CLARASe você me dissesse, há alguns meses, que eu estaria atendendo uma ligação de Lucas, depois de tudo o que aconteceu, eu provavelmente teria rido na sua cara. Mas lá estava eu, parada na varanda do apartamento de Henrique, com o celular colado na orelha e um nó gigante no estômago.— O que você quer, Lucas? — minha voz saiu mais firme do que eu esperava, mas por dentro, eu estava uma bagunça total.Houve uma pausa do outro lado da linha, e eu quase podia imaginar Lucas escolhendo as palavras, tentando encontrar a melhor forma de me convencer de seja lá o que ele estava prestes a dizer.— Clara, eu sei que o que fiz foi imperdoável. Mas eu preciso falar com você... cara a cara. Por favor — ele finalmente disse, com aquela voz que sempre soou tão segura, mas que agora parecia meio... desesperada?Eu respirei fundo, tentando manter a calma. Olhei para dentro do apartamento e vi Henrique ainda sentado no sofá, tentando parecer relaxado, mas eu sabia que ele estava prestando atenção e
CLARAO dia seguinte passou como um borrão. Sabe quando você tenta se concentrar em alguma coisa, mas sua mente insiste em te puxar para outro lugar? Pois é, foi exatamente assim. A reunião com Lucas estava ocupando todo o espaço na minha cabeça, e, por mais que eu tentasse, era impossível não ficar pensando em todas as possibilidades.No trabalho, eu tentava manter a concentração, mas até Ricardo percebeu que eu não estava no meu melhor. Ele fez algumas perguntas sobre o andamento da campanha, e eu respondi no automático, mas sabia que não estava dando meu máximo. Felizmente, ele estava mais focado nos próprios e-mails do que em mim, então consegui escapar sem muitos problemas.Às 17h30, eu já estava fora do escritório, andando em direção ao parque onde combinamos o encontro. A cada passo que eu dava, sentia meu coração batendo mais forte, como se estivesse me preparando para algo grande, algo que poderia mudar tudo. Na verdade, era exatamente isso que eu estava sentindo.Cheguei ao
CLARAA noite passou arrastada, com minha mente presa em um ciclo infinito de “e se”. E se Lucas estava falando a verdade? E se Henrique realmente manipulou tudo? E se eu estivesse prestes a descobrir algo que mudaria completamente a forma como eu via o homem que estava se tornando tão importante para mim?Mas, por mais que eu quisesse, sabia que não podia ficar apenas remoendo essas dúvidas na minha cabeça. Precisava falar com Henrique, olhar nos olhos dele e descobrir o que realmente aconteceu. Porque, apesar de tudo, uma parte de mim se recusava a acreditar que ele seria capaz de algo tão... cruel.Na manhã seguinte, levantei da cama com a cabeça pesada e o coração acelerado. O nervosismo estava grudado em mim como uma segunda pele, e cada pequeno detalhe do meu dia parecia mais difícil de enfrentar. Passei um tempo a mais no banho, tentando, sem sucesso, acalmar meus pensamentos, mas no fundo, sabia que só uma coisa iria me trazer alguma paz: a verdade.No caminho para o trabalho,
CLARAVoltar para casa depois da conversa com Henrique foi como sair de um filme onde nada fazia sentido. Eu tinha tantas perguntas rodando na minha cabeça que parecia impossível focar em qualquer outra coisa. Mesmo tentando, não conseguia decidir o que pensar sobre tudo o que ele me disse. De um lado, queria acreditar que Henrique estava sendo sincero. De outro, as palavras de Lucas ecoavam na minha mente, plantando sementes de dúvida que eu não conseguia ignorar.Quando entrei em casa, Ana estava na cozinha, mexendo em algo no fogão. Ela levantou os olhos assim que me viu e, claro, percebeu imediatamente que algo estava errado.— Ei, o que aconteceu? Você está com uma cara péssima — ela perguntou, largando a colher e vindo até mim.Eu suspirei, sentindo o peso do dia inteiro finalmente me atingir.— Eu tive uma conversa difícil com o Henrique. E, antes disso, o Lucas apareceu do nada, jogando uma bomba sobre o que aconteceu no nosso relacionamento... E agora, eu estou no meio de uma
CLARAEu estava sentada naquele banco, tentando parecer calma, mas por dentro, meu coração estava acelerado. Tudo o que Lucas disse até agora só serviu para aumentar minha confusão, mas, ao mesmo tempo, eu sabia que ele estava se segurando. Quando ele pediu para eu ouvir até o fim, senti que o que ele estava prestes a revelar poderia finalmente esclarecer tudo... ou bagunçar ainda mais a minha cabeça.— Tudo bem, Lucas. Fala de uma vez. Estou pronta para ouvir o que você tem a dizer — minha voz saiu firme, mesmo que eu estivesse longe de me sentir assim.Ele respirou fundo, passou a mão pelos cabelos e começou.— Tudo começou quando eu me envolvi em alguns negócios que... não eram exatamente legais. Na época, eu estava tentando expandir minha empresa rápido demais, e acabei fazendo alguns acordos que eu não deveria. Henrique descobriu. Ele sempre soube mais do que eu imaginava — Lucas começou, olhando para o chão, como se estivesse envergonhado.Fiquei em silêncio, absorvendo o que el
CLARAPassei a noite em claro, encarando o teto, tentando decidir o que fazer. Era impossível colocar em ordem todos os pensamentos que se misturavam na minha cabeça. A cada vez que eu fechava os olhos, era como se uma onda de perguntas surgisse de novo, e tudo começasse a rodar. A revelação de Lucas me pegou desprevenida, mas a parte mais difícil era aceitar que Henrique estava no meio disso.Acordei — se é que posso chamar aquela noite de sono — com a mente ainda cheia de dúvidas. E mais do que nunca, eu sabia que precisava falar com Henrique. Eu não podia continuar deixando essas coisas se acumularem na minha cabeça, porque, no fundo, isso já estava começando a me corroer por dentro.No trabalho, fiquei no automático. Fingia que estava prestando atenção nas reuniões, que estava realmente participando das discussões sobre a campanha, mas a verdade é que eu só estava contando as horas para encontrar Henrique. Eu precisava saber se ele realmente manipulou tudo como Lucas disse, ou se
CLARAA caminhada de volta para casa nunca pareceu tão longa. Eu andava mecanicamente, mas a minha cabeça estava em um lugar completamente diferente. Não conseguia parar de pensar na conversa com Henrique, no pedido de desculpas sincero dele, e no fato de que, apesar de tudo, uma parte de mim ainda queria acreditar nele.Mas era exatamente isso que me incomodava. Eu queria acreditar. Queria muito acreditar que ele fez tudo isso pensando no meu bem, mas, ao mesmo tempo, havia algo na forma como ele tomou todas aquelas decisões por mim que simplesmente não descia. Ele não me deu a chance de escolher. E isso, mais do que qualquer outra coisa, me fazia questionar se realmente podia confiar nele.Quando cheguei em casa, Ana estava no sofá assistindo TV, mas assim que me viu entrar, ela desligou a televisão e me olhou com aquele olhar de "ok, desabafa, tô pronta".— E aí, como foi? — ela perguntou, sem rodeios, enquanto eu me jogava no sofá ao lado dela, sentindo como se o peso do mundo est
CLARAEu fiquei ali, parada no meio do parque, com o coração batendo tão forte que parecia que ia explodir. As palavras de Lucas rodavam na minha cabeça como um pesadelo do qual eu não conseguia acordar.Henrique? Envolvido nos negócios sujos de Lucas? Isso não fazia sentido. Como ele, o cara que parecia ser tão íntegro, podia ter escondido algo assim? Eu queria acreditar que Lucas estava mentindo, que ele estava inventando tudo isso para se vingar ou para me afastar de Henrique. Mas, ao mesmo tempo, havia uma parte de mim que sentia que ele estava sendo sincero.— Como assim, Lucas? Que história é essa de Henrique estar envolvido? — perguntei, minha voz saindo mais alta e mais desesperada do que eu pretendia.Lucas suspirou, parecendo exausto, e olhou para o chão antes de continuar.— Clara, eu sei que é difícil de acreditar, mas o Henrique sempre esteve por dentro de tudo. Quando eu comecei a fazer esses negócios, ele me apoiou, deu conselhos. Mas, quando as coisas começaram a dar e