Collin* Collin e Liam trocaram um olhar afiado no instante em que Damon pronunciou as palavras. O choque foi instantâneo. Sem pensar, Collin se aproximou de Eve. — Você não está falando sério. Eve desviou o olhar. Mas foi Damon quem respondeu, firme: — Estou, sim. Liam deu um passo à frente, perplexo. — Damon, Eve perdeu o parceiro há duas semanas. — Ela não pode ficar sozinha. — Eu não preciso de você! — Eve explodiu, a voz cortante. Damon a encarou, os olhos duros. Eve cruzou os braços ao redor do próprio corpo, como se segurasse as palavras que queria dizer. Mas, no fim, sussurrou: — Mas o filhote precisa. O silêncio pesou. Collin franziu o cenho, tentando entender. — Você está se unindo a ele pelo bebê? Eve não respondeu. Mas não precisava. Estava tudo em seu rosto. Damon engoliu em seco e se voltou para Liam. — Conheço as leis do nosso povo. Sei as obrigações de um macho com uma fêmea. Sei que terei desafios, já que ela já teve um parceiro e está
Collin*Collin não pregou os olhos a noite inteira. As palavras, as revelações, tudo girava em sua mente como um turbilhão.Algo dentro dela implorava para que fosse mentira. Mas o instinto dizia o contrário.Ela precisava de respostas.Precisava olhar seus pais nos olhos e perguntar.A incerteza doía como uma lâmina afiada.Suspirando, ela se levantou. Liam não estava na cama. Provavelmente já estava na aldeia.Collin puxou a camisola fina sobre o corpo e caminhou até a banheira. A água ainda estava morna.Ao passar pelo espelho, parou.Seu reflexo devolveu o olhar. O corpo nu, marcado.Os arranhões da luta contra o lupino ainda estavam ali. As manchas arroxeadas no abdômen eram prova do que havia enfrentado.Ela tocou a pele com dedos hesitantes. Procurava algo que não sabia nomear.Então, sem aviso, a porta do banheiro se abriu.Liam entrou.Sem camisa, suado, o peito subindo e descendo de forma ritmada.O choque veio como um soco.Collin tentou se cobrir, agarrando a toalha mais p
Collin*A noite estava sufocante, mas não pelo calor.Collin estava sentada na cama, os joelhos juntos, os olhos fixos em suas próprias mãos. Ainda estavam vermelhas, manchadas pelo surto que tivera mais cedo. A lembrança de seus punhos acertando Caius, do gosto amargo da fúria, fazia seu estômago revirar.A porta rangeu.Liam entrou, a expressão fechada, os músculos tensos. Havia suor em sua pele, como se estivesse tentando se desgastar fisicamente para acalmar a mente. Em uma das mãos, ele segurava uma xícara fumegante.— Bebe. — Sua voz saiu baixa, mas firme.Collin piscou, voltando lentamente à realidade.— O que é isso?— Chá de rosas. Vai te acalmar.Ela hesitou, os olhos estudando os dele. Liam não era do tipo que oferecia conforto facilmente. Não quando estava tão inquieto quanto ela.Ainda assim, pegou a xícara.O calor do líquido contra os dedos deveria ter sido reconfortante, mas a deixava ainda mais consciente do próprio corpo. Da tensão impregnada no quarto.Liam não saiu
Damon*A casa de Damon era maior do que Eve imaginava. Não luxuosa, mas organizada de um jeito quase meticuloso. A grande janela na sala deixava a luz entrar, mas mesmo assim, o lugar parecia sombrio.Ela parou no meio do cômodo, abraçando a si mesma.Damon fechou a porta atrás de si e a observou em silêncio. Então, sem dizer nada, fez um gesto com a cabeça.— Vem.Eve o seguiu pelo corredor estreito até um quarto pequeno. Não tinha nada de especial. Ela entrou hesitante, observando os detalhes mínimos, como se tentasse absorver o fato de que agora aquele era seu lar.— É tão... arrumado.— Não gosto de bagunça. — Sua voz era baixa, mas carregada de uma dureza contida.Eve desviou o olhar, enquanto ele colocava suas malas no chão.— Você pode dormir aqui. A cama é pequena, mas... vou tentar construir uma maior antes do filhote nascer.Ela assentiu lentamente, encarando-o.Damon passou a mão pelos cabelos e bufou.— Eu vou dormir na sala, não precisa fazer essa cara.Eve franziu o cenh
Collin*A floresta parecia infinita.Ela corria, os pulmões queimando a cada respiração, o coração trovejando no peito. O desespero impulsionava seus passos, mas o medo sussurrava que poderia não ser rápida o bastante.Se a encontrassem antes de sair dali, tudo estaria perdido.O céu começou a clarear. Pequenos raios de sol filtravam-se por entre as copas das árvores, mas antes que pudesse sentir algum alívio, um som cortou o silêncio da manhã.Um uivo. Alto. Estridente.O sangue de Collin gelou.Liam.Por um segundo, seu corpo paralisou. O som reverberou dentro dela, despertando algo que não queria encarar. Mas o tempo não era seu aliado-precisava continuar.Foi então que tropeçou.O chão desapareceu sob seus pés, e antes que pudesse reagir, sentiu-se mergulhando em algo frio e espesso. A lama a engoliu num baque pesado.Ela emergiu arfante, tossindo, o cheiro pútrido impregnando suas roupas e pele. Mas Collin não se deu ao luxo de reclamar. O perigo ainda a rondava.Com dificuldade,
Collin*Collin sentou-se na cama lentamente, o corpo ainda fraco. Sua cabeça pulsava, a visão embaçada.O homem se aproximou, hesitante.— Calma aí, você levou uma queda feia no riacho.Mas Collin já estava se levantando, mesmo que suas pernas tremessem sob seu peso.— Eu preciso sair. — Sua voz saiu rouca, mas determinada.O homem ergueu as mãos em um gesto pacificador.— Você vai desmaiar de novo se...— Eu preciso sair! — ela cortou, sua paciência se esvaindo, o sangue latejando.O desconhecido ficou imóvel por um momento, avaliando-a. Então, sem dizer mais nada, deu passagem.Collin caminhou até a porta e a abriu com força. A luz do sol atingiu seus olhos como navalhas, forçando-a a piscar várias vezes até que sua visão se ajustasse.E então, o cheiro familiar a atingiu.O cheiro de casa.Ela olhou ao redor. Algumas pessoas caminhavam pela vila, rostos conhecidos e desconhecidos se misturando. Mas todos tinham uma coisa em comum: o olhar confuso lançado a ela.Foi então que perceb
Collin*Ela ficou imóvel.O rosto da irmã estava ali, tão próximo, tão familiar... e ao mesmo tempo, tão distante. A última lembrança que tinha dela era um vulto parado ao lado dos pais, observando-a ser levada sem mover um único músculo.O olhar de Colen deslizou por ela, de cima a baixo.E então, ergueu uma sobrancelha.— Como ainda está viva?Collin riu, um som seco e sem humor.— Sorte, talvez.Colen deu um passo à frente, a expressão suavizando.— Ah, irmãzinha... Eu sinto muito. Tentamos ir atrás de você, mas...Estalo.O tapa ecoou pelo cômodo.A cabeça de Colen virou com o impacto, e um silêncio mortal caiu entre elas.A mãe sufocou um grito, levando as mãos à boca, os olhos arregalados em choque.Colen pressionou a palma contra a bochecha avermelhada, o olhar ferido se transformando em pura indignação.— Mas o que diabos...?!— Não venha com suas mentiras para mim, sua vadia.Os olhos de Colen se arregalaram, mas Collin não parou.— Eu me lembro. Me lembro de gritar. De implo
Liam*Ele andava de um lado para o outro no templo, os passos marcando um ritmo tenso contra o chão frio. Tentava rezar para a Deusa Lua, mas sua mente estava em outro lugar.Damon e Caius estavam atrasados.Já fazia mais de um dia.E nada.O peito de Liam subia e descia, os punhos cerrados. Seu lobo estava inquieto, rosnando dentro dele, e o nome de Collin pulsava em sua mente como uma maldição.Foi quando Eve entrou apressada.Liam virou-se num rompante, os olhos tomados por desespero.— Me diga que eles chegaram.A esperança em sua voz era quase dolorosa.Eve apenas balançou a cabeça.— Nenhum sinal.Liam sentiu um gosto amargo na boca.Ele deveria ter ido atrás dela.— Eu devia ter ido atrás dela. — A voz saiu mais para si mesmo do que para Eve.Ela se empertigou, cruzando os braços.— Liam, por que você simplesmente não a deixa ir?Ele se virou para ela tão rápido que Eve recuou um passo.— O quê?— Já parou pra pensar que essa pode não ser a vida dela? Que talvez essa...— Isso