Ele não tinha por que negar, afinal a relação deles nunca sairia daquilo que era.
— Oh Roman, eu gosto de você também.— O quê? Você não pode. Somos primos. — ele deu a ela um olhar de advertência.Luciana fez beicinho e, posteriormente, sorriu perversamente sem que ele visse. Quando chegaram à suíte em que estava hospedada, ela voltou a tocar no assunto.— Roman, você acha correto termos sido criados como se fôssemos primos, se na verdade não somos? — Luciana perguntou ao servir um pouco de uísque a Roman.— Não acho certo, de verdade. — ele bebeu um gole com cuidado, sentindo o líquido esquentar seu interior. — Mas foi assim que fomos criados a vida toda, e agora não há nada que possa ser feito.— Mas você disse que gosta de mim. — ela sentou-se perto dele.— É , Luciana. — Respondeu Roman com cautela. — Mas...— Nada de mas. Eu também gosto de você, então o que acha que podemos fazer a respeito disso?Roman sorriu. Ela tinha coragem por perguntar isso. Se seu tio Eduardo ao menos sonhasse que eles estavam tendo esse tipo de conversa, acabaria com a sua raça.— Nada. Um dia, você vai encontrar alguém que amará verdadeiramente, e então se esquecerá de mim.— Eu não acredito nisso. Não acho que possa esquecer você. Nem me lembro quando comecei a gostar de você, mas agora... acho impossível deixar de gostar.Roman ficou sério.— Sabe Luciana, estou achando essa conversa muito estranha. Sim, eu disse e admito que gosto de você, mas seu pai nunca vai aceitar isso.Luciana entristeceu-se. Ela sabia o tamanho da cabeça dura do seu pai. Sabia que ele era teimoso e até mesmo nos melhores dias, jamais aceitaria sua paixão por Roman. Mas então ela pensou direito. Ela já tinha dezoito anos. Era legalmente adulta para votar, ir presa, sair da casa dos pais, beber... então por que não era adulta para amar? Se seu pai a amava como ela sabia que amava, teria que aceitar suas escolhas mesmo que fossem contrárias às dele. Já estava mais do que na hora de ela começar a agir como adulta.— Eu não estou me importando com o meu pai, nesse momento, Roman. — ela disse, tirando o copo de uísque das mãos dele. — Eu nunca fui beijada porque sempre quis que você fosse o primeiro para mim.— Luciana...Ela colocou os dedos na boca dele para conter seu protesto. Em seguida lançou-se contra ele e o beijou. Roman ficou tão alarmado e surpreso que não correspondeu de imediato, mas quando tomou consciência de que era Luciana quem o estava incitando, colocou as mãos na sua cintura e a puxou para o seu colo.— Luciana, você está completamente louca. — ele disse ao se afastar um pouco para tomar fôlego. Depois sorriu. — Que bom que eu não sou o mais são de todos os homens.Agora foi ele quem tomou o controle da situação, beijando de forma violenta como sonhou tantas vezes desde que tomou consciência do que era desejo por uma mulher. Roman a beijava com amor e com luxúria. Seus lábios não eram a única coisa que ele queria provar, ele queria provar seu corpo todo. Então beijou o rosto dela, o pescoço, a curva dos seios e sentiu tanto prazer com isso que estava prestes a levá-la para a cama.Luciana não ficou atrás em seu desejo. Tudo o que ela mais queria era deixar o dogma de filhinha do papai para trás. Ela já tinha conseguido que Roman a beijasse, agora queria ir para a cama com ele.— Luciana, por favor, me peça para parar.— Eu nunca poderia pedir isso. Quero você, Roman.Roman gemeu quando ela arranhou seu peitoral e o incitou com os olhos a fazer aquilo que ele queria fazer. Mas então uma ligação inesperada acabou com o momento. Luciana considerou deixar a ligação cair na caixa postal, mas no último momento resolveu atender, pois se fosse seu pai e ela não atendesse, ele sairia da suíte onde estava com sua mãe e viria até seu quarto.— Luciana, você já está no hotel? — Era a sua mãe, graças a Deus.— Sim, mamãe. — ela respondeu ofegante.— Que bom, meu amor. Roman ainda está com você?— Sim, ele ainda está aqui. Eu lhe ofereci uma bebida por ser tão gentil.— Que ótimo, filha. Seu primo é um rapaz de ouro. Um grande beijo para os dois.— Outro pra você, mãe. E para o papai.Luciana desligou o celular e olhou para Roman. Ele tinha se levantado durante a ligação e estava andando para lá e para cá.— Você está bem? — Perguntou Luciana.— Eu não estou bem. Nós não podemos mais fazer isso Luciana, é errado. Ainda bem que sua mãe ligou ou você estaria nua agora. Meu Deus, o que meu pai diria? Pior, o que seu pai diria?— Roman...— Devemos esquecer o que aconteceu aqui hoje.— Eu acho que nunca poderei esquecer esse beijo. Foi o meu primeiro.— Luciana, eu não vou esquecê-lo também. Seu sabor e seus sons vão me assombrar para sempre. Mas isso não é fácil para mim. — Roman sentou-se e esfregou o rosto com as duas mãos. — Acho que não deveríamos nos ver por um tempo.Em seguida, ele se levantou e foi embora. Roman sentia-se renovado e destruído ao mesmo tempo por causa daquele beijo. Por que fui tão burro? Nossos pais nunca vão aceitar isso. Ele tinha conseguido se controlar por tanto tempo, poderia muito bem continuar desse jeito. Mas por que ele foi cair em tentação? Pensando nisso, Roman foi para o seu apartamento e demorou muito a dormir, pois não tirava a lembrança de Luciana da sua mente.Ela também demorou. Mas não por ficar pensando e sim porque não parou de chorar desde que Roman saiu pela porta. Ela sabia que tinha feito uma besteira. Ela não poderia ter colocado o primo naquela situação. Ele deveria estar se sentido culpado agora quando ela era a única culpada. Mas como ela poderia resistir à proximidade dele? Ele era tudo aquilo que ela queria para si e agora ficaria longe por um bom tempo por causa da malfadada noite.Como ela queria que as coisas entre os dois fossem diferentes.Luciana e Roman ficaram muito tempo sem se ver, apenas em ocasiões em que a família toda estava presente. Mas sempre que ficavam um tempo sozinhos, o desejo mútuo falava mais forte que tudo. Foram quatro episódios em que eles repetiram a noite do primeiro beijo de Luciana. Apenas na noite passada, três anos depois, é que eles não puderam de fato resistir à proximidade um do outro. A distância só fez com que o desejo e o amor crescessem ainda mais. Luciana sabia que estava pronta para se entregar completamente a ele. Roman sabia que não poderia dizer não a ela como tinha feito todas as outras vezes. Eles só não contavam que Eduardo Villa-Lobos fosse descobrir tudo tão cedo.— Marco, você tem que vir à Califórnia. Seu pai está em pânico. — Camila disse ao filho pelo telefone. — Eu liguei para Luciana, mas ela não está atendendo. Pelo que parece, sua irmã está muito ocupada hoje em uma sessão de fotos.Marco estava no meio de uma reunião de negócios durante o almoço com um grupo de investidores japoneses em um famoso restaurante japonês de Nova Iorque, quando sua mãe ligou. Ele havia saído da mesa para atender a ligação, mas notava que os homens que o aguardavam não estavam muito satisfeitos.— Eu não posso mãe. Eu tenho um grupo de investidores japoneses aqui comigo. Ainda estamos negociando nossa expansão na Ásia no início do próximo ano.— Esta é uma emergência familiar. Eu quero você aqui para falar com Luciana. Ela ouve você. Cancele sua reunião, você pode ir ao Japão na próxima semana para isso.— Mãe, eu sou uma pessoa muito ocupada. Tenho muitos compromissos.— Não precisa me lembrar da sua incapacidade de tirar umas férias. Eu sei perfeitamente da
Mais tarde naquela noite, Marco saiu do seu avião particular carregando uma mochila de couro depois de pousar na pista de pouso privada dos Valdez. Todos que o viam, pensavam nele único e exclusivamente como um homem de negócios influente e poderoso, mas a jaqueta de couro preta e o jeans desbotado que ele usava davam a ele um ar de bad boy. Ele ficou surpreso ao ver Roman encostado em sua Lamborghini. Achava que o motorista iria buscá-lo e não o primo.— Ora, ora, ora. Parece que você levou muito à sério o tratamento de rei que eu pedi. Afinal, não mandou seus lacaios, veio pessoalmente.Roman sorriu. Em seguida, eles se abraçaram.— Uau! Você está péssimo, Roo. Papai deve ter te batido forte mesmo, hein. — Marco disse ao se afastar, em seguida se aproximou e fingiu examinar de perto o estado do rosto de Roman. — Tem certeza que não precisa de pontos na boca?— Deixa de ser palhaço.— Minha irmã já viu isso?— Ainda não. Eu não disse a ela ainda.— Não se preocupe, ela conhece muito
Marco tinha feito uma cirurgia LASIK havia alguns anos para corrigir seu problema de visão. Ele decidiu fazer depois do que aconteceu com Charlotte e talvez aquilo tivesse sido a melhor coisa que resultou daquele relacionamento.— Sei que está nervosa, mas já conversamos sobre isso. — Ele sorriu. — Vai dar tudo certo. É um procedimento bastante seguro.Nicole fez que sim, mas não respondeu. Pensaria depois nisso mais um pouco. Agora ela só queria curtir ter seu primo de volta. Luciana era ótima, e ela adorava poder conversar com uma garota, mas Marco era seu primo favorito.— Eu senti muito a sua falta. — ela disse, abraçando-o de novo.— Eu também senti sua falta.Marco beijou sua testa e acariciou seu cabelo.— Até que enfim um pouco de folga do trabalho, seu maníaco.— Sim, mas apenas graças ao idiota do seu irmão. Mamãe pediu para falar com ele e Luciana. Papai está soltando fogo pelas ventas.— Eu sei, Roman me disse. Oh, deixe-me dizer que Charlotte está aqui.Marco revirou os o
— Marco. — Charlotte disse suavemente.Marco sorriu.— Você parece diferente. Sabe, não parece ser mesma Charlotte que eu costumava conhecer.Charlotte tossiu e balbuciou.— Ah... ah... eu ainda sou a mesma pessoa. — Ela estava com vergonha, era ridículo estar gaguejando diante de Marco depois de tantos anos. — Eu... eu tenho que projetar a imagem perfeita de uma Miss Universo.Marco assentiu. Depois acrescentou em tom mais sério.— Não... não foi uma crítica fútil... quero dizer, você está parecendo mais cheinha, sabe. Um pouco mais gordinha. Mas não se preocupe, isso combina com você. — Ele pontuou a frase com um sorriso arrogante.Charlotte sentiu-se insultada. Ela mantinha uma dieta rigorosa e praticava exercícios como uma condenada apenas para manter a forma. Era um absurdo que ele tivesse dito que ela estava gorda. Mas mesmo assim Charlotte não pôde deixar de olhar para a sua barriga, apenas para conferir se tinha gordurinhas a mais aparecendo sob o vestido. Mas notou o sorriso
Marco quase rolou os olhos, mas não queria irritá-la. Também não estava confortável em deixá-la com aquele cara, que poderia muito bem ser apenas um cara a fim de se dar bem. Ele olhou para onde estava minutos antes e viu Charlotte bebericando sua bebida com um homem sentado ao seu lado.— Preciso de um favor.— Jura que ainda vai me pedir favor? Achei que era pra vir porque queria ver os homens babando por mim.— Isso foi antes de eu vê-la.— Quem? — Nicole perguntou com interesse.— Charlote.— Oh! Sério? Onde?— No bar.— E você quer fazer ciúme pra ela. — Nicole afirmou com um sorriso diabólico.— Eu só... — Marco bufou, pois não queria que Nicole pensasse isso, mas não é que não fosse inteiramente verdade.— Tudo bem, Marc. Seremos o par um do outro hoje, mas vê se pega leve nesses beijos ou vou ficar tonta.Após a breve conversa, Nicole ficou muito cooperativa. Ela abraçava Marco o tempo todo e fazia questão de rir sobre tudo que ele dizia. Em alguns momentos, olhava de soslaio
Ele agarrou a mão de Nicole e a abraçou com força.— O que foi? — Nicole perguntou surpresa.— Ela está aqui.— Oh! Ok. — disse ela e abraçou-o de volta. A raiva momentânea já tinha passado.— Ei, não exagerem as coisas. Você são primos. — Roman disse atrás deles. Luciana deu uma cotovelada no namorado e o mandou ficar quieto.Marco deu a Roman um olhar irritado.— Vai se foder.— Só mais tarde. — disse Roman. Luciana jogou as mãos para cima e foi sentar-se em um sofá em um dos cantos do clube.— Vamos lá, vamos dançar. — Marco arrastou Nicole na pista de dança.Eles dançaram até seus pés começarem a doer. Nicole pediu um tempo para descansar, mas quando a música ficou lenta, Marco pediu que ela continuasse a dançar com ele pelo menos aquela música, e seu sorriso foi tão lindo e galante que ela não teve como negar.Então alguém tocou o ombro de Marco.— Você se importa se eu dançar com Nicole?Marco ficou sem palavras. Ele estava prestes a dizer que se importava, quando Nicole respond
Marco voltou para o clube e começou a procurar por Nicole. Logo a encontrou, dançando ainda com o tal príncipe. Caramba, ele tinha saído havia um bom tempo e pelo menos três músicas já tinham tocado, então por que ela ainda estava dançando com ele? E pior, rindo em seus braços. Marco não confiava nele e ficou irritado, caminhando em direção a eles.— Acho que é o bastante. — Marco disse firmemente ao príncipe. — Eu disse apenas uma dança.O príncipe ficou surpreso quando viu Marco ao seu lado.— Sí, sí, está bien. — Ele recuou, mas piscou para Nicole. — Eu te ligo.Marco perfurou a parte de trás da cabeça do príncipe com o olhar enquanto ele se afastava e Nicole deu-lhe um tapa forte no braço, claramente irritada.— Marc, o que você está fazendo? — ela reclamou com a voz ácida.— Você está flertando com ele. — Ele cerrou os dentes.— E o que você tem a ver com isso? Você está agindo muito estranho hoje.Ela deu outro tapa nele, dessa vez, na nuca.— Isso machuca, sabia? — Marco disse
Marco acordou às nove horas da manhã seguinte. Sentia-se bem e cheio de energia. Foi a primeira vez em tantos anos que ele dormiu durante oito horas seguidas. Ele costumava dormir apenas cinco ou seis horas por dia.Marco saiu do quarto, esfregando os olhos e foi direto para a cozinha anexa, esperando encontrar Nicole preparando alguma das delícias que ela mencionara ter aprendido. Porém, ele não a encontrou de imediato, pois sua vista foi totalmente tomada por um enorme buquê de lírios, alguns balões em formato de coração e um bicho de pelúcia gigante.— Mas que galante! — Ele disse com sarcasmo para si mesmo enquanto lia o bilhete anexado ao urso.Nicole,Janta comigo esta noite?Eres tan bela. Quiero conocerte mejor.Eu vou ficar muito triste se você disser não.Carlos.Depois de um tempo Marco foi até a cozinha do hotel, já de banho tomado, vestido com camisa e calças pretas. Ele encontrou Nicole fazendo alguns biscoitos. Ela estava usando novamente suas roupas de negócios e os óc