Para Guadalupe, não estava sendo nada fácil recomeçar tudo, aprender a andar por aquela nova casa e ter que lidar com Igor e com os outros empregados dali.Alguns não a aceitavam no lugar de Lucília tão pouco tempo depois de sua morte, mas esse era o preço que a jovem tinha que pagar para ser mãe.Ele sempre tem mantido o respeito por ele apenas como ama de Benjamin e nunca se aproximou dela até o momento, mostrando outras intenções, mas Guadalupe sabia que Igor cedo ou tarde iria se aproximar e querer algo mais íntimo.– Guadalupe, sua mãe está aqui e quer te ver. – Célia, uma das empregadas, avisou para a moça.– Traga ela aqui, por favor! – Guadalupe gostava muito de cantar para o bebê dormir, mas dentro dela ainda existiam algumas dúvidas e muitos questionamentos.Ela sentiu seu bebê no ventre, ativo e cheio de vontade de vir ao mundo até pouco tempo antes do parto, mas só Deus sabia o real motivo de tudo isso ter acontecido.– Filha? Como você está? – Ester perguntou.– Bem mamãe
Leandro soube por Celina que Luíza e Sebastião estavam esperando seu primeiro filho, aquela notícia sacramentou de vez o que ele não queria aceitar. Seguiu para casa e arrumou as malas. Sua mãe e seu pai haviam voltado de uma de suas corriqueiras viagens, ele desceu as escadas de malas nas mãos.– Aonde está indo, filho? – Sua mãe perguntou.– Eu decidi passar uma temporada longe!– Fugirá dos problemas como sempre fez, não posso acreditar que ainda sofra por causa daquela estúpida da Luíza. – Seu pai sempre era tão duro com as palavras.– Nem sequer suas ofensas me farão mudar de ideia, pai, quero sair um pouco desse lugar e respirar outros ares...– Eu preciso de você aqui Leandro, preciso que me ajude a seguir com o plano.– Esse nosso plano foi uma bobagem desde sempre, Celina, veja como meu primo está sofrendo sem Guadalupe? Nada disso vale a pena, amar é inútil!Celina estava ainda mais esperançosa com Andreas, sem Guadalupe ela poderia conseguir se casar com ele. Ela o acompanh
Leandro partiu no primeiro trem rumo à capital, por lá teria forças para superar todas as decisões equivocadas que tomou no passado e o fizeram perder a única mulher que amou nessa vida. Chegou na grande casa que a família tinha, as duas empregadas o receberam e ele logo se instalou. Dentro de seu quarto, começou a escrever um telegrama para a família contando que havia chegado bem.Gabriel e Jamile não se desgrudavam sequer um segundo, Paulo se sentiu usado por ela e não era para menos. Ele deixou de frequentar as aulas e ela foi conversar com ele na fazenda do pai.– Sei que está magoado comigo e com razão, mas não se prive de aprender a ler e a escrever. Vá ao menos para as aulas com Luíza! – Jamile disse para Paulo, mas ele não estava disposto a ceder.– A senhorita não deveria ter me dado esperanças e nem sequer aquele beijo, que eu nunca vou conseguir esquecer.– Me perdoe de verdade, me perdoe. – Jamile pediu.Ele não disse nada, mas é um rapaz jovem e bonito. Um dia encontrará
Guadalupe ouviu Benjamin acordar chorando muito, acreditou que pudesse ser por cólica. Pediu que buscassem sua mãe para ajudar, sua inexperiência maternal naquele momento estava forte e ela chorava com ele.– O que aconteceu? – Ester perguntou para Guadalupe.– Ele não para de chorar e estou desesperada!– Não fique filha, isso é natural. Me dê ele aqui e vá tomar um copo d’água e se tranquilizar!A jovem entregou o bebê a ela e foi até a cozinha.– Sabe o que Adalberto ouviu de um dos peões do senhor Raul? – Célia perguntou para Nádia.– Anda conta a fofoca de uma vez.– Que o Dom Andreas irá se casar com Celina, parece que ele superou bem rápido o abandono de Guadalupe!A jovem deu passos para trás antes que elas pudessem tê-la ouvindo, como doeu seu coração saber disso.Ela esperava que ele seguisse com sua vida bem rapidamente, por que precisava se sentir amado, mas logo com Celina?– Com ela não, Deus. Por que dói tanto? Porque não posso ter os dois! – Guadalupe voltou para o qua
Dentro da sacristia, o padre tentava contornar a situação, conversar para tentar manter a calma.– Andreas ainda está ferido, tente ser mais tolerante Igor. – O padre pediu para ele se acalmar.– Ele veio provocar e, ainda por cima, ofendeu meu filho!– Sei que o momento pode não ser oportuno, mas eu preciso perguntar e essa é minha função como sacerdote. Guadalupe e você não podem viver sob o mesmo teto sem serem casados. Toda a vila está comentando a situação e eles estão certos. Vocês pretendem se casar?– O senhor está certo, padre, Guadalupe e eu precisamos nos casar o mais breve possível e colocar fim a esses falatórios. – Igor respondeu.Guadalupe sabia que cedo ou tarde teria que fazer isso, ficou em silêncio apenas ouvindo e sofrendo pelo Dom e todas as coisas que disse.– O padre e Igor estão esperando que você diga alguma coisa, Lupe. – Luíza perguntou para Guadalupe, mas temia a resposta.Jamile entrou nesse momento, queria falar com Guadalupe e pedir desculpas pela confus
Andreas chegou em casa, como sempre, apenas Amélia, ali preocupada com o que ele sentia e com tudo o que se passava em seu coração ferido.– Matilde disse que não poderá mais trabalhar aqui em nossa casa, que conseguiu um trabalho na enfermaria da cidade. – Amélia comunicou ao Dom.– Não me importo, essa casa está vazia e você já não precisa de tanta ajuda. – Atílio respondeu bem entristecido.– Tenha esperança, filho.– Hoje à noite, falarei com Raul e me tornarei noivo de Celina oficialmente, depois que eu fizer isso, não haverá mais como desistir.– Eu fico me perguntando se essa é a solução para tudo. Guadalupe já sabe disso? – Amélia perguntou.– Sabe e também vai se casar com Igor em poucos dias. – Andreas revelou com um semblante triste.– Não reconheço Lupe, sendo assim, é melhor que se case mesmo e tente amar Celina.As horas passaram rapidamente, ele tomou um banho e se arrumou para ir e, antes de sair, encontrou-se com Sebastião que, mesmo em pleno domingo, tinha ido ajudar
Jamile esperou Gabriel chegar da fazenda dos seus sogros, ouviu a porta se abrir. Já tinha dado comida para Héctor e ele brincava sentado no chão.– Quem é esse garotinho? – Gabriel perguntou para Jamile, se abaixando para olhar melhor o menino.– É nosso filho e se chama Héctor.– O quê?– Levaram ele na escola, disseram que a mãe dele é muito pobre e não tem condições de dar o que ele precisa. – Jamile diz a ele, mas Gabriel parece amedrontado com aquela responsabilidade.– E acha que podemos cuidar deles?– Não vai ser nada difícil, olha nos olhos dele, Gabriel. Só precisa de carinho e do nosso amor para ser feliz, por favor, não me peça para devolvê-lo. Agora eu entendo o que Guadalupe sente, como mulher, o amor materno já vem dentro de nós e ele é mais forte do que tudo.– Eu não iria pedir isso a você, sei que vai se sair bem como mãe! – Nos beijamos muito e aquele era o primeiro dia da nossa vida como pais.Dia seguinte.Andreas estava com os demais cuidando das cercas. Desde o
Alguns dias depois...Guadalupe assinou os papéis da separação, pediu ao tabelião para que fizessem isso em salas separadas.Andreas exigiu não vê-la neste dia e o pedido foi aceito. Assinaram e Guadalupe seguiu para casa chorar até seus olhos secarem.Era o dia do seu casamento, tantos sentimentos a amarguravam o coração. Lembranças dos dias tão felizes que teve ao lado do Dom e do quanto ela estava nervosa em seu grande dia. Não estava feliz ao dizer sim a Andreas, mas conforme os dias passaram, compreendeu o quanto lhe fazia bem estar com ele porque já sentia amor.Mais uma vez Ester estava ali com ela, ajudando-a a colocar o vestido. A cerimônia seria realizada ali mesmo, na casa de Igor e ela pediu que apenas a família estivesse presente.Não sabia se Jamile e Gabriel viriam, em respeito a Andreas e nem mesmo Sebastião que era um dos padrinhos.Se casar contra a vontade de todos não estava sendo fácil.– Você está muito bonita, filha! – Ester diz para Guadalupe.– Obrigada, mamãe