Maria Fernanda Fagundes Lancaster Enquanto Pedro e eu íamos para a faculdade, conversávamos sobre trivialidades até que ele gargalhou do nada. Virei-me para encará-lo, curiosa.— O que foi? — Perguntei curiosa. — Estou rindo da cara do seu pai quando mencionei sobre casamento em Las Vegas. Acho que ele nunca vai deixar você viajar sozinha comigo.— Pode ter certeza que não mesmo. Meu pai é muito protetor.— O que você pensa sobre isso? — Dei de ombros. — Ele podia me dar um pouco mais de liberdade, mas, no geral, eu amo saber que ele e minha mãe sempre vão estar lá por nós.— Vocês são uma família muito unida, é bonito de ver. — Pedro soltou um longo suspiro. Eu sabia o que ele queria dizer e também que ele não queria entrar nesse assunto.— Vou ter um tempo vago hoje. A professora já avisou que não viria, então vou ficar na quadra.— Isso não te lembra os tempos do colégio? Aula vaga, ficar na quadra?— A faculdade é um colégio, só que saímos de lá com um diploma embaixo do braço
O clima na cafeteria estava mais leve, mas eu sabia que Pedro tinha acabado de pisar em um terreno minado. Valentina não era alguém fácil de lidar, principalmente quando estava estressada, e a última coisa que ela precisava ouvir era uma opinião masculina não solicitada.Pedro e eu nos sentamos à mesa, e a expressão dele ao encarar Valentina me dizia que ele tinha percebido que tinha falado mais do que devia. Antes que ele pudesse se desculpar ou dizer qualquer outra coisa, Valentina disparou:— Quer saber, Pedro? Vai cuidar da sua vida, tá? Ninguém te pediu opinião!Pedro piscou, surpreso, mas logo sorriu, tentando amenizar a situação.— Desculpa, Valentina, só estava tentando ajudar. Mas tudo bem, eu guardo minhas sugestões pra mim.— Isso, guarda mesmo, porque, olha... você já falou besteira demais hoje. — Valentina cruzou os braços e virou o rosto, como se estivesse tentando controlar a raiva.A reação de Valentina foi tão inesperada que não consegui segurar a gargalhada que escap
Após o almoço, partimos para o C.T. Valentina estava em seu carro, então Pedro e eu viemos sozinhos no carro dele. Ele parecia pensativo com algo, e fiquei esperando que ele quisesse dividir comigo.— Tem algo te incomodando? — Perguntei, curiosa.— Não, só estou pensativo a respeito da empresa do meu pai. Acho que ele está me dando muitas responsabilidades muito rápido e, sei lá, é meio estranho.— Isso é sinal de que você está fazendo um bom trabalho e que ele está confiando em você.— Pode ser. — Ele desviou o olhar da pista por um momento e mudou de assunto. — Quer colocar uma música?Notei que ele não estava à vontade para conversar sobre o assunto, então peguei meu celular e coloquei uma música. Assim que a música começou a tocar, ele tirou os olhos da estrada novamente, com um olhar de surpresa.— Sério que você gosta desse tipo de música?— Sim, por quê? — Respondi, arqueando uma sobrancelha.— MaFê, isso parece música de maconheiro. — Ele soltou uma gargalhada, o que me fez r
Acordei com uma leve batida na porta do meu quarto. Antes que eu pudesse responder, a porta se abriu lentamente, revelando a silhueta do meu irmão, Gustavo. Pisquei algumas vezes, tentando afastar o sono dos olhos.— MaFê, o Pedro está te esperando na sala. — Ele sussurrou, um sorriso brincando em seus lábios.— Agora? — Perguntei, surpresa, enquanto me espreguiçava.— Sim, ele disse que você combinou com ele. — Esqueci completamente. Suspirei e me levantei, caminhei até o banheiro, lavei o rosto com água fria, na tentativa de espantar o sono, e me olhei no espelho. Meu cabelo estava uma bagunça, mas não havia muito o que fazer naquele momento. Dei de ombros e saí do quarto, descendo as escadas em direção à sala.Pedro estava lá, sentado no sofá, mexendo no celular. Assim que me viu, ele levantou os olhos e um sorriso caloroso apareceu em seu rosto.— Estava dormindo? — Ele perguntou, se levantando.— Estava sim, mas agora já estou acordada. — Respondi, com um sorriso de canto. — Se
A semana passou em um piscar de olhos, e antes que eu percebesse, já era sexta-feira. Meus dias foram preenchidos por treinos, estudos e, claro, algumas conversas com Pedro entre uma pausa e outra. Mas agora era hora de descansar e me divertir um pouco, afinal, tinha combinado com Valentina e as meninas de passar a noite na casa dela. Uma noite só nossa, para relaxar, conversar e dar boas risadas.Arrumei minhas coisas com calma, separando o pijama mais confortável que eu tinha – meu pijama de Kurama, que sempre me fazia sentir como se estivesse envolta em uma nuvem de carinho. Olhei no espelho, conferindo se estava tudo certo antes de sair de casa. Ainda me sentia cansada, mas a expectativa de passar o tempo com as meninas me animava.Quando cheguei à casa de Valentina, encontrei Laiane, Clara e Fabi já lá, acomodadas na sala, rindo e conversando animadamente. Assim que entrei, Clara olhou para mim com um sorriso divertido.— Até que enfim, hein? — Ela brincou, seus olhos brilhando d
Pedro Henrique SoaresEu sempre gostei da tranquilidade de um bar. Aquele ambiente meio escuro, com o som abafado das conversas e o tilintar dos copos, era o meu refúgio para quando eu precisava relaxar e colocar os pensamentos em ordem. Hoje, no entanto, eu estava com os meus novos amigos, Geovane e Juliano, tentando distrair a cabeça depois de uma semana puxada de trabalho e estudos. Na verdade, eu preferia estar com a MaFê, mas fui trocado pelas amigas dela.Nós três estávamos sentados em uma mesa no canto, com uma visão parcial da televisão que transmitia algum jogo de futebol ao vivo. Geovane parecia especialmente animado com alguma coisa, o que geralmente significava que ele tinha alguma besteira para contar, e Juliano estava como sempre, jogando conversa fora e rindo alto de tudo. Em outra época, eu não pensaria em ser amigo desses caras, mas Geovane é namorado da minha irmã, que é amiga da minha namorada, e Juliano é namorado da melhor amiga da minha namorada, então acabamos n
— E aí, as garotas estão bem? — Juliano perguntou, e eu balancei a cabeça positivamente.— Sim, elas estão bem animadas assistindo doramas do Lee Min-ho.— Que porra é essa? — Juliano perguntou como se eu tivesse acabado de falar em outra língua.— Também gostaria de saber — Geovane perguntou curioso, franzindo a testa.Eu ri da reação dos dois. Sabia que, para quem não era fã de doramas, aquilo soava como algum tipo de código secreto.— Le Minho é um ator coreano — expliquei, já esperando a enxurrada de perguntas. — Ele é uma espécie de galã nos doramas, aquelas séries de TV asiáticas que as meninas adoram. — Ah, tá explicado! — Geovane exclamou, como se tivesse acabado de desvendar um grande mistério. — Então é por isso que elas somem. Devem ficar hipnotizadas assistindo esses caras.Juliano deu uma risada debochada e olhou para mim com um brilho nos olhos.— Cara, já pensou se elas largam a gente por esses atores coreanos? Você tá aí todo bonitão, mas vai que MaFê decide que prefe
Maria Fernanda Fagundes Lancaster A noite com as meninas foi bem divertida. Acordamos cedo, tomamos café e nos despedimos. Quando cheguei em casa, encontrei meus pais e meus irmãos à mesa.— Olha quem nos brinda com a sua presença. — Meu irmão disse, debochado.— Bom dia, família! Fica quieto, Gustavo.— Se divertiu, filha? — Meu pai perguntou, e eu confirmei com a cabeça.— O que acha de um dia de jogos em família? Faz um tempinho que não fazemos isso.— Acho ótimo! Posso convidar alguém? — Perguntei com um sorriso. Rapidamente, meu pai revirou os olhos, mas minha mãe deu uma cotovelada nele.— Claro que pode chamar o Pedro.Agradeci e liguei para o meu namorado, que atendeu rapidamente.— O que me diz de um dia de jogos com a minha família? — Perguntei, aguardando sua resposta.Do outro lado da linha, percebi um momento de hesitação. — Um dia de jogos? Com a sua família? — Ele repetiu, como se processasse a informação. — Isso significa competir contra vocês? — Claro que sim! — Eu