Collin*O toque da mão de Maden era firme, porém cuidadoso.Collin sentia cada batida acelerada de seu coração enquanto ele a guiava pelos corredores estreitos daquela casa modesta. O cheiro de madeira velha e ervas impregnava o ar.— Aqui é sua casa? — sua voz soou tensa.Maden a fitou de soslaio, um sorriso breve nos lábios.— Não… Apenas um refúgio. Um lugar para você se sentir confortável.Ela se enrijeceu. O toque dele ainda queimava sua pele, mas ele não a soltava.Quando Maden abriu a porta, a luz do sol a cegou momentaneamente.O que ela viu do lado de fora… não era o que esperava.Não era uma fortaleza. Nem uma cidade murada.Era um acampamento.Cabana após cabana se espalhava entre as árvores. O chão lamacento contrastava com as estruturas rústicas, algumas delas cobertas de peles secando ao sol.Havia muitas pessoas.Mais do que ela imaginava.Maden a observou atentamente.— Sei que não é o que você está acostumada.Ela nada disse.Mas sentia os olhares sobre si.Os murmúri
Collin*O silêncio era sufocante.Collin olhava da mãe para a irmã, o peito subindo e descendo em respirações trêmulas. Seu coração martelava no peito, frenético, como se tentasse fugir daquela realidade distorcida.Isso não pode estar acontecendo.Ela queria correr. Desaparecer. Mas suas pernas estavam presas ao chão.Maden a observava com algo que ousaria chamar de compaixão.— Deve ser difícil para você — murmurou ele. — Eu entendo.Os olhos de Collin brilharam de ódio.— Cale a boca. — sua voz saiu afiada como vidro quebrado. — Você não entende nada!Ela girou nos calcanhares e encarou a mãe.— Você veio com ele por vontade própria, mãe?! — sua voz falhou no final.A mulher hesitou.— Eu… eu não sabia que era ele. Os lupinos chegaram em Rovina durante a noite. Nos forçaram a vir. Mas quando vi que era ele… — a voz dela suavizou, tomada por uma nostalgia doentia. — Foi como voltar ao passado.O estômago de Collin revirou.A forma como sua mãe olhava para Maden… como uma jovem apaix
Collin*A tenda era sufocante. Pequena demais. Fechada demais.Collin sentou-se na cadeira no canto, os olhos percorrendo o ambiente. Precisava de algo. Qualquer coisa. Uma arma, uma brecha, uma saída.Nada.Seu coração batia como um tambor, mas seu rosto permaneceu impassível. Ela não daria a eles a satisfação de vê-la desesperada.Passos se aproximaram. E, de repente, Colen estava ali.A irmã sentou-se à sua frente, seu olhar escorregando por Collin com uma avaliação zombeteira.- Você está péssima, sabia?Collin ergueu os olhos, fuzilando-a.- Já se olhou no espelho hoje?Colen gargalhou. Aquela risada arrogante e irritante que Collin sempre odiou.O riso cessou, mas o brilho de provocação ainda dançava nos olhos da irmã.- Como você pôde aceitar isso, Colen? - Collin cuspiu as palavras como veneno. - Justo você, que sempre disse odiar os lupinos. Agora está aqui... tratando ele como se fosse seu "papai"?Colen inclinou-se na cadeira, preguiçosa, confortável.- Eu sinto algo quando
Collin*Ele estava ali.A menos de um metro.Transformado, selvagem, pronto para matar.Seu coração disparou, e por um instante tudo pareceu desacelerar. O ar ficou pesado e, então... o caos se instaurou.Maden ergueu o focinho e uivou, convocando os seus. Um rugido profundo ecoou pelo acampamento quando uma onda de lupinos se lançou contra Liam e seus guerreiros. Em segundos, o lugar se tornou um campo de batalha brutal.Collin sentiu um puxão violento. Caius a agarrou pelo braço e a arrastou até a cabana. Antes que pudesse protestar, ele a jogou para dentro, trancando a porta com força.— O que está acontecendo?! — Eve gritou, os olhos arregalados.Collin engoliu em seco.— Liam… Ele chegou.O suspiro aliviado de Eve foi imediato.— Então temos que sair daqui. Agora!Ela correu até a porta e começou a forçá-la, mas Collin continuou imóvel, os pensamentos em turbilhão.— Collin?!— Ele me deu a liberdade… — murmurou, sentindo as palavras pesarem em sua boca.Eve se virou, franzindo o
A noite engoliu a floresta, trazendo consigo um silêncio inquietante.Depois de horas correndo, o grupo finalmente parou às margens de um lago cristalino. A respiração de Collin ainda estava acelerada quando Liam se abaixou, permitindo que ela deslizasse de suas costas. Seu corpo protestou com o movimento brusco, mas a dor no braço já não era tão intensa. A ferida estava se fechando rápido—rápido demais.Ao redor, os guerreiros se espalharam, sempre atentos, prontos para qualquer ataque. Liam, no entanto, não disse uma única palavra. Ele se afastou, subindo para um ponto mais alto da clareira, onde a escuridão o engoliu por completo.Collin franziu o cenho. O que ele estava fazendo?Respirando fundo, ela caminhou até onde Eve e Damon conversavam sob uma árvore.— Fizeram algo com você? — Damon perguntou, passando a mão pelo ventre de Eve com delicadeza.— Não, graças à Deusa. O filhote está bem.Mesmo com o alívio na voz, algo na expressão de Damon permaneceu tenso.Eve franziu o cenh
Liam*Durante aquele maldito mês, ele sonhou com esse momento.Com a pele dela colada à sua.Com a sensação de estar dentro dela até perder a noção de tempo, de espaço, de tudo.Ele precisava dela como um animal sedento precisa de sangue.O gosto de sua boca era um vício insaciável, e ele a beijava com um desespero que beirava a loucura—mordendo, chupando, sugando, como se quisesse devorá-la.Quando Collin agarrou seus ombros, foi o fim da linha para ele.Liam tentou se conter, tentou ser gentil, mas paciência era um luxo que ele não possuía naquele instante.Um mês.Um maldito mês sem ela.Ele se posicionou, e em um único movimento, afundou-se dentro dela.Tão fundo que o corpo dela se arqueou com um gemido desesperado contra seu pescoço.O som rasgou o autocontrole dele em pedaços.Liam segurou suas coxas com força, sentindo a umidade quente a sua volta enquanto começava a se mover. Mas a água os fazia flutuar demais—ele queria algo firme. Queria mais contato. Mais intensidade.Sem
Eve*O fogo crepitava, espalhando sombras dançantes pela clareira. A lua alta no céu parecia observá-la, silenciosa e misteriosa. Eve se sobressaltou ao sentir um peso sobre seus ombros – um casaco quente, carregado do cheiro familiar que ela não sentia há um mês. Seu olhar se ergueu e encontrou o de Damon, que se acomodou ao seu lado com um suspiro contido.Ela o observou de relance, mas algo estava errado. Damon parecia... diferente. Distante.— Esses lupinos... Não reconheço a maioria deles. Não são de Alicerce Azul, são? — Sua voz saiu baixa, mas firme.Damon demorou um instante para responder, o olhar perdido nas chamas.— Alguém está nos ajudando a reunir aliados.— Quem? — Eve estreitou os olhos.— Averina. Eu a conheci na noite da festa em Alicerce Azul. Ficamos amigos. Foi ela quem me contou sobre o sequestro de vocês. — O nome saiu de seus lábios com um peso que fez o estômago de Eve revirar.Ela não gostou. Não gostou do modo como ele pronunciou o nome daquela mulher. Como
O amanhecer encontrou Liam e Collin ainda entre as árvores, os corpos entrelaçados pelo calor da noite anterior.Collin se pôs de pé primeiro, recolhendo o vestido amassado. Tentou fechar o espartilho sozinha, mas logo sentiu a presença dele atrás de si. Liam deslizou as mãos pelo tecido, puxando as tiras devagar.— Você é péssimo nisso — provocou, sentindo os nós frouxos.Ele sorriu contra sua nuca, a voz baixa e rouca.— É porque eu prefiro tirar.Collin revirou os olhos, mas um sorriso escapou.— Para onde vamos?— Para perto do mar.Ela franziu a testa, girando o rosto para encará-lo. Liam ainda estava distraído, os dedos deslizando pelo vestido sem pressa.— O mar? Por quê?— Temos uma aliada lá. Averina.Collin cruzou os braços, sentindo um incômodo inexplicável.— E de onde a conhece?Liam ergueu um canto dos lábios, divertido.— Está com ciúmes?Ela bufou.— Por que você simplesmente não responde?Ele soltou um riso baixo antes de beijá-la, roçando os lábios contra os dela.—