CLARA
Eu fiquei encarando a mensagem de Mateus como se ela fosse uma bomba prestes a explodir. Fazia tanto tempo que a gente não se falava que, honestamente, eu nem sabia como reagir. Ele simplesmente tinha sumido da minha vida depois de algumas tentativas frustradas de manter contato, e agora, do nada, ele reaparecia. E o timing? Perfeito. Justo quando eu estava tentando me afastar de toda a confusão emocional com Henrique.
Senti o estômago revirar um pouco. Mateus. Só o nome já trazia uma enxurrada de lembranças que eu tinha tentado guardar no fundo da mente. Ele sempre foi aquele cara que eu admirava, mas as coisas nunca tinham engrenado do jeito que eu queria. Nós tínhamos uma conexão, claro, mas algo sempre parecia ficar no meio, nos impedindo de avançar.
Mas agora? Depois de tudo o que eu tinha passado com Henrique, eu realmente queria abrir outra porta emocional?
CLARADepois do encontro com Mateus, minha cabeça não parava. Por mais que eu quisesse manter a calma, dizendo a mim mesma que era só um café, a verdade é que suas palavras ficaram ecoando. Aquela ideia de que ele ainda pensava em mim, de que havia algo que ele nunca superou, mexeu comigo mais do que eu estava disposta a admitir.Era estranho, porque, depois de tudo o que aconteceu com Henrique, eu achava que estava cansada de qualquer tipo de envolvimento emocional. Eu estava focada em mim, nas minhas coisas, tentando me reconstruir. Mas agora, com o retorno de Mateus, uma parte de mim não conseguia deixar de pensar no que poderia acontecer. Será que eu realmente estava pronta para abrir meu coração de novo?Ana, como sempre, era a primeira a me cutucar sobre isso.— E aí, vai ver o Mateus de novo? Ou foi só um café de despedida? — ela perguntou, casualmente, enquanto mexia em uma panela na cozinha. Ela não estava sendo maldosa, só curiosa. Mas eu sabia que ela estava esperando para
CLARANos dias seguintes ao segundo café com Mateus, minha vida entrou em uma espécie de ritmo confortável, algo que eu não sentia há meses. Eu estava começando a me reconectar comigo mesma, e, pela primeira vez, a sensação de que eu estava no controle da minha vida voltou a aparecer. Era estranho como, mesmo com tantas incertezas no ar, eu estava tranquila. Mateus não estava me pressionando, e isso me dava espaço para ser exatamente quem eu era, sem expectativas.Mas, claro, isso não significava que as coisas estavam completamente resolvidas. Henrique ainda passava pela minha cabeça de vez em quando, e, mesmo sabendo que me afastar dele tinha sido a escolha certa, às vezes eu me pegava pensando se ele estava bem, o que ele estava fazendo, ou se ele ainda pensava em mim. Mas, a cada dia que passava, esses pensamentos iam ficando mais distantes.Eu estava focada em mim, e isso era o mais importante.Ana, como sempre, estava pronta para me lembrar que eu estava no caminho certo. Uma noi
CLARADepois do nosso último encontro, as coisas com Mateus continuaram a fluir de forma tranquila. Eu não podia negar que estar com ele me fazia bem, mas, mais do que isso, me fazia perceber o quanto era importante estar em paz comigo mesma. O que tínhamos agora era leve, sem expectativas, e isso me ajudava a manter o foco no que realmente importava: eu.O tempo foi passando, e, aos poucos, minha vida foi entrando em um ritmo que finalmente fazia sentido. O trabalho estava indo bem, as coisas com Ana continuavam como sempre, e, cada vez mais, eu sentia que estava deixando o peso do passado para trás. Não que tudo estivesse completamente resolvido — eu sabia que ainda havia partes de mim que precisavam de cura —, mas, pela primeira vez em muito tempo, eu me sentia em paz.Naquele sábado, Mateus me convidou para um jantar em um restaurante pequeno e charmoso que ele conhecia. Aceitei o convite sem pensar muito, porque sabia que seria mais uma noite agradável e tranquila. E eu precisava
CLARANo dia seguinte, enquanto me arrumava para o encontro com Henrique, minha cabeça estava a mil. Parte de mim queria acreditar que isso seria apenas uma conversa rápida, algo para resolver de vez qualquer coisa pendente entre nós. Mas a outra parte — a parte que ainda se lembrava de todas as mentiras e segredos — estava em alerta, com medo do que poderia acontecer.Eu não queria ser sugada de volta para aquele turbilhão emocional que vivi com ele. Estava indo bem agora, com Mateus ao meu lado e, acima de tudo, com a sensação de que finalmente estava no controle da minha vida. Encontrar Henrique poderia bagunçar tudo de novo, e eu sabia disso. Mas, ao mesmo tempo, sentia que precisava fazer isso, de uma vez por todas.Saí de casa sentindo o peso dessa decisão, mas também com a mente decidida. Eu estava indo encontrar Henrique não porque queria reviver o passado, mas porque queria colocar um ponto final nele. Precisava entender o que ele tinha a dizer, para então seguir em frente co
CLARAQuando cheguei em casa depois do encontro com Henrique, uma sensação de leveza tomou conta de mim como nunca antes. Era como se, finalmente, eu tivesse cortado os últimos fios que ainda me prendiam ao passado. O confronto foi necessário, e agora eu sentia que podia seguir em frente sem o peso de antigas mágoas e segredos.Ana, claro, estava esperando ansiosamente por um relatório completo da conversa. Ela sempre sabia quando algo importante acontecia, e assim que entrei pela porta, ela apareceu na sala, já pronta para me interrogar.— E aí? Como foi? Você parece... diferente — ela disse, me olhando com uma expressão curiosa e, ao mesmo tempo, preocupada.— Foi intenso, mas... necessário. Henrique queria me contar mais uma das coisas que ele escondeu de mim. Ele ainda estava envolvido com os antigos parceiros do Lucas, mas agora tudo acabou de vez. E, sabe, foi a última vez que eu precisava ver ele. — Suspirei, me jogando no sofá ao lado dela. — Sinto que finalmente fechei esse c
CLARAEu fiquei encarando a tela do celular por um tempo que parecia interminável. Aquelas palavras, tão simples e diretas, tinham o poder de transformar tudo. "Há algo que você não sabe sobre Mateus."O que isso queria dizer? De quem era essa mensagem? Era como se o universo estivesse me testando, me provocando para ver se eu realmente estava preparada para seguir em frente. Eu estava finalmente me sentindo bem, equilibrada, e aí vem isso. Justo quando as coisas com Mateus pareciam estar indo tão bem.Parte de mim queria ignorar completamente, fingir que a mensagem nunca chegou e seguir com a minha vida. Mas, claro, outra parte — aquela parte curiosa, desconfiada — não conseguia deixar isso para lá.Respirei fundo, sentindo uma mistura de nervosismo e frustração. O que eu deveria fazer? Confrontar Mateus? Esperar e ver se mais alguma coisa aparecia? Ou simplesmente apagar a mensagem e continuar como se nada tivesse acontecido?Meu celular vibrou de novo, me tirando do transe. Outra m
CLARAEu mal conseguia pensar direito depois daquela conversa com Daniela. As palavras dela ainda ecoavam na minha cabeça, e, por mais que eu tentasse afastar a desconfiança, algo dentro de mim dizia que eu não podia simplesmente ignorar o que ela havia dito. Parte de mim queria acreditar que Mateus era quem eu pensava que ele era — alguém que estava ao meu lado, que respeitava meu tempo e minhas escolhas. Mas, e se ela estivesse certa? E se, assim como Henrique, ele estivesse escondendo algo de mim?Passei o resto da noite me perguntando se deveria confrontá-lo ou simplesmente fingir que nada havia acontecido. Eu não queria jogar acusações sem provas, mas também não conseguia tirar da cabeça as mensagens que Daniela me mostrou. Elas não mentiam. Havia algo mais por trás do comportamento tranquilo de Mateus, e, agora, eu precisava descobrir o que era.No dia seguinte, enquanto tentava seguir com minha rotina, minha mente estava longe. Eu evitava mandar mensagens para Mateus, com medo
CLARAVoltar para casa depois de ter deixado Mateus para trás não foi fácil. A dor de mais uma decepção estava ali, como um peso em meu peito, mas, dessa vez, não era tão insuportável quanto eu imaginava. Eu sabia que tinha feito a escolha certa. Eu tinha fechado uma porta que, no fundo, não deveria ter sido aberta.Ao entrar em casa, joguei as chaves no balcão e me joguei no sofá, sentindo a exaustão emocional tomar conta. Eu queria chorar, mas as lágrimas não vinham. Talvez porque eu já estivesse acostumada com essa sensação — a sensação de ser traída por alguém em quem confiei. Ou talvez porque, dessa vez, a dor não fosse tão avassaladora quanto as anteriores.Peguei o celular, pensando em mandar uma mensagem para Ana, mas logo desisti. Sabia que ela me diria as palavras de sempre: que eu fiz o certo, que era forte e que logo superaria tudo isso. E, embora fosse verdade, naquele momento eu precisava de algo diferente. Precisava de alguém que entendesse de verdade o que eu estava se