- Danna não irá embora – ele garantiu – Porque não deixaremos isto acontecer, não é mesmo? – Ele sorriu para o menino e depois me olhou de forma séria.
- Você está bravo com ela por quê? – Alegra quis saber.
Suspirei, chateada. Todas as vezes que nos indispuséssemos seríamos questionados por 28 crianças e mais três adultas? Aquilo era bem estranho!
- Eu... Não poderia ir embora... Porque... Teria muito trabalho para fazer todas as malas de novo – expliquei e depois olhei para Killian, encontrando seu olhar no meu – E... Fazer malas é bem trabalhoso.
- Não pode ir embora porque seu lugar é aqui, independente de as malas serem difíceis de arrumar ou não. – Foi sua resposta seca, que me fez sorrir.
- E... Por que meu lugar é aqui? – Desafiei-o.
Todos olharam na d
- Mamãe, papai, eu posso dormir com vocês? – Ouvimos a voz de Alegra, parada na porta, esperando permissão para entrar.Killian e eu suspiramos ao mesmo tempo e começamos a rir. Empurrei-o para o canto, deixando-o contra a parede e dei espaço para ela na minúscula cama. Levantei a coberta e falei:- Venha, miniatura!Ela veio correndo na nossa direção e embora eu não visse, conseguia imaginar o sorriso que tinha nos lábios. A cama já era minúscula... E com nós três sobre ela ficou a ponto de quebrar.- Acho que vocês precisam comprar uma cama maior! – Alegra disse deitando no meu braço e virando-se de costas para mim enquanto puxava meu braço para abraçá-la.- Talvez você tenha razão. – Ri – O que acha Killian? – Provoquei.- Faremos isto... Em breve – ele respondeu de onde estava, praticamente sem conseguir se mexer entre meu corpo e a parede.- Boa noite, mamãe – Alegra disse com a voz baixa – Boa noite papai.Respondemos ao boa-noite dela e ficamos em silêncio por um tempo. Não dem
- Acho que tinham ciúme de Killian e da relação que vocês começaram a ter.- E exatamente por isto quero que entendam que Machia não tem nada de cidade turística. Temos pouco a oferecer. Mesmo com a reforma que Nicolle fez, o hotel segue em péssimas condições. Meu pai pretende fazer uma nova reforma agora que comprou o Hotel de você. Os pobres turistas nem podem usar a porra de seus celulares nesta cidade. Tudo que tinham para fazer era assistir uma missa, sonhar com o padre e comprarem souvenires da Marialva.Começamos a rir novamente.- E se investíssemos no turismo focando na floresta? Pode ser algo sustentável.- Maria Cecília, trazer pessoas de todos os lugares para a floresta de Machia é um convite a estragar o lugar definitivamente. Você já foi lá?- Sim... – Ela abaixou a cabeça, o sorriso morrendo em seus lábios.Peguei sua mão entre as minhas e perguntei:- Ainda gosta dele?Ouvi seu suspiro:- Não... Tenho muito ressentimento, mágoa. Mas foram anos juntos, embora não nos ví
Quando cheguei no hotel onde meu pai e Nadine estavam hospedados, logo perguntei:- Por que você não compra uma casa aqui em Machia, afinal?- Já estou providenciando isto - ele avisou - Não quero ficar longe das minhas filhas, que parece que não sairão daqui nunca mais.Suspirei:- Quem diria que um dia eu iria querer morar na cidade que tanto repudiei! - Ri, percebendo o quanto a vida pregava peças.- Iremos comprar um terreno próximo da floresta e construir uma casa de campo. - Nadine comentou alegre.- Casa de campo ou casa de floresta? - Brinquei.- E quem diria que seu velho pai, sempre acostumado à cidade grande iria acabar exatamente aqui… Onde tudo começou? - Ele pareceu saudoso e imaginei que fosse por conta de minha mãe.Olhei para Nadine, que pareceu não se preocupar muito, indo abraçá-lo:- A tranquilidade
A questão é: se padre José ainda não havia falado a verdade e Killian já estava reagindo daquela forma, o que aconteceria quando a verdade viesse à tona?- Eu descobri uma coisa. - Killian olhou para o pai e senti um frio percorrer minha espinha.Nadine ainda estava parada de pé na sala, incerta sobre o que fazer. E eu precisava prestar apoio a Killian, independente do que tivesse acontecido até aquele momento.- O que acha de ajudar as crianças nas tarefas de casa? - Sugeri - As irmãs não dão conta de ajudar todos.- Claro! - ela concordou prontamente - Será um prazer. - Falou empolgada.- Eu lhe acompanho até o local. - Padre José disse de forma rápida, como se quisesse sair dali o mais rápido possívelAssim que ficamos somente Killian e eu, o que era bem raro de acontecer por ali, ele me olhou:- Eu descobri
Respirei fundo, incerto se estava preparado para o que viria logo em seguida. Embora já imaginasse, tentei de todas as formas possíveis crer que era loucura da minha cabeça.- Continue, por favor... – Pedi.- Não sei quanto tempo ficamos escondendo nosso amor...- Não me diga que... Uma vida inteira.- Sim, uma vida inteira... Anos sem que ninguém soubesse... Ou ao menos se atrevesse a dizer.- Como pôde? – Balancei a cabeça, enojado.- Eu tinha intenção de deixar a igreja e ficar com ela. A amava, Killian...- E por que não fez isto?- Não tive coragem, esta é a verdade. Me preocupei com o julgamento da sociedade, o quanto falariam mal dela...- Teria deixado de ser um hipócrita. Mentiu a vida inteira... Para ela e para os outros. Mentiu para Deus!- E me arrependo, eu juro.- Eu não sei se q
- Não há rei Mark sem Daily. – tentei fazer alusão ao amor que sentiam e a coragem que tiveram ao enfrentar tudo para ficarem juntos - E eu pouco me importo com esta história. Quero saber a minha história... Porque não é da forma que me foi contada no passado.- Estou contando exatamente como foi, Killian. Não estou escondendo nada. E a sua história está interligada aos antepassados de Machia, você querendo ou não.- Por que está contando isto agora?- Eu jamais contaria... Se não fosse descoberto.- Como assim?- Me obrigaram a contar a verdade... E... Achei que realmente era o melhor a fazer.- Quem?- Danna.- Como ela soube?- Eu nunca contei. Mas quando você levou o tiro e estava entre a vida e a morte, ela descobriu por si própria... Por conta da doação de sangue. E... Disse que se eu não contasse a verdade, ela mesma contaria.Graças a Danna eu estava sabendo da verdade. Ele deixava claro que se ela não o o
- Alegra gosta de Igor e Igor gosta de Alegra – sorri – E por este motivo ela ficou preocupada de deixá-lo. Embora saibamos que eles vivem bem por aqui, não é como ter uma família de verdade.- Sim, entendo.- E eu e Killian conversamos sobre ficar por aqui e adotarmos todos eles.- Pensaram? – ela me olhou, surpresa – Você cuidando de todas estas crianças? Seria... Bem difícil para vocês dois. Especialmente porque estão começando uma vida a dois agora.- Também não achei muito justo com Alegra. Embora me doa que não possa dar a todos eles uma família.- Mas eles estão aqui para serem adotados. Mais cedo ou mais tarde isto vai acontecer.- Ou não! Vários deles já foram transferidos por conta da idade... E ninguém os adotou. Gabriel foi adotado porque era um bebê. E a outra crian&cced
Era início de noite quando meu pai chegou no orfanato para buscar Nadine, que ainda estava feliz, envolvida com as crianças. Eu não imaginei o quanto aquilo lhe faria bem. Tampouco que tinha tanto jeito com miniaturas.Killian não saiu mais do quarto depois do ocorrido. E eu sabia que ele precisava de um tempo para assimilar tudo que havia acontecido.Cumprimentei meu pai, que logo disse:- Descobri o que me pediu.Claro que eu sabia que ele conseguiria resolver aquilo para mim. Porém não pensei que fosse tão rápido.- Como Nicolle descobriu todo o meu projeto de governo? – Fiquei ansiosa.- O dono da gráfica onde mandou imprimir os seus panfletos passou todo o conteúdo para Nicolle Sturman antes de entregar o trabalho solicitado por você e Maria Cecília.- Filho de uma puta!- Danna, você está num orfanato rodeada de crianças.- Eu... Sempre cuido para não falar na frente delas estas coisas. – Sorri, sem jeito.- Mas tem razão, ele é um filho... – ele estreitou os olhos, não consegui