Um mês depois, Guadalupe estava com dois meses de uma gestação tranquila e sem muitos enjoos. A cada dia amava mais a possibilidade de ter um fruto do amor dela e Andreas em seus braços.Ele cuidava dela com ainda mais devoção do que antes, às custas de muito trabalho de todos, até de Gabriel, eles conseguiram recuperar o prejuízo que veio com o incêndio. A casa que o Dom daria para Jamile e Gabriel já estava quase pronta e, apesar de gostar de viver ao lado do pai e da madrasta, ela acreditava que sozinhos ela conseguiria conquistar o amor dele mais facilmente.– Não sei se por eu querer tanto estar com ele em meus braços, acho que às vezes sinto o bebê se mexer dentro de mim. – Guadalupe diz e Amélia responde.– Ainda é muito cedo para isso, depois do terceiro mês.– Você já teve algum filho, Amélia? Nunca me disse nada a respeito. – Andreas perguntou e a deixou em apuros.– Claro, claro que não tive. Mas me lembro de ouvir minha mãe dizer sempre para mim e minhas irmãs. – Amélia di
Igor chegou em casa pensativo, distante e silencioso. Guadalupe fazia parte de seu passado, mas depois daquele encontro parecia mais viva do que antes em seus desejos.Lucília descia as escadas, esse era um dos raros dias em que ele a permitiu sair do repouso. O viu sentado no sofá, com uma expressão perdida.– Acho que vai ser um menino. – Ela se sentou no colo de Igor e pegou a mão dele, colocando-a no próprio ventre. Lucília e Igor não se amavam e quase nunca trocavam carinhos a não ser na intimidade, mas ela fazia de tudo para conseguir o afeto dele.– Eu espero mesmo que seja um varão, Deus está em débito comigo por ter tirado minha primeira esposa e meu filho.– Não blasfeme Igor, Deus tem os motivos dele.– Então está justificando o fato de um inocente ter perdido a chance de conhecer este mundo, Lucília?Ela se levantou irritada, ele já não acreditava em Deus e nada que ela pudesse dizer o faria mudar de ideia ou tirasse toda a amargura que havia dentro dele.Andreas chegou na
Dom Andreas havia presenteado Sebastião com um belo traje, ele estava arrumado e muito feliz.– Queria poder ver a alegria em seu olhar, Sebastião! – Guadalupe exclamou.– Eu nem sei o que dizer, patroa, os dois têm sido tão bons, comigo e Luíza. Ainda mais sendo primo de Leandro... – Sebastião disse e o Dom respondeu.– Esqueça o passado, só queremos que os dois sejam felizes como Guadalupe e eu somos. – Andreas diz, ajudando a dar o nó na gravata borboleta de seu capataz. – Ah, e reitero o convite para ir no carro conosco. Gabriel irá levar Amélia e Jamile de charrete.– Agradeço por mais esse convite, mas prefiro chegar a cavalo. – Sebastião não queria abusar da boa vontade dos patrões.– Eu te entendo perfeitamente. – Guadalupe respondeu.Os dois entraram no carro e foram para a fazenda de Saulo, onde a maioria dos poucos convidados os esperava. O padre estava lá, ansioso por esse noivado e por marcarem a data da cerimônia.Sebastião pensou que nem saberia como se portar ou que pa
Luíza estava atordoada, sem notícias do futuro noivo, tinha percorrido a cavalo junto com Gabriel por quase toda a região e nada.– Acho que devíamos ter ido até a cabana dele. – Gabriel sugere para Luíza.– Acha que ele não apareceu porque desistiu mesmo de se casar comigo?– Não minha irmã, mas de repente ele se feriu e conseguiu voltar para casa. Temos que contar com a sorte, essa região é muito extensa.Os dois resolveram ir até lá, assim que chegaram, encontraram apenas o cavalo dele. Com a sela, estava desamarrado e tinha algumas gotas de sangue em seu corpo.– Fizeram algo de mal com ele, Sebastião deve estar morto e a culpa é toda minha. – Luíza diz, chorando e esperando pelas piores notícias.– Patrão Gabriel, Paulo e os outros peões encontraram Sebastião! – Jacinto diz a eles, angustiado.– Vivo? – Luíza pergunta com medo da resposta e Jacinto logo responde.– Muito ferido, estava na margem do rio e com o corpo todo molhado.Andreas e Guadalupe se juntaram a eles, Sebastião
No dia seguinte.Sebastião estava consciente e Luíza estava ao seu lado, Amélia voltou para casa para descansar e finalmente o médico da cidade foi mandado para cuidar dele.– As lesões internas parecem ter sido graves, mas com cuidados e os medicamentos certos ele irá se recuperar. – O médico diz após realizar os exames.Luíza esperou que a mãe chegasse, não queria deixar ele sozinho.– Onde você vai filha? – Margareth perguntou e Luíza respondeu antes de sair.– Prometo não demorar.Ela montou no cavalo e foi até a delegacia.– Sebastião foi agredido por Leandro, e você viu isso acontecer? – O delegado perguntou a ela.– Não delegado, mas só ele faria algo assim e o senhor sabe o motivo.– Mas não há provas, mocinha!– Eu disse a todos que aqui a mão da justiça, só alcança os humildes. - Ela desabafou.– Quando tiver alguma prova venha e eu terei prazer em investigar.Luíza saiu pior do que chegou, não tinha a quem recorrer para fazer a justiça acontecer.Na casa de Dom Andreas a no
Sebastião e Luíza se casaram em uma cerimônia reservada com a presença apenas da família e de alguns ilustres convidados. Como já era de se esperar, a justiça nada fez para punir Raul pela agressão contra Sebastião.– Sebastião, aceita Luíza como sua legítima esposa, para amar e respeitar na saúde e na doença e por todos os dias de sua vida?– Sim, padre!– E você, Luíza, aceita Sebastião como seu marido para amar e respeitar na saúde e na doença e por todos os dias de sua vida?– Sim.– Eu vos declaro marido e mulher, pode beijar a noiva.Luíza abaixou a cabeça e Sebastião beijou sua testa. Os pais da noiva deram um jantar íntimo para comemorar a celebração. Há muitos dias Gabriel não via Jamile, pois com o sucesso da escola tiveram que promover reformas para aumentar o número de salas e já há uns dias elas não davam aula por lá.– Como você está? – Gabriel pergunta para Jamile.– Muito bem.– Eu soube que a escola vai bem e eu queria saber se não pretendem ensinar adultos?– Seria m
O Dom havia saído bem cedo com os peões para buscar o gado. Jamile estava na escola com Luíza. Amélia cuidava dos afazeres com Matilde.Guadalupe acordou bem cedo e estava dobrando as roupinhas do bebê, quando sentiu uma forte dor abdominal.A jovem sentia que chegara a hora, logo no momento em que Andreas e nenhum dos outros homens estavam lá.– Amélia, Amélia! – Gritou enquanto sorria, logo ela chegou no quarto já aos gritos.– O que foi menina?– Chegou a hora, meu filho vai nascer!– Fique calma, Guadalupe, vou chamar Matilde.Ela se sentou na cama, entregando esse momento a Deus e sabia que ele não a irá desamparar. Matilde logo apareceu...– Sua barriga abaixou demais em pouco tempo! – Matilde falou com uma expressão preocupada.– E isso não é normal? Ai, Deus a dor está ficando insuportável. – Ela perguntou, enquanto chorava e se revirava na cama.– Infelizmente, não filha, aqui eu não posso fazer o seu parto.– Como não pode aqui? - Guadalupe perguntou.– Vou te levar para a m
Igor chegou em sua bela mansão, Guadalupe estava totalmente voltada para cuidar daquela criança e nada mais nesse mundo importaria. Dom Andreas foi para a cabana de Matilde logo após sepultar o bebê, parou o carro e saiu com o padre.– Precisamos conversar, filho. Que bom que está aqui, padre! – Ester mal sabia como começar a falar.A aflição e medo eram evidentes no rosto dela, alguma grande angústia feria seu coração.– Aconteceu alguma coisa com a Lupe? – Andreas perguntou, pressentindo algo errado, e Ester foi obrigada a contar a verdade.– Ela se foi, Igor veio aqui com o filho dele nos braços!– Lucília morreu há alguns dias. – O padre revelou e Ester ficou surpresa.– Mas ele disse que havia morrido nesta mesma noite e que procurava por uma ama de leite...– Ela morreu há uma semana e eu mesmo lhe dei a extrema unção! – O padre diz, deixando-a mais preocupada ainda com a filha.– Guadalupe, se foi com aquele verme? – O Dom perguntou ao se levantar furioso, agora tinha a certeza