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— Marco, você tem que vir à Califórnia. Seu pai está em pânico. — Camila disse ao filho pelo telefone. — Eu liguei para Luciana, mas ela não está atendendo. Pelo que parece, sua irmã está muito ocupada hoje em uma sessão de fotos.

Marco estava no meio de uma reunião de negócios durante o almoço com um grupo de investidores japoneses em um famoso restaurante japonês de Nova Iorque, quando sua mãe ligou. Ele havia saído da mesa para atender a ligação, mas notava que os homens que o aguardavam não estavam muito satisfeitos.

— Eu não posso mãe. Eu tenho um grupo de investidores japoneses aqui comigo. Ainda estamos negociando nossa expansão na Ásia no início do próximo ano.

— Esta é uma emergência familiar. Eu quero você aqui para falar com Luciana. Ela ouve você. Cancele sua reunião, você pode ir ao Japão na próxima semana para isso.

— Mãe, eu sou uma pessoa muito ocupada. Tenho muitos compromissos.

— Não precisa me lembrar da sua incapacidade de tirar umas férias. Eu sei perfeitamente da sua obsessão. — Camila repreendeu o filho como se ele ainda tivesse cinco anos de idade e não fosse um dos maiores empresários do país. — Mas você pode delegar algumas tarefas a um assistente pessoal, Marco. Nós estaremos esperando você. Caso você não venha, seu pai vai ter um ataque cardíaco. Por favor, filho, fale com a sua irmã.

— Ora mamãe, por que não deixa que ela e o papai se entendam?

— Porque o seu pai é o maior cabeça dura que eu conheço. E você sabe o quanto ele é antiquado em alguns aspectos. Com o humor que ele está, vai ser uma briga daquelas. Luciana é muito opiniosa e pode acabar ficando sem falar com ele por um tempo e eu não quero minha família dividida. — Camila disse determinada e continuou, em tom mais condescendente. — Na verdade, isso é em parte culpa do seu pai também. Ele acabou estragando a garota com sua super proteção e cuidado demasiado. Agora está ficando maluco.

Marco suspirou, ciente de que não poderia negar o pedido da mãe por mais tempo.

— Não se preocupe, eu vou ligar pra ela mais tarde. Não há necessidade de falar pessoalmente.

— Não, você não está entendendo. Eu queria que você falasse não só com Luciana, mas com Roman também. Explique a eles que essa relação não faz sentido algum. Meu Deus, eles são primos.

— Mãe, eles não são realmente primos e você sabe. Como o papai pode ser tão conservador em relação a isso quando em relação a outras coisas...

Marco não continuou. Não fazia sentido algum ele dizer à mãe que já os tinha flagrado várias vezes em momentos muito íntimos desde que tinha oito anos. Na verdade, talvez até antes, pois lembrava-se vagamente de uma vez ter visto sua mãe com pouquíssima roupa no escritório do seu pai quando não tinha nem cinco anos ainda.

— Olha filho, essa situação é um pouco embaraçosa para o Eduardo. O que nossos amigos e parentes vão pensar?

Marco, em seguida, concordou.

— Ok. Eu vou no primeiro voo de amanhã.

— Não, nós queremos que você venha agora, o mais rápido possível. Quanto mais cedo este assunto for resolvido, melhor.

Marco gemeu.

— Ok, ok... eu vou mandar prepararem meu jato.

— Obrigada, filho. Me ligue quando sair, não quero me preocupar.

— Certo, mamãe.

Marco voltou à mesa e terminou sua reunião de almoço. Em seguida, ligou para o seu piloto e pediu que providenciasse a viagem de emergência. Eles sairiam de Nova Iorque em poucas horas. Depois de falar com o piloto e com sua assistente pessoal, Sra. Levine, a quem pediu que preparasse sua mala para uns três dias de viagem, ele ligou para Luciana, mas assim como Camila havia dito, ela não estava atendendo o celular. Então Marco ligou para Roman.

— O que diabos vocês dois estavam fazendo? — Marco gritou assim que ouviu a voz do primo do outro lado da linha.

Roman apenas suspirou e respondeu:

— Acredite cara, eu estou arrependido nesse exato momento de não ter saído do apartamento dela logo de manhã. Mas eu pensei que...

Na verdade, Roman achava que seria muito bom se manter no quarto de Luciana por mais algumas horas até que ela voltasse da sua sessão de fotos. Ela chegaria, provavelmente, cansada e ele a ajudaria a aliviar o estresse de um dia de modelo com mais um pouco de sexo. Mas ele não contava que Eduardo fosse aparecer soltando vespas da boca e fogo pelos olhos.

— Eu me apavorei quando vi seu pai. — Roman continuou, com a voz aflita. — Você sabe que Luciana e eu nos controlamos esse tempo todo, durante todos esses anos apenas para agradar a família, mas a verdade é que somos apaixonados um pelo outro.

— Apaixonados? — Marco quase riu. — Droga! Eu tenho um monte de compromissos Roman, e meus pais querem que eu vá até aí para tentar colocar juízo na cabeça de vocês dois. E você me diz que está apaixonado?

— Sabe o que dizem sobre o amor doer bastante? Agora eu entendo. Meus lábios ainda estão sangrando. Seu pai tem um soco de ferro e ele me deu dois.

Dessa vez Marco não conseguiu conter. Ele tinha que rir.

— Ei, — protestou Roman, — isso não é engraçado. Não me diga que você quer me bater também?

— Bem, eu poderia. Afinal, ela é minha irmã.

— Eu sou um homem morto então. Você e o tio Eduardo? — Roman se lamentou, mas depois sorriu. Ele sabia que o primo não tocaria nele. — Quando você vem?

— Estou saindo daqui esta tarde. Estarei aí por volta das seis.

— Bem, isso é ótimo! Finalmente, você terá um pouco de folga.

— Não há nada de bom nessa m*****a folga. Tenho investidores japoneses aqui para a nossa expansão na Ásia, e por causa de você e da Lu, minha reunião foi adiada. Eu estava muito ansioso para assinar o contrato!

— Que droga! Me desculpa, Marc. Eu vou te recompensar, prometo. Primeiro, vamos passar um bom tempo na praia. Posso até te dar meu jet ski de estimação, se quiser. Vou ligar pra Nicole e dizer que você está vindo.

— Faça isso. Eu senti falta dela e estou ansioso para vê-la.

— Tenho certeza que ela sente sua falta também. Ela está trabalhando muito ultimamente na gestão do hotel, até parece você. — Roman soltou uma risadinha e Marco rolou os olhos — Vou pedir pra ela te reservar a suíte presidencial.

— Oh, agora estamos conversando direito. Vou fazer uma listinha das coisas que eu quero de você durante a viagem. Quero um tratamento de rei, ou vou matá-lo quando chegar aí por me meter nessa confusão.

— Por mais que eu não queira arriscar meu pescoço, sei que você está feliz por mim e por Luciana. Vou fazê-la feliz e você sabe.

— Espero que sim. Mas lembre-se que eu estou indo ajudar meus pais, então trate de pensar em algo. Diga isso à Luciana também se a vir antes que eu chegue.

— Não sei como você poderá ajudar seus pais, pois só vou desistir da Lu se ela me der um pé na bunda. — Roman coçou a cabeça e reconsiderou sua afirmativa. — Ou melhor, nem mesmo se isso acontecer.

— Roman... — Marco gemeu, esfregando os cabelos e o rosto. Ele não teria paciência para falar com sua mãe – ou pior, com seu pai – que sua opinião não mudaria em nada a decisão de Roman e Luciana ficarem juntos. Eles eram adultos.

— Tenha calma, Marc. Quem sabe com você aqui, seus pais não nos dão uma chance.

— Sonha.

— Bom, veremos quando você chegar. Quer que eu mande meu motorista buscá-lo no aeroporto?

— Sim, eu agradeceria. Tratamento de rei, lembra?

— Certo. Nesse caso, vou mandar que ele coloque uma garrafa de champanhe pra você no frigobar. Quer uma mulher também?

Marco desligou o celular ante as risadas do primo, revirando os olhos, mas com um sorriso no rosto. Talvez a viagem não fosse ser tão ruim. Ele sentia falta de Roman e de Luciana. E de Nicole, é claro. Talvez eu mereça mesmo uma folga afinal de contas, Marco pensou consigo enquanto embarcava.

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