CLARAEu fiquei ali, parada no meio do parque, com o coração batendo tão forte que parecia que ia explodir. As palavras de Lucas rodavam na minha cabeça como um pesadelo do qual eu não conseguia acordar.Henrique? Envolvido nos negócios sujos de Lucas? Isso não fazia sentido. Como ele, o cara que parecia ser tão íntegro, podia ter escondido algo assim? Eu queria acreditar que Lucas estava mentindo, que ele estava inventando tudo isso para se vingar ou para me afastar de Henrique. Mas, ao mesmo tempo, havia uma parte de mim que sentia que ele estava sendo sincero.— Como assim, Lucas? Que história é essa de Henrique estar envolvido? — perguntei, minha voz saindo mais alta e mais desesperada do que eu pretendia.Lucas suspirou, parecendo exausto, e olhou para o chão antes de continuar.— Clara, eu sei que é difícil de acreditar, mas o Henrique sempre esteve por dentro de tudo. Quando eu comecei a fazer esses negócios, ele me apoiou, deu conselhos. Mas, quando as coisas começaram a dar e
CLARAO silêncio que caiu entre mim e Henrique era quase palpável. Era como se, de repente, o mundo inteiro tivesse parado e eu só pudesse ouvir o som acelerado do meu próprio coração. Ele não me olhava nos olhos, e isso só confirmava o que eu já temia: Lucas estava certo.— Henrique... por favor, me diz a verdade — insisti, minha voz saindo mais suave do que eu pretendia. No fundo, eu ainda tinha esperança de que ele me dissesse que tudo era um mal-entendido, que Lucas estava mentindo para me afastar dele. Mas essa esperança estava se esvaindo a cada segundo que ele permanecia em silêncio.Henrique passou a mão pelos cabelos, claramente tenso, e soltou um suspiro pesado antes de finalmente levantar o olhar para mim.— Clara, eu... não queria que as coisas chegassem a esse ponto. Eu realmente estava tentando te proteger. Mas... — ele hesitou, e eu já sabia que nada de bom viria a seguir. — Lucas não mentiu. Eu sabia o que ele estava fazendo. Sabia desde o começo. E, sim, eu ajudei ele
CLARANos dias que se seguiram à conversa com Henrique, me senti como se estivesse vivendo em uma espécie de nevoeiro. Eu fazia as coisas no automático — acordava, ia para o trabalho, falava com as pessoas, mas nada parecia realmente penetrar. Meu corpo estava presente, mas minha cabeça estava presa na montanha-russa de emoções que vinha me acompanhando desde aquela noite.Ana, como sempre, foi minha âncora durante esse tempo. Ela não me pressionava para falar, mas estava ali, pronta para ouvir quando eu precisasse. E mesmo que eu tentasse fingir que estava tudo bem, ela sabia que eu estava longe disso.— Você tem pensado no que vai fazer? — ela perguntou uma noite, enquanto estávamos assistindo a um daqueles programas de reforma de casa na TV. Eu sabia que, mais cedo ou mais tarde, essa conversa viria, mas não estava pronta para enfrentá-la ainda.Suspirei, desligando a TV e me virando para ela.— Honestamente, Ana? Eu não sei. Eu quero acreditar que o Henrique estava fazendo o que e
CLARADepois do jantar com Henrique, minha cabeça estava uma bagunça completa. Eu sabia que ele estava arrependido, que ele estava tentando consertar as coisas, mas também sabia que confiança não era algo que se reconstruía tão facilmente. Enquanto eu estava com ele naquela noite, parecia que algo entre nós ainda estava vivo, mas a dor das mentiras e manipulações continuava me assombrando.No dia seguinte, voltei para minha rotina normal, mas sentia o peso dessa indecisão o tempo todo. Henrique havia dito que esperaria, que estava disposto a fazer o que fosse preciso para reconquistar minha confiança. E eu, por mais que ainda estivesse magoada, não conseguia afastar completamente a ideia de dar uma nova chance. Mas, toda vez que eu pensava em dar esse passo, lembrava de como ele havia controlado minha vida sem eu nem saber.Ana, é claro, estava do meu lado, como sempre. Ela sabia que eu estava presa em um loop mental, tentando decidir se deixava Henrique voltar ou se seguia em frente
CLARANos dias seguintes à conversa com Henrique, tudo parecia meio... estranho. Não estranho no sentido ruim, mas também não era exatamente confortável. Sabe aquela sensação de que você está tentando consertar algo, mas não sabe se vai dar certo? Pois é. Era exatamente assim que eu estava me sentindo.A gente voltou a se falar mais regularmente, e Henrique estava sendo cuidadoso, tentando não me pressionar. Ele me mandava mensagens para saber como eu estava, sem ser invasivo, mas ainda estava claro que ele queria reconquistar minha confiança. Só que essa sensação de estar reconstruindo algo que tinha sido quebrado não saía da minha cabeça.— Como estão as coisas com o Henrique? — Ana perguntou uma noite, enquanto preparávamos um jantar simples em casa. Ela era sempre direta, e eu sabia que não adiantava tentar desviar do assunto.— Estão... bem, eu acho. Quer dizer, estamos tentando. Ele está sendo super compreensivo e paciente, mas, ao mesmo tempo, eu ainda estou com um pé atrás. Nã
CLARAEu encarei a tela do celular por um tempo que pareceu uma eternidade. O que Lucas queria me contar dessa vez? E por que, justo agora que as coisas estavam começando a melhorar com Henrique, ele reaparecia com mais uma “revelação”? Parte de mim queria simplesmente bloquear o número dele e seguir em frente, mas outra parte — a parte que ainda estava marcada por tudo o que aconteceu — sabia que eu não poderia ignorar isso.Suspirei, sentindo uma mistura de raiva e cansaço. Por que minha vida tinha que ser tão complicada?Clara: O que você quer agora, Lucas?Esperei, sentindo a ansiedade crescer no peito. Minhas mãos estavam suando, e eu sabia que, qualquer que fosse a resposta, isso não ia ser fácil de lidar.A resposta veio rápida, como se ele já estivesse esperando.Lucas: Por favor, só me escuta. Tem algo que você precisa saber sobre o Henrique. Ele está escondendo mais coisas de você, e eu não quero que você seja enganada de novo.Eu rolei os olhos. Claro, mais coisas sobre o H
CLARAA caminhada de volta para casa depois da conversa com Lucas foi um verdadeiro borrão. Minhas pernas se moviam, mas minha cabeça estava em outro lugar, revirando cada palavra, cada expressão. Tudo o que ele disse me deixou com uma sensação de déjà vu horrível, como se eu estivesse revivendo os mesmos medos e inseguranças que já havia passado.Era como se eu estivesse presa em um ciclo sem fim de desconfiança, e, por mais que eu tentasse, não conseguia me livrar da sensação de que algo estava errado. Mas dessa vez, eu estava decidida a não me deixar levar tão facilmente.Cheguei em casa e me joguei no sofá, encarando o teto como se estivesse esperando que alguma resposta mágica aparecesse lá. Será que Lucas estava falando a verdade? E se ele estivesse tentando me manipular de novo? Mas e se ele estivesse certo? Eu não sabia o que pensar, e isso estava me matando por dentro.Eu precisava falar com Henrique.Mas, ao mesmo tempo, sentia uma espécie de pavor crescendo no meu peito. E
CLARAA caminhada de volta para casa foi um verdadeiro turbilhão. Minhas emoções estavam misturadas, em uma montanha-russa entre raiva, tristeza e uma sensação esmagadora de exaustão. Eu não conseguia parar de pensar no que Henrique tinha me dito — ou melhor, no que ele não tinha me dito. Mais uma vez, ele havia escondido coisas, tomado decisões sem me envolver. E, por mais que eu quisesse acreditar que ele estava tentando me proteger, não conseguia mais ver as coisas da mesma forma.Quando finalmente cheguei em casa, Ana estava na sala, folheando o celular, mas assim que me viu entrar, ela soube que algo tinha dado errado.— Ai, Clara, o que foi? Você parece um zumbi — ela disse, se levantando e vindo direto até mim.Eu soltei a bolsa no chão e me joguei no sofá, sentindo o peso da noite cair sobre mim.— Foi o Henrique. A gente teve outra conversa... e, claro, ele estava escondendo mais coisas de mim — soltei, minha voz soando amarga, o que não era muito o meu estilo, mas eu estava