Capítulo 4
Passou um ano desde que fugi da minha dor. Eu pensei que minha ferida fosse cicatrizar, mas eu estava errada. Eu não estava melhor. Tampouco consegui pôr um fim nessa história. Ao invés disso, algo mais sombrio cresceu dentro de mim.

Enquanto o motorista do Uber dirige pelas ruas de sempre, me lembro do porque saí deste país abandonado. Me lembro da dor e humilhação que sofri há um ano. Da traição de Darren.

“Eu odeio esta cidade", Blue murmura com nojo. Ecoando meus pensamentos.

Dentro de minutos estamos no hospital. Pago o motorista e saio. Fico parada por um tempo. Olhando para aquele prédio imponente, me acalmando.

O hospital é apenas para lobisomens. Fica em uma área isolada. Tínhamos funcionários lobisomens no governo que nos ajudavam a acobertar esse detalhe.

Para ser honesta, eu achava que nunca mais voltaria aqui. Mas meu afilhado foi diagnosticado com um tumor. Claire me ligou chorando, assustada e histérica.

Eu faria qualquer coisa por eles. Então, quando me pediram para vir, eu vim. Deixei tudo para estar com eles.

Ao entrar no hospital, encontro os elevadores e entro. Claire me passou o andar e o número do quarto. Como este era o mesmo hospital onde Krystal nasceu, eu sabia para onde ir.

Minutos depois, estou entrando no quarto de Mason.

Ele está na cama assistindo desenhos. Embora estivesse para fazer uma cirurgia em breve. Ele estava calmo. Até rindo. Claire, por outro lado, parecia cansada e abatida. Gerenciar nossa filial aqui enquanto cuidava de um filho doente estava acabando com ela. Este foi outro motivo pelo qual eu vim para cuidar da empresa enquanto ela cuidava de Mason.

"Tia Renny, você veio!" Seu grito animado me traz de volta ao mundo real.

Claire rapidamente abre os olhos. Consigo perceber a felicidade e o alívio em seus olhos.

"Oi, querido" eu respondo. Beijando sua testa.

Me viro para Claire e abro os braços. Ela quase cai neles. Afundando em alívio.

"Oi, Claire"

Ela soluça. "Ah, graças a Deus, Renny, você não tem ideia de quanto senti sua falta. Falar com você no telefone não é a mesma coisa que ter você aqui comigo."

"Estou aqui agora e ficarei pelo tempo que precisar". Eu sussurro suavemente, passando as mãos em suas costas para confortá-la.

Ela me solta e enxuga suas lágrimas. Ela me encara. Como se me inspecionasse. Me analisando.

"Há algo diferente em você, só não sei o que é ainda". Eu apenas sorrio. Ela não faz ideia de como eu havia mudado. Volto minha atenção para Mason enquanto nos sentamos.

"Como está meu afilhado favorito?" Eu pergunto.

"Tia" ele diz com a voz arrastada. "Eu sou o seu único afilhado". Eu dou uma risadinha. Ele estava certo.

"Eu senti muitas saudades suas. Estou feliz que você esteja aqui." O sorriso em seu rosto aquece meu coração.

Eu tento evitar não pensar na Krystal. A dor que acompanha esses pensamentos é algo que tento não sentir.

"Bem, estou aqui e trouxe muitos presentes para você".

"Sério? Que legal. Tenho sido um bom menino. O médico diz que sou um filhote muito corajoso e que, quando estiver completamente curado, vou ganhar um sorvete. Eu escolho o sabor".

A calma e alegria em sua voz são contagiantes. Por um momento, esqueço que meu coração está congelado. Eu me acalmo, conversando com ele.

Mason tem dez anos, mas sua perspectiva sobre a vida é diferente. Ele me atualizou sobre tudo o que eu perdi. Especialmente sobre seu novo melhor amigo chamado Jax, que vem visitá-lo todos os dias.

Com isso, eu olho de forma duvidosa para Claire. Ela balança a cabeça confirmando que é o filho de Miranda. Então, conversamos mais um pouco.

Passei cerca de três horas com eles quando decidi terminar minha visita. Eu tinha que ir para o escritório para colocar o trabalho em dia.

Estava saindo do quarto quando me deparei com Darren. Ele era a última pessoa que eu queria ver.

"Lauren?" Ele pergunta inseguro. Como se estivesse vendo um fantasma ou algo assim.

Eu não respondo. Apenas lhe olho com raiva. Não tínhamos nada para conversar mesmo.

Estava prestes a passar por ele quando alguém esbarra em mim. Braços pequenos envolvem minha cintura. Olho para baixo e vejo a cabeça de Krystal.

Merda! Eu não estava pronta para isso. Ela é minha filha, eu a amo, mas não estava pronta para isso. Eu ainda estava em um lugar sombrio. E minha mente não conseguia conciliar a dor e o amor enterrados no fundo do meu coração.

Queria tanto poder abraçá-la. Droga, eu queria, mas não conseguia me mexer. Eu ainda tinha medo da rejeição dela. Medo de que ela se afastasse, medo de que ela ainda me odiasse.

Suas palavras ainda ecoavam em meus ouvidos. Eu não conseguia deixar de ouvir sua voz carregada de ódio. Sua voz quando me chamou de vários nomes desagradáveis. Ou quando ela disse que ia rezar para a deusa me punir e me enviar para o inferno.

Eu me afasto e saio sem dizer uma palavra. Me sinto um monstro saindo de perto da minha filha assim, mas eu não conseguia superar aquelas lembranças. Eu não conseguia superar a escuridão que estava em mim.

Com pressa para sair de perto deles, esbarro em outra pessoa.

"Me des...". Vou pedir desculpas, mas congelo.

Miranda está na minha frente. Linda como sempre. Como se não tivesse destruído minha vida há um ano.

"Lauren? Oh meu Deus, é você... Quanto tempo, como você está?"

Eu a encaro como se ela fosse maluca. Essa vadia estava falando sério?

"Tem algo errado com você?" Eu pergunto completamente confusa.

Ela responde confusa. "Não, por quê?"

"Parece que você está acha que somos amigas. Deixe-me lembrar que não somos e nunca seremos. Você tirou tudo de mim e estou de volta para retribuir o favor. O karma é uma vadia ingrata. Eu vou ser seu inferno pessoal. Eu vou te destruir, Miranda, até que não reste nada de você. Quando eu terminar, você vai desejar estar morta." Eu ameaço, com a voz fria e ameaçadora.

Com isso, eu esbarro em seus ombros, deixando-a em choque e tremendo.

Pego um táxi e vou direto para minha empresa. Em meia hora eu estou lá. A Ruby's conseguiu se recuperar depois que eu saí. Conseguimos abrir outra filial na ilha para onde eu havia ido.

Estava prestes a entrar no prédio quando dois seguranças me pararam.

"Que diabos vocês estão fazendo?" Eu pergunto, cerrando os dentes.

Eu estava de mau humor depois de ver Darren e Miranda.

"O que parece que estamos fazendo?" Um deles retruca.

Que tipo de pessoas Claire contratou enquanto eu estava fora?

"Você sabe quem eu sou, porra?"

"A presidente? Espera, talvez você seja a primeira-dama". O outro zomba.

Eu estava começando a ficar irritada e Blue também. Eles eram humanos então não podíamos machucá-los.

"Eu sou a CEO desta empresa". Eu rosno. Minhas unhas cavando minhas palmas de raiva.

Eu queria dar um tapa neles. Ensinar-lhes uma lição.

"Vestida assim? Eu acho que não". O de cabelo preto zombou.

Eu admito que não estava bem vestida. Eu estava com jeans gastos, uma blusa amassada e óculos escuros. Eu tinha vindo em um voo sem escalas então não estava com uma aparência muito boa.

"Eu aposto que você é uma vadia, provavelmente transou com um dos chefões que te abandonaram, então você está aqui para fazer alguma cena". O outro resmungou com nojo.

Eu os olhei incrédula.

Estávamos começando a chamar atenção. Eu não queria lidar com esses idiotas, então, tento passar por eles.

O alto me agarra firme e começa a me arrastar. Foi aí que perdi o controle.

"Tire suas malditas mãos imundas de mim", eu grito, usando minha outra mão, o acerto com força.

O golpe ecoa no saguão. Ele fica irritado e ele está prestes a se lançar sobre mim quando uma voz o impede.

"Que diabos está acontecendo aqui?" Micah, nosso gerente geral, grita.

"Essa vadia aqui está causando problemas", um deles responde.

Micah me olha e arregala os olhos.

"É esse tipo de gente que você contrata hoje em dia, Micah? Idiotas sem educação com mulheres e que colocam as mãos nelas?" Minha voz está fria.

"Oh Deus, me perdoe, Lauren, estou muito arrependido... peço desculpas em nome deles, isso não vai acontecer de novo". Ele gagueja nervosamente.

Vejo a cor sumir dos rostos dos seguranças quando meu nome soa em suas mentes.

"Oh, definitivamente não vai acontecer de novo porque eles estão demitidos. Tire esses desgraçados da minha empresa".

Eu passo por eles. Eles me imploram para dar-lhes outra chance. Eu os ignoro.

"O que vocês estão esperando? Voltem ao trabalho ou o mesmo vai acontecer com vocês, eu grito, fazendo com que todos voltem para seus trabalhos.

Eu estava cansada de ser legal, cansada de ser boazinha. Na verdade, eu ia ser muito má. Eu ia ser a vilã que eles me acusaram de ser.

O inferno não tem a maldade que uma mulher desprezada tem. Darren e Miranda iriam pagar. Eu ia lançar o inferno sobre todos aqueles que me fizeram mal. E eu iria ficar olhando enquanto eles ardem.
Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo