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Marco tinha feito uma cirurgia LASIK havia alguns anos para corrigir seu problema de visão. Ele decidiu fazer depois do que aconteceu com Charlotte e talvez aquilo tivesse sido a melhor coisa que resultou daquele relacionamento.

— Sei que está nervosa, mas já conversamos sobre isso. — Ele sorriu. — Vai dar tudo certo. É um procedimento bastante seguro.

Nicole fez que sim, mas não respondeu. Pensaria depois nisso mais um pouco. Agora ela só queria curtir ter seu primo de volta. Luciana era ótima, e ela adorava poder conversar com uma garota, mas Marco era seu primo favorito.

— Eu senti muito a sua falta. — ela disse, abraçando-o de novo.

— Eu também senti sua falta.

Marco beijou sua testa e acariciou seu cabelo.

— Até que enfim um pouco de folga do trabalho, seu maníaco.

— Sim, mas apenas graças ao idiota do seu irmão. Mamãe pediu para falar com ele e Luciana. Papai está soltando fogo pelas ventas.

— Eu sei, Roman me disse. Oh, deixe-me dizer que Charlotte está aqui.

Marco revirou os olhos com a mudança repentina de assunto.

— O que você vai fazer quando a encontrar?

— Quebrar seu pescoço, mandá-la ao inferno, ou talvez empurrá-la escada a baixo.

Nicole soltou uma gargalhada. Marco não pôde deixar de notar como ela era linda fazendo aquilo.

— Isso é muito bom. Você tem todos os motivos para odiá-la.

— Eu não a odeio, só não gosto do jeito como ela me tratou. — ele disse com um pouco de amargura.

— Hmm, sei...

Marco pensou no que tinha dito e sorriu. Ele não a jogaria por uma escada ou a estrangularia, claro ele não era um criminoso, mas sabia ser um canalha. Anos atrás, seu pai lhe ensinou a arte de seduzir. Marco não era muito bom naquilo e teve o melhor professor que alguém desejaria. Ele sabia que se quisesse, deixaria Charlotte de joelhos. E quando ela estivesse desse jeito, ele partiria seu coração assim como teve o seu partido, ou até pior.

— Você quer vingança. — Nicole, que observava a expressão dele, disse com um sorriso torto. — Você ainda a ama.

A cor sumiu do rosto de Marco.

— Não. Eu já superei isso, Nicole.

Ele não precisava deixar ninguém saber que tinha um plano.

— Marc, por que não admite? Sou eu, a Nicole. Você ainda a ama, admite pra mim vai.

— Eu não a amo mais. Ela é uma vadia, ok.

Nicole estalou a língua e franziu os lábios.

— Diga isso mais um milhão de vezes e quem sabe você se convence.

— Droga, Nicole. Pare com isso. — Marco disse, frustrado. Ele não queria se irritar com a prima. — Vamos lá, me mostre meu quarto. Estou muito cansado.

— Ok, espere. Eu só vou lavar as mãos.

Nicole tirou o avental e lavou as mãos. Ela pediu a um dos assistentes que terminasse de preparar o mousse e que fosse levar ao quarto do Sr. Villa-Lobos quando estivesse pronto. Então acompanhou Marco até a suíte presidencial, assim como Roman havia prometido.

Ele assobiou, tirando a jaqueta e os sapatos.

— Onde é o seu quarto?

— Eu fico com metade do andar de cima. Roman com a outra.

— Estou certo em presumir que Luciana está no quarto do Roman?

— Sim. Eles estão apaixonados, Marco. É tão lindo.

Lindo, sei. Sempre é lindo no começo. Marco quis dizer isso em voz alta, mas se resguardou, afinal, queria que sua irmã fosse feliz e odiaria cortar as bolas do seu primo se ele a magoasse.

— E você? Tem namorado?

— Você está brincando comigo? Eu não levo o menor jeito pra isso.

— Porque você escolheu assim. Você é linda, Nicole. Inteligente. — Marco a examinou de cima a baixo e ergue uma sobrancelha. — Gostosa.

Nicole corou e deu um tapa no braço dele.

— Você pode ser tudo que quiser. Com sua voz, beleza e corpo, poderia ser tantas coisas.

— Não estou interessada em ser alvo dos paparazzi. Quero uma vida calma. Mas se quiser, pode me ajudar a arrumar um namorado. Não é possível que com vinte e quatro anos eu ainda seja virgem.

Marco começou a rir.

— Pare com isso, seu idiota. Te contei porque é meu primo favorito e meu melhor amigo, mas não é pra você rir.

Nicole fez cara feia e se virou para ir embora, mas Marco pegou sua mão e a impediu.

— Desculpe, eu não estou rindo de você. É que você soltou isso do nada, como esperava que eu agisse?

— De qualquer jeito, menos assim.

— Vem cá. — Marco a levou até o espelho. — Olhe pra você. Você é linda, não precisa da minha ajuda. Qualquer cara seria sortudo em ser seu namorado.

Nicole, no fundo, sabia que Marco tinha razão quanto aos seus atributos físicos, mas não sabia como lidar com aquilo. Eles eram os nerds da família, e quando ele mudou, ela não teve mais ninguém que levasse a vida assim como ela levava, então se fechou. Agora, em parte, ela se arrependia disso.

— Vá para o seu quarto e vista algo sexy. — Marco disse, observando as expressões dela. — Tenho certeza que você dará um nocaute em alguém. Hoje à noite, você será minha acompanhante. E eu serei invejado por todos os homens.

— Achei que fosse dormir.

— Por você, querida prima, eu faço qualquer coisa.

— E isso não tem nada a ver com fazer ciúme para a sua ex? — Nicole perguntou com um sorriso não tão inocente.

— Não. Hoje minha mente estará pensando apenas em você.

Charlotte estava estonteantemente bonita em um vestido apertado de veludo preto, com as costas nuas até a cintura e gola alta. Seu cabelo estava amarrado em um coque francês elegante e ela bebia vinho no bar enquanto esperava seu agente, Craig Cooper, descer e se juntar a ela. Eles iriam jantar no restaurante do hotel e em seguida, passariam um tempo em uma boate próxima.

Charlotte e Craig estavam no Royal Garden Hotel & Resort para um evento de caridade de angariação de fundos. Mas não era só isso, Charlotte achava a Califórnia um dos melhores lugares para descansar. Ela tinha tido um ano estressante, passando por inúmeros eventos como Miss Universo e no fim, estava feliz por seu tempo com a coroa e a faixa estarem acabando. Ficaria muito satisfeita em ceder tais coisas a outra mulher, afinal, já tinha feito a vontade de sua mãe. Agora, ela só queria relaxar um pouco e com certeza, seu agente cuidaria disso. Ele adorava uma boa farra. Depois que todo o glamour acabasse, Charlotte pretendia por em ação o que tinha aprendido na faculdade. Desejava abrir seu próprio negócio e então seria completamente livre. Como sempre quis.

Ela olhou no relógio por cima do ombro de um dos barmen e suspirou por Craig estar demorando tanto. Ao seu lado, um homem sentou-se em um dos banquinhos do bar e pediu um Martini. O coração de Charlotte começou a bater muito rápido, pois ela achou a voz muito familiar, embora que um pouco mais grave e rouca do que ela costumava ter em sua cabeça.

Ela olhou para o lado devagar e sua garganta secou com a visão que seus olhos tiveram. Meu Deus, é ele. Marco virou-se para ela e arregalou os olhos, momentaneamente surpreso. Mas logo cobriu seu rosto com uma máscara e a encarou friamente.

— Olá, Charlotte. — Marco deu um sorrisinho que fez as entranhas de Charlotte se contrair. — Há quanto tempo.

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