POV DANNA DAVE
Percebi que a luz foi ligada e abri os olhos, com dificuldade. Me dei em conta que tinha adormecido.
- Amanheceu? – Perguntei para Vanessa, confusa.
- Não, não amanheceu. E por mais que você esteja com a cara de exausta, precisamos conversar.
Virei para o lado da parede, sem tirar a cabeça do travesseiro e fechei os olhos, fingindo não ouvir.
- Por favor, Danna... Não pode fingir para mim que está tudo bem. Até pode enganar o seu pai, mas não a mim. Sei que nos conhecemos há pouco tempo, mas sinto que algo está errado. E eu nem sei porque sinto isto tão forte... Mas sinto.
Eu não diria a ninguém o que aconteceu porque sabia que não acreditariam. E já tinha pensado um pouco antes de “apagar” na cama e me dei em conta de que tudo havia sido minha culpa.
Se eu não tivesse ido ao encontro d
Vanessa me abraçou com força. Correspondi ao abraço, respirando fundo para não sentir o gosto das lágrimas, impedindo-as de cair.- Você poderia ter morrido por conta deste desgraçado! – ela falou enquanto a cabeça descansava no meu ombro e eu sentia suas lágrimas mornas molhando o tecido da camiseta que Jorge havia me emprestado – Seu pai é um dos homens mais influentes do país, Danna. Sabe que Lourenço não ficará impune se Júlio Dave souber a verdade.- Meu pai não acredita em mim!- Basta fazer um exame e comprovar que o que diz é verdade!Puxei o tecido da calça que se acomodava na minha vagina e senti o gosto do vômito vindo na minha boca:- Ainda sinto ele gozando dentro de mim, Vanessa!- Ele não... Usou preservativo?- Tomei uma pílula do dia seguinte antes de vir para c&a
POV KILLIAN DE ALCÂNTARANão sei por quanto tempo fiquei ali, paralisado, tentando concluir se ela era ou não real. Se a tivesse imaginando na minha frente, não seria a primeira vez.Os cabelos estavam desgrenhados e fiquei incerto se chegou a penteá-los. Usava uma camiseta simples e jeans e nos pés um tênis sujo. Ela não tinha maquiagem alguma no rosto. E ainda assim era incrivelmente linda e sexy.Fechei os olhos de novo, respirando fundo. Era difícil compreender o que a minha mente estava tentando fazer comigo. Seria Deus me tentando para saber o quanto eu era forte? Mal Ele sabia que eu era uma rocha e suportava qualquer provação.Ouvi um som e abri os olhos novamente. Ela se aproximava, com uma das pernas parecendo ferida, movendo-se com dificuldade. Percebi os hematomas nos seus braços e o curativo na testa.- Danna?- Esqueci de pedir que não fala
Jamais passou pela minha cabeça que encontrar aquela mulher, no alto da torre da igreja, seria minha possibilidade de ser consumido pelo pecado a luxúria. Bastava eu orar. Eu precisava ir para a igreja e pedir perdão a Deus, orando enquanto meus joelhos aguentassem ficar no chão.Virei as costas e comecei a fazer meu caminho de volta. E rezei intimamente para que Danna não dissesse nenhuma palavra e me deixasse ir.- Não tem coragem de responder a minha pergunta? – Ouvi a voz dela e imediatamente parei, como se meu corpo fosse todo dela e a mente não tivesse mais poder algum sobre mim.- Transaria com ela?Virei-me e respondi, de forma automática:- Não! Eu gosto dela como uma irmã.Danna não demonstrou absolutamente nenhuma reação com a minha resposta. Parecendo querer deixar mais claro que eu não tinha interesse da forma como ela pensava
Por uma parte do caminho ela tentou não me tocar. E aquilo de alguma forma me aliviou. Eu a conduzia com um braço envolvendo suas pernas e o outro as costas. Minha mão repousava abaixo de seu seio, que eu evitada olhar de qualquer forma possível.Até que Danna passou os braços pelo meu pescoço, envolvendo-me de uma forma que me alucinou totalmente. Nunca em toda a minha vida uma mulher teve tanto poder sobre mim. Eu teria realmente gostado de Juliana algum dia? Ou Danna Dave era a primeira mulher que despertava sentimentos verdadeiros no meu coração?A mão esquerda dela alisou levemente minha nuca, enquanto evitávamos trocar qualquer palavra. O dia já estava claro e logo avistei a torre da igreja. Por mais que eu estivesse cansado pelo longo trajeto com ela no meu colo, ainda assim queria que o tempo passasse bem devagar.- Quer... Me contar sobre o acidente? – Perguntei, q
- Deus lhe deu dez anos com ela. Acho que Ele foi bem generoso com você... Mais do que comigo. Afinal, eu não tive o prazer de conhecer minha mãe.- Não vejo desta forma... Infelizmente quando ela se foi, levou um pedaço de mim.- Ela quereria que você fosse feliz. Eu tenho certeza disto. Já não está na hora de seguir em frente?- Seguir em frente para onde, Killian?Nos olhamos e parei de caminhar. Estávamos bem próximos da igreja, ou que também significava o quintal e pomar de minha casa.- Encontrará alguém que se preocupe que você saia sem casaco num dia frio... E fará com que os aniversários e festas como Natal sejam significativas. E quando tiver medo, certamente estará ao seu lado.- Eu já saí sem o casaco, Killian... E tive muito medo naquele dia. E não tinha ninguém ao meu lado.<
Já fazia mais de cinco horas que eu estava de joelhos, orando e implorando a Deus por perdão e força.- Não acha que já ficou tempo suficiente aí, meu filho? – Perguntou pai José, tirando-me do fervor com que eu orava.Levantei a cabeça e abri os olhos, observando-o ao meu lado:- Pai, eu acho que preciso conversar com alguém.Ele sorriu, daquela forma gentil e que fazia com que todos os problemas parecessem pequenos diante de sua tranquilidade:- Isto será como seu pai e amigo ou deseja fazer em forma de confissão?Eu ri:- Por que em forma de confissão se sei que não falaria a ninguém sobre o que lhe conto? É a pessoa em quem mais confio no mundo todo. E o único que conhece todos os meus segredos.Ele sentou-se ao meu lado, no degrau do altar:- O que tanto o aflige, Killian? Faz muitos anos que n&atild
- Os pecados da carne são passageiros. A mantenha longe e não a desejará. Esta é a parte mais fácil.- E qual é a difícil?- A dor de não vê-la... E a saudade que lhe consumirá como se fosse fogo queimando lenha com álcool.- Ela estava tão certa quando disse que não deveríamos mais nos ver... Chegou a marcar dia para irmos ao salgueiro chorão para que não nos encontrássemos. E eu concordei, porque sabia que ela tinha razão... No entanto... Pedi que ela fosse ajudar no orfanato. E depois que fiz aquilo fiquei completamente arrependido, pois sei que tê-la por perto seria horrível para mim... É uma provação horrível cada minuto ao lado de Danna.- O que sente, Killian?- Vontade de tocá-la... De pegá-la no meu colo e abraçá-la com força e dizer que nunc
- Jamais serei capaz de pronunciar as palavras, pai.- Que diferença faz, Killian? Falar é o de menos, quando sente de forma tão intensa. Quanto aos seus votos... – ele suspirou e ficou visivelmente agitado – Às vezes é melhor quebrá-los do que viver uma vida de mentira e arrependimento.A forma como ele falou pareceu que era exatamente como se sentia. Se chamou de hipócrita há alguns minutos atrás. E agora me parecia claro que aconteceu algo no passado com relação a meu pai e alguma mulher.- Você abriu mão dela? – Perguntei, de forma séria.- Juliana e os Sturman são manipuladores desde sempre, Killian. E não significa que eu não goste de Juliana, mas alguma vez ela tentou intervir com a mãe em prol do orfanato? Ela sabe o quanto é importante para você e o quanto luta em favor destas crianças.