CLARAEu mal conseguia pensar direito depois daquela conversa com Daniela. As palavras dela ainda ecoavam na minha cabeça, e, por mais que eu tentasse afastar a desconfiança, algo dentro de mim dizia que eu não podia simplesmente ignorar o que ela havia dito. Parte de mim queria acreditar que Mateus era quem eu pensava que ele era — alguém que estava ao meu lado, que respeitava meu tempo e minhas escolhas. Mas, e se ela estivesse certa? E se, assim como Henrique, ele estivesse escondendo algo de mim?Passei o resto da noite me perguntando se deveria confrontá-lo ou simplesmente fingir que nada havia acontecido. Eu não queria jogar acusações sem provas, mas também não conseguia tirar da cabeça as mensagens que Daniela me mostrou. Elas não mentiam. Havia algo mais por trás do comportamento tranquilo de Mateus, e, agora, eu precisava descobrir o que era.No dia seguinte, enquanto tentava seguir com minha rotina, minha mente estava longe. Eu evitava mandar mensagens para Mateus, com medo
CLARAVoltar para casa depois de ter deixado Mateus para trás não foi fácil. A dor de mais uma decepção estava ali, como um peso em meu peito, mas, dessa vez, não era tão insuportável quanto eu imaginava. Eu sabia que tinha feito a escolha certa. Eu tinha fechado uma porta que, no fundo, não deveria ter sido aberta.Ao entrar em casa, joguei as chaves no balcão e me joguei no sofá, sentindo a exaustão emocional tomar conta. Eu queria chorar, mas as lágrimas não vinham. Talvez porque eu já estivesse acostumada com essa sensação — a sensação de ser traída por alguém em quem confiei. Ou talvez porque, dessa vez, a dor não fosse tão avassaladora quanto as anteriores.Peguei o celular, pensando em mandar uma mensagem para Ana, mas logo desisti. Sabia que ela me diria as palavras de sempre: que eu fiz o certo, que era forte e que logo superaria tudo isso. E, embora fosse verdade, naquele momento eu precisava de algo diferente. Precisava de alguém que entendesse de verdade o que eu estava se
CLARANos dias que se seguiram após aquela conversa com Henrique, algo em mim começou a mudar. A sensação de alívio por finalmente ter encerrado meu relacionamento com Mateus foi tomando conta, e, aos poucos, a presença de Henrique foi se tornando mais constante na minha vida. Não era como antes — não havia pressa, nem grandes declarações. Apenas uma tranquilidade, uma paz que eu não esperava sentir ao lado dele.Henrique estava cumprindo sua promessa de respeitar meu tempo. Ele não me pressionava, e nossas conversas eram sempre honestas, sem aquela tensão que costumávamos sentir quando algo estava sendo escondido. Eu sabia que ele estava realmente tentando, e, por mais que meu coração ainda estivesse cauteloso, a ideia de dar uma nova chance a nós dois não parecia mais tão impossível.Numa tarde qualquer, enquanto tomávamos café em um pequeno bistrô que eu adorava, Henrique olhou para mim de um jeito que não me encarava há muito tempo — como se estivesse vendo algo novo, algo que ele
CLARAOs dias depois da confissão de Henrique foram intensos. Era como se eu estivesse tentando reorganizar meus sentimentos, colocando cada um no lugar certo, mas sempre havia aquela peça que não se encaixava. Eu sabia que ele estava sendo sincero, sabia que queria me mostrar que estava mudado, mas ainda havia uma sombra entre nós — o passado, suas escolhas, e, principalmente, a conexão com Lucas.Não era fácil lidar com isso. Lucas havia sido uma parte importante do meu passado, e o fato de Henrique ter se envolvido com ele em negócios questionáveis tornava tudo mais complicado. Mas, ao mesmo tempo, eu sabia que Henrique estava tentando ser honesto, e essa era uma das coisas que sempre pedi dele. Não era justo pedir sinceridade e depois me afastar quando ele finalmente estava me dando isso.Mesmo assim, algo me incomodava profundamente. Eu sentia que, apesar de sua honestidade, ainda havia algo que ele não estava me contando — algum detalhe sobre sua relação com Lucas que permanecia
CLARAA reconciliação com Henrique estava acontecendo aos poucos, com cada dia parecendo mais leve do que o anterior. Por mais que as feridas do passado ainda existissem, eu começava a acreditar que havia uma possibilidade real de construir algo novo e mais sólido com ele. Pela primeira vez em muito tempo, me sentia em paz.Mas, como sempre, a vida nunca é tão simples quanto parece.Numa manhã tranquila de sábado, enquanto eu tomava café na varanda, recebi uma ligação inesperada. O nome na tela fez meu coração pular de leve — Lucas. Fazia meses que eu não ouvia nada dele, desde que nossas vidas tomaram caminhos completamente separados. E, honestamente, eu esperava que fosse assim para sempre.Eu hesitei por um momento, pensando se deveria atender ou não. Sabia que Henrique estava sendo honesto comigo, mas qualquer menção de Lucas fazia com que algo dentro de mim se revirasse. Ele era uma lembrança de um tempo que eu queria esquecer, e ter qualquer tipo de contato com ele me deixava de
CLARAEu não conseguia tirar as palavras de Lucas da cabeça. O que ele havia me contado sobre o suposto acordo de Henrique mexia comigo mais do que eu queria admitir. A cada passo que eu dava de volta para casa, minha mente girava em busca de uma explicação. Por que Henrique não teria me contado isso? Depois de tudo o que passamos, ele sabia que a única forma de fazer as coisas funcionarem seria com total honestidade.Eu confiava no que Henrique havia dito até agora, mas a dúvida estava ali, como uma sombra constante. Lucas não parecia estar mentindo. E o pior de tudo era que, se ele estivesse certo, esse acordo misterioso não só colocava Henrique em risco, mas também poderia me afetar diretamente.Cheguei em casa ainda sem respostas, mas sabendo que teria que fazer o que vinha adiando desde a conversa com Lucas: confrontar Henrique. Precisava entender o que realmente estava acontecendo. Não podia continuar construindo algo com ele sem saber de toda a verdade.Peguei o celular e envie
Vamos continuar com o Capítulo 47, onde Clara e Henrique enfrentam mais desafios relacionados ao passado de ambos. À medida que tentam manter o compromisso com a transparência e a honestidade, novas complicações surgem, forçando-os a lidar com situações inesperadas. Este capítulo vai aprofundar ainda mais os dilemas emocionais de Clara, e o gancho final indicará que o confronto com o passado ainda está longe de ser resolvido.Capítulo 47CLARAOs dias após a conversa com Henrique foram uma mistura estranha de alívio e tensão. Por um lado, eu me sentia aliviada por finalmente termos aberto todas as cartas na mesa. Henrique havia sido honesto comigo sobre o tal acordo pendente, e eu sabia que ele estava determinado a resolver isso para que pudéssemos seguir em frente sem mais segredos. Mas, por outro lado, uma parte de mim não conseguia evitar pensar que ainda havia algo por vir. Algo que estava além do controle de Henrique — ou do meu.Eu estava tentando seguir minha vida normalmente.
CLARADepois daquela tarde no parque, as palavras de Henrique continuaram ecoando na minha cabeça. Ele estava tentando — isso era claro —, mas o que me incomodava era o fato de que, por mais que tentasse, parecia que as coisas nunca ficariam realmente no controle dele. E isso me deixava inquieta. Como poderíamos seguir em frente quando o passado dele ainda estava tão presente, ainda mais envolvido com pessoas que poderiam complicar nossas vidas?Eu queria confiar que Henrique resolveria tudo. Queria acreditar que, com o tempo, as coisas se ajeitariam e que, finalmente, teríamos a paz que tanto procurávamos. Mas, por mais que eu tentasse me convencer disso, a realidade era que cada novo problema me deixava mais desgastada, mais cansada.Numa noite, enquanto estávamos na minha casa, a tensão entre nós parecia ter chegado ao limite. Henrique estava distraído, claramente preocupado com o que estava acontecendo em relação ao acordo, e eu sabia que, em breve, precisaríamos ter outra convers