CLARAEu encarei a tela do celular por um tempo que pareceu uma eternidade. O que Lucas queria me contar dessa vez? E por que, justo agora que as coisas estavam começando a melhorar com Henrique, ele reaparecia com mais uma “revelação”? Parte de mim queria simplesmente bloquear o número dele e seguir em frente, mas outra parte — a parte que ainda estava marcada por tudo o que aconteceu — sabia que eu não poderia ignorar isso.Suspirei, sentindo uma mistura de raiva e cansaço. Por que minha vida tinha que ser tão complicada?Clara: O que você quer agora, Lucas?Esperei, sentindo a ansiedade crescer no peito. Minhas mãos estavam suando, e eu sabia que, qualquer que fosse a resposta, isso não ia ser fácil de lidar.A resposta veio rápida, como se ele já estivesse esperando.Lucas: Por favor, só me escuta. Tem algo que você precisa saber sobre o Henrique. Ele está escondendo mais coisas de você, e eu não quero que você seja enganada de novo.Eu rolei os olhos. Claro, mais coisas sobre o H
CLARAA caminhada de volta para casa depois da conversa com Lucas foi um verdadeiro borrão. Minhas pernas se moviam, mas minha cabeça estava em outro lugar, revirando cada palavra, cada expressão. Tudo o que ele disse me deixou com uma sensação de déjà vu horrível, como se eu estivesse revivendo os mesmos medos e inseguranças que já havia passado.Era como se eu estivesse presa em um ciclo sem fim de desconfiança, e, por mais que eu tentasse, não conseguia me livrar da sensação de que algo estava errado. Mas dessa vez, eu estava decidida a não me deixar levar tão facilmente.Cheguei em casa e me joguei no sofá, encarando o teto como se estivesse esperando que alguma resposta mágica aparecesse lá. Será que Lucas estava falando a verdade? E se ele estivesse tentando me manipular de novo? Mas e se ele estivesse certo? Eu não sabia o que pensar, e isso estava me matando por dentro.Eu precisava falar com Henrique.Mas, ao mesmo tempo, sentia uma espécie de pavor crescendo no meu peito. E
CLARAA caminhada de volta para casa foi um verdadeiro turbilhão. Minhas emoções estavam misturadas, em uma montanha-russa entre raiva, tristeza e uma sensação esmagadora de exaustão. Eu não conseguia parar de pensar no que Henrique tinha me dito — ou melhor, no que ele não tinha me dito. Mais uma vez, ele havia escondido coisas, tomado decisões sem me envolver. E, por mais que eu quisesse acreditar que ele estava tentando me proteger, não conseguia mais ver as coisas da mesma forma.Quando finalmente cheguei em casa, Ana estava na sala, folheando o celular, mas assim que me viu entrar, ela soube que algo tinha dado errado.— Ai, Clara, o que foi? Você parece um zumbi — ela disse, se levantando e vindo direto até mim.Eu soltei a bolsa no chão e me joguei no sofá, sentindo o peso da noite cair sobre mim.— Foi o Henrique. A gente teve outra conversa... e, claro, ele estava escondendo mais coisas de mim — soltei, minha voz soando amarga, o que não era muito o meu estilo, mas eu estava
CLARAOs primeiros dias depois da conversa com Henrique foram estranhos. Estranhos no sentido de que, por mais que eu soubesse que havia feito a escolha certa, ainda doía. Era como se uma parte de mim tivesse sido arrancada, e agora eu estava tentando descobrir como viver sem ela. A casa estava silenciosa, e até as pequenas distrações do dia a dia, como o trabalho e as conversas com Ana, pareciam distantes.Eu tinha me afastado de Henrique, mas isso não significava que meus sentimentos por ele haviam desaparecido de uma hora para outra. E, por mais que a decisão tivesse sido dolorosa, eu sabia que era o melhor para mim. Só que isso não tornava as coisas mais fáceis.Ana, claro, foi um pilar durante esses dias. Ela sabia que eu precisava de tempo para processar tudo, mas estava sempre lá quando eu precisava conversar. Uma noite, enquanto estávamos na cozinha preparando o jantar, ela olhou para mim com aquele olhar que só melhores amigas conseguem dar — meio preocupado, mas também esper
CLARAEu fiquei encarando a mensagem de Mateus como se ela fosse uma bomba prestes a explodir. Fazia tanto tempo que a gente não se falava que, honestamente, eu nem sabia como reagir. Ele simplesmente tinha sumido da minha vida depois de algumas tentativas frustradas de manter contato, e agora, do nada, ele reaparecia. E o timing? Perfeito. Justo quando eu estava tentando me afastar de toda a confusão emocional com Henrique.Senti o estômago revirar um pouco. Mateus. Só o nome já trazia uma enxurrada de lembranças que eu tinha tentado guardar no fundo da mente. Ele sempre foi aquele cara que eu admirava, mas as coisas nunca tinham engrenado do jeito que eu queria. Nós tínhamos uma conexão, claro, mas algo sempre parecia ficar no meio, nos impedindo de avançar.Mas agora? Depois de tudo o que eu tinha passado com Henrique, eu realmente queria abrir outra porta emocional?
CLARADepois do encontro com Mateus, minha cabeça não parava. Por mais que eu quisesse manter a calma, dizendo a mim mesma que era só um café, a verdade é que suas palavras ficaram ecoando. Aquela ideia de que ele ainda pensava em mim, de que havia algo que ele nunca superou, mexeu comigo mais do que eu estava disposta a admitir.Era estranho, porque, depois de tudo o que aconteceu com Henrique, eu achava que estava cansada de qualquer tipo de envolvimento emocional. Eu estava focada em mim, nas minhas coisas, tentando me reconstruir. Mas agora, com o retorno de Mateus, uma parte de mim não conseguia deixar de pensar no que poderia acontecer. Será que eu realmente estava pronta para abrir meu coração de novo?Ana, como sempre, era a primeira a me cutucar sobre isso.— E aí, vai ver o Mateus de novo? Ou foi só um café de despedida? — ela perguntou, casualmente, enquanto mexia em uma panela na cozinha. Ela não estava sendo maldosa, só curiosa. Mas eu sabia que ela estava esperando para
CLARANos dias seguintes ao segundo café com Mateus, minha vida entrou em uma espécie de ritmo confortável, algo que eu não sentia há meses. Eu estava começando a me reconectar comigo mesma, e, pela primeira vez, a sensação de que eu estava no controle da minha vida voltou a aparecer. Era estranho como, mesmo com tantas incertezas no ar, eu estava tranquila. Mateus não estava me pressionando, e isso me dava espaço para ser exatamente quem eu era, sem expectativas.Mas, claro, isso não significava que as coisas estavam completamente resolvidas. Henrique ainda passava pela minha cabeça de vez em quando, e, mesmo sabendo que me afastar dele tinha sido a escolha certa, às vezes eu me pegava pensando se ele estava bem, o que ele estava fazendo, ou se ele ainda pensava em mim. Mas, a cada dia que passava, esses pensamentos iam ficando mais distantes.Eu estava focada em mim, e isso era o mais importante.Ana, como sempre, estava pronta para me lembrar que eu estava no caminho certo. Uma noi
CLARADepois do nosso último encontro, as coisas com Mateus continuaram a fluir de forma tranquila. Eu não podia negar que estar com ele me fazia bem, mas, mais do que isso, me fazia perceber o quanto era importante estar em paz comigo mesma. O que tínhamos agora era leve, sem expectativas, e isso me ajudava a manter o foco no que realmente importava: eu.O tempo foi passando, e, aos poucos, minha vida foi entrando em um ritmo que finalmente fazia sentido. O trabalho estava indo bem, as coisas com Ana continuavam como sempre, e, cada vez mais, eu sentia que estava deixando o peso do passado para trás. Não que tudo estivesse completamente resolvido — eu sabia que ainda havia partes de mim que precisavam de cura —, mas, pela primeira vez em muito tempo, eu me sentia em paz.Naquele sábado, Mateus me convidou para um jantar em um restaurante pequeno e charmoso que ele conhecia. Aceitei o convite sem pensar muito, porque sabia que seria mais uma noite agradável e tranquila. E eu precisava