— Boa noite, pessoal! — Pedro começou, sua voz ecoando pelo bar. — Hoje é noite de karaokê, certo? Então, gostaria de dedicar essa próxima música à minha namorada, Maria Fernanda, que está ali me olhando. — Ele apontou para mim com um sorriso, e eu senti todos os olhares se voltando para mim. Meu coração acelerou. — Eu te amo, linda.As pessoas ao redor começaram a murmurar e aplaudir levemente, enquanto Pedro selecionava uma música. Quando os primeiros acordes começaram a tocar, reconheci imediatamente: era “Perfect” de Ed Sheeran. Uma escolha perfeita, e também uma das minhas músicas favoritas.Pedro começou a cantar com aquela voz rouca e apaixonada que eu amava tanto. Ele me olhava de vez em quando, sorrindo entre as palavras, como se cada verso fosse especialmente para mim."I found a love, for me..."A suavidade da voz dele preencheu o bar, e, por um instante, parecia que éramos só nós dois. As palavras da música ressoavam com um significado ainda mais profundo enquanto ele cant
Assim que terminamos a sobremesa, Pedro virou-se para mim com um sorriso travesso no rosto.— Agora que eu já cantei pra você, acho justo você retribuir, né? — ele sugeriu, balançando as sobrancelhas.Franzi a testa e ri, incrédula.— Eu? Cantar? Nem pensar! — balancei a cabeça com veemência.— Ah, não vem com essa, MaFê. — ele continuou, com um tom de brincadeira na voz, mas os olhos cheios de expectativa. — Tenho certeza que você canta bem. Vai lá, só uma música! Por mim?Revirei os olhos, sem conseguir conter o sorriso.— Pedro, eu não sei cantar. — protestei, cruzando os braços. — Eu jogo futebol, não sou cantora!— Ah, qual é? — ele insistiu, rindo. — Tenho certeza que você vai arrasar. E olha só, você nem precisa ser profissional. É karaokê, todo mundo aqui só quer se divertir.Olhei para ele, tentando resistir, mas o jeito que ele me olhava, com aquele sorriso irresistível e os olhos brilhando de empolgação, estava me convencendo aos poucos.— Tá bom, mas se eu for... não ria d
Priscila AlmeidaEu havia esperado três longos dias para este momento. Tudo estava meticulosamente planejado, e hoje seria o dia em que minha vingança finalmente começaria. Anthonella e Jhonathan estavam prestes a provar do meu veneno. Achavam que estavam seguros, protegidos por seguranças, muros altos e uma rotina previsível, mas não sabiam que eu tinha olhos e ouvidos em todos os cantos.Tudo estava pronto. Caminhei até o carro onde meu comparsa, Juca, já estava posicionado, disfarçado entre os pais e babás que aguardavam a saída das crianças da escola. Meu amigo garantiu que ele era o melhor no que fazia, sempre discreto. Hoje, eu veria isso em ação. Dentro de poucos minutos, o sinal de saída soaria, e as crianças começariam a correr pelos portões. Era o momento perfeito.— Você está pronta? — A voz de Juca ecoou pelo rádio em minhas mãos.— Prontíssima — respondi, a voz baixa e controlada. — Faça sua parte e deixe o caminho livre.Eu sabia que Juca estava tão ansioso quanto eu. Es
Anthonella Fagundes Lancaster O escritório estava tranquilo, exceto pelo som suave das teclas enquanto eu revisava alguns relatórios. A luz do sol filtrava-se pelas enormes janelas, mas, apesar do dia parecer calmo, uma sensação estranha me rondava. Eu não sabia o porquê, mas estava inquieta. Talvez fosse o excesso de trabalho ou simplesmente preocupação com as crianças. Estava sempre preocupada com elas.Levantei o olhar por um segundo, vendo Jhonathan concentrado em uma ligação do outro lado da sala. Ele parecia agitado, caminhando de um lado para o outro com o celular colado à orelha. De repente, sua expressão mudou completamente. Ele congelou por um instante, e então, com uma força inesperada, socou a mesa com tanta raiva que o som ecoou pelo escritório.— Puta que pariu! — ele gritou, com os olhos arregalados e a respiração pesada.Eu me levantei de imediato, surpresa e alarmada.— Jhonathan! O que está acontecendo? — perguntei, o coração disparado no peito.Ele desligou o celul
Priscila Almeida Dirigia com a adrenalina pulsando em cada célula do meu corpo, mantendo um olho na estrada e outro no retrovisor, onde Ana Fernanda estava desacordada no banco de trás. O carro deslizava suavemente pela estrada, mas a tensão dentro de mim era palpável. O plano tinha sido executado com precisão, e agora tudo o que restava era chegar ao esconderijo antes que alguém percebesse o que havia acontecido. As árvores passavam rapidamente enquanto eu acelerava, o som suave do motor me acalmando de certa forma. Mas então, algo inesperado aconteceu. Ouvi um leve movimento no banco de trás, seguido por uma respiração pesada e baixa. Ana Fernanda estava acordando. “Droga”, murmurei para mim mesma, olhando para trás por um breve segundo. A menina piscava lentamente, os olhos se ajustando ao ambiente ao seu redor. Por um instante, fiquei tensa, me preparando para a reação inevitável. E não demorou. Ana Fernanda se mexeu, inicialmente confusa, mas em segundos a realização de ond
Anthonella Fagundes Lancaster A noite caía silenciosa, e as estrelas brilhavam como se ignorassem a tempestade que se formava dentro de mim. Caminhei pela casa com passos lentos e inseguros, com Anthony adormecido em meus braços. Ele dormia tranquilo, completamente alheio ao caos que invadia nossos corações. Jhonathan estava ao meu lado, sua presença firme como sempre, mas mesmo ele não conseguia esconder a preocupação que lhe estampava o rosto. Eu sabia que por dentro ele estava tão devastado quanto eu, talvez mais. Ao chegar na sala, Maria Fernanda e Gustavo nos esperavam com expressões confusas.— O que está acontecendo? — Gustavo foi o primeiro a quebrar o silêncio, olhando de mim para o pai, a ansiedade evidente em sua voz. — Por que tem tantos seguranças dentro de casa? E por que fomos impedidos de sair?Maria Fernanda, com os braços cruzados, olhava para mim com os olhos ligeiramente arregalados, tentando decifrar o que se passava. Seus olhos, sempre tão doces, agora estavam c
Maria Fernanda insistiu em me guiar até o quarto, mesmo eu relutando em permitir que ela fizesse qualquer esforço. Sua perna ainda não estava totalmente recuperada, e a última coisa que eu queria era ver outro dos meus filhos machucado. Enquanto caminhávamos em silêncio pelos corredores da casa, eu não conseguia afastar da mente o fato de que Ana Fernanda ainda estava lá fora, em algum lugar, e nós estávamos de mãos atadas, impotentes. A culpa era um peso insuportável, e o medo me corroía por dentro. — Filha, não deveria estar andando tanto assim com a perna machucada. — Minha voz saiu mais fraca do que eu pretendia, quase como um sussurro. — Não se preocupe com isso, mamãe — MaFê respondeu com um sorriso suave, mas seus olhos estavam cansados. — O importante agora é cuidar de você. Sabia que, apesar das palavras tranquilizadoras, ela também estava sofrendo, tanto quanto eu. Porém, sua força e resiliência naquele momento eram o que me mantinham de pé. Sem mais argumentos, deixei q
Jhonathan Lancaster Enquanto estava deitado na cama, o silêncio da noite parecia esmagador. O calor de Anthonella ao meu lado era reconfortante, mas não conseguia apagar o peso que estava carregando. O que estava acontecendo com nossa família? Como eu deixei chegar a esse ponto? A memória de MaFê sendo sequestrada anos atrás ainda assombrava meus pensamentos. Agora, era Ana Fernanda. Outra filha minha em perigo, e eu me sentia tão impotente quanto antes. Fechei os olhos e tentei não deixar que as lágrimas caíssem de novo, mas o rosto de Ana Fernanda me atormentava. Eu devia ter feito mais. Protegido melhor. Ser mais atento, mais presente... mas falhei. Como pai, sempre senti que meu maior dever era cuidar dos meus filhos, garantir que estivessem seguros, e aqui estávamos novamente: uma filha sequestrada, e eu, incapaz de fazer qualquer coisa naquele momento. Quando Anthonella disse que eu poderia me soltar, por um momento, pensei em resistir, em manter minha fachada firme e ina