O dia amanheceu com uma calmaria enganosa em Sant’Elisa. Valentina estava no jardim do convento, cuidando das rosas com um olhar distante. A conversa com Gabriel ainda ecoava em sua mente. A intensidade de seus sentimentos era um misto de confusão e calor que a deixava vulnerável. Ela se abaixou para arrancar algumas ervas daninhas, mas ouviu passos atrás de si. Mesmo sem olhar, sabia quem era. "Gabriel, você não deveria estar aqui," disse ela, sem se virar. "Precisamos conversar, Valentina." Sua voz era firme, mas havia um toque de preocupação que chamou sua atenção. Ela se levantou lentamente e se virou para encará-lo. Ele estava mais sério do que o normal, seus olhos fixos nela de um jeito que parecia atravessar qualquer barreira que ela tentasse construir. "Já falamos ontem," respondeu ela, cruzando os braços em um gesto defensivo. "Não como devíamos." Gabriel deu um passo à frente, reduzindo a distância entre eles. "Eu sei que está difícil para você. É difícil para mim
O escritório improvisado de Gabriel, no pequeno hotel de Sant’Elisa, estava mais caótico do que o habitual. Pilhas de documentos estavam espalhadas pela mesa, enquanto ele revisava relatórios com um olhar cada vez mais sombrio. As notícias que recebeu pela manhã foram um golpe inesperado. Seu assistente pessoal, Eduardo, havia lhe informado que contratos importantes estavam sendo cancelados sem explicação, e parceiros de negócios estavam reconsiderando os projetos planejados para a cidade. Algo estava errado, e Gabriel sentia que não era apenas coincidência. "Alguém está interferindo," murmurou para si mesmo, apertando os olhos. Eduardo entrou na sala com mais um envelope nas mãos. "Recebi isso agora. Parece que outra empresa apresentou uma proposta para comprar terras próximas ao convento. E pelo valor oferecido, é claro que querem nos tirar da jogada." Gabriel pegou o envelope com firmeza. "Quem está por trás disso?"
A noite estava silenciosa, o único som que quebrava o silêncio era o farfalhar das folhas ao vento. Valentina caminhava rapidamente pelo antigo convento,em direção a sala da Madre, com o molho de chaves que pegou discretamente, enquanto ela dormia. Chegando na sala, ela não sabia exatamente o que estava procurando apenas papeis que poderiam incriminar o Leonardo antes dele machucar Gabriel. Mas ela encontrou algo maior, e que estava na gaveta da mesa da Madre. Com uma das chaves do molho, abriu a gaveta e encontrou um diário. Assustada e curiosa, trancou a gaveta e saiu da sala. Segurando com firmeza o diário que acabara de encontrar. O couro envelhecido do diário parecia conter segredos que poderiam mudar tudo o que ela sabia sobre seu passado. Assim que entrou na pequena sala que servia de refúgio temporário, ela viu Gabriel sentado em uma cadeira, perdido em pensamentos. Ao ouvir os passos de Valentina, ele ergueu o olhar e notou a expressão preocupada em seu rosto. "O que acont
O céu estava coberto de nuvens escuras, prenunciando uma tempestade iminente. Valentina caminhava lentamente pelo pequeno quarto do convento, seus pensamentos tão turbulentos quanto o clima lá fora. Ela observava a velha escrivaninha, onde o diário da madre superiora estava cuidadosamente aberto, suas páginas revelando segredos que nunca deveriam ter sido descobertos.Gabriel, por sua vez, estava sentado na cadeira ao lado, com o laptop à sua frente, pesquisando tudo o que podia sobre o passado do prefeito. O som suave das teclas sendo pressionadas era o único ruído na sala, mas a tensão no ar era palpável."Encontrei algo," Gabriel disse finalmente, quebrando o silêncio. "O prefeito tem conexões antigas com algumas figuras bastante suspeitas. Parece que ele sempre esteve envolvido em negócios obscuros, mas nada que o ligasse diretamente ao que aconteceu com seus pais... ainda."Valentina suspirou, sentando-se na beira da cama. "E se nunca encontrarmos nad
O vento gelado cortava as ruas da cidade à medida que a noite caía. Valentina estava em casa, sozinha, com os pensamentos turvos sobre os últimos acontecimentos. O diário da madre superiora ainda pesava em sua mente, e ela se encontrava presa entre a necessidade de descobrir a verdade e o medo do que isso poderia significar para seu futuro. Gabriel havia saído para investigar mais sobre o prefeito, deixando Valentina em um misto de inquietação e solidão. Ela estava sentada na sala, perdida em seus pensamentos, quando o som da campainha cortou o silêncio. Com um suspiro, levantou-se e caminhou até a porta, sem saber quem poderia ser. Ao abrir, seu olhar se encontrou com uma mulher alta, de cabelo escuro e uma expressão que transparecia segurança e mistério. Valentina a reconheceu imediatamente, embora fosse a primeira vez que a via pessoalmente. "Você deve ser a Valentina," a mulher disse com um sorriso frio, estendendo a mão. "Renata. Renata Lemos."
O vento da manhã trazia uma sensação de mudança, e Valentina podia sentir a tensão no ar, como se a cidade estivesse prestes a explodir. A investigação sobre o prefeito e o que ele poderia ter feito aos seus pais estava se tornando uma obsessão. Ela e Gabriel haviam dado passos significativos, mas cada resposta parecia levar a mais perguntas. Hoje, porém, o clima parecia diferente — algo estava prestes a acontecer. Valentina estava na sala de estar de sua casa, sentada com uma xícara de chá, os olhos distantes, quando Gabriel entrou, seu rosto mais sério do que ela estava acostumada a ver. Ele estava com a mesma expressão tensa que tinha nos últimos dias, desde que começara a investigar o prefeito mais a fundo. “Temos um problema,” ele disse, a voz grave. Ele parecia ter algo mais, mas hesitava em falar. Valentina olhou para ele com preocupação. “O que aconteceu?” Gabriel passou a mão pelos cabelos, claramente frustrado. “Eu não sei como, mas o prefeito descobriu que estamos in
O som da porta batendo ecoava pela sala, a pressão no ar era palpável. Valentina, sentada ao canto da sala, olhava para o horizonte através da janela, perdida em seus próprios pensamentos. A cidade lá fora parecia continuar seu movimento incessante, mas para ela, o tempo havia desacelerado. Seu foco estava em uma única pessoa, em um único mistério: Gabriel. Eles ainda estavam tentando juntar as peças do quebra-cabeça que envolvia o prefeito e os segredos enterrados de sua cidade. Cada pista, cada descoberta, parecia apenas aprofundar o abismo entre o que ela conhecia e o que estava prestes a descobrir. Mas agora, havia algo novo, algo que Valentina não esperava: Renata. Renata era uma mulher de presença imponente, conhecida por sua ambição e sua habilidade em manipular as pessoas ao seu redor. Ela sempre estivera em seu campo de visão, uma figura enigmática que se movia nas sombras da cidade, mas nunca tinha sido mais do que um nome. Até
O silêncio no escritório do prefeito era opressor. Valentina sentia o peso do ambiente enquanto esperava, o coração martelando em seu peito. As paredes estavam adornadas com fotos antigas e prêmios, uma tentativa de projetar uma imagem de respeito e autoridade. Mas para ela, tudo parecia uma fachada, uma máscara para esconder a verdade sombria. Finalmente, a porta se abriu, e o prefeito entrou com seu habitual ar de superioridade. Ele era um homem de meia-idade, com olhos astutos que sempre pareciam avaliar cada detalhe ao seu redor. Seu sorriso era frio, sem qualquer calor ou simpatia. “Valentina,” ele disse, com uma falsa cordialidade, “que surpresa vê-la aqui.” Ela respirou fundo, tentando controlar a raiva que borbulhava dentro dela. “Prefeito, precisamos conversar.” Ele inclinou a cabeça, fingindo interesse. “Sobre o que, exatamente?” Ela não perdeu tempo. “Sobre as suas mentiras, a corrupção e a manipulação que você tem perpetuado nesta cidade.” O sorriso dele desapar