CLARAOs dias seguintes foram uma mistura de ansiedade e silêncio. Eu segui o conselho de Henrique — evitava sair sozinha, evitava ficar em lugares públicos por muito tempo, mas o medo era constante. Eu sentia como se estivesse sempre sendo observada, sempre à beira de algo perigoso prestes a acontecer.Cada passo que eu dava parecia mais cauteloso, e cada mensagem que chegava ao meu celular me fazia pular. A mensagem ameaçadora que recebi ainda ecoava na minha cabeça, e, por mais que eu tentasse me manter calma, o medo era uma sombra que me acompanhava a todo momento.Ana percebeu a mudança em mim quase imediatamente. Embora eu tivesse tentado esconder a gravidade da situação, ela sempre conseguia ver além do que eu dizia.— Você está diferente, Clara. O que está acontecendo? — ela perguntou uma tarde, enquanto tomávamos café no meu apartamento, um dos poucos lugares em que eu ainda me sentia segura.Eu hesitei por um momento, mas sabia que não podia continuar escondendo aquilo dela.
CLARAA mensagem no meu celular parecia ecoar em cada canto da casa. “Estamos observando, Clara. E quando chegar a hora, ele não estará lá para te salvar.” Meu coração disparou, e uma sensação de pânico começou a crescer dentro de mim. Dessa vez, não era apenas uma ameaça vaga — era uma promessa. E, pela primeira vez, senti que o perigo estava muito mais perto do que eu havia imaginado.Meus pensamentos correram para Henrique. Ele me prometeu que resolveria tudo, que não deixaria nada acontecer comigo, mas, naquele momento, as palavras da mensagem pareciam mais fortes do que qualquer garantia que ele pudesse me dar. Quem eram essas pessoas? Como sabiam tanto sobre mim? E o mais importante: como estavam me vigiando sem que eu percebesse?Comecei a andar pela casa, meu olhar indo de um lado para o outro, tentando entender se realmente estava sendo observada. Cada janela parecia uma ameaça, cada som, um sinal de alerta. O pânico começou a se espalhar, e eu sabia que precisava sair dali.
CLARAO silêncio na casa de Ana estava sufocante. Eu não sabia quanto tempo tinha passado desde que falei com Henrique, mas parecia que o tempo estava estagnado, como se o mundo estivesse em pausa, esperando pelo próximo movimento. A cada segundo, minha ansiedade aumentava. A sensação de ser observada, de que algo estava prestes a acontecer, me deixava tensa, a ponto de qualquer pequeno som me fazer pular.Ana ficou ao meu lado o tempo todo, tentando me acalmar, mas até ela estava nervosa. A situação tinha saído do controle, e, por mais que quisesse acreditar que Henrique resolveria tudo, eu não conseguia ignorar o fato de que as coisas estavam ficando mais perigosas do que jamais estiveram.— Clara, eu realmente acho que você precisa ir à polícia — Ana disse, quebrando o silêncio.Eu olhei para ela, sabendo que ela estava certa, mas ainda hesitante.— Eu sei, Ana. Mas o problema é que, se eu fizer isso, posso desencadear uma reação que vai piorar tudo. Essas pessoas não são normais.
CLARAAssim que Henrique saiu pela porta, senti o medo me envolver como uma onda fria. Ele estava decidido a resolver a situação, mas, pela primeira vez, eu não conseguia confiar totalmente que ele sabia o que estava fazendo. A forma como ele saiu, com aquela determinação que beirava o desespero, me deixou com uma sensação ruim, como se algo maior estivesse prestes a acontecer.Ana ainda estava ao meu lado, visivelmente abalada com tudo o que havia acontecido.— O que você acha que ele vai fazer? — ela perguntou, a voz tremendo um pouco.Eu balancei a cabeça, incapaz de dar uma resposta concreta.— Não sei, Ana. Ele está tão determinado... mas acho que isso pode ser perigoso demais. Essas pessoas são imprevisíveis, e se ele for atrás delas, pode acabar piorando tudo — falei, sentindo o peso da incerteza se instalar em cada palavra.Ana suspirou, tentando se manter calma.— Ele parece determinado a proteger você, mas será que ele sabe até onde essas pessoas estão dispostas a ir? — Ela
CLARAO som dos pneus contra o asfalto parecia mais alto do que nunca, cada metro que nos aproximava daquele lugar trazia uma sensação crescente de que algo estava muito, muito errado. O silêncio entre Ana e eu no carro era pesado, carregado pela tensão de não saber o que encontraríamos. Eu tentava manter a mente focada, mas a verdade era que o medo estava me dominando, e, quanto mais perto chegávamos, mais minha imaginação corria solta, pintando cenários terríveis.Quando as luzes dos carros estacionados começaram a aparecer à frente, meu coração disparou. Eu sabia que estávamos no lugar certo, mas também sabia que isso significava que o perigo era real. Havia dois carros parados em uma rua deserta, cercados por um ar de tensão palpável, como se o próprio ar estivesse carregado de eletricidade. Henrique estava aqui, em algum lugar, e eu precisava encontrá-lo.— Clara, temos que ser cuidadosas — Ana sussurrou ao meu lado, sua voz tremendo levemente. Ela estava tão assustada quanto eu,
CLARAAs luzes azuis e vermelhas piscavam ao nosso redor, iluminando a cena de forma quase surreal. Mesmo com a polícia ali, o medo ainda estava presente. Meu corpo ainda tremia, e a adrenalina não me deixava relaxar. Henrique me segurava firme, como se não quisesse me soltar, como se me manter nos braços dele fosse a única coisa capaz de nos proteger daquilo tudo.Mas eu sabia que o perigo estava longe de acabar.Enquanto os policiais falavam com Henrique e tentavam entender o que tinha acontecido, minha mente corria, relembrando o olhar sombrio do homem que havia me ameaçado. Mesmo com a chegada da polícia, ele parecia impassível, quase como se soubesse que ainda teria outra chance. A ameaça em suas palavras — "Isso ainda não acabou" — ecoava na minha cabeça como um aviso sombrio de que algo pior estava por vir.Henrique tentava explicar a situação aos oficiais, mas era claro que estava cansado. As últimas semanas haviam nos pressionado ao limite, e, agora, parecia que estávamos cam
CLARAO silêncio da casa de Ana, que antes parecia um refúgio, agora me sufocava. Estávamos seguros, ou pelo menos era o que a presença da polícia lá fora tentava me fazer acreditar. Mas, no fundo, eu sabia que aquilo era apenas uma camada fina de proteção, frágil demais diante do tipo de pessoas com quem estávamos lidando. Essas pessoas não respeitavam limites, e, a essa altura, eu sabia que Henrique também estava ciente disso.Depois que a polícia saiu, deixando uma viatura de vigilância do lado de fora, Henrique e eu ficamos na sala, em silêncio. Ana já tinha ido dormir, exausta depois de tudo o que tinha acontecido. Mas eu não conseguia relaxar, muito menos dormir. Minha mente estava em constante alerta, como se esperasse que algo acontecesse a qualquer momento.— Você está bem? — Henrique quebrou o silêncio, sua voz baixa, carregada de preocupação.Eu olhei para ele, sentindo um peso no peito. Sabia que a pergunta dele ia além do simples “como você está?”. Henrique sabia que eu e
CLARAAs horas passaram lentas e sufocantes, como se o próprio tempo estivesse tentando me pressionar, empurrando-me cada vez mais para a borda de um precipício invisível. Henrique estava de pé ao meu lado, mais uma vez traçando um plano, tentando descobrir como proteger a nós dois, enquanto as ameaças ficavam cada vez mais próximas. A mensagem que eu tinha recebido ainda ecoava na minha cabeça: "Estamos mais perto do que você imagina."A sensação de ser observada era insuportável. Mesmo com a polícia lá fora, meu corpo permanecia em alerta, como se a qualquer segundo algo pudesse acontecer. Eu sabia que Henrique também estava sentindo o mesmo. Ele não disse uma palavra, mas a maneira como andava pelo quarto, os punhos fechados, os olhos atentos — tudo indicava que ele estava pronto para qualquer coisa.— Eles não vão parar até conseguirem o que querem — murmurei, mais para mim mesma do que para ele.Henrique se virou para mim, parando de andar. Ele parecia exausto, mas a determinação