Anthonella Fagundes Depois que Jhonathan e eu nos beijamos, saí rapidamente da sua sala. Berenice perguntou se havia acontecido alguma coisa, e eu apenas balancei a cabeça.— Se eu fosse você, trocaria seu batom. — Olhei para ela sem jeito, e ela soltou uma risadinha. — Minha querida, eu sou velha. E faz tempo que já percebi que rola alguma coisa entre vocês. Não me olhe com essa cara, fique tranquila. Da minha boca ninguém ouvirá nada.Retoquei a maquiagem e voltei ao trabalho. Ao final do expediente, enviei uma mensagem para Jhonathan perguntando se ele precisaria de mim para mais alguma coisa, e quando ele disse que não, avisei que estava indo embora. Ele pediu para que eu fosse à sua sala.— Oi. Precisa de mim?— Espere um pouco, eu a levo para casa.— Não precisa, eu vou chamar um Uber. — Jhonathan balançou a cabeça, negando.— Eu levo você. — Ele me olhou de um jeito que me fez sentar e esperar.Não sei por que, mas quando ele fala dessa forma mais autoritária, eu gosto. Que as
O sábado chegou, trazendo um sol preguiçoso e uma leve brisa que balançava as cortinas do meu quarto. Abri os olhos lentamente, ainda me espreguiçando na cama, e ouvi o riso distante de MaFê e Joyce na sala. Me sentei, esfregando os olhos, e lembrei da nossa missão para hoje: levar as doações ao orfanato onde Joyce e eu crescemos.Depois de um rápido café da manhã, carregamos o carro com as caixas de roupas, brinquedos e livros que havíamos coletado. MaFê estava animada, pulando de um pé para o outro, ansiosa para ver as crianças do orfanato. Joyce e eu nos encaramos sorrindo, sabíamos como esse lugar era especial para nós. Ouvi muitos relatos de pessoas assim como nós que não tiveram uma boa experiência no orfanato, mas pelo menos disso não podemos reclamar.A viagem foi muito rápida. Sei que MaFê é a luz da minha vida e eu a amo, mas eu já estava começando a me irritar com ela, parecendo o burrinho do Shrek perguntando de hora em hora se já tínhamos chegado. Quando chegamos ao orfan
— Veja se não são as DD. Onde está a terceira? Não me digam que Priscila está aqui também? — Matheus perguntou, olhando para os lados.— Não se preocupe, ela não irá aparecer porque não somos mais amigas.— Que bom, vocês eram legais demais para ficarem com aquela falsa.Matheus chegou ao orfanato anos depois, após a morte de seus pais. Ficou morando conosco por dois anos, até que encontraram uma tia dele e ela os levou.— Que bom te ver, como está o Felipe? Ele se tornou desenhista como queria?Matheus olhou para nós com pesar.— Infelizmente, meu irmão fez amizades erradas e hoje não está entre nós. Ele morreu em um confronto com a polícia.Felipe era um menino tímido, simpático e que tinha o sonho de se tornar um cartunista. Muito triste saber o que aconteceu com ele.— Meus sentimentos, Matheus. De verdade! — Joyce e eu dissemos a ele.— Não se preocupem. E essa mocinha linda? — Ele olhou para MaFê.— Eu 'so' 'Malia Fenanda', 'mai' pode ‘chama’ de MaFê.— Tem todo o trejeito da Jo
Jhonathan Lancaster Estava saindo da academia quando esbarrei com minha mãe.— Jhony, bom dia, meu bebê! — Ela disse sorrindo. — Como ela consegue — Bom dia, mãe. Dormiu bem? — Perguntei vestindo a camiseta.— O clima no Brasil é bem diferente de Nova York, mas eu consigo me virar.Minha mãe adora climas amenos. Embora ela goste bastante do Brasil, o calor daqui a impede de vir mais vezes.— Jhonathan, você está com um semblante tão bom desde que chegou ontem. — Minha mãe comentou curiosa. — Aconteceu alguma coisa especial?Antes que respondesse, meu pai surgiu nos cumprimentando.— O que eu perdi?— O semblante empolgado do seu filho.Olhei para ela e depois para meu pai, que também estava me observando com curiosidade. Dona Beatriz me avisou que o café estava pronto e chamei meus pais para nos sentarmos na mesa.— Finalmente essa mesa será usada. — Digo a eles.— Você não usa?— Eu prefiro comer na cozinha, já que sou apenas eu nesse apartamento.Meus pais se calaram e enquanto c
O aroma de enchiladas já dominava o apartamento; minha mãe realmente caprichou nos temperos dessa vez. — Bebê, você chegou. — Minha mãe saiu da cozinha e logo abraçou Anthonella, que estava um pouco sem jeito. — Então, essa é a famosa Maria Fernanda?— Oi, tia. Pode me ‘chama’ de MaFê e não ‘so’ famosa ‘po que’ famoso vai na ‘Diney.’— MaFê, senhora Emma, me desculpe por isso. Às vezes a minha filha fala mais do que deveria. Anthonella olhava para Maria Fernanda de maneira severa, mas a menina parecia não se importar. Minha mãe olhava para a menina e para mim, e por fim sorriu. — Gostei de você, MaFê, e sabe por quê? — Minha mãe perguntou, e a menina negou com a cabeça. — Porque você é das minhas.— Viu, mamãe. A tia ‘goto’ de mim.— E gostei mesmo. Venha, querida, não precisa ficar acanhada. Somos pessoas normais. — Minha mãe sorriu, puxando Anthonella para a cozinha.Maria Fernanda quis ficar comigo, então fiquei na sala brincando com ela até que meu pai pigarreou.— Está aí há m
Anthonella FagundesAcordei com a luz suave da manhã entrando pela janela. Olhei para o lado e vi Jhonathan ainda dormindo, seu rosto tranquilo. Sorri, lembrando da noite anterior. Me levantei silenciosamente para não acordá-lo e fui para o banheiro me refrescar.Depois de me vestir, fui até a cozinha para beber um pouco de água. Quando cheguei lá, encontrei Joyce sentada na bancada, rindo sozinha enquanto mexia no celular.— Bom dia, amiga. — Disse, tentando soar casual.Joyce levantou os olhos e me lançou um olhar divertido.— Bom dia, Anthonella. — Ela respondeu, com um sorriso malicioso. — Dormiu bem?Senti meu rosto esquentar e me aproximei da geladeira para pegar uma garrafa de água.— Dormi sim. E você? — Respondi, tentando desviar o assunto.Joyce soltou uma gargalhada.— Pelos gemidos que ouvi, acho que você dormiu muito bem, não é? — Ela disse, rindo ainda mais.Quase engasguei com a água, sentindo meu rosto ficar ainda mais vermelho.— Joyce! — Disse, sentindo meu rosto esq
A terça-feira chegou e, com ela, a audiência. Estava sentada na sala de espera do tribunal, bastante calma, ao lado de Afrodite.— A sua tranquilidade me assusta. — Ela disse olhando para mim.— Eu sei o resultado. Estou louca para ver Ramón quebrando a cara e me deixando em paz de uma vez por todas.De repente, vi Ramón se aproximando. Ele tinha aquele sorriso arrogante que sempre me irritava.— Olá, Anthonella. Como você está? — Seu tom de voz parecia mais uma provocação do que um cumprimento.— Olá, Ramón. — Respondi sem vontade, desviando o olhar.— É assim que você trata o pai da sua filha? — Ele brincou, claramente tentando me provocar.— Você não é o pai dela. — Respondi, firme.Ele riu, cheio de confiança.— Isso quem vai dizer é o juiz.Revirei os olhos, exasperada, e logo fomos chamados para a audiência.Entramos na sala de audiências, e o juiz iniciou as considerações finais. O juiz abriu o envelope com o resultado do exame de DNA e, quando ele finalmente revelou o resultad
Durante a reunião, Jhonathan estava agindo de maneira rude com o pessoal, mas eu lhe dei um beliscão e ele olhou para mim de cara fechada e respirou fundo, tentando ser mais cordial com o pessoal. Quando a reunião acabou, Rafael e Gabi me puxaram para um canto e me agradeceram.— Com você aqui, a reunião foi bem mais agradável. — Rafael disse e Gabi concordou.— Menina, como você consegue lidar com esse homem? O cara é muito rude.— Senhor Lancaster tem seus momentos. Mas, no geral, é um bom chefe.— Só fala isso porque é obrigada a conviver com ele diariamente.— Se continuar falando assim, quando precisar que eu entregue algum relatório, eu vou deixar você enfrentar a “fera” sozinho.Ele rapidamente se calou enquanto Gabi e eu rimos. Jhonathan surgiu na porta, ajeitamos a postura e saímos.Enquanto estávamos no elevador, Jhonathan perguntou o que Gabi e Rafael estavam falando e eu disse que era sigilo entre colegas de trabalho. Ele me encarou.— Eu também sou um colega de trabalho.