Crises de ansiedade. Quem já passou, sabe muito bem como é. Você não consegue dormir, porque está o tempo todo preocupado, não consegue parar de pensar e todos os seus pensamentos são negativos, sem falar nessa vontade louca de sair correndo sabe Deus para onde. O meu final de semana foi assim e o pior, é que eu não podia sair por aí, simplesmente sem rumo. Então fiquei andando de um lado para o outro dentro do meu apartamento. Eu simplesmente não sabia o que queria e ao mesmo tempo sabia, e esse foi o motivo não parar de andar e consequentemente de não conseguir dormir também. Meus pensamentos estavam fixos no momento em que Heitor me olhou duramente nos olhos, assim como os meus pais e os meus ex faziam, e o tempo todo eu só conseguia me perguntar: o que havia de errado comigo?
_ Marina, não!
O som áspero de sua voz se r
Passo rapidamente o pincel largo e fofo pelo meu rosto e abro os olhos, encarando o resultado final diante do espelho da penteadeira. Sorrio satisfeita. São quase sete da manhã e eu já estou praticamente pronta para ir trabalhar. Então vocês podem deduzir que acordei cedo demais, para estar completamente arrumada e maquiada, tipo para matar mesmo e a pergunta que está gritando ferozmente dentro de mim é...Por que estou fazendo isso? Quer dizer, eu sempre me arrumo para ir ao trabalho, a final, eu sou a chefe, a mulher que manda e desmanda, aquela que põe os pingos nos is. Mas especialmente hoje estou com uma das minhas melhores roupas; uma bela calça preta de couro, colada ao meu corpo e uma blusa branca, fina e larga, que quase não consegue esconder o top negro debaixo dela. Tomei a liberdade de pôr alguns adereços; colares compridos, brincos de argola, anéis e fiz uma
Alguns dias depois...Sabe a merda de ter um coração quebrado? É que ele fica preso ao seu passado, mesmo que você não queira e por esse motivo eu precisava de uma boa companhia e de um bom ouvinte para essa noite.Não quero ficar sozinha dentro das dependências do meu mini apartamento, ouvindo o troglodita do meu vizinho comer a safada da síndica, que não para de miar a noite inteira. Por isso estou aqui em minha loja, perto dos únicos seres que me amam, sem esperar nada em troca e que me entendem de verdade. Depois de um longo e frio banho no minúsculo banheiro do meu escritório, pus apenas um belo conjunto de lingerie de renda preta, amarrei os meus cabelos em um rabo de cavalo e peguei em cima da minha mesa o meu sanduíche natural, uma garrafa de café, meu iPod e meus fones de ouvidos, e fui até o setor de adoções. É l
Dia de São Patrício. Quem diria que um Patrício da vida me arranjaria algumas novas amigas e um jantar em família? Eu não. Eu já participei de jantares em família,mas eles sempre aconteciam nas casas das minhas amigas, claro. Eu particularmente amava os jantares na casa da família Ferraço, principalmente quando os Borbolini estavam participando deles. A Flávia e a sua filha Nathalia, essas eram as melhores. Já na minha, eu costumava obrigar a Estrela a participar das refeições junto comigo. Odeio comer sozinha e acho que vocês já devem ter percebido isso. Mas, vamos ao que interessa... Pus um vestido do tipo cigana na parte de cima, com elásticos e babados que vão de um ombro ao outro. O tecido de algodão é colado no meu corpo até a minha cintura e a saia pinçada é solta, e vai até a altura das minhas coxas. Um salto al
Bati a porta do apartamento com tanta força, que senti o chão estremecer debaixo dos meus pés e revoltada por este choro compulsivo, que não queria parar, me pus a gritar feito uma maluca. Acredite, são gritos tão horrendos e tão altos, que fez o meu vizinho cabeludo e tatuado bater forte na minha parede, fazendo um absurdo pedido de silêncio. E eu parei. Parei e respirei fundo, mas um pensamento malévolo preencheu a minha mente e imediatamente eu fui até o meu som, apertei o botão e aumentei consideravelmente o volume, e o som de Metálica preencheu o ambiente com brutalidade. Eu ri e o riso foi crescendo e crescendo, até se tornar uma boa e sonora gargalhada. Meus pensamentos foram preenchidos pelos momentos mais sórdidos da minha vida e mesmo com o som tão alto e a minha gargalhada estrondosa, eu conseguia ouvir a minha mãe com suas palavras desprezí
Alguns dias depois...— Oi, você não vem? ― Lua pergunta praticamente invadindo a minha sala. Eu ergo a cabeça, tirando os olhos dos papéis que não estou lendo ― para deixar bem claro ― e dou uma espiada rápida lá fora. A loja está movimentada hoje. A semana dos preparativos para a vacinação foi bem carregada e eu praticamente não tive chance de esbarrar com o doutorzinho ― não que eu esteja reclamando. ― Ainda não me recuperei daquele baque, mas estou vivendo à espreita, é claro. Eu nunca fui covarde na minha vida, sempre enfrentei a tudo e a todos, a final, eu fui obrigada a aprender isso desde cedo. Mas com o Heitor por incrível que pareça, estou andando nas sombras. Evitei o cara no horário de almoço, na reunião de organização de vacinação dos pets e estou enfurnada dentro
Um beijo. A coisa mais natural para mim, é o beijo. Mas não esse. Esse mexeu comigo de uma forma assustadora, fez o meu coração saltar tão forte dentro do meu peito, que parecia que ia parar a qualquer momento. Fez as minhas mãos suarem, como se eu fosse uma adolescente a ganhar o primeiro beijo de um garoto. E esse arrepio que levantou cada fio acobreado da minha cabeça, e foi se espalhando pelo meu corpo, eriçando cada minúsculo pelo da minha pele e, esse sabor, essa maciez? É tudo muito, muito diferente e tem um gostinho de quero mais. Uffa! Eu nunca havia prestado tamanha atenção em um beijo. Quer dizer, eu sempre roubei beijos dos meninos na escola, era a coisa mais fácil do mundo. Mas esse, de alguma forma é diferente. Ele rouba o meu fôlego, a capacidade de lutar, de correr, de fugir para bem longe daqui... dele, e me prende de uma maneira gostosa. Sinto v
― Mandou me chamar? ― indago após dá uma batidinha tímida na porta do consultório e adentro a sala, encontrando o doutorzinho com a minha vítima completamente desperta ao seu lado. Sorrio de uma forma ampla e contagiante demais, e me próximo da cama estreita. ― Você deu um banho nele? ― pergunto o óbvio, observando os pelos macios, livres de qualquer sujeira ou manchas de sangue.― Na verdade, foi só um projeto de banho. A final, ele precisava estar apresentável para uma visita. ― Heitor dá de ombros e pela primeira vez desde que nos conhecemos, ele fala comigo de uma maneira leve e descontraída, e é até fofo esse jeito nele. Meu sorriso se amplia ainda mais e eu me aproximo do cachorro, que já não tem mais o soro aplicado entre seus pelos e nem há vestígios do corte em sua cabeça, porque os pelos limpinhos o cobriram. A medida que eu me aproximo
Uma semana depois...― Para, Heitor! ― falo entre um resmungo e outro, virando-me na cama, para continuar dormindo, mas ele não parava, continuava beijando o meu rosto, molhando a minha pele e eu sorri, abrindo os meus olhos desfocados e encontrando o focinho fino de Bolacha, com um palmo de língua fora da sua boca. Bufo, me sentindo frustrada. Merda, eu estava sonhando com o meu funcionário, sério isso? Me sento na cama, esfregando o meu rosto e quando volto a abri-los, vejo Bolacha inclinando sua cabeça de um lado para o outro, fazendo um tipo de resmungo baixo. ― Ok, eu já sei ― resmungo de volta. ― Só preciso ir ao banheiro fazer xixi, trocar de roupa e não posso esquecer que preciso escovar os dentes e logo iremos para o nosso passeio, certo? ― Ele me responde com um sorriso de cachorro, sentado no chão e abanando o seu rabo de modo festivo. Sorrio e salto para fora da cama, mas quando caminho para o