Me despedi dele mais uma vez, e então pedi ao Seu Valdo que me levasse ao bar. Ele, como sempre gentil e atencioso, prontamente concordando. — Claro, senhorita. Vamos ao bar — disse ele, enquanto entrávamos no carro. No caminho, aproveitei para pensar um pouco sobre tudo o que havia acontecido. Bianca, Pedro, minha família… Era muito para processar, mas o bar da minha mãe sempre foi um lugar onde eu conseguia relaxar e esquecer os problemas por um tempo. Além disso, estar com a minha tia era sempre reconfortante. Quando chegamos ao bar, fui recebida com uma alegria contagiante. Mamãe parecia animada ao me ver, seu sorriso iluminando o ambiente. — MaFê! Que bom que você veio! — disse ela, me puxando para um abraço apertado. Logo depois, minha tia também apareceu, e me envolveu em um abraço caloroso. — Querida! Estava com saudade de você! — disse ela, apertando-me com força. Eu ri, gostando daquela sensação familiar e acolhedora. — Também estava com saudades, tia. Embora tenh
Pedro Henrique SoaresChegamos ao bar, Laiane, Geovane e eu. Assim que entramos, meus olhos procuraram por MaFê. Ela estava no balcão, sorrindo para dois caras que pareciam estar gostando bastante da conversa. Meus olhos se estreitaram enquanto a cena se desenrolava diante de mim. Algo dentro de mim ferveu, e o ciúme subiu rápido, como uma onda que não consegui conter.Sabia que ela era apenas simpática, que provavelmente não tinha nada de mais, mas ver aqueles dois idiotas tentando alguma coisa me deixou fora de mim. Sem pensar muito, apressei o passo em direção ao balcão, determinado a interromper aquela interação o mais rápido possível.— Ei, segura aí, Pedro! — Laiane segurou meu braço, me impedindo de avançar. Me virei para ela, irritado, mas o olhar firme de minha irmã me fez parar.— O que foi, Laiane? Não está vendo o que está acontecendo? — rosnei, tentando me soltar, mas ela não cedeu.— Calma, Pedro. Não é nada. Olha pra MaFê — ela apontou sutilmente na direção do balcão.
Maria Fernanda Fagundes Lancaster Assim que me despedi de Laiane, Geovane e Pedro Henrique, voltei para dentro. Caminhei até o balcão e me servi de um copo bem gelado, deixando o líquido ácido e doce ao mesmo tempo acalmar meus nervos. Sentei-me em um dos bancos, observando o movimento do bar que agora estava mais vazio. Alguns poucos clientes ainda riam e conversavam, mas o burburinho havia diminuído consideravelmente.Enquanto dava um gole na bebida, minha tia Joyce apareceu ao meu lado, apoiando-se no balcão e olhando diretamente para mim, com aquele olhar típico de quem sabe que algo não está certo.— E aí, cadê Pedro e seus amigos? — ela perguntou.— Já foram — respondi, mexi distraidamente no canudo do meu copo. Tia Joyce arqueou uma sobrancelha e puxou um banco para sentar ao meu lado. Ela tinha uma habilidade impressionante de me ler como um livro aberto, e naquele momento, eu sabia que estava em desvantagem.— Certo… — ela disse, prolongando a palavra como quem estava test
Priscila AlmeidaEstava à espreita, observando à distância. A cada tentativa frustrada de acabar com Maria Fernanda, a raiva dentro de mim crescia. Era como se essa garota tivesse um anjo da guarda forte demais. Sempre que eu planejava algo, uma interferência acontecia, como se o universo estivesse protegendo-a a todo custo. Minha mente estava em turbilhão. Os anos de rancor não tinham desaparecido. Eles apenas cresceram, se tornaram mais amargos, mais urgentes. Eu precisava me livrar dela de uma vez por todas, assim como tentei fazer quando ela era pequena. Mas, de alguma forma, a sorte sempre estava do lado dela. Revirei os olhos ao pensar na última tentativa. Tinha sido perfeita, ou pelo menos deveria ter sido. Tudo estava meticulosamente calculado. Mas, como sempre, algo deu errado. Um erro mínimo que me custou mais uma chance de finalmente ver Maria Fernanda fora do meu caminho para sempre. Voltei para o meu novo esconderijo temporário, o pequeno apartamento alugado no cent
Maria Fernanda Fagundes Lancaster Assim que desci as escadas, vi meu pai na porta. Ele já estava com Pedro, e como eu previa, dando suas famosas recomendações. Cheguei perto, tentando suavizar o momento.— Pedro, eu sei que você tem boas intenções, mas lembre-se, minha filha é meu tesouro mais precioso — começou meu pai, o olhar fixo no Pedro, sério como nunca. — Não quero que nada de ruim aconteça com ela. Cuide bem da MaFê. Não passe dos limites, e lembre-se sempre que eu estarei de olho.Minha mãe estava por perto e interveio rapidamente.— Jhonathan, amor, deixa o rapaz respirar. Ele sabe o que faz. Dê um pouco de espaço a eles. — Ela tocou o ombro do meu pai com um olhar compreensivo.Meu pai, no entanto, apenas deu de ombros e continuou, como se não tivesse ouvido.— MaFê é uma menina de ouro, e sei que você sabe disso, Pedro. Mas, de novo, quero que fique claro: respeite ela. Quero ver minha filha bem e feliz. Entendido?Eu, ao lado deles, sentia o calor subir pelo meu rosto.
O pai de Pedro e Laiane era muito legal. Ele gostava de futebol, e ficamos horas conversando sobre o esporte. A mãe dele se juntou a nós em um momento, mas fez uma careta enquanto nos observava.— Querido, a menina vive para o esporte. Vamos mudar de assunto — pediu ela, com um leve sorriso de reprovação.— Não se preocupe, eu adoro conversar sobre futebol — respondi, tentando tranquilizá-la.Laiane desceu as escadas e se juntou a nós, com uma expressão emburrada. Eu tinha a sensação de que era porque Pedro me tirou do quarto dela mais cedo.— Sobre o que estão falando? — perguntou ela, cruzando os braços.— Estávamos conversando de tudo um pouco, até você chegar e estragar tudo — disse Pedro, provocando a irmã.Ela o encarou e mostrou o dedo do meio, enquanto o pai deles suspirava, exasperado.— Crianças, comportem-se! O que Maria Fernanda vai pensar de vocês? — repreendeu ele, com uma mistura de seriedade e humor.— Relaxa, pai. Ela nos conhece muito bem e até nos compara com os irm
Ficamos um bom tempo sentados na grama, apreciando a companhia um do outro. O silêncio entre nós era confortável, um espaço seguro onde as palavras não precisavam preencher o vazio. No entanto, tudo aquilo foi interrompido quando Laiane se aproximou.— Você está bem, Pedro? — perguntou ela, sentando-se ao lado do irmão.— Agora estou. — Ele sorriu para mim, depois para ela.Laiane, então, mudou de assunto com uma energia mais leve. — Que tal a sobremesa? Mamãe mandou fazer pudim de leite do jeito que você gosta. — comentou ela, fazendo Pedro sorrir animado.Ele rapidamente se levantou, estendendo a mão para me ajudar a levantar também. No entanto, enquanto Pedro foi à frente, Laiane me puxou discretamente para trás.— Obrigada por ficar ao lado dele. Pedro se sente muito culpado pela perda do nosso irmão. E, às vezes, meu pai o faz lembrar que também acha o mesmo. Mas não pense que meu pai é um péssimo pai... ele só não aprendeu a lidar até hoje com a perda de Pedro Afonso.— Não fiz
Jhonathan Lancaster O sol já estava se pondo quando me sentei na sala de estar, esperando Maria Fernanda chegar em casa. O relógio na parede parecia fazer os minutos passarem mais devagar. Anthonella, sentada ao meu lado no sofá, folheava distraidamente uma revista. Ela percebeu meu desconforto e tentou me acalmar.— Jhonathan, você deveria relaxar. Nossa filha é responsável. Ela já já estará aqui.Suspirei, olhando pela janela.— Você age como se não se importasse. — comentei, com um tom de leve irritação na voz.Ela fechou a revista e a colocou de lado, voltando sua atenção para mim.— É claro que me importo, Jhonathan. Só que eu confio nela. Você também deveria.— Eu confio. — resmunguei, mas antes que pudesse continuar, Anthonella me interrompeu.— Se você realmente confiasse, não estaria assim, tão nervoso. Maria Fernanda está crescendo, Jhonathan. Temos que dar a ela um pouco de espaço.Fechei a cara, sentindo um misto de frustração e preocupação.— Garotos dessa idade só pens