Priscila Almeida Eu estava sozinha em meu apartamento, andando de um lado para o outro enquanto tentava controlar a raiva que crescia dentro de mim. O hospital... justo agora que meus planos estavam prestes a avançar, Maria Fernanda resolve ir parar em uma cama de hospital. Claro que isso complicava tudo. Suspirei, sentindo o sangue ferver nas veias."Por enquanto, os planos terão que ser adiados", pensei, irritada. Mas não por muito tempo. Ela não vai escapar de mim. Ninguém vai.Peguei a chave do carro, disposta a resolver pelo menos uma parte da bagunça que aquela vaca da Camila tinha causado. Dirigi com firmeza, minhas mãos apertando o volante com força enquanto meus pensamentos iam e vinham. Camila tinha me traído, e agora estava se fazendo de santinha, mas eu sabia que ela pagaria caro por isso. Não se brinca com Priscila Almeida e sai impune.Passei os últimos dias mantendo um olho em Camila. Ela achava que podia escapar de mim? Não. Era uma questão de tempo até eu a surpreend
Camila Olivas Estava parada, sem reação, vendo o carro de Priscila desaparecer no horizonte, enquanto minha mente tentava processar tudo o que tinha acabado de acontecer. A forma como ela me encarou, as palavras venenosas que ela cuspiu... Era como se eu estivesse de volta aos dias sombrios em que era impossível escapar da manipulação dela. Mas havia algo diferente dessa vez: medo. Um medo genuíno que percorria minha espinha."Ela sabe", pensei, com um nó apertando minha garganta. Como Priscila tinha descoberto que fui eu quem contou tudo para Antonella e Jonathan? Eu tinha sido tão cuidadosa, tão meticulosa para não deixar rastros. Mas Priscila, de algum jeito, sabia. Isso me deixava em alerta. Ela não jogava limpo, nunca jogou, e se já sabia o suficiente para me confrontar, quem sabe até onde estava disposta a ir.Caminhei lentamente até o ponto onde ela havia me deixado, minha mente rodando com mil pensamentos ao mesmo tempo. Priscila não era do tipo que fazia ameaças vazias. Tudo
Anthonella Fagundes LancasterEstava sentada no sofá da sala, organizando alguns papéis de trabalho, quando o telefone tocou. A princípio, pensei que fosse algum cliente ou fornecedor, mas, ao ver o nome de Camila brilhando na tela, uma sensação estranha se instalou em mim. Fazia tempo que ela não ligava.Atendi, tentando soar calma, mas a preocupação já estava presente na minha voz.— Alô, Camila? Tá tudo bem?— A gente precisa conversar, Antonella — ela disse sem rodeios. Sua voz estava baixa, quase como um sussurro, e aquilo me deixou ainda mais inquieta.— Sobre o que, exatamente?Ela hesitou por alguns segundos, o suficiente para eu perceber que algo sério estava acontecendo.— Eu prefiro te contar pessoalmente — respondeu, sua voz tensa.Aquilo definitivamente não era um bom sinal. Quando ela desligou, fiquei encarando o telefone por alguns minutos, tentando adivinhar o que poderia ser. Não precisávamos de mais problemas. Já tínhamos uma tempestade nos cercando com Priscila.Lev
Jhonathan LancasterEstava levando Gustavo, Ana Fernanda e Anthony para visitar MaFê no hospital, e percebi que todos estavam animados e ansiosos para ver a irmã. Gustavo, especialmente, parecia mais agitado do que de costume, com suas pernas balançando no banco traseiro enquanto dirigíamos em direção ao hospital.— Pai, como MaFê está? — ele perguntou de repente, sua voz transbordando preocupação. Eu olhei pelo retrovisor e sorri para ele, tentando transmitir a tranquilidade que eu mesmo buscava. — Ela está bem, filho — respondi. — A cirurgia foi um sucesso, e ela já está se recuperando.Gustavo soltou um suspiro de alívio e se recostou no banco, os ombros relaxando. Eu ri baixinho, pensando em como, apesar da diferença de idade entre os dois, ele e MaFê sempre foram muito próximos. Talvez essa diferença os fizesse se complementar, como dois lados opostos da mesma moeda.— Que bom! — Gustavo murmurou, com um sorriso aliviado.Anthony, que estava do outro lado, virou-se para mim com
Maria Fernanda Fagundes Lancaster Meus irmãos haviam saído e eu olhei para o teto, tentando acalmar meus pensamentos, quando a porta se abriu de novo. Minha mãe entrou, e logo seu olhar encontrou o meu. A expressão no rosto dela me trouxe um misto de alívio e inquietação. Ela parecia cansada, mas forte, como sempre. Mamãe era o tipo de pessoa que nunca demonstrava fraqueza, mesmo quando tudo estava desmoronando ao redor. E, vendo-a ali, era como se finalmente eu pudesse respirar aliviada. — Oi, minha guerreira — ela disse com um sorriso suave, aproximando-se da cama. — Oi, mãe — respondi, tentando sentar melhor. Ela se apressou em me ajudar, ajeitando os travesseiros atrás de mim com aquele cuidado de sempre. Ela se sentou ao meu lado, seus olhos correndo por mim, examinando cada detalhe. Eu sabia que ela estava procurando sinais de desconforto, tentando entender como eu realmente estava. Antes que ela pudesse perguntar, eu fui direto ao ponto. — Como foi? — perguntei, ob
As palavras de minha mãe ecoavam em minha mente como uma sentença. Um ano e meio fora do campo. Um ano e meio de recuperação. Um ano e meio longe daquilo que eu mais amava fazer. Eu me esforcei para manter a calma, para não deixar o peso dessa notícia me esmagar, mas era impossível. Um nó se formou na minha garganta e, antes que eu pudesse me controlar, as lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto. Minha visão ficou embaçada, e o quarto ao meu redor parecia girar. A única coisa que eu conseguia ouvir era o som dos meus próprios soluços, abafados pela mão que eu rapidamente levei à boca, tentando conter a onda de emoção que me engolfava. — MaFê, filha... — ouvi a voz da minha mãe, agora fraca e trêmula, como se cada palavra fosse um esforço doloroso. Ela se aproximou, sentando-se ao meu lado, e me puxou para um abraço. Seu toque era familiar, reconfortante, mas naquele momento, eu me sentia perdida demais para encontrar consolo, mesmo em seus braços. — Eu... não acredito... — conse
Pedro Henrique SoaresEstava mergulhado nos relatórios do novo projeto, tentando adiantar o máximo possível antes de sair. Minha cabeça já estava no hospital, pensando na MaFê, mas eu precisava terminar algumas coisas para poder visitá-la sem deixar pendências no trabalho. O relógio na parede marcava 16h, e eu ainda tinha uma pilha de documentos para revisar.Peguei o telefone para ligar para minha equipe quando ele começou a vibrar em minha mão. Era Laiane.— Pedro, está ocupado? — A voz da minha irmã era baixa, o que já me deixou com a sensação de que algo estava errado.— Estou, sim, Lai. Tô adiantando o que posso para poder ir visitar a MaFê mais tarde. — Continuei digitando enquanto falava, achando que era só uma ligação de rotina.Do outro lado da linha, ouvi um suspiro longo e pesado.— Pedro… acho que é melhor você não ir.As palavras dela me fizeram parar imediatamente. Coloquei o laptop de lado e segurei o telefone com mais firmeza.— Como assim, não ir? O que aconteceu? —
Maria Fernanda Fagundes Lancaster O silêncio era pesado, quase sufocante. Eu sentia cada segundo se arrastar, como se o tempo estivesse de propósito tentando prolongar a minha dor. O som das minhas próprias lágrimas caindo sobre o travesseiro era o único ruído no quarto, e até ele parecia ecoar demais. O peso da notícia ainda estava ali, me pressionando, me esmagando. Um ano e meio. Um ano e meio sem tocar numa bola, sem pisar num campo, sem sentir a adrenalina de uma partida, sem lutar pelo meu sonho. Tudo o que eu mais amava parecia ter sido arrancado de mim em questão de segundos. Virei meu rosto para a janela, sem forças nem para encarar o quarto vazio. As imagens do meu futuro, antes tão claras e cheias de possibilidades, agora eram um borrão. Não conseguia mais enxergar nada à frente. Meu coração estava quebrado, e eu não sabia como iria colar os pedaços. E então, o som da porta se abriu. Eu sabia quem era, mesmo sem olhar. Podia sentir sua presença, e por um segundo, me per