Dois dias se passaram desde a cerimônia, e dois dias desde que Liam desaparecera sem deixar rastros. Seu sumiço pairava sobre a Montanha de Prata como uma sombra, deixando a alcatéia inquieta. Murmúrios percorriam os corredores, olhares preocupados eram trocados e perguntas sem resposta se acumulavam. Onde ele poderia estar?Collin tentava se manter ocupada, oferecendo ajuda onde pudesse. O que antes era desconfiança por parte das fêmeas da alcatéia agora parecia ter se transformado em aceitação. Elas passaram a vê-la com outros olhos, reconhecendo seu esforço e presença. Os sorrisos discretos e os gestos gentis aqueciam seu coração, mas não apagavam a preocupação latente.Foi então que, ao longe, avistou Damon retornando de mais uma patrulha. Seu porte era rígido, os olhos varriam o caminho à frente com cautela. Sem hesitar, Collin correu em sua direção.— Alguma novidade? — perguntou, ofegante.Damon suspirou pesadamente, balançando a cabeça.— Nada. Não senti cheiro de invasores, n
Liam não disse nada. Apenas seguiu em passos firmes para cabana, como se nada tivesse acontecido. Seu olhar frio e distante não deixava espaço para explicações, e a maneira como ignorava os olhares curiosos e preocupados só aumentava a tensão no ar.Atrás dele, os lupinos recém-chegados adentravam a aldeia. Suas presenças eram pesadas, cada movimento meticulosamente calculado. Eles pareciam inspecionar tudo ao redor, seus olhares penetrantes analisando cada detalhe do território que agora pisavam.Collin se virou para Damon, que observava os estranhos com uma expressão carregada de desconfiança.— Quem são eles? — sua voz saiu tensa.Damon permaneceu em silêncio por um instante antes de responder, ainda mantendo os olhos fixos nos recém-chegados.— Não tenho certeza.Foi tudo o que ele disse antes de seguir os desconhecidos.Collin então voltou sua atenção para Liam, que já havia sumido dentro da cabana. Sem hesitar, seguiu atrás dele. -----A porta rangeu lev
Assim que a reunião terminou, Collin e Damon não perderam tempo. Eles cortaram caminho entre os membros da alcatéia, avançando em direção a Liam, que ainda conversava com membros da alcatéia.O Alfa percebeu a aproximação antes mesmo de olhá-los. Seu corpo enrijeceu ligeiramente, como se já soubesse o motivo da aproximação. Sem dar tempo para discussões em público, ele foi para sala ao lado do palco. E logo adentraram. Assim que a porta se fechou atrás deles, Damon explodiu.— Você tem merda na cabeça?!Collin arregalou os olhos. Ela sabia que Damon e Liam eram próximos, praticamente irmãos, mas até que ponto essa amizade resistiria a um confronto tão direto?Liam não se moveu de imediato. Seus olhos escuros analisaram Damon por um momento antes de ele responder. Sua voz saiu baixa.— Damon, eu sei que somos como irmãos… — ele inclinou a cabeça levemente, seus olhos brilhando com um aviso silencioso — …mas não esqueça que eu ainda sou seu Alfa.O rosnado em sua voz fez a tensão no am
Damon*Eve já havia saído da banheira, e Damon a esperava na sala, sentado na poltrona de couro já desgastada pelo tempo. Ele tamborilava os dedos no braço da cadeira, tentando reunir paciência, mas sua mente ainda girava com a revelação.Grávida.Ele ainda não conseguia digerir essa palavra completamente.Quando ela finalmente apareceu no cômodo, Damon sentiu o estômago revirar.O vestido azul leve caía suavemente sobre seu corpo, mas parecia grande demais para sua silhueta agora esguia. Os cabelos cacheados ainda estavam úmidos, pingando algumas gotas de água pelo chão de madeira. Sua pele, outrora radiante, estava pálida.Ela estava se matando aos poucos, e isso o enfurecia.— Há quanto tempo? — Sua voz saiu baixa, mas carregada de uma força contida.Eve suspirou, desviando o olhar.— Não quero falar sobre isso, Damon.— Mas vai falar. — Seu tom tornou-se mais rígido, e Eve crispou os lábios, frustrada.— Jhon já sabia, não é? — ele insistiu.Ela bufou e se jogou na cadeira ao lado
Já fazia uma semana desde que os lupinos recém-chegados haviam se integrado à alcatéia. Embora alguns ainda os olhassem com desconfiança, Liam estava determinado a fazer tudo dar certo.Naquela tarde, o refeitório estava quase vazio. O aroma de carne assada pairava no ar enquanto Collin ajudava a organizar os pratos. Ela gostava da tranquilidade desse horário, mas seu sossego durou pouco.Caius Star entrou no salão, seu porte sempre impecável, os olhos varrendo o ambiente até pousarem sobre ela.Ela se enrijeceu. Sempre que ele estava por perto, uma estranha sensação a tomava. Algo entre um pressentimento e uma memória perdida.Sem cerimônia, ele se aproximou e sentou-se à mesa onde ela estava.— Fizemos uma grande ronda hoje. — sua voz era casual, mas havia um tom oculto por trás.Collin permaneceu em silêncio, concentrando-se em ajeitar os talheres.— Graças aos deuses, não encontramos nada. — Ele sorriu de canto, esperando uma reação.Ela apenas assentiu com a cabeça.— Ora, não va
A manhã amanhecera fria e cinzenta em Montanha de Prata. A chuva descia em cortinas finas, encharcando o vilarejo e abafando os sons habituais. O sol mal havia nascido, e todos ainda estavam em suas casas, aquecidos pelo fogo.Collin continuava deitada, observando as gotas deslizando pela janela. Por um instante, lembrou-se de sua casa. Da família que nunca a quisera de verdade. Fazia tanto tempo… Parecia que fora arrancada deles há anos, mesmo que soubesse que nunca realmente pertencera àquele lar.Ela bufou, afundando o rosto nos travesseiros, tentando afastar a melancolia. Mas então, a porta se abriu de repente.— Venha comigo.A voz firme a fez erguer a cabeça. Liam estava ali, parado no batente, os cabelos pingando, os ombros úmidos da chuva. O olhar intenso, impaciente.— Liam, eu não quero sair… — murmurou, puxando o cobertor para si.Ele cruzou os braços, os músculos tensos sob a camisa molhada.— Tente ser menos cabeça dura só uma vez na vida, fêmea.Ela suspirou, derrotada,
Collin cambaleou ao se levantar, ainda sentindo o peso daquela transformação incompleta em seu corpo. A ardência em seus dentes e unhas era insuportável, como se sua pele quisesse rasgar para revelar algo novo.Liam se aproximou rapidamente, as mãos firmes segurando seus braços, impedindo-a de cair. Seu olhar estava tenso, o corpo rígido.— Faça isso parar… — implorou, a voz embargada.— Você está em uma transição incompleta.— Eu não quero isso, Liam! — gritou, o desespero transbordando. — Faz isso parar agora!Ele se posicionou diante dela, os olhos fixos nos seus.— Respire.— Liam, eu…— Me obedeça.Havia algo na forma como ele disse aquilo… A ordem, o tom baixo, quase um rosnado. Seu olhar penetrante a segurou no lugar, e, pela primeira vez, Collin sentiu que não tinha outra escolha a não ser fazer o que ele pedia.Fechou os olhos.Respirou fundo.E como um feitiço, o fogo dentro dela começou a ceder. A pressão que parecia rasgá-la por dentro diminuiu, as garras desapareceram, os
Collin* Collin e Liam trocaram um olhar afiado no instante em que Damon pronunciou as palavras. O choque foi instantâneo. Sem pensar, Collin se aproximou de Eve. — Você não está falando sério. Eve desviou o olhar. Mas foi Damon quem respondeu, firme: — Estou, sim. Liam deu um passo à frente, perplexo. — Damon, Eve perdeu o parceiro há duas semanas. — Ela não pode ficar sozinha. — Eu não preciso de você! — Eve explodiu, a voz cortante. Damon a encarou, os olhos duros. Eve cruzou os braços ao redor do próprio corpo, como se segurasse as palavras que queria dizer. Mas, no fim, sussurrou: — Mas o filhote precisa. O silêncio pesou. Collin franziu o cenho, tentando entender. — Você está se unindo a ele pelo bebê? Eve não respondeu. Mas não precisava. Estava tudo em seu rosto. Damon engoliu em seco e se voltou para Liam. — Conheço as leis do nosso povo. Sei as obrigações de um macho com uma fêmea. Sei que terei desafios, já que ela já teve um parceiro e está