Dentro da sacristia, o padre tentava contornar a situação, conversar para tentar manter a calma.– Andreas ainda está ferido, tente ser mais tolerante Igor. – O padre pediu para ele se acalmar.– Ele veio provocar e, ainda por cima, ofendeu meu filho!– Sei que o momento pode não ser oportuno, mas eu preciso perguntar e essa é minha função como sacerdote. Guadalupe e você não podem viver sob o mesmo teto sem serem casados. Toda a vila está comentando a situação e eles estão certos. Vocês pretendem se casar?– O senhor está certo, padre, Guadalupe e eu precisamos nos casar o mais breve possível e colocar fim a esses falatórios. – Igor respondeu.Guadalupe sabia que cedo ou tarde teria que fazer isso, ficou em silêncio apenas ouvindo e sofrendo pelo Dom e todas as coisas que disse.– O padre e Igor estão esperando que você diga alguma coisa, Lupe. – Luíza perguntou para Guadalupe, mas temia a resposta.Jamile entrou nesse momento, queria falar com Guadalupe e pedir desculpas pela confus
Andreas chegou em casa, como sempre, apenas Amélia, ali preocupada com o que ele sentia e com tudo o que se passava em seu coração ferido.– Matilde disse que não poderá mais trabalhar aqui em nossa casa, que conseguiu um trabalho na enfermaria da cidade. – Amélia comunicou ao Dom.– Não me importo, essa casa está vazia e você já não precisa de tanta ajuda. – Atílio respondeu bem entristecido.– Tenha esperança, filho.– Hoje à noite, falarei com Raul e me tornarei noivo de Celina oficialmente, depois que eu fizer isso, não haverá mais como desistir.– Eu fico me perguntando se essa é a solução para tudo. Guadalupe já sabe disso? – Amélia perguntou.– Sabe e também vai se casar com Igor em poucos dias. – Andreas revelou com um semblante triste.– Não reconheço Lupe, sendo assim, é melhor que se case mesmo e tente amar Celina.As horas passaram rapidamente, ele tomou um banho e se arrumou para ir e, antes de sair, encontrou-se com Sebastião que, mesmo em pleno domingo, tinha ido ajudar
Jamile esperou Gabriel chegar da fazenda dos seus sogros, ouviu a porta se abrir. Já tinha dado comida para Héctor e ele brincava sentado no chão.– Quem é esse garotinho? – Gabriel perguntou para Jamile, se abaixando para olhar melhor o menino.– É nosso filho e se chama Héctor.– O quê?– Levaram ele na escola, disseram que a mãe dele é muito pobre e não tem condições de dar o que ele precisa. – Jamile diz a ele, mas Gabriel parece amedrontado com aquela responsabilidade.– E acha que podemos cuidar deles?– Não vai ser nada difícil, olha nos olhos dele, Gabriel. Só precisa de carinho e do nosso amor para ser feliz, por favor, não me peça para devolvê-lo. Agora eu entendo o que Guadalupe sente, como mulher, o amor materno já vem dentro de nós e ele é mais forte do que tudo.– Eu não iria pedir isso a você, sei que vai se sair bem como mãe! – Nos beijamos muito e aquele era o primeiro dia da nossa vida como pais.Dia seguinte.Andreas estava com os demais cuidando das cercas. Desde o
Alguns dias depois...Guadalupe assinou os papéis da separação, pediu ao tabelião para que fizessem isso em salas separadas.Andreas exigiu não vê-la neste dia e o pedido foi aceito. Assinaram e Guadalupe seguiu para casa chorar até seus olhos secarem.Era o dia do seu casamento, tantos sentimentos a amarguravam o coração. Lembranças dos dias tão felizes que teve ao lado do Dom e do quanto ela estava nervosa em seu grande dia. Não estava feliz ao dizer sim a Andreas, mas conforme os dias passaram, compreendeu o quanto lhe fazia bem estar com ele porque já sentia amor.Mais uma vez Ester estava ali com ela, ajudando-a a colocar o vestido. A cerimônia seria realizada ali mesmo, na casa de Igor e ela pediu que apenas a família estivesse presente.Não sabia se Jamile e Gabriel viriam, em respeito a Andreas e nem mesmo Sebastião que era um dos padrinhos.Se casar contra a vontade de todos não estava sendo fácil.– Você está muito bonita, filha! – Ester diz para Guadalupe.– Obrigada, mamãe
Chegara a hora de Andreas dizer "sim" para Celina, mesmo sabendo que seu coração não dizia o mesmo.Infelizmente, Leandro não poderia comparecer à celebração. A casa estava cheia, pois Celina fizera questão de convidar quase toda a vila.Andreas se arrumou e, ao encarar sua imagem no espelho, lembrou-se do dia de seu casamento com ela. Quantas expectativas tinha naquela época… E, embora negasse para si mesmo, no fundo, desejava ter passado a vida ao lado dela.Mas já era o suficiente. Precisava seguir os conselhos de Amélia e seguir em frente.O padre deu sua bênção ao casal. Raul quase não permitiu o casamento ao saber que não seria uma cerimônia tradicional.Após a cerimônia, organizaram uma recepção na fazenda de Andreas. Todos estavam felizes, comiam e bebiam, celebrando a união.– Vamos dançar? – Celina o convidou.Dançaram abraçados, Andreas fazia o máximo que podia para não parecer estar fazendo algo que, no fundo, não era seu desejo. A festa durou o dia todo, Luíza, Jamile e a
Adalberto levou Guadalupe para dentro e os peões trouxeram Igor, e ele estava ferido.– Eu vou matar aquele bastardo, vou arrancar a pele dele. – Igor disse para Adalberto, limpando o sangue da própria boca.– Se o senhor quiser, eu mesmo posso acabar com ele, basta que me dê a ordem patrão!– Se você fizer mal a ele, quem te mata sou eu! – Guadalupe enfrentou Igor sem medo.– Calada, sua miserável, só não acerto as contas com você porque estou ferido. Mas te juro que isso não vai ficar assim! Tranque-a no quarto Adalberto.Guadalupe ficou enclausurada no quarto, felizmente com o bebê junto. Passaram o dia todo ali, felizmente Nádia os levava comida e água.A jovem sentia muito medo do que poderia acontecer agora, depois de tantas confusões.Dois dias depois, Igor se recuperou da surra e a foi até o quarto onde Guadalupe estava confinada com o filho, desde a briga.– Você não faz ideia de como me decepcionou te ver com ele.– Nos encontramos casualmente Igor, eu juro por Deus! – Guada
Sebastião logo soube pelos outros peões o que Celina havia feito e que ela tinha sido levada para a prisão.– Não posso acreditar que ela tenha sido capaz de algo assim! – Amélia exclamou apavorada e Sebastião respondeu.– Sim Amélia, já até disseram que Igor morreu.– E Andreas já sabe disso? – Amélia perguntou.– Não, estou indo procurar por ele. Deve estar pelo pasto com os outros e depois, vou ter que dar a notícia para Raul Fontes.Sebastião cavalgou à procura do Dom e alguns minutos depois o encontrou, claro que ele não sabia de nada do que estava acontecendo.– Patrão, eu vim para lhe trazer notícias nada boas.– Aconteceu alguma coisa com Jamile ou com Guadalupe? – Andreas perguntou para Sebastião e já esperava pelas piores notícias.– Indiretamente, sim, Celina foi armada até a fazenda de Igor e tentou matar Guadalupe.– Não posso acreditar que ela tenha sido capaz disso.– Igor se colocou na frente dela e recebeu um tiro no peito, ele está morto. – Sebastião revelou e Andrea
Mais um dia passou, os pais de Guadalupe estavam se adaptando a vida na nova casa.– Quero ir a um lugar com Benjamin, a senhora pode nos acompanhar mamãe? – Guadalupe pediu para Ester.– Claro que posso minha linda, mas posso saber para onde iremos?– Vou a até a minha (suspiro de ansiedade), até a casa de Andreas.– Vai dizer a verdade para ele filha?– Sim, ele tem o direito de saber.– Então vamos, vamos agora mesmo. – Ester incentivou a filha a dizer logo a verdade.Ela pediu a um dos peões que sabiam dirigir para levá-las até lá.Guadalupe sentia seu coração acelerado, tomado pelo medo que crescia a cada segundo, mas junto a esse temor, aumentava também a vontade de estar ao lado dele e ouvir que a perdoava pelo que havia feito.— Chegamos, filha. — disse seu pai.Sua mãe segurava Benjamin no colo. O menino estava mais agitado do que de costume, como se pressentisse que algo decisivo estava prestes a acontecer em sua vida.— Lupe? — Amélia perguntou, surpresa.— Amélia, que bom