- Danna? - ele sorriu com ironia - Confesso que eu esperava qualquer pessoa aqui, menos você. Especialmente… Com uma criança. – Foi como se um ponto de interrogação surgisse na sua testa.
- Precisamos conversar, Lourenço.
Ele meneou a cabeça, com aquele sorriso que dava vontade de destruir com uma bala no meio dos olhos:
- Não pedi sua visita. E também não sou obrigado a receber quem eu não quero - fez menção de levantar-se.
O puxei pelas algemas, obrigando-o a sentar-se novamente e fiz o mesmo:
- Acha que eu viria até aqui se não fosse importante? Tenho cara de ser a idiota da Luane que você manipula como se fosse um brinquedinho?
Lourenço suspirou, o tom de deboche ainda claro em seu semblante:
- Agora está com ciúmes? É tarde demais, querida, eu já fiz a minha escolha.
Desta v
- Assim como você fez no julgamento, posso ter mentido um pouquinho. - Sorri.Lourenço olhou demoradamente para Gabriel:- Não… Pode ser!- Eu pedi que você usasse preservativo… - mesmo sem querer, voltei naquela tarde, me vendo no banco traseiro apertado da viatura, implorando por piedade e se não fosse possível ao menos o uso de camisinha.- Por que você não abortaria? Não… Tinha porque querer ficar com uma criança… Minha. - Ele não desfocava os olhos de Gabriel.- Tomei pílula do dia seguinte, me joguei da cachoeira, um telhado caiu sobre mim… E ainda assim este menino cresceu firme e forte. A chance de ele ter inúmeras sequelas eram grandes. Mas… Gabriel é um menino forte e persistente. Ele queria realmente estar aqui… Mesmo sabendo que seria rejeitado pela mãe e pelo pai.- Rejeitado? - E
Gabriel estendeu o braço na direção dele, com um sorriso. Lourenço tocou a mãozinha delicada e perfeita, que logo envolveu os dedinhos nos do pai, sorrindo com seus dois pequenos e solitários dentes.- Acho… Que ele gosta de mim! - Lourenço me olhou, o sorriso ainda estampado em seu rosto.- Aposto que sim, afinal, ele não sabe nada sobre você. Certamente nunca saberá, mas se um dia viesse a saber, o odiaria.- Tanto quanto a mãe - me olhou e logo depois abaixou o rosto.- Não sou mãe dele.- Sim, sou o pai e você a mãe e nada pode mudar isto. Por mais que eu quisesse voltar naquela tarde e fazer diferente, também não seria possível. Mas… Geramos uma vida… Uma criança perfeita… E… Ele é tão parecido com você… O sorriso… Os olhos…- N&atil
Assim que eu e Vanessa nos separamos, já em Machia, eu estava indo na prefeitura quando vi pai José andando em direção à igreja. Corri até ele, obrigando-o a parar.- Danna? – ele arregalou os olhos quando me viu.Tinha sido um dia difícil para mim e creio que ainda estivesse com os olhos inchados. Mas ainda assim aquele homem me devia uma coisa bem importante.- Quando falará a verdade a Killian?Padre José abaixou o olhar:- Não posso fazer isto, Danna! Sinto muito.- Prefere que eu conte?- Se acha que é o melhor a fazer... Faça. – Me encarou e percebi a dor em seu olhar.- Você não pode mentir para o seu filho deste jeito, porra!- Então me dê mais tempo.- Você já teve mais tempo do que lhe dei, pai José. Isto não é justo com Killian.- Ele nunca me
- Sim... Eu lembro. Isto quer dizer... Que vai me perdoar por qualquer coisa que eu fizer?Ele riu e senti seus olhos sobre mim:- Está pensando em me trair, Danna Dave?- Nunca! Eu jamais faria isto! Só amei um homem na vida... E o amarei para sempre. – Chegou a doer meu coração sequer pensar na hipótese de ter outra pessoa a não ser ele.- Esta seria a única coisa que eu não perdoaria.- Eu levei Gabriel para que Lourenço o visse. – Falei sem pausas, rapidamente.Killian soltou a minha mão imediatamente e pegou meu queixo, obrigando-me a encará-lo:- Como assim você levou o menino para dentro de um presídio?- Eu... Precisava que ele visse com os próprios olhos o que fez.- Estamos falando de uma criança e não de um objeto. Como foi capaz?- Eu precisava, Killian.- Qual sua inten&cce
- Danna não irá embora – ele garantiu – Porque não deixaremos isto acontecer, não é mesmo? – Ele sorriu para o menino e depois me olhou de forma séria.- Você está bravo com ela por quê? – Alegra quis saber.Suspirei, chateada. Todas as vezes que nos indispuséssemos seríamos questionados por 28 crianças e mais três adultas? Aquilo era bem estranho!- Eu... Não poderia ir embora... Porque... Teria muito trabalho para fazer todas as malas de novo – expliquei e depois olhei para Killian, encontrando seu olhar no meu – E... Fazer malas é bem trabalhoso.- Não pode ir embora porque seu lugar é aqui, independente de as malas serem difíceis de arrumar ou não. – Foi sua resposta seca, que me fez sorrir.- E... Por que meu lugar é aqui? – Desafiei-o.Todos olharam na d
- Mamãe, papai, eu posso dormir com vocês? – Ouvimos a voz de Alegra, parada na porta, esperando permissão para entrar.Killian e eu suspiramos ao mesmo tempo e começamos a rir. Empurrei-o para o canto, deixando-o contra a parede e dei espaço para ela na minúscula cama. Levantei a coberta e falei:- Venha, miniatura!Ela veio correndo na nossa direção e embora eu não visse, conseguia imaginar o sorriso que tinha nos lábios. A cama já era minúscula... E com nós três sobre ela ficou a ponto de quebrar.- Acho que vocês precisam comprar uma cama maior! – Alegra disse deitando no meu braço e virando-se de costas para mim enquanto puxava meu braço para abraçá-la.- Talvez você tenha razão. – Ri – O que acha Killian? – Provoquei.- Faremos isto... Em breve – ele respondeu de onde estava, praticamente sem conseguir se mexer entre meu corpo e a parede.- Boa noite, mamãe – Alegra disse com a voz baixa – Boa noite papai.Respondemos ao boa-noite dela e ficamos em silêncio por um tempo. Não dem
- Acho que tinham ciúme de Killian e da relação que vocês começaram a ter.- E exatamente por isto quero que entendam que Machia não tem nada de cidade turística. Temos pouco a oferecer. Mesmo com a reforma que Nicolle fez, o hotel segue em péssimas condições. Meu pai pretende fazer uma nova reforma agora que comprou o Hotel de você. Os pobres turistas nem podem usar a porra de seus celulares nesta cidade. Tudo que tinham para fazer era assistir uma missa, sonhar com o padre e comprarem souvenires da Marialva.Começamos a rir novamente.- E se investíssemos no turismo focando na floresta? Pode ser algo sustentável.- Maria Cecília, trazer pessoas de todos os lugares para a floresta de Machia é um convite a estragar o lugar definitivamente. Você já foi lá?- Sim... – Ela abaixou a cabeça, o sorriso morrendo em seus lábios.Peguei sua mão entre as minhas e perguntei:- Ainda gosta dele?Ouvi seu suspiro:- Não... Tenho muito ressentimento, mágoa. Mas foram anos juntos, embora não nos ví
Quando cheguei no hotel onde meu pai e Nadine estavam hospedados, logo perguntei:- Por que você não compra uma casa aqui em Machia, afinal?- Já estou providenciando isto - ele avisou - Não quero ficar longe das minhas filhas, que parece que não sairão daqui nunca mais.Suspirei:- Quem diria que um dia eu iria querer morar na cidade que tanto repudiei! - Ri, percebendo o quanto a vida pregava peças.- Iremos comprar um terreno próximo da floresta e construir uma casa de campo. - Nadine comentou alegre.- Casa de campo ou casa de floresta? - Brinquei.- E quem diria que seu velho pai, sempre acostumado à cidade grande iria acabar exatamente aqui… Onde tudo começou? - Ele pareceu saudoso e imaginei que fosse por conta de minha mãe.Olhei para Nadine, que pareceu não se preocupar muito, indo abraçá-lo:- A tranquilidade