5

Mais tarde naquela noite, Marco saiu do seu avião particular carregando uma mochila de couro depois de pousar na pista de pouso privada dos Valdez. Todos que o viam, pensavam nele único e exclusivamente como um homem de negócios influente e poderoso, mas a jaqueta de couro preta e o jeans desbotado que ele usava davam a ele um ar de bad boy. Ele ficou surpreso ao ver Roman encostado em sua Lamborghini. Achava que o motorista iria buscá-lo e não o primo.

— Ora, ora, ora. Parece que você levou muito à sério o tratamento de rei que eu pedi. Afinal, não mandou seus lacaios, veio pessoalmente.

Roman sorriu. Em seguida, eles se abraçaram.

— Uau! Você está péssimo, Roo. Papai deve ter te batido forte mesmo, hein. — Marco disse ao se afastar, em seguida se aproximou e fingiu examinar de perto o estado do rosto de Roman. — Tem certeza que não precisa de pontos na boca?

— Deixa de ser palhaço.

— Minha irmã já viu isso?

— Ainda não. Eu não disse a ela ainda.

— Não se preocupe, ela conhece muito de maquiagem. Com certeza pode dar um jeito na sua cara feia.

— Hahaha. Engraçadinho.

Marco parou de rir e juntou as sobrancelhas ao ver Roman com uma expressão séria. Será que tinha acontecido alguma coisa?

— Por que você está aqui? Pensei que seu motorista viria me buscar.

— Ele vinha, mas fiquei sabendo de uma coisa que não podia esperar. Acho que você não vai gostar.

— Sobre o que é?

Roman coçou a cabeça com um gesto nervoso que fez Marco sorrir novamente.

— É sobre a Charlotte. Ela está aqui.

O rosto de Marco de repente ficou pálido e seus olhos escureceram com uma raiva intensa.

— Liguei para a Nicole e disse que você estava chegando. Ela ficou muito animada para vê-lo e disse que era uma coincidência que sua ex-namorada estivesse no hotel ao mesmo tempo. A Organização Miss Universo fará um baile para angariar fundos amanhã.

Marco estava sério. Sua mente estava em algum lugar distante. Fazia tempo, mas ele ainda estava muito magoado pela vergonha e pela traição da garota anos atrás. Essa era uma ferida que parecia ter sido aberta ontem.

— E aí, o que acha de dar uns amassos na sua ex? Que bela folga, hein.

— Não brinque com isso Roman, é irritante. — Marco disse com raiva. — Eu não estou aqui de folga. Você esqueceu que meu objetivo é falar com você e Luciana sobre seu relacionamento proibido?

— Isso é ridículo. — Roman bufou. — Nosso relacionamento não é proibido, só seu pai acha isso. Os meus pais não ligam.

— Roman, somos parentes. Primos.

Marco tinha prometido à sua mãe que tentaria. Bom... ele estava fazendo isso, mesmo que não acreditasse nessa coisa de primos que não eram de sangue.

— Não, não somos e você sabe. Nossa família é louca por ter nos criado assim. E apenas o tio Eduardo encana com isso.

— Seja como for, cara. Eu quero que você dê um jeito, porque se não, vai acabar virando um problema meu. Papai está irredutível e mamãe quer evitar uma briga dele com você ou seu pai.

— Tio Eduardo é um cabeça-dura. — Roman balançou a cabeça. — De qualquer forma, se for para haver briga por causa disso, haverá, porque eu não vou abrir mão da Lu.

Marco gemeu. Sua mãe cozinharia sua cabeça com esse assunto. Ele era um homem ocupado demais, não podia perder tempo com sua irmã maior de idade.

— E então, como será esse baile? — Marco mudou de assunto, esfregando a testa com as pontas dos dedos. Ele lidaria com isso depois. — O que é esperado?

— Ah, o de sempre. Muito dinheiro e bebida envolvida.

Marco não queria demonstrar, mas estava nervoso em rever Charlotte depois de tanto tempo. Porém, havia uma coisa boa nisso tudo. Se ela falasse com ele, Marco tentaria se aproximar... e então faria com ela exatamente o que ela fez com ele. Conquistaria sua confiança e em seguida destroçaria seu coração. Cadela m*****a, era exatamente o que merecia.

— Você está com uma cara nada boa, Marco. — Roman comentou, olhando fixamente para o rosto do primo. — Por acaso está planejando uma fuga só para não vê-la?

— Não. Não sou um covarde. Charlotte não é mais nada para mim.

— Isso é bom. Nunca se sabe, talvez ela tenha mudado, mas se não mudou, não é bom confiar nela. Ela já te deixou na merda uma vez.

— Você não tem que me lembrar, eu sei disso.

O tom de voz de Marco deixou claro que ele não queria falar disso. O assunto “Charlotte” não era um assunto que deveria ser mantido em pauta.

— Vamos para o hotel. — Roman disse, olhando Marco de soslaio. — Eu estou com saudade da Luciana, não nos vemos desde essa manhã.

Marco suspirou. Ele sabia que Roman e Luciana iriam acabar na cama novamente. Que Deus os ajudasse se seu pai os flagrasse.

— Odeio você, seu idiota. De tantas mulheres no mundo, tinha que trepar logo com a minha irmã?

Nicole Valdez era a irmã mais nova de Roman de vinte e quatro anos. Era muito bonita, embora se escondesse do mundo. Tinha um rosto angelical, surpreendentes olhos verdes que escondia com óculos de armação grossa, e seus cabelos loiros sempre estavam presos em um coque. Era uma mulher deslumbrante, com um corpo lindo que ela mantinha escondido embaixo das suas roupas conservadoras de negócios.

Nicole era um ano mais nova que Marco. Sempre foram muito unidos e tinham uma relação agradável. Marco até mesmo ensinou a garota a dançar quando eram adolescentes. Mas já fazia dois anos desde que os dois se viram. Toda vez que ela participava de alguma reunião familiar, Marco não estava presente, ou vice-versa. Era como se eles brincassem de esconde-esconde um com o outro, nunca se vendo pessoalmente, apenas falando por telefone, às vezes.

Nicole administrava o Royal Garden Hotel & Resort, na Califórnia. Era um dos hotéis cinco estrelas de propriedade da família Valdez no estado e era famoso por seu luxo, designs inovadores – desenvolvido pela empresa de Marco – e uma vista incrível.

Roman subiu diretamente para o quarto dele, onde Luciana agora estava ficando, enquanto Marco saiu à procura da prima. Ele a encontrou ocupada na cozinha, fazendo mousse de chocolate. Ela adorava experimentar coisas novas, e andava fazendo aulas de culinária. Quando a cozinha do hotel fechava, ela colocava as mãos na massa.

— Por que está se escondendo aqui na cozinha? — Marco perguntou e a abraçou, mantendo-a contra ele com firmeza.

Ela ficou não ficou surpresa, pois já sabia que ele chegaria e fazia o mousse especialmente para ele, mas teve um susto por sua chegada furtiva.

— Marc! Meu Deus, você me assustou, seu louco.

Marco riu.

— Por que você está aqui? Você deveria estar em seu escritório. — ele virou seu corpo de frente para si. Então pegou uma toalha de papel e limpou algumas manchas de chocolates das suas bochechas.

Nicole corou um pouco.

— Me apaixonei pela culinária recentemente. Comecei a fazer um curso. — Ela disse sorrindo.

— Por que você ainda está usando óculos? Achei que faria a cirurgia LASIK mês passado. — Marco, tirou os óculos dela e os colocou em cima da mesa suja de chocolate.

— No sei se devo. E se eu não me sair tão bem como você?

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