Valentina CabralO silêncio do meu quarto parecia mais alto do que o normal. Olhei ao redor, tentando encontrar algo para me distrair, mas nada parecia funcionar. Desde que MaFê foi convocada para a seleção, a casa parecia mais vazia. Nós sempre fomos inseparáveis, e agora, com ela viajando para jogar, eu sentia um vazio enorme.Parei de rolar o feed do Instagram e me deitei de costas na cama, encarando o teto. Meus pensamentos vagavam sobre como ela estaria se saindo no jogo contra a Espanha. Sabia que ela daria o melhor de si, mas não podia evitar a preocupação.Meu celular vibrou, quebrando o silêncio. Olhei para a tela e vi o nome de Juliano piscando. Hesitei por um momento antes de atender.— Alô? — Disse, tentando soar mais animada do que me sentia.— Val, quanto tempo! — A voz de Juliano soou do outro lado da linha, carregada de entusiasmo. — Como você está?— Ei, Juliano! Estou bem, e você? — Respondi, sentindo um leve calor subir ao meu rosto.— Estou bem também. Só que faz t
Jhonathan LancasterSentado em meu escritório, observava a cidade pela grande janela de vidro. Meus pensamentos estavam longe dos números e gráficos na tela do computador à minha frente. Estavam em MaFê, minha filha, e na segurança de minha família. Havia falhado com ela quando era pequena, e não deixaria isso acontecer novamente.Peguei o telefone e fiz uma ligação rápida. Em poucos minutos, estava discutindo detalhes com uma empresa de segurança privada de renome. Expliquei minha preocupação com a segurança de meus filhos, especialmente com MaFê e sua recente notoriedade como goleira da seleção.— Preciso de um serviço de vigilância discreto. Quero seguranças que fiquem à distância, mas que possam agir rapidamente se necessário. — Disse com firmeza.— Entendemos, senhor Lancaster. Temos uma equipe altamente qualificada que pode atender às suas necessidades. Vamos garantir que seus filhos estejam protegidos. — Respondeu o representante da empresa, com profissionalismo.Depois de fina
Joyce Silva AzevedoFinalmente, o dia tão esperado havia chegado. Mário Fernando estava de alta e poderia ir para casa, e meu coração estava repleto de alívio e gratidão. Depois de tantos dias no hospital, ele poderia continuar sua recuperação no conforto do nosso lar. Assim que entramos pela porta, ele olhou em volta com olhos cheios de saudade.— Mãe, meu quarto... Eu senti tanta falta. — Disse ele, jogando-se em mim com um sorriso animado.— Eu te entendo, meu amor, mas cuidado quando se jogar por conta do bracinho. — Alertei a ele.O som de risadas infantis e passos apressados pela casa trouxe uma onda de familiaridade e conforto. Anthonella tinha vindo nos visitar, trazendo João Lucas e Gabriel. Olhei para meus filhos e eles não paravam de falar.— Os dois queriam muito ver o irmão. — Imaginei! Vocês se comportaram? — Perguntei, olhando para os meninos com um olhar questionador.— Sim, mamãe! — Responderam em coro, ansiosos para ver Mário Fernando.— Então podem ir ver o irmão,
Pedro Henrique SoaresEstava na empresa do meu pai, sentado na minha mesa, revisando alguns projetos. O ambiente era movimentado, com funcionários indo e vindo, discutindo ideias e fechando acordos. Eu estava concentrado, mas uma ligação inesperada da secretária do meu pai interrompeu meus pensamentos.— Pedro, seu pai gostaria de vê-lo na sala dele agora. — Disse ela, com um tom sério.— Estou indo. — Respondi, sentindo um misto de curiosidade e apreensão.Caminhei pelos corredores da empresa, cumprimentando colegas de trabalho e me perguntando o que eu poderia ter feito para ser chamado. Quando cheguei à porta da sala do meu pai, bati levemente antes de entrar.— Entre, Pedro. — A voz firme do meu pai soou do outro lado da porta.Abri a porta e entrei, encontrando meu pai sentado atrás de sua enorme mesa de mogno. Ele levantou o olhar dos papéis em que estava trabalhando e sorriu para mim, um sorriso que transmitia tanto orgulho quanto seriedade.— Sente-se, filho. — Disse ele, indi
Maria Fernanda Fagundes Lancaster Hoje era o grande dia da nossa semifinal. Estava muito empolgada com o jogo, mesmo sabendo que eu ficaria no banco. A seleção da Espanha já estava classificada, e agora nós teríamos que fazer a nossa parte. Hoje jogaríamos contra a Colômbia, e as meninas da Colômbia eram veteranas.Chegamos cedo ao estádio, a adrenalina já correndo em minhas veias. As luzes brilhavam intensamente, iluminando o campo impecavelmente preparado. O ambiente estava carregado de expectativas e nervosismo, mas também de determinação e confiança.Enquanto nos preparávamos no vestiário, a treinadora nos passou as últimas instruções, enfatizando a importância de mantermos a calma e seguirmos nossa estratégia. Ela também ressaltou a necessidade de mantermos a concentração, especialmente contra um time experiente como a Colômbia.— Meninas, hoje é o nosso dia. Nós treinamos duro para isso, e estamos prontas. — Disse a treinadora, sua voz firme e encorajadora. — Lembrem-se de joga
Mais dias se passam e amanhã é a nossa final. Estou muito animada para voltar para casa. Eu sou a filhinha do papai e da mamãe e estou sentindo falta deles demais. Estou sentindo falta dos meus irmãos, das minhas amigas, de ir a São Januário. Acho que essas saudades pegam a gente, sabe?— Por que está com essa cara, bebê? — Larissa perguntou, sentando ao meu lado.— Apenas sentindo falta da família, mas é normal, não é? — Perguntei a ela, que confirmou.— Sim, eu moro fora do Brasil há muito tempo, então posso te dizer que é assim mesmo. No começo eu me sentia muito mal, mas com o tempo eu comecei a focar no meu sonho. Você ainda é nova, dá pra perceber pelo seu jeito que você tem uma família amorosa. Fique tranquila, em breve você vai estar lá com eles e, se os Céus nos ajudar, chegaremos com nosso troféu. — Ficamos em silêncio e ela bateu no meu ombro. — Vamos, novinha, vou te ajudar a treinar. A treinadora mandou eu pegar pesado. — Ela riu.O treinamento foi difícil. Consegui fazer
O voo de volta ao Brasil parecia mais longo do que o normal. Estávamos todas exaustas, tanto física quanto emocionalmente, depois da final. Eu me sentia particularmente cabisbaixa, ainda processando a derrota. Quando finalmente desembarcamos no aeroporto, a visão da minha família à distância trouxe uma mistura de emoções.Lá estavam eles, meus pais e meus irmãos, todos vestindo camisetas com a minha cara estampada. Assim que me viram, correram para me abraçar. Senti um alívio imediato, embora a tristeza ainda estivesse presente.— Estamos tão orgulhosos de você, MaFê! — disse minha mãe, apertando-me em um abraço forte.— Obrigada, mãe. — Respondi, com a voz embargada. — Eu só quero ir para casa.Após abraçar minha família, seguimos para casa. O caminho foi tranquilo, com minha mãe tentando me animar e meus irmãos fazendo piadas para aliviar a tensão. Chegamos à nossa casa e, para minha surpresa, havia uma festa de churrasco preparada no quintal.Vários parentes estavam lá, sorrindo e
Estava acordando quando meu celular apitou e, pensando que era uma das amigas, tateei a mesinha e peguei meu celular.“Você me deve um encontro.” Olhei a mensagem e vi que era Pedro Henrique.“Sabia que você me acordou?” Bocejei mais uma vez.“Sábado à noite, o que me diz?” Ele perguntou.“Posso responder depois?” Perguntei a ele, e a resposta não demorou a chegar.“Pode, mas saiba que já fiz a reserva.” Encarei a tela do celular como se estivesse encarando ele.“Então eu aceito, né.” Ele me desejou boa noite e travei o celular.Estava deitada, olhando meu teto que brilha com bolinhas de futebol, e resolvi me levantar. Quando passei pela sala de jogos, Ana Fernanda estava zombando de Gustavo, que por sua vez zombava dela. Resolvi que não iria me meter e deixei pra lá.A semana passou rapidamente, cheia de estudos e treinos. Quando o sábado finalmente chegou, comecei a me arrumar para o encontro com Pedro Henrique. Escolhi um vestido azul simples, mas elegante, e soltei meu cabelo, dei