Não consegui conter as lágrimas. Abaixei o olhar, amedrontada com a reação de Danna. Eu gostava tanto dela que ser rejeitada seria uma das piores coisas que poderia me acontecer. Cheguei a pensar que talvez não fosse uma boa ideia lhe contar a verdade, pois tê-la como prima, por mais que fosse uma mentira, era melhor do que não ter nada dela.
Lembrei exatamente do dia em que ela chegou na minha casa, com aquele olhar de desdém, extremamente arrogante. E depois tentando de todas as formas ser humilde, mesmo não sabendo como era agir daquele jeito. Foi tão rápido que me afeiçoei a Danna. E sim, talvez fosse porque a nossa ligação sanguínea estivesse pulsando ali. Mas Danna Dave não era uma pessoa difícil de ser gostada.
A jovem que apareceu na nossa casa naquela noite estava completamente perdida. Mas era engraçada, divertida e fez nosso lar ficar
Danna levantou-se imediatamente:- Não quero ouvir o resto!Minha mãe abaixou a cabeça, não contendo um gemido certamente causado pela dor e vergonha que sentia naquele momento.Então, num gesto que impressionou a todos, Danna foi até ela e abaixou-se, pegando suas mãos de forma carinhosa. As duas se olharam e Danna limpou as lágrimas de minha mãe:- Sinceramente, não me importo com a forma como Vanessa foi gerada, Isla. Esta história é sua e não minha... E todos tem um passado e com ele uma história, seja boa ou ruim. Faz parte do caminho que trilhamos e nele cometemos erros... E muitos deles em nome do amor. Para mim só importa uma coisa – ela me olhou – Eu tenho uma irmã... E sinceramente, se pudesse escolher, teria escolhido mil vezes Vanessa.Meu choro, antes contido, ficou intenso. Depois de ter visto Gabriel pela primei
- Ele saiu de você. – Minha voz mal saiu quando disse aquilo, sabendo que poderia destruir minha vida.Danna deu um meio sorriso e Gabriel retribuiu, os olhos se iluminando com a imagem dela refletida em suas íris.- Cheguei a me perguntar porque eu amo Alegra... E não consigo ter o mesmo sentimento por ele. E então entendi – ela sorriu de novo e pegou-o do meu colo, me deixando trêmula e arrependida por ter feito aquilo acontecer – Que certamente é pelo fato de você ser minha irmã. Imagino que eu gosto dele desta forma porquê... No meu íntimo já sabia que ele era meu sobrinho. E aposto que é pela conexão que temos, que deve ter passado também para a miniatura. Talvez um dia eu me conecte com ele... Mas por hora o aceito como meu sobrinho – ela alisou o rosto de Gabriel, sem demonstrar qualquer tipo de emoção extrema – Ei, miniatura
POV ISLAAbri a porta com cuidado, não querendo atrapalhar a conversa de Danna e Vanessa. Então observei Vanessa com Gabriel no colo e Danna a olhando seriamente.- Tem certeza disto, Danna? – Minha filha perguntou num tom de voz baixo.- Sim, eu tenho certeza.Danna virou na minha direção e acenou, com o semblante de quem havia sido pega no flagra. Pensei que elas pudessem estar aprontando alguma coisa, mas daí lembrei que eram adultas e que por mais “burradas” que pudessem fazer, nenhuma superaria a minha.- O jantar... Está pronto! – Avisei, sem jeito.- Ok, vamos lá! – Danna sorriu e puxou Vanessa pelo braço.Não demorou muito e estávamos todos à mesa, como uma família feliz. Talvez a única ali que não tinha motivos para satisfação e alegria era eu, já que tinha cometido um erro gigan
Vanessa só me olhou e foi em direção a porta. Consegui contê-la antes de sair, me pondo em sua frente:- Quanto tempo irá me ignorar? Eu não aguento mais! Nem Danna me julgou.- Tem que entender que eu não sou a Danna.- Ser ignorada por você é meu pior castigo.Vanessa suspirou e me deu um beijo. Abracei-a, mas ela não correspondeu e logo se desvencilhou. Tive um abraço mais frio que o de Júlio.- É difícil para mim aceitar que fui enganada todo este tempo pela pessoa em quem eu mais confiava.- Perdão... Mil vezes perdão. Eu já expliquei os motivos que me levaram a tomar esta decisão.- Mãe, eu sei que este rancor que sinto irá passar. Mas me dê um tempo, por favor.- Você... Não me ama mais?Ela sorriu:- Bem que eu gostaria. Mas isto é impossí
Aos poucos todas foram levantando as cabeças e fiquei preocupada.- Que porra eu fiz? – Pus as mãos na cabeça – E não gritem porque está todo mundo dormindo e se as irmãs verem que fiz esta algazarra irão cortar a minha cabeça.- E você vai morrer também? – A pequena que eu não lembrava o nome perguntou, preocupada.- Bem, se eu morrer acho que vou para o céu pelo menos, afinal, sou uma boa moça, já que estou aqui com vocês... Falando de...- Morte? – Tauane foi sincera.- Ok, ninguém vai morrer. Vai ficar todo mundo para semente.- Mas você disse que iríamos morrer. – Ananda não esqueceu aquela porra.- Eu estava brincando! – Comecei a gargalhar – E vocês caíram direitinho! – tentei reverter a situação de desespero.- Voc&eci
- Nós sabemos, querida! – Ela pegou minha mão entre as suas, de forma carinhosa – Sei que está aprendendo!- Danna, não prometa coisas que não pode cumprir – Hemengarda me criticou novamente – Elas sonham em serem adotadas e terem uma família.- E... Eu não destruí o sonho delas.- Elas disseram que você irá adotá-las.- Você disse irá adotá-las, Danna? – Ouvi a voz de Killian atrás de mim.Quase caí de pavor quando o vi. Ele teria ouvido toda aquela porra?- Killian... Acho... Que precisamos conversar sobre... Isto! – Sorri, tentando não demonstrar a confusão que estava meu cérebro.As três nos olharam e entraram no quarto, nos desejando uma boa noite.Fui descendo as escadas com Killian atrás de mim. Não sei onde ele esperava que eu fosse. Na
- Danna? - ele sorriu com ironia - Confesso que eu esperava qualquer pessoa aqui, menos você. Especialmente… Com uma criança. – Foi como se um ponto de interrogação surgisse na sua testa.- Precisamos conversar, Lourenço.Ele meneou a cabeça, com aquele sorriso que dava vontade de destruir com uma bala no meio dos olhos:- Não pedi sua visita. E também não sou obrigado a receber quem eu não quero - fez menção de levantar-se.O puxei pelas algemas, obrigando-o a sentar-se novamente e fiz o mesmo:- Acha que eu viria até aqui se não fosse importante? Tenho cara de ser a idiota da Luane que você manipula como se fosse um brinquedinho?Lourenço suspirou, o tom de deboche ainda claro em seu semblante:- Agora está com ciúmes? É tarde demais, querida, eu já fiz a minha escolha.Desta v
- Assim como você fez no julgamento, posso ter mentido um pouquinho. - Sorri.Lourenço olhou demoradamente para Gabriel:- Não… Pode ser!- Eu pedi que você usasse preservativo… - mesmo sem querer, voltei naquela tarde, me vendo no banco traseiro apertado da viatura, implorando por piedade e se não fosse possível ao menos o uso de camisinha.- Por que você não abortaria? Não… Tinha porque querer ficar com uma criança… Minha. - Ele não desfocava os olhos de Gabriel.- Tomei pílula do dia seguinte, me joguei da cachoeira, um telhado caiu sobre mim… E ainda assim este menino cresceu firme e forte. A chance de ele ter inúmeras sequelas eram grandes. Mas… Gabriel é um menino forte e persistente. Ele queria realmente estar aqui… Mesmo sabendo que seria rejeitado pela mãe e pelo pai.- Rejeitado? - E