Pedro me puxou para mais perto depois da nossa conversa, com aquele sorriso arrependido nos lábios. Ele se inclinou para me beijar novamente, e, por um momento, eu retribuí o beijo, mas, de repente, algo me veio à cabeça e eu o afastei suavemente. Ele me olhou confuso, sem entender o que tinha acontecido.— Pedro... — comecei, hesitando por um segundo. — Você realmente acha que eu sou chata às vezes?Ele ficou surpreso com a pergunta e tentou disfarçar o desconforto, mas eu percebi o ligeiro rubor que subiu por seu rosto. Ele abriu a boca para responder, mas não disse nada de imediato. Em vez disso, fez uma careta divertida, como se estivesse tentando mudar de assunto.— MaFê, vamos esquecer isso, tá? Foi só uma conversa boba. Eles estavam falando besteira... — Ele tentou me puxar de volta, mas eu me mantive firme, o encarando.— Esquecer? — Repeti, arqueando uma sobrancelha. — Não posso simplesmente esquecer. Você acabou de admitir que concorda com eles, Pedro.Ele suspirou, perceben
Nunca pensei que esse dia chegaria. Mesmo sabendo da cirurgia desde o ano passado parecia que algo dentro de mim ainda se recusava a aceitar que isso realmente estava acontecendo. Agora, sentada na cama do hospital, sentindo o cheiro forte de desinfetante no ar, a realidade parecia mais pesada do que nunca.A porta do quarto estava entreaberta, deixando um feixe de luz entrar, mas o ambiente ao meu redor parecia sufocante, como se cada segundo que passava aumentasse a pressão em meus ombros. Meu coração batia tão forte que eu conseguia sentir cada pulsação ecoando no meu peito. A qualquer momento, eles viriam me buscar. A qualquer momento, eu estaria deitada naquela mesa de cirurgia, vulnerável, entregue à equipe médica.Minhas mãos suavam, e eu as esfregava uma na outra em um gesto automático de nervosismo. Olhei para o relógio na parede, mas os ponteiros pareciam não se mover. Era como se o tempo estivesse em suspenso, como se o mundo lá fora continuasse, enquanto eu estava presa ne
Pedro Henrique SoaresA sala de espera estava silenciosa demais para o meu gosto. O som dos meus dedos tamborilando no braço da cadeira era o único barulho que eu podia ouvir, além das batidas irregulares do meu próprio coração. Eu odiava hospitais. Odiava a sensação de impotência que eles traziam, como se tudo estivesse fora do meu controle, dependendo apenas de outras pessoas. E agora, aqui estava eu, esperando por notícias da cirurgia de MaFê. — Para de ser tão tenso, Pedro — Laiane disse, quebrando o silêncio enquanto sentava ao meu lado. Ela cruzou os braços e me olhou com aquele jeito despreocupado que só ela conseguia ter, como se tudo fosse fácil. — MaFê vai ficar bem. É só uma cirurgia na coxa. Não tem por que ficar preocupado desse jeito.Olhei para minha irmã, tentando disfarçar o incômodo, mas eu sabia que ela me conhecia bem demais para cair nessa.— Laiane, essa cirurgia não é tão simples quanto parece. — Suspirei, passando a mão pelo rosto, sentindo a pressão em meus o
Priscila Almeida Eu estava sozinha em meu apartamento, andando de um lado para o outro enquanto tentava controlar a raiva que crescia dentro de mim. O hospital... justo agora que meus planos estavam prestes a avançar, Maria Fernanda resolve ir parar em uma cama de hospital. Claro que isso complicava tudo. Suspirei, sentindo o sangue ferver nas veias."Por enquanto, os planos terão que ser adiados", pensei, irritada. Mas não por muito tempo. Ela não vai escapar de mim. Ninguém vai.Peguei a chave do carro, disposta a resolver pelo menos uma parte da bagunça que aquela vaca da Camila tinha causado. Dirigi com firmeza, minhas mãos apertando o volante com força enquanto meus pensamentos iam e vinham. Camila tinha me traído, e agora estava se fazendo de santinha, mas eu sabia que ela pagaria caro por isso. Não se brinca com Priscila Almeida e sai impune.Passei os últimos dias mantendo um olho em Camila. Ela achava que podia escapar de mim? Não. Era uma questão de tempo até eu a surpreend
Camila Olivas Estava parada, sem reação, vendo o carro de Priscila desaparecer no horizonte, enquanto minha mente tentava processar tudo o que tinha acabado de acontecer. A forma como ela me encarou, as palavras venenosas que ela cuspiu... Era como se eu estivesse de volta aos dias sombrios em que era impossível escapar da manipulação dela. Mas havia algo diferente dessa vez: medo. Um medo genuíno que percorria minha espinha."Ela sabe", pensei, com um nó apertando minha garganta. Como Priscila tinha descoberto que fui eu quem contou tudo para Antonella e Jonathan? Eu tinha sido tão cuidadosa, tão meticulosa para não deixar rastros. Mas Priscila, de algum jeito, sabia. Isso me deixava em alerta. Ela não jogava limpo, nunca jogou, e se já sabia o suficiente para me confrontar, quem sabe até onde estava disposta a ir.Caminhei lentamente até o ponto onde ela havia me deixado, minha mente rodando com mil pensamentos ao mesmo tempo. Priscila não era do tipo que fazia ameaças vazias. Tudo
Anthonella Fagundes LancasterEstava sentada no sofá da sala, organizando alguns papéis de trabalho, quando o telefone tocou. A princípio, pensei que fosse algum cliente ou fornecedor, mas, ao ver o nome de Camila brilhando na tela, uma sensação estranha se instalou em mim. Fazia tempo que ela não ligava.Atendi, tentando soar calma, mas a preocupação já estava presente na minha voz.— Alô, Camila? Tá tudo bem?— A gente precisa conversar, Antonella — ela disse sem rodeios. Sua voz estava baixa, quase como um sussurro, e aquilo me deixou ainda mais inquieta.— Sobre o que, exatamente?Ela hesitou por alguns segundos, o suficiente para eu perceber que algo sério estava acontecendo.— Eu prefiro te contar pessoalmente — respondeu, sua voz tensa.Aquilo definitivamente não era um bom sinal. Quando ela desligou, fiquei encarando o telefone por alguns minutos, tentando adivinhar o que poderia ser. Não precisávamos de mais problemas. Já tínhamos uma tempestade nos cercando com Priscila.Lev
Jhonathan LancasterEstava levando Gustavo, Ana Fernanda e Anthony para visitar MaFê no hospital, e percebi que todos estavam animados e ansiosos para ver a irmã. Gustavo, especialmente, parecia mais agitado do que de costume, com suas pernas balançando no banco traseiro enquanto dirigíamos em direção ao hospital.— Pai, como MaFê está? — ele perguntou de repente, sua voz transbordando preocupação. Eu olhei pelo retrovisor e sorri para ele, tentando transmitir a tranquilidade que eu mesmo buscava. — Ela está bem, filho — respondi. — A cirurgia foi um sucesso, e ela já está se recuperando.Gustavo soltou um suspiro de alívio e se recostou no banco, os ombros relaxando. Eu ri baixinho, pensando em como, apesar da diferença de idade entre os dois, ele e MaFê sempre foram muito próximos. Talvez essa diferença os fizesse se complementar, como dois lados opostos da mesma moeda.— Que bom! — Gustavo murmurou, com um sorriso aliviado.Anthony, que estava do outro lado, virou-se para mim com
Maria Fernanda Fagundes Lancaster Meus irmãos haviam saído e eu olhei para o teto, tentando acalmar meus pensamentos, quando a porta se abriu de novo. Minha mãe entrou, e logo seu olhar encontrou o meu. A expressão no rosto dela me trouxe um misto de alívio e inquietação. Ela parecia cansada, mas forte, como sempre. Mamãe era o tipo de pessoa que nunca demonstrava fraqueza, mesmo quando tudo estava desmoronando ao redor. E, vendo-a ali, era como se finalmente eu pudesse respirar aliviada. — Oi, minha guerreira — ela disse com um sorriso suave, aproximando-se da cama. — Oi, mãe — respondi, tentando sentar melhor. Ela se apressou em me ajudar, ajeitando os travesseiros atrás de mim com aquele cuidado de sempre. Ela se sentou ao meu lado, seus olhos correndo por mim, examinando cada detalhe. Eu sabia que ela estava procurando sinais de desconforto, tentando entender como eu realmente estava. Antes que ela pudesse perguntar, eu fui direto ao ponto. — Como foi? — perguntei, ob