A dor foi a primeira coisa que Collin sentiu ao recobrar a consciência. Sua cabeça latejava, a pancada fora brutal. O gosto de sangue em sua boca a fez engolir em seco.— O que faremos, então? — uma voz sibilou perto dela.— Já temos um plano.— Sim. Vamos acabar com ela.Collin estremeceu. O medo rasgou seu peito como uma lâmina afiada, e ela tentou se mover, apenas para perceber que estava amarrada – pés e mãos presas com firmeza.— Precisamos agir antes que o alfa perceba que ela sumiu.— Isso é óbvio.O som de passos se aproximando fez seu coração disparar. Fechou os olhos rapidamente, fingindo ainda estar desacordada.— A vadia ainda dorme.— Quero que ela esteja acordada para isso. Pegue o balde.— Tem certeza?Collin ouviu um movimento hesitante, seguido de um suspiro impaciente.— Já disse, pegue o balde.O silêncio se alongou por um momento antes de um dos passos se afastar. Era agora. Ela abriu os olhos devagar, fingindo estar despertando naquele instante. Três das mulheres
Collin e Colen nasceram na mesma tarde fria de inverno. As duas tinham cabelos vermelhos esvoaçantes e rostos belos, mas os olhos as diferenciavam. Colen herdara dois pares de olhos verdes reluzentes, enquanto Collin tinha um verde e outro amarelo, algo que sempre a fizera sentir-se... errada. Apesar disso, Collin amava a irmã, vendo nela uma heroína e protetora, mesmo que a recíproca nem sempre fosse verdadeira.A vida na aldeia montanhosa de Rovina era dura, mas para Collin parecia ainda mais cruel. Seus pais claramente preferiam Colen, enchendo-a de elogios e mimos, enquanto Collin recebia apenas trabalho e indiferença. "Ande mais rápido, Collin!", a mãe gritava, ignorando o fato de que a jovem carregava dois pesados baldes de maçãs enquanto Colen segurava apenas um quase vazio.À noite, Collin só jantava depois de regar a horta, e a comida já estava fria e sem gosto. Quando finalmente se deitava, exausta, o cheiro de suor impregnava seu travesseiro, pois não tinha energia sequer p
Collin não sabia quando havia dormido ou desmaiado nos ombros do líder, apenas despertou com um sobressalto horas depois, seu corpo frio e dolorido. A floresta ao seu redor era silenciosa, exceto pelo crepitar de uma fogueira próxima. Um casaco pesado cobria seus ombros, mas a sensação de desconforto permanecia. Tentando manter a calma, ela ergueu a cabeça devagar, observando os homens ao redor. Alguns dormiam, outros permaneciam em vigília perto do fogo. Seus olhos procuraram instintivamente pelo líder, mas ele estava ausente.Seu coração martelava. Se eu conseguir fugir agora, posso escapar desse pesadelo.— Está com fome? — uma voz masculina quebrou o silêncio.Collin congelou, não ousando responder.— Eu sei que está acordada — insistiu a voz, um tom de diversão mesclado à firmeza.Relutante, ela abriu os olhos, encontrando o homem negro de cabelos grisalhos sentado próximo. Ele segurava um prato com um pedaço de carne assada.— Sou Damon Stons — apresentou-se. — Você deveria come
Quando chegaram ao acampamento, o alfa convocou os demais para informar que passariam a noite ali. Precisavam descansar antes de retomar a viagem pela amanhã. Collin estava sentada sob uma árvore, próxima a fogueira, mas ainda afastada dos outros. Ela tentava manter-se invisível, mas logo notou a aproximação do alfa. Ele caminhava com passos decididos, os olhos fixos nela. Quando parou á sua frente, agachou-se sem esforço e lhe estendeu um prato de comida. — Damon disse que você não comeu. — não quero nada. — ela virou o rosto irritada e frustada. O movimento dele foi imediato. A mão grande segurou seu queixo, obrigadando-a encará-lo. — eu não pedi para que você comesse. Eu ordenei. — eu não sou sua escrava para receber ordens! — não, você não é minha escrava. — a voz dele era fria, cortante. Os olhos verdes brilhavam intensos, carregados de algo que a fez engolir em seco. — mas você é minha. E fará o que eu mandar. Collin tentou se mover, ele a manteve presa sob seu olhar. —
Collin, sem fôlego, colocou a mão trêmula sobre o ferimento em sua perna. O alfa se aproximou rapidamente, a pegou nos braços e começou a caminhar de volta em direção ao acampamento. A dor em sua perna era intensa, queimando e ardendo como fogo.— Está ardendo muito... — ela sussurrou, a voz tremida. Ele apenas franziu a testa e apertou o maxilar, seu olhar fixo no horizonte, como se a dor dela fosse um peso insuportável.— Eu vou morrer? — A pergunta saiu com um tom de desespero, mas Collin não sabia exatamente o que temia mais: a dor ou o fato de que o que estava acontecendo com ela era algo desconhecido. Na sua aldeia, os lupinos eram meros rumores, algo distante, e as histórias sobre os vampiros eram evitadas, escondidas em sussurros. Ela sabia o suficiente para entender que, se estivesse sendo atacada por uma dessas criaturas, o tempo dela estava se esgotando. Mas ele não respondeu, e isso a fez sentir um nó apertado no peito. Aquilo não era bom. Nada disso era bom.Após algum te
Collin tremia. Calafrios sacudiam seu corpo enquanto pesadelos e alucinações horríveis tomavam conta de sua mente. Cada parte dela doía, e até respirar parecia um esforço insuportável. De repente, seus olhos se abriram. Tudo ao redor era escuridão, embaçado e opressivo. Tossiu, sentindo o gosto metálico de sangue. — não... Não... Não. — susssurrou para si mesma. Collin não sabia o que era real. Queria apenas voltar para casa, para perto de sua irmã. Apesar de tudo. — apesar da traição —, desejava estar em casa. Uma luz fraca interrompeu a escuridão. Era uma tocha. Seu olhar se ajustou e percebeu estar em uma caverna cercada de ossos. O cheiro pútrido quase a fez vomitar. — ela acordou. — uma voz baixa ecuou ao longe. — tem certeza? — claro que sim! — a outra voz respondeu irritada. Tudo voltou á sua mente num golpe cruel. Ela havia sido sequestrada por vampiros. Sua perna latejou, como se queimasse por dentro. Desesperada, tentou tocar o ferimento, mas a dor era insuportável. —
Collin adormeceu no quarto contra a própria vontade. Sua mente ia e vinha, sempre voltando às palavras de Liam. Cada frase parecia martelar uma verdade inescapável: ela não tinha escolha. Ele a queria ali, e nada poderia mudar isso. Seu sono foi perturbado por pesadelos e memórias de casa, e ela acordou sobressaltada ao ouvir algo cair no chão.Sentando-se na cama, avistou uma jovem no canto do quarto. Alta, magra, com pele negra, olhos verdes e cabelos trançados, ela segurava o que pareciam ser roupas.— Não queria te acordar — disse a garota, aproximando-se com passos leves.Collin ficou em silêncio, observando-a.— Sou Eve. Eve Diar. — A jovem pousou as roupas na cama, lançando um olhar expectante. — Geralmente, as pessoas respondem com seus nomes em seguida.Collin tentou sorrir, mas falhou.— Sou Collin Alastar.Eve arqueou uma sobrancelha.— Collin? Damon disse que era Colen.Collin engoliu em seco.— Eu poderia explicar, mas... você não acreditaria.— Por que não tenta? — O olh
Tudo ficou escuro quando as mãos de Liam cobriram os olhos de Collin. Ela ofegou, sentindo o peso do corpo dele pressionando o seu contra a parede fria. O calor que emanava de Liam era sufocante, e a proximidade a fazia estremecer de raiva e desconforto. — eu disse que você não podia ver este lugar! Por que tirou a venda? — a voz dele era firme, carregada de autoridade. — me larga! — gritou debatendo-se, mas foi inútil. As mãos dele eram como algemas, segurando-a com uma força implacável. — controle-se, fêmea! — não me chame assim! — esbravejou, a voz cortando o silêncio pesado. — me solta, seu... — Collin mal conseguiu terminar a frase antes de sentir os braços dele ao redor do seu corpo, levantando-a com facilidade. Ele a carregou até um cômodo pequeno e escuro, onde não havia nada além de uma janela estreita no alto da parede. A sensação de vulnerabilidade era sufocante. — me põe no chão! — ela bateu no peito dele com força, mas Liam sequer vacilou. — quando parar de agir c