O alfa e seu contrato Luna
O alfa e seu contrato Luna
Por: Evelyn M.M
Capítulo 1
Lauren

Eu ouvi a porta se abrir e, pelo aroma claramente cítrico, percebi que era Darren. Nem me dei ao trabalho de me levantar para recebê-lo quando chegou em casa. De que adiantaria? Eu sabia muito bem que ele não iria gostar, nem gostaria que eu fizesse isso.

Me surpreendi por ele ter voltado para casa. Eu raramente o via hoje em dia e, quando o via, ou me ignorava, evitava ou brigava comigo. Às vezes, ele ficava fora por dias, a ponto de eu esquecer que tinha um marido. A dor constante no meu coração era o que me lembrava sempre de que eu tinha um parceiro. Um parceiro que não me queria mais.

Seus passos se aproximam da sala de jantar. Sento-me à mesa de jantar com uma xícara nas mãos. Não levanto a cabeça quando seus passos chegam perto. Continuo sem olhar para cima mesmo ele estando quase do meu lado. Ele joga uns documentos na minha frente e é aí que eu levanto a cabeça.

"O que é isso?" Pergunto desconfiada, meus olhos encontrando seus olhos negros.

Assim como em todas as outras vezes em que nos vimos, seus olhos estão frios e seu rosto inexpressivo. É difícil acreditar que esse é o mesmo homem que me enchia de amor e carinho há apenas alguns meses. Será que foi tudo mentira? Será que ele estava fingindo o tempo todo, esperando que Miranda voltasse?

"Só assine, são os papéis do divórcio. Como eu nunca marquei você, foi fácil fazer com que os anciãos concordassem e aprovassem nossa separação", ele lançou um olhar fulminante, parecia que o simples fato de falar comigo estava estragando seu dia.

Quem poderia imaginar que o fato dele não ter me marcado seria usado contra mim? Essa era a única coisa sobre a qual conversávamos. Ele sempre dava desculpas e deixava para depois. Sua recusa em me marcar deveria ter sido um sinal de alerta. Mas eu continuava inventando desculpas para ele, achando que ele faria isso assim que estivesse pronto.

Olhei surpresa para ele. Nunca pensei que ele chegaria a esse ponto. Estávamos juntos há dez anos, dez bons anos. Tínhamos construído uma boa vida juntos e agora ele queria deixar tudo para trás apenas alguns meses após a volta dela às nossas vidas?

"Você não pode estar falando sério, Darren", respondo com tristeza. Minha voz quase não passa de um sussurro.

Minhas lágrimas ameaçavam cair, mas eu não iria deixar que elas caíssem. Já chorei o suficiente nos últimos meses. Será que ele não conseguia ver a dor em meus olhos? Será que ele era tão ignorante sobre como estava me destruindo? Eu fiquei ao seu lado quando ela foi embora. Eu ajudei-o a se reerguer depois que ela o devastou. Eu sempre estive ao seu lado. Como ele poderia abandonar tudo o que tínhamos por uma vagabunda traidora?

"Estou, agora assine a porcaria dos papéis", ele disse, batendo com o punho na mesa, quase partindo-a ao meio.

Seu rosto está cheio de raiva. Eu me assustei e dei um pulo e, como ele estava perto, bati em seu corpo. Tão perto dele, consigo sentir o perfume dela. Vejo a mancha de batom em seu pescoço. Ele deve ter vindo da casa dela.

Fiquei com nojo dele. Por ele chegar em nossa casa, que transformamos em nosso lar, com o cheiro de outra mulher. Por ele ter ignorado descaradamente suas promessas e ter me traído abertamente com a mesma mulher que o abandonou há dez anos.

A dor que atravessa meu coração quando os imagino juntos é dilacerante. A imagem dele fazendo amor com ela, tocando nela como costumava me tocar, se recusa a sair da minha mente. Em vez disso, ela rasga meu coração já destroçado.

Eu me afasto dele e o encaro corajosamente. "Eu não vou assiná-los!"

"Como é?"

Seus olhos se tornam assustadoramente escuros e ondas de raiva emanam dele. Eu fiquei toda arrepiada e reconsidero o que acabei de falar, mas decidi continuar firme. Não podia deixar que ele destruísse a gente. Eu era forte o suficiente para lutar por nossa história.

"Eu disse que não vou assinar coisa alguma!" Murmurei, encarando-o fixamente.

Meu coração pode estar partido, mas não vou desistir dele, nem da nossa união. A Miranda não iria voltar e estragar tudo o que construí. Eu me recuso a deixar aquela vadia vencer.

"Você vai fazer o que eu mandar, ou juro pela deusa da lua que acabo contigo", ele rosna.

"Faça isso então, Darren... não há nada pior do que você já fez".

Eu fico encarando seu belo rosto, torcendo para que ele se lembre do nosso amor. Torcendo para que perceba os artifícios e as mentiras dela. E para que veja os estragos que ele estava provocando em minha alma. Mas ele não consegue se importar mais comigo, e receio que talvez seja tarde demais.

"Oh, querida, você está errada... Você não tem ideia do que eu posso fazer contigo", ele sorri cruelmente e me seguro para não tremer diante de sua frieza.

Ele se vira e sai pisando com força da cozinha. Alguns instantes depois, eu o ouço subindo as escadas e me debruço sobre a mesa. Nesse momento, permito que as lágrimas que eu estava segurando caiam sem parar.

Onde foi que eu errei? Será que fiz algo que irritou a deusa da lua e ela agora estava me punindo? Eu simplesmente não conseguia entender.

Há alguns meses, eu estava feliz, satisfeita com minha vida. Tinha uma família maravilhosa, ótimos amigos e meu negócio estava prosperando. Eu até pensava em engravidar. Mas, num piscar de olhos, tudo desmoronou.

Miranda retornou às nossas vidas como um furacão, deixando um rastro de destruição. Ela começou indo à empresa dele. Quando fiquei sabendo, eu o confrontei e ele me garantiu que não estava acontecendo nada. Que eles só saíram para almoçar e colocar a conversa em dia, que eu não deveria me preocupar porque ela definitivamente era coisa do passado.

Eu deveria ter me preocupado. Porque aqui estamos, meses depois, com ele pedindo a separação. Meu maior medo havia se tornado realidade. Ele estava me trocando por ela e eu não sabia o que fazer.

Enxugo as lágrimas desesperadamente, com raiva de mim mesma por ser fraca. Eu não posso me render à fraqueza porque, se eu me deixar abalar, perderei tudo o que me importa.

Ando para o meu quarto cambaleando. Darren me expulsou de nosso quarto quando começou a sair com Miranda. Ao entrar no quarto, tento dormir, mas não consigo. Minha mente se recusa a se desligar. Ela não me deixa encontrar paz em seu abismo escuro.

Eram cerca de nove horas, então eu sabia que ela estaria dormindo. Saí do meu quarto e subi as escadas na ponta dos pés até o quarto dela. Eu conhecia seu quarto como a palma da minha mão e fui silenciosamente até sua cama.

Eu me sento na caminha de Krystal e passo o dedo no seu cabelo macio. Sinto seu cheirinho, o que me acalma um pouco. Eu estava perdida demais para perceber que ela não estava dormindo completamente. O abajur de cabeceira se acendeu de repente e, quando ela viu que era eu, gritou.

"Saia do meu quarto! Saia", ela gritou.

"Papai!", ela grita a plenos pulmões, como se eu fosse matá-la.

Darren chegou em poucos segundos. Ele acendeu as luzes para ver o que estava acontecendo, seus olhos logo se fixaram em mim. Seu olhar de preocupação se transforma em um olhar assassino e ele vem em minha direção. Krystal corre até o pai e o abraça com força.

"Papai, ela me assustou. Eu não quero ela aqui, mande ela ir embora", ela reclamou, segurando na calça do pijama dele. Seu corpo inteiro tremia, como se ela tivesse acabado de ver um monstro e não sua mãe.

Fico ainda mais triste por minha própria filha não me chamar mais de mamãe. Hoje em dia, ela se dirige a mim apenas como "ela". Como se eu não passasse de uma serviçal.

Os olhos de Darren se acalmaram quando ele olhou para nossa filha. "Vá para o meu quarto, princesa. Já já eu vou para lá e então podemos ir embora".

Hoje em dia, isso era a única coisa que tínhamos em comum. O amor por nossa filha. Uma filha que parecia a mistura perfeita minha e de Darren. Ela tem cabelos castanhos avermelhados. O vermelho vem de mim, já que sou ruiva. O castanho vem dele. Ela também tem os olhos negros iguais ao dele.

"Vamos para a casa da mamãe Miranda? Eu adoro ficar com ela", diz ela, com a voz cheia de alegria. Sua alegria em querer ver Miranda destrói ainda mais meu coração.

É assim que ela chama Miranda. Ela parou de se referir a mim como mãe dela há meses. Ela não fala comigo e nem me deixa chegar perto dela desde então. Minha própria filha prefere outra mulher a mim. Assim como Darren, Krystal agora me odeia e prefere não se misturar comigo.

"Sim, agora vá para que eu possa terminar aqui", Darren responde gentilmente.

Krystal olha para o pai, sorrindo, depois me lança um olhar de desprezo antes de sair do quarto.

"O que você está fazendo aqui?", ele pergunta, o olhar gentil que ele tinha há alguns momentos atrás se tornou mortífero.

Eu me levanto e suspiro antes de responder. "Ela também é minha filha, Darren, e eu queria estar perto dela".

Agora eu não podia nem chegar perto de Krystal sem que ela gritasse comigo ou pedisse para que eu fosse embora. Ela havia mudado completamente quando Darren a apresentou à sua amante. Todo o afeto que ela tinha por mim foi passado à ela.

Deusa, eu odiava aquela vadia mentirosa.

"Ela não quer você por perto. Enfie isso em sua cabeça!" Seu insulto me magoou, mas era da minha filha que ele estava falando.

"Isso aconteceu porque você deixou aquela vagabunda fazer uma lavagem cerebral nela. Se você acha que eu vou deixar aquela vadia idiota criar minha filha, você está extremamente enganado". Respondi com desdém.

Não tive tempo de perceber seu punho se movendo. Eu estava de pé, olhando para ele e, quando percebi, estava caída no chão. Eu estava tonta e meus ouvidos zumbiam por causa do impacto.

"Espero que essa tenha sido a última vez que você tenha falado assim da mulher que eu amo", ele rosnou, com a voz cheia de raiva. Ele me olhou com nojo antes de cuspir em mim. Depois saiu do quarto sem nem olhar para trás e, pouco tempo depois, eu os ouvi saindo.

Não consigo acreditar que isso esteja acontecendo. Fiquei sentada no chão, enquanto lágrimas escorriam pelo meu rosto. Minha bochecha esquerda estava ardendo e eu sabia que ia ficar roxa.

Como ele pôde? Ele me segurava com aquelas mãos, enxugava minhas lágrimas com elas e me acariciava. Então, como ele pôde me bater? E tudo por causa dela.
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