Eu sonhei a vida inteira com o momento em que a minha mãe chegaria para mim e me diria... " filha, eu tenho orgulho de você, você se parece tanto comigo." Não custa sonhar, não é? Me lembro de quando completei os meus sete anos de idade e entrei em seu quarto pela primeira vez. Foi uma viagem fantástica. O cômodo parecia uma mansão dentro da nossa cobertura, se é que vocês me entendem. Tudo lá dentro era grande demais, luxuoso demais, até um simples porta retratos não tinha nada de simples. Havia fotos do casal em cada móvel daquele lugar e até na parede tinha um imenso quadro deles sorridentes e abraçados. Eles realmente se amavam de um jeito que não sobrava amor pra mim. Mas foi quando entrei no seu closet que eu me perdi. Havia vestidos e mais vestidos de todas as cores e tipos de tecidos que se podia imaginar, com brilho, sem brilho, com alça, com mangas longas e mangas curtas... Enfim, cada um mais deslumbrante do que o outro. Os sapatos maravilhosos chegavam a encher os meus olhos de fascinação e de repente eu já estava passando minhas pequenas mão pelos tecidos macios, pelos couros caros dos sapatos e no minuto seguinte, havia algumas peças espalhadas pelo chão e eu estava vestindo algumas delas, passando a sua maquiagem e usando as suas joias. Meu Deus, diante do espelho eu me sentia espetacular. Eu era ela e aquilo me fascinou de jeito que pela primeira vez na vida, eu queria ser igualzinha a minha mãe. Tudo desandou quando a porta do quarto se abriu e minha mãe entrou nele, me encarando como se o mundo estivesse se acabando. Ela gritou muito, muito, muito alto pela babá, que chegou esbaforida no quarto e empalideceu ao me ver ali dentro com todos aqueles acessórios em cima de mim.
― Como pode deixar essa... essa... criatura entrar aqui? ― Berrou, apontando para mim, sem nem ao menos apreciar o que sua filha tinha feito. Eu sei, foi a maior bagunça, mas não era isso que contava. O que eu queria que ela visse ali era a sua filha, querendo imita-la.
― Senhora, eu... ― Você é paga para ficar de olho nela Ester. Ela não deveria estar na escola agora? ― Estrela engoliu em seco. Havia tanta raiva naquelas palavras que eu cheguei a ter medo que aquela mulher demitisse a única pessoa que me amava naquela casa. ― Me desculpe, senhora! Não vai voltar a acontecer. ― Estrela baixou os seus olhos. ― É bom que não aconteça Ester. Porque aquilo ali, vai sair do seu salário, cada centavo. ― Rosnou. ― Agora tire essa criatura daqui. ―Isso sim machucou.Foi exatamente naquele dia que eu percebi. Eu não era desejada, não era amada e jamais seria e a pergunta saiu da minha boca de uma forma petulante e eu posso dizer até, agressiva. ― Porque me teve, se não queria ter filhos? Porque não me abortou? ― As lágrimas caíram imediatamente no meu rosto. A mulher me encarou, ela parecia estarrecida. ― Você está vendo tudo isso aqui? ― Ela aponta para os quatro lados do quarto. ― Seu avô exigiu um neto, para me entregar a herança. Uma troca de favores, querida. Se não fosse a exigência daquele velho idiota, você nem existiria e a minha felicidade seria completa.Me lembro que Marina Belini de Alencar morreu naquela manhã.Duas batidinhas na porta me despertam. Eu respiro fundo, me ajeito na minha cadeira e seco as lágrimas que nem havia percebido que derramei e com uma respiração audível, falo.
― Entre. ― A porta se abriu e o sol que iluminou o meu dia, entrou vestindo um jeans branco e um jaleco da mesma cor. ― Doutorzinho. ― Digo deixando transparecer todo o meu entusiasmo, mas ele permanece sério e para em pé diante da minha mesa. ― Me disseram que a senhora queria falar comigo. ― Senhora está no céu Heitor. ― Falo levantando da minha cadeira e sorrateira, contorno a minha mesa, parando bem atrás do meu funcionário. Ele permanece quieto, inabalável.― Queria falar comigo? ― Pergunta ainda com um tom sério. "Eu queria mesmo era devora-lo, mas não posso. Não ainda."
― Sim. Tenho alguns arquivos de alguns clientes nossos. Você sabe ― Enquanto falo, meus dedos coçam de vontade de se arrastar por suas costas largas, mesmo que fosse por cima do tecido. Heitor se vira, limpando sua garganta. Tenho vontade de rir, mas mordo o lábio inferior de uma forma provocante e lhe lanço um olhar pidão.
― Você podia ter mandado deixar tudo no meu consultório. ― Diz firme. Dou de ombros.― E perder a chance de ver o meu melhor funcionário? ― Ingado com tom de brincadeira. Ele arqueia as sobrancelhas sugestivamente.
― Hoje é o meu primeiro dia aqui Marina. Nem sabe como eu trabalho ainda. ― Rebate."Ah, mais eu queria saber fofinho. Você que não deixa." Penso e me afasto, só um pouquinho.
― Nem preciso ver. Eu sei que você é bom no que faz.
"Senti o duplo sentido na minha frase. Sentiram também? "
Ele revira os olhos e solta um suspiro alto.
― Aonde estão os arquivos? ― Pergunta quase sem paciência. Sorrindo amplamente eu levo as minhas mãos a sua cintura, fazendo-o girar de frente para a minha mesa e de cara já sinto a firmeza do abdômen do homem por cima do tecido. ― Bem aí na sua frente. ― Sussurro provocativa perto do seu ouvido. Ele se inclina um pouco para pegar a pequena montanha de pastas de papel e a minha imaginação voa alto. Olho aquele bumbum empinado e deliberadamente deixo a minha mão escorregar pelo seu jaleco e atrevidamente seguro firme a popa da sua bunda apertada em seu jeans e a aperto gostoso na palma da minha mão. Só que não! Uma pena! Heitor se vira para mim, segurando as pastas em suas mãos e me olha carrancudo.― Mas que merda é essa Marina? ― Pergunta baixo, porém exasperado, olhando com receio para a porta. É, acho que o meu olhar faminto deve ter me denunciado. Maliciosamente eu levo a unha comprida do meu indicador a boca e a seguro entre os dentes, deixando o meu sorriso de satisfação surgir.
― Só estava verificando o material. Agora pode ir trabalhar, Heitor. ― Pisco um olho e contorno a minha mesa, voltando para a minha cadeira. Eu me sento lá, cruzo as pernas e Heitor me dá as costas saindo da sala em seguida. Assim que a porta se fecha, eu solto uma risada gostosa. Não, gostosa mesmo é aquela bunda redonda, que imagino ser dura, bem na palma da minha mão.O que gente? Só imaginação, eu hein, não me julguem.― Aqui Marina, esses foram os atendimentos de hoje. ― Lua diz entrando na minha sala, segurando uma prancheta. Afasto a lista de medicamentos que o doutorzinho me exigiu e começo a ler as duas folhas de papel ofício preenchida com alguns nomes mimosos dos animais atendidos na loja.
Aí vocês podem estar se perguntando, como a Marina partiu de direito para dona de uma loja de pets? E eu lhes respondo... Não sei. Acho que o fato de eu querer tanto ter um animalzinho de estimação quando criança e de ouvir um NÃO bem redondo e rasgado da minha madrasta malvada... Ok, exagerei, da megera da minha mãe.Bom, é a única explicação plausível pra isso no momento. O fato é que eu me sinto mais a vontade perto dos bichinhos, embora eu não entenda porra nenhuma do assunto. Mas sou muito boa com administração, então não sou tão inútil assim. ― Nossa, pelo jeito vocês tiveram um dia cheio. ― Comento verificando a lista. Lua sorri satisfeita. ― Sim. Isso é bom, faz o tempo passar mais rápido. ― E falando em tempo... ― Nem vem Marina, não vou falar nada sobre ontem a noite. ― Ela diz erguendo as mãos. ― Nem se foi bom? ― Insisto. Ela sorri. Mas é um sorriso tão grande, que já diz tudo. ― Bom foi pouco. Carlos quase enlouqueceu e eu quase infarto com o orgasmo que eu tive e... isso é tudo o que vai saber. ― Ela corta a conversa e me relaxo na minha cadeira de couro, girando a caneta entre os meus dedos. ― Pelo menos eu sei que você foi comida da maneira que merecia ser comida. ― Falo e ela gargalha alto. O som da sua risada chega a fazer um eco dentro da sala. ― Pelo amor de Deus, Marina. Você devia medir as suas palavras. ― Ela rosna achando graça do meu comentário. ― Pra quê? ― Dou de ombros. ― Sou uma mulher livre para falar o que penso. ― Ela meneia a cabeça, fazendo um não lento pra mim. Lua se levanta e pensa em ir até a porta, mas antes que saia, eu a chamo de volta. ― O que vai fazer esse final de semana? ― Ela olha para trás, encontrando os meus olhos. ― Nada. Carlos estará viajando. ― Abro um sorriso largo. ― Quer sair pra curtir comigo? Sou nova aqui e ainda não conheço ninguém. ― Ela dá de ombros.― Tudo bem. Tenho um lugar que você vai gostar. ― Ela pisca um olho e sai, fechando a porta. Suspiro e volto a trabalhar.
Trabalhar em uma loja de pets é gostoso. Não tem estresse e eu fico perto desses serzinhos sempre que posso. Confesso que em alguns momentos de crise de ansiedade, ou quando o meu passado vem me assombrar, eu fico aqui, bem perto deles e nós conversamos praticamente a noite toda, até que o cansaço me vence e eu adormeço em um cantinho no chão.
Os animais são os melhores ouvintes que o ser humano pode ter e hoje é um dia desses.Estou na merda! A saudade dos meus amigos, da Estrela, a única mãe que eu conheço de coração e do meu país está me consumindo por dentro. Eu sei que eu escolhi afastá-los e escolhi ficar distante, que é uma maneira de me afastar do meu passado, mas porra, precisa doer tanto assim? Me afasto da minha mesa e vou até uma janela do meu pequeno escritório e olho através dela o Rick montar na sua moto. O céu já se encontra escuro e eu imagino que apenas eu estou aqui agora. Respiro fundo e resolvo sair da minha caverna.O pequeno corredor que tem alguns quadros de bichinhos completamente espertos, fazendo pose para a câmera, agora está vazio. A recepção que tem um belo balcão redondo, com tons de amarelo e laranja e algumas patinhas vermelhas espalhadas em seu comprimento, também está completamente vazio e já não tem mais o barulho costumeiro do banho ou dos animais dentro da sala de banho e tosa. Lentamente me aproximo da porta e levo a minha mão a maçaneta, girando-a devagarinho e a abrindo em seguida, eu entro no cômodo, que é um dos maiores que eu tenho aqui na loja, encontrando alguns filhotes de cachorro enjaulados. Assim que me ver, eles abanam seus rabinhos e parecem abrir um sorriso para mim. Sorrio também, mas em seguida sinto as lágrimas pinicarem os meus olhos. Me lembro da primeira vez que eu fui em um mercado livre com a Estrela. Eu nunca havia me sentido tão livre e tão feliz com tão pouca coisa. A ajudei com as compras e no final dela, encontramos um homem encostado em um canto de parede, tomando conta de uma caixa de papelão, que continha alguns filhotes lá dentro. Na frente da caixa estava escrito, "filhotes para adoção." Eu enlouqueci. Queria muito ter um daqueles, ele seria o meu irmãozinho, o meu amiguinho, a minha companhia naquele imenso casarão. Estrela concordou comigo, desde que eu tivesse a responsabilidade de amá-lo, alimentá-lo, de levá-lo para passear e que não o deixasse fazer bagunça na casa. Cara, eu era a criança mais feliz do mundo naquela manhã, até chegar a parte da tarde e o senhor Duran, o meu pai, descobrir a existência do animal. Foi um Deus nos acuda. Ele berrava para um lado, eu chorava para o outro e a Estrela por me defender quase foi para o olho da rua. Eu tive que escolher entre aquele bichinho e a minha mãe de coração. Entenderam o meu dilema? Agora eu posso ter todos os animais que eu quiser, nem que seja por questão de horas e ninguém pode tirar isso de mim. Tiro um dos filhotes de dentro da gaiola, o ponho em meu colo e me acomodo no canto da parede. Esse será o meu ouvinte dessa noite.
— Ai, nossa! Merda! Ui! — Solto alguns gemidos doloridos, assim que abro os olhos e vejo que adormeci sentada no chão mesmo. A noite foi longa. Eu e o Pinguinho... Ah, sim! Tive que dá um nome para ele, porque como eu conseguiria me abrir para um alguém sem nome? Isso seria ridículo.Mas o fato é que eu abri uma garrafa de vinho e enchi uma taça, e o Pinguinho se esbaldou em sua tigela de leite, enquanto me ouvia. Chorei, ri, desabafei, xinguei, amaldiçoei e o coitado do cãozinho me acompanhou no meu triste dilema. E depois de uma garrafa vazia ser jogada com violência contra uma parede, eu me agarrei ao filhote e nós adormecemos abraçadinhos. A parte ruim dessa farrinha particular veio agora. Estou com uma puta dor na coluna, no pescoço e por consequência de secar uma garrafa de vinho sozinha, sem ao menos comer alguma coisa, também estou com dor de cabeça. O filh
Definitivamente, acordar com um homem gostoso em minha cama não estava nos meus planos, e para a felicidade geral da nação, ao acordar, o português já não estava mais lá. Satisfeita, eu pulei para fora do colchão e fui para o banheiro. E, sobre as cenas maravilhosas antes do orgasmo perfeito? Apaguei tudo da memória. Não preciso me lembrar a cada segundo desse dia que a antiga Marina venceu a nova Marina por um round. Saio do banheiro com o meu antigo sorriso faceiro no rosto e ponho a minha melhor roupa para um dia cheio de trabalho, e depois de uma maquiagem e de pôr um os meus saltos altos, deslizo os meus dedos entre os fios compridos dos meus cabelos, os colocando em seus devidos lugares. Olho para a minha imagem no espelho, escancaro o meu sorriso e pisco um olho travesso para mim mesma. Estou pronta para mais um dia.Notaram a diferença? Essa manhã não houve dilemas
Crises de ansiedade. Quem já passou, sabe muito bem como é. Você não consegue dormir, porque está o tempo todo preocupado, não consegue parar de pensar e todos os seus pensamentos são negativos, sem falar nessa vontade louca de sair correndo sabe Deus para onde. O meu final de semana foi assim e o pior, é que eu não podia sair por aí, simplesmente sem rumo. Então fiquei andando de um lado para o outro dentrodo meu apartamento. Eu simplesmente não sabia o que queria e ao mesmo tempo sabia,e esse foi o motivo não parar de andar e consequentemente de não conseguir dormir também. Meus pensamentos estavam fixos no momento em que Heitor me olhou duramente nos olhos, assim como os meus pais e os meus exfaziam, e o tempo todo eu só conseguia me perguntar: o que havia de errado comigo?_ Marina, não!O som áspero de sua voz se r
Passo rapidamente o pincel largo e fofo pelo meu rosto e abro os olhos, encarando o resultado final diante do espelho da penteadeira. Sorrio satisfeita. São quase sete da manhã e eu já estou praticamente pronta para ir trabalhar. Então vocês podem deduzir que acordei cedo demais, para estar completamente arrumada e maquiada, tipo para matar mesmo e a pergunta que está gritando ferozmente dentro de mim é...Por que estou fazendo isso? Quer dizer, eu sempre me arrumo para ir ao trabalho, a final, eu sou a chefe, a mulher que manda e desmanda, aquela que põe os pingos nos is. Mas especialmente hoje estou com uma das minhas melhores roupas; uma bela calça preta de couro, colada ao meu corpo e uma blusa branca, fina e larga, que quase não consegue esconder o top negro debaixo dela. Tomei a liberdade de pôr alguns adereços; colares compridos, brincos de argola, anéis e fiz uma
Alguns dias depois...Sabe a merda de ter um coração quebrado? É que ele fica preso ao seu passado, mesmo que você não queira e por esse motivo eu precisava de uma boa companhia e de um bom ouvinte para essa noite.Não quero ficar sozinha dentro das dependências do meu mini apartamento, ouvindo o troglodita do meu vizinho comer a safada da síndica, que não para de miar a noite inteira. Por isso estou aqui em minha loja, perto dos únicos seres que me amam, sem esperar nada em troca e que me entendem de verdade. Depois de um longo e frio banho no minúsculo banheiro do meu escritório, pus apenas um belo conjunto de lingerie de renda preta, amarrei os meus cabelos em um rabo de cavalo e peguei em cima da minha mesa o meu sanduíche natural, uma garrafa de café, meu iPod e meus fones de ouvidos, e fui até o setor de adoções. É l
Dia de São Patrício. Quem diria que um Patrício da vida me arranjaria algumas novas amigas e um jantar em família? Eu não. Eu já participei de jantares em família,mas eles sempre aconteciam nas casas das minhas amigas, claro. Eu particularmente amava os jantares na casa da família Ferraço, principalmente quando os Borbolini estavam participando deles. A Flávia e a sua filha Nathalia, essas eram as melhores. Já na minha, eu costumava obrigar a Estrela a participar das refeições junto comigo. Odeio comer sozinha e acho que vocês já devem ter percebido isso. Mas, vamos ao que interessa... Pus um vestido do tipo cigana na parte de cima, com elásticos e babados que vão de um ombro ao outro. O tecido de algodão é colado no meu corpo até a minha cintura e a saia pinçada é solta, e vai até a altura das minhas coxas. Um salto al
Bati a porta do apartamento com tanta força, que senti o chão estremecer debaixo dos meus pés e revoltada por este choro compulsivo, que não queria parar, me pus a gritar feito uma maluca. Acredite, são gritos tão horrendos e tão altos, que fez o meu vizinho cabeludo e tatuado bater forte na minha parede, fazendo um absurdo pedido de silêncio. E eu parei. Parei e respirei fundo, mas um pensamento malévolo preencheu a minha mente e imediatamente eu fui até o meu som, apertei o botão e aumentei consideravelmente o volume, e o som de Metálica preencheu o ambiente com brutalidade. Eu ri e o riso foi crescendo e crescendo, até se tornar uma boa e sonora gargalhada. Meus pensamentos foram preenchidos pelos momentos mais sórdidos da minha vida e mesmo com o som tão alto e a minha gargalhada estrondosa, eu conseguia ouvir a minha mãe com suas palavras desprezí
Alguns dias depois...— Oi, você não vem? ― Lua pergunta praticamente invadindo a minha sala. Eu ergo a cabeça, tirando os olhos dos papéis que não estou lendo ― para deixar bem claro ― e dou uma espiada rápida lá fora. A loja está movimentada hoje. A semana dos preparativos para a vacinação foi bem carregada e eu praticamente não tive chance de esbarrar com o doutorzinho ― não que eu esteja reclamando. ― Ainda não me recuperei daquele baque, mas estou vivendo à espreita, é claro. Eu nunca fui covarde na minha vida, sempre enfrentei a tudo e a todos, a final, eu fui obrigada a aprender isso desde cedo. Mas com o Heitor por incrível que pareça, estou andando nas sombras. Evitei o cara no horário de almoço, na reunião de organização de vacinação dos pets e estou enfurnada dentro