Dia de São Patrício. Quem diria que um Patrício da vida me arranjaria algumas novas amigas e um jantar em família? Eu não. Eu já participei de jantares em família, mas eles sempre aconteciam nas casas das minhas amigas, claro. Eu particularmente amava os jantares na casa da família Ferraço, principalmente quando os Borbolini estavam participando deles. A Flávia e a sua filha Nathalia, essas eram as melhores. Já na minha, eu costumava obrigar a Estrela a participar das refeições junto comigo. Odeio comer sozinha e acho que vocês já devem ter percebido isso. Mas, vamos ao que interessa... Pus um vestido do tipo cigana na parte de cima, com elásticos e babados que vão de um ombro ao outro. O tecido de algodão é colado no meu corpo até a minha cintura e a saia pinçada é solta, e vai até a altura das minhas coxas. Um salto al
Bati a porta do apartamento com tanta força, que senti o chão estremecer debaixo dos meus pés e revoltada por este choro compulsivo, que não queria parar, me pus a gritar feito uma maluca. Acredite, são gritos tão horrendos e tão altos, que fez o meu vizinho cabeludo e tatuado bater forte na minha parede, fazendo um absurdo pedido de silêncio. E eu parei. Parei e respirei fundo, mas um pensamento malévolo preencheu a minha mente e imediatamente eu fui até o meu som, apertei o botão e aumentei consideravelmente o volume, e o som de Metálica preencheu o ambiente com brutalidade. Eu ri e o riso foi crescendo e crescendo, até se tornar uma boa e sonora gargalhada. Meus pensamentos foram preenchidos pelos momentos mais sórdidos da minha vida e mesmo com o som tão alto e a minha gargalhada estrondosa, eu conseguia ouvir a minha mãe com suas palavras desprezí
Alguns dias depois...— Oi, você não vem? ― Lua pergunta praticamente invadindo a minha sala. Eu ergo a cabeça, tirando os olhos dos papéis que não estou lendo ― para deixar bem claro ― e dou uma espiada rápida lá fora. A loja está movimentada hoje. A semana dos preparativos para a vacinação foi bem carregada e eu praticamente não tive chance de esbarrar com o doutorzinho ― não que eu esteja reclamando. ― Ainda não me recuperei daquele baque, mas estou vivendo à espreita, é claro. Eu nunca fui covarde na minha vida, sempre enfrentei a tudo e a todos, a final, eu fui obrigada a aprender isso desde cedo. Mas com o Heitor por incrível que pareça, estou andando nas sombras. Evitei o cara no horário de almoço, na reunião de organização de vacinação dos pets e estou enfurnada dentro
Um beijo. A coisa mais natural para mim, é o beijo. Mas não esse. Esse mexeu comigo de uma forma assustadora, fez o meu coração saltar tão forte dentro do meu peito, que parecia que ia parar a qualquer momento. Fez as minhas mãos suarem, como se eu fosse uma adolescente a ganhar o primeiro beijo de um garoto. E esse arrepio que levantou cada fio acobreado da minha cabeça, e foi se espalhando pelo meu corpo, eriçando cada minúsculo pelo da minha pele e, esse sabor, essa maciez? É tudo muito, muito diferente e tem um gostinho de quero mais. Uffa! Eu nunca havia prestado tamanha atenção em um beijo. Quer dizer, eu sempre roubei beijos dos meninos na escola, era a coisa mais fácil do mundo. Mas esse, de alguma forma é diferente. Ele rouba o meu fôlego, a capacidade de lutar, de correr, de fugir para bem longe daqui... dele, e me prende de uma maneira gostosa. Sinto v
― Mandou me chamar? ― indago após dá uma batidinha tímida na porta do consultório e adentro a sala, encontrando o doutorzinho com a minha vítima completamente desperta ao seu lado. Sorrio de uma forma ampla e contagiante demais, e me próximo da cama estreita. ― Você deu um banho nele? ― pergunto o óbvio, observando os pelos macios, livres de qualquer sujeira ou manchas de sangue.― Na verdade, foi só um projeto de banho. A final, ele precisava estar apresentável para uma visita. ― Heitor dá de ombros e pela primeira vez desde que nos conhecemos, ele fala comigo de uma maneira leve e descontraída, e é até fofo esse jeito nele. Meu sorriso se amplia ainda mais e eu me aproximo do cachorro, que já não tem mais o soro aplicado entre seus pelos e nem há vestígios do corte em sua cabeça, porque os pelos limpinhos o cobriram. A medida que eu me aproximo
Uma semana depois...― Para, Heitor! ― falo entre um resmungo e outro, virando-me na cama, para continuar dormindo, mas ele não parava, continuava beijando o meu rosto, molhando a minha pele e eu sorri, abrindo os meus olhos desfocados e encontrando o focinho fino de Bolacha, com um palmo de língua fora da sua boca. Bufo, me sentindo frustrada. Merda, eu estava sonhando com o meu funcionário, sério isso? Me sento na cama, esfregando o meu rosto e quando volto a abri-los, vejo Bolacha inclinando sua cabeça de um lado para o outro, fazendo um tipo de resmungo baixo. ― Ok, eu já sei ― resmungo de volta. ― Só preciso ir ao banheiro fazer xixi, trocar de roupa e não posso esquecer que preciso escovar os dentes e logo iremos para o nosso passeio, certo? ― Ele me responde com um sorriso de cachorro, sentado no chão e abanando o seu rabo de modo festivo. Sorrio e salto para fora da cama, mas quando caminho para o
Noite do jantar com Heitor ― Droga, esse não! ― ralho para o quinto vestido que estou provando para esta noite. E quer saber, tudo isso é muito novo para mim. Ansiedade, nervosismo, estremecimento. Nessas horas a Kell me faz muita falta. Ela saberia escolher a melhor roupa, faria a maquiagem perfeita, me daria o conselho certo. Respiro fundo e deixo os meus ombros caírem em frente ao espelho. Um som arrastado do Bolacha me faz olhá-lo e eu ergo dois cabides para ele. ― Então, qual eu devo usar? ― O cachorro olhou para o vestido azul turquesa e soltou um latido, seguido de um sorriso canino. ― Tem certeza? ― pergunto ansiosa e ele me responde com um abanar de rabo e outro latido. Respiro fundo mais uma vez e encosto o vestido na frente do meu corpo e olhando para o espelho, sorrio. ― Você está certo, ficou perfeito! — Rapidamente me acomodo no banquinho acolchoado em frente à minha pentead
Faxina. É a única que está me mantendo sã neste momento. Desde que Heitor saiu daqui daquele jeito, me deixando cheia de desejos e de sensações que eu não conseguia discernir, eu não consegui tirar o doutorzinho da minha cabeça. Sério, ele está em meus pensamentos, em meus sonhos, mesmo aqueles que a gente sonha acordada, sabe? E mesmo com o Bolacha fazendo o seu melhor para me entreter, o danado do homem estava lá, e até recebi algumas reclamações do meu amigo, quando passei despercebida em nossas brincadeiras. Tipo a brincadeira do disco; eu só precisava jogar o objeto e o Bolacha tinha que ir busca-lo, mas quando ele voltava para me devolver, eu simplesmente estava desligada e o seu latido de advertência me despertava. Sabe a parte mais estranha nisso tudo? Eu deveria me sentir excluída, indesejada e mal-amada, mas não é isso que está acontecendo agora. Embora minha vontade seja de ligar para aquele homem e de dizer tudo o que penso sobre a sua fuga declarada, eu estou sorrindo,
Os sons das nossas respirações estavam espalhadas pelo ar, os gemidos enlouquecidos, também se misturaram por todo o ambiente. Estou pegando fogo, sendo alimentada pela sensação de um prazer estupidamente diferente de tudo que conheci. É arrebatador e eu não tenho a menor chance de lutar, e nem quero ter. Heitor tem uma pegada forte, misturada aos beijos carinhosos, que queimam e que me puxam para esse desconhecido. O delicioso desconhecido! Cada sensação é uma explosão de vários sentimentos, algo que eu nunca experimentei e que estou amando me afogar, me afundar nesse prazer insano. Uma sugada forte no bico do meu seio, seguido de uma estoca forte e eu me agarrei aos lençóis da cama, antes que eu fosse lançada de vez no mais profundo abismo. As palavras, eu te amo, saiam incansavelmente de sua boca e ouvi-las tantas vezes, me fizeram chorar em meio a tamanha turbul&ecir