a residência da família Stafford, acompanhadas de jóias ainda mais valiosas e repetidos pedidos de desculpas, para Hazel era apenas um pouco mais do mesmo.O duque ainda convalescia em sua propriedade, mas o risco de morte já era muito menor agora. O que era realmente um alívio para o conde. Após todo escândalo do noivado, se o noivo, por infelicidade do destino, vinhece a falecer, além de ser muito difícil conseguir um partido tão bom quanto o duque de Rothesay para a sua linda Hazel, ela ainda seria durante muito tempo, um motivo de deboche nas bocas das senhoras nobres, que mesmo agora já a invejavam por estar compromissada a um homem tão poderoso, e espalhavam fofocas sobre o fato do noivo ter faltado o próprio noivado alegando uma doença que poderia até ser falsa, além de nunca a ter corteja
Ao subir para os seus aposentos, Hazel suava frio e sentia as pernas trêmulas. Nunca fizera algo tão ousado em toda sua vida. Sabia que iria decepcionar sua família e envergonhar o nome de todos e isso a entristecia além do que ela poderia ter imaginado, porém, se ficasse alí, estaria condenada para sempre a viver uma vida sem amor e suportar um casamento infeliz com um homem velho, que não conhecia e que já demostrava sinais de que não seria um bom marido, não dava a mínima para o que ela sentia, ou se importava em saber como ela realmente era, apenas a julgava como uma mulher fútil, facilmente comprada com jóias e cartas de poucas palavras.Quando entrou em seu quarto, ela sentou em sua cama, olhando para a valise que já estava preparada e tentou manter a calma para seguir adiante com o plano, a esta hora, Edigar já devia estar no quarto da condessa, correndo um enorme ri
- milady, milady, é melhor acordar ou vai ficar muito atrasada. A própria condessa entrará aqui gritando a qualquer momento.Os sons pareciam vir de algum lugar distante, a cabeça de Hazel latejava insistentemente e abrir os olhos também lhe parecia algo bem doloroso. Aos poucos a sua mente foi revivendo tudo o que tinha acontecido na noite anterior e os mesmos motivos que a fizeram se sentir tão mau antes de finalmente adormecer, agora voltavam para novamente atormenta-la e puxa-la para o buraco negro de onde parecia não conseguir sair.Somente quando conseguiu abrir os olhos por completo e pôde vislumbrar o imenso sorriso que a sua criada pessoal ostentava, ela finalmente se deu conta do que estava prestes a acontecer, e a realidade a engoliu de uma forma cruel e desanimadora. Lentamente ela se levantou, limpou os olhos e lavou o rosto com a água morna e perfumada com rosas da jarra que Joane trouxe consigo, uma regalia especial para o seu dia de noiva.A c
Ao chegar na porta da igreja o coração de Hazel estava disparado em seu peito. Estava alí para se casar com um completo estranho, que ainda por cima possuía uma fama nada agradável. A marcha nupcial anunciava a sua chegada e todos os convidados olharam para trás curiosos no momento em que a porta foi aberta. Seus pés quase travaram no lugar, sabia que agora deveria caminhar em direção ao altar, mas a sua real vontade era de correr para o lado oposto e fugir para bem longe dali. se não fosse o seu pai segurando firmemente em seu braço, talvez tivesse feito exatamente isso, ou talvez tivesse tropeçado em suas próprias pernas trêmulas.Tomando coragem, respirou fundo e finalmente levantou os olhos, o véu que usava sobre o rosto, apesar de fino, ainda nublava sutilmente a sua visão e apenas quando caminhou alguns passos em direção ao seu destino ela realmente o viu.Depois de quase dois anos de especulações, sua mente finalmente tinha um rosto para por no homem que protagoni
Tudo o que Hazel sabia na prática sobre a intimidade de um casal, era o que tinha vivido com Edgar naquele estábulo e sinceramente não estava nenhum pouco preparada para reviver uma situação daquela maneira com um outro homem, quando o seu coração ainda doía por pensar na rejeição que sofreu.Por este motivo, quando Arthur a convidou discretamente para se retirarem, enquanto dançavam, suas pernas travaram quase que instantaneamente, no meio da dança e por pouco os dois não caíram juntos no chão. O que acabou chamando novamente a atenção de todos para o jovem casal.- preciso tomar água, eu não estou muito bem e tem muitas pessoas olhando para nós.- disse tentando ganhar algum tempo, mas, no fundo sabia que seria inevitável.- se não tivesse tentado nos derrubar, as pessoas não estariam nos observando agora.- comentou o duque de forma imparcial, e ela não soube decifrar se ele estava brincando ou se falava realmente sério.