Capítulo 5
Minha nova secretária entra no meu escritório com uma pilha de papéis. Um jornal e uma revista estão no topo da pilha. Então ela sai quietamente depois de entregar meu café.

Só trabalhei com ela por alguns dias. Mas, de verdade, ela é ótima. Ela é muito eficiente, pontual e não gosta de fofocar. O que me agrada muito.

Pego a revista para me distrair um pouco. Eu estive trancada no escritório, tentando colocar o trabalho em dia. Eu só saio para tomar banho e trocar de roupa. Também para visitar Mason.

A primeira página da revista é sobre mim. Não sei se devo ficar com raiva ou feliz. Feliz porque estão espalhando a mensagem, que eu não sou mais capacho de ninguém.

‘Lauren Smith está de volta e está mais fria do que a Antártica’, diz.

Abaixo das manchetes, há uma foto minha batendo no segurança. Então continua falando sobre o que aconteceu naquele dia.

Alguém provavelmente vendeu a história e a imagem. Essa pessoa seria demitida imediatamente, assim que eu descobrisse quem caralho fez isso.

“Eles não fazem ideia de quão frio nosso coração se tornou”, Blue diz.

Eu rio disso porque era a realidade. Nosso coração estava quase congelado. Provavelmente congelaria qualquer pessoa que tentasse se aproximar.

Mas não é isso que acontece quando você é pressionada? Ou você fica despedaçada ou se reergue. Eu não queria continuar daquele jeito. Eu não queria continuar morrendo lentamente de dor e desilusão. Eu não gostava da mulher que eu havia me tornado.

Então eu congelei meu coração. Congelando a dor e a mágoa no fundo, onde eu não precisava mais me importar.

A dor muda uma pessoa, e me mudou. Eu era uma tola ingênua. Abri meu coração para pessoas que não o mereciam. Dei o meu melhor.

No final, fui usada e depois descartada. Pessoas que se voltaram contra mim e acabaram comigo. Eu não permitiria que isso acontecesse novamente. Então tive que matar a velha eu.

“Preciso dar uma corrida”, Blue suspira, com nostalgia em sua voz.

“Eu sei, já vou dar um jeito nisso”.

Dado que eu era uma loba solitária e sem alcateia, era difícil correr livremente. A maioria das terras são territórios de alguém. As que não são, são de propriedade de humanos. Humanos que gostam de caçar.

Eu estava pensando em comprar uma casa. Uma com um quintal bem grande para nós corrermos e que também fosse isolada. Onde eu não precisasse me preocupar com os vizinhos vendo uma loba vagando.

Alguém bate em minha porta. Eu digo para a pessoa entrar. No momento em que ela entra, desejo sua morte imediata.

“O que você quer?” Pergunto irritada.

Darren está no meu escritório, inquieto.

Ele responde calmamente. “Vim ver como você está”.

Eu o encarei incrédula. Por que ele e Miranda acham que somos amigos?

“E por que diabos você faria isso?”

“Podemos ter nos separado, mas ainda me preocupo com você. Eu adoraria que continuássemos amigos”.

Dessa vez eu rio. Quase gargalhando. Enquanto Blue ri na minha cabeça.

Ele parece tão estranhamente confuso. Como se não conseguisse entender por que eu estava rindo.

“Você era meu amigo quando me chamou de vadia?” Rosno para ele.

Ele vai dizer algo, mas eu o interrompo. Minha voz estava ficando fria. “Você se preocupou comigo quando me expulsou da festa da minha filha? Ou quando suas garras estavam entrando no meu pescoço? Ou quando me traiu?”

Ele não me responde, apenas me olha como se não conseguisse encontrar as palavras certas. Como se não conseguisse entender onde está a mulher que ele conhecia.

Algo passa em seus olhos. Muito rápido para eu entender. Não importa o que seja.

“Apenas saia”, eu digo depois de um momento.

Eu não tinha mais nada para falar com ele. Estava farta desse cara.

“Lauren….”, ele tenta falar, mas eu o interrompi novamente.

“Saia daqui, Darren. Você me disse para sair da sua vida e eu fiz isso. Agora exijo a mesma coisa. Não somos mais nada um para o outro e assim permanecerá. Agora saia antes que eu chame a polícia para você”, eu grito. Minhas garras entravam nas minhas palmas.

Isso é o que faço quando me sinto tão irritada. Fico fora de controle. Como se no próximo minuto eu pudesse matar alguém. A dor me domina. Me controlo para não fazer nenhuma maluquice.

Eu sei o que estava acontecendo comigo. Era tão óbvio. A raiva que eu sentia constantemente e estar fora de controle. Era desejo por sangue. Como estou sempre a um segundo de explodir.

Esses eram alguns sinais de que eu iria me transformar. Foi a isso que tive que recorrer, me machucar para não perder a noção.

“O que aconteceu com você?” Ele pergunta, sua voz é suave e preocupada, como se simplesmente não conseguisse entender.

Que filho da puta.

Eu suspiro. “Você, você e Miranda...Agora vá embora, antes que eu faça algo do qual me arrependa”.

Ele me olha mais uma vez. “Isso não acabou”. Ele diz antes de sair.

Quando ele sai, eu afundo na minha cadeira. Encarando a parede em branco.

Não sei quanto tempo fiquei olhando, até que meu telefone toca, interrompendo meu transe.

“Sinceramente, não achei que você fosse capaz de ser assim”, uma voz profunda diz. Era tão rouca que me deixou toda arrepiada.

“Quem é?” Eu já sabia quem era. Mas decidi fingir que não sabia, para esconder meu choque.

“Você sabe quem é, Ruiva. Se fingir de sonsa não combina com você”.

Merda! Que vergonha.

“O que posso fazer por você, Sr. Ashford?” Finalmente pergunto.

Eu não tinha ideia do porque ele estava ligando. Mas estaria mentindo se dissesse que não estava curiosa. Havia algo nele que me atraía.

Ninguém sabe o que aconteceu entre ele e Miranda. Tudo o que sabemos é que ele foi quem pediu a separação.

“Me chame de Sebastian”, ele diz de forma autoritária, me fazendo revirar os olhos.

“O que posso fazer por você, Sebastian?”

“É mais sobre o que podemos fazer um pelo outro”. Ele declara, como se fosse óbvio.

Isso me deixa realmente intrigada. Blue também ficou curiosa. Morrendo de vontade de saber do que ele está falando. Honestamente, não conseguia ver o que poderíamos fazer um pelo outro.

Eu também duvidava se queria me envolver com alguém tão poderoso. As sensações que ele me fez sentir da última vez eram ao mesmo tempo intrigantes e aterrorizantes.

A curiosidade acabou ganhando.

“Prossiga”.

Justo quando eu pensei que ele ia me explicar, ele faz o inesperado. Algo que era tão alfa e tão irritante.

Ele diz com voz rouca. “Encontre-me no Rosevelt amanhã às duas. Tenho uma proposta para você”, antes de desligar.
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