Os dias passavam e Elisa sentia-se cada vez mais segura da mulher que estava se tornando. A liberdade de não depender de ninguém para ser feliz era revigorante. Seu coração, antes repleto de dúvidas e inseguranças, agora pulsava forte, guiando-a por caminhos que nunca imaginou trilhar sozinha. Com sua nova mentalidade, Elisa começou a se arriscar mais. Matriculou-se em um curso de fotografia, algo que sempre a fascinou, mas que deixara para trás por falta de tempo. Redescobriu a alegria de capturar momentos, enxergando beleza em detalhes que antes passavam despercebidos. Cada clique representava mais do que uma imagem; era um retrato de sua própria jornada de redescoberta. Em uma tarde ensolarada, caminhando pelo parque, encontrou uma exposição de arte ao ar livre. Parou diante de uma pintura que retratava um campo florido, com um céu dourado ao entardecer. A cena despertou nela uma paz inexplicável, como se aquele quadro representasse exatamente como se sentia: livre, serena e chei
Aquela segurança interior mudava tudo. Elisa já não olhava os encontros com Rafael buscando sinais, promessas ou definições. Ela apenas vivia. E foi justamente nessa liberdade que algo novo começou a florescer entre eles. Numa sexta-feira, Rafael a convidou para visitar uma galeria de arte recém-inaugurada. Era uma exposição de artistas emergentes, com obras ousadas e carregadas de sentimento. Elisa se viu tocada por uma tela que retratava uma mulher em meio ao caos, com olhos serenos e firmes. Era como se aquela pintura tivesse sido feita dela, por dentro. — É essa que você gostou? — Rafael perguntou, parando ao seu lado. — Sim. Tem algo nessa mulher... algo que me lembra de quem eu estou me tornando. Ele sorriu, olhando a tela com atenção. — Ela parece estar no meio de uma tempestade, mas não perdeu o eixo. — Exatamente — disse Elisa. — Ela sabe quem é. Mesmo quando tudo em volta parece querer arrancar isso dela. A conversa ficou ali, entre eles, como a obra na parede — sile
Apresentação dos Personagens Elisa Oliveira Elisa é uma mulher de 35 anos, decidida e independente, mas marcada pelas feridas de um casamento que terminou em traição. Ela sempre foi uma sonhadora, acreditando no "amor para a vida toda", até que seu mundo desabou com a descoberta de mentiras e infidelidades. Após o divórcio, Elisa decide se afastar do caos da cidade grande e recomeçar em um lugar tranquilo. Inteligente, reservada e com um charme natural, ela guarda uma mistura de fragilidade e força que a torna única. Ainda que relutante em abrir seu coração novamente, Elisa esconde uma paixão latente pela vida e um desejo profundo de encontrar felicidade, mesmo que tenha medo de arriscar. Diego Martins Diego é o ex-marido de Elisa, um homem de 37 anos, bem-sucedido profissionalmente, carismático e, à primeira vista, encantador. Sempre foi sociável e sedutor, características que o ajudaram a conquistar Elisa no passado. Durante anos, eles formaram o casal perfeito aos olhos de t
Os primeiros meses de casamento foram marcados por uma paz ilusória. Elisa estava radiante. Mesmo com o início tímido da carreira de Diego em uma empresa de investimentos, ela acreditava que juntos venceriam qualquer obstáculo. No entanto, para Diego, o desejo de ascender no mundo corporativo já crescia como uma força interna incontrolável. Ele não queria esperar anos para alcançar o sucesso. Queria tudo agora. Foi durante uma confraternização no escritório que ele conheceu Roberto Mendonça, um dos diretores mais respeitados e, também, mais perigosos da empresa. Roberto era conhecido por fechar negócios lucrativos e usar métodos que poucos ousavam questionar. Diego, observando de longe, soube de imediato que aquele era o tipo de homem com quem precisava se aliar. Roberto também percebeu Diego. Jovem, ambicioso e sem medo de se arriscar — um perfil que poderia ser útil em seu círculo de confiança. Após uma breve conversa sobre investimentos e estratégias de mercado, Roberto lhe fez
Elisa estava cada vez mais inquieta. Depois de encontrar o recibo do hotel e ouvir a explicação de Diego, ela tentou acalmar sua mente e acreditar no marido, mas algo dentro dela não estava em paz. Aquele homem que, no passado, era amoroso e presente agora parecia um estranho. A sensação de que Diego escondia algo começou a crescer como uma sombra constante em sua vida. Naquela manhã, Elisa tomou uma decisão: ela precisava estar mais atenta. Se algo estivesse errado, ela não iria ignorar. Não mais. Enquanto Elisa lidava com suas dúvidas, Diego continuava mergulhando cada vez mais fundo no mundo que agora o fascinava. Os negócios obscuros que fechava com Roberto e outros aliados estavam rendendo lucros exorbitantes. Ele ganhava comissões altas, recebia presentes caros e aumentava rapidamente seu patrimônio, mas tudo à custa de sua integridade. O poder e o status o deixavam embriagado. Diego não apenas queria estar no topo — ele queria ser temido, respeitado e admirado por todos. E,
Diego acordou cedo naquela manhã, mas o peso de suas escolhas parecia maior do que nunca. A promessa que havia feito a Elisa estava começando a desmoronar. Ele sabia que, para cumprir o que dissera, precisaria abandonar o mundo que havia construído com tanto esforço – e isso era algo que ele não estava disposto a fazer. Ao descer as escadas, encontrou Elisa na cozinha, mais uma vez envolta em silêncio. Desde o confronto que tiveram, a distância entre os dois parecia insuportável. Ele tentou sorrir, mas ela desviou o olhar, como se já não acreditasse em qualquer gesto dele. Diego não gostava daquele clima. Sentia-se acuado, encurralado entre a expectativa de Elisa e as pressões externas que não paravam de aumentar. — Elisa, ainda está brava comigo? — perguntou, tentando soar mais suave. Ela suspirou e cruzou os braços. — Não é uma questão de estar brava, Diego. É uma questão de não saber Elisa suspirou e cruzou os braços, tentando conter o cansaço emocional que sentia. — Não é u
O sol nasceu no horizonte, mas a luz que entrava pelas janelas da casa de Diego e Elisa não dissipava a escuridão que pairava entre eles. A noite anterior fora um divisor de águas, e Elisa sentia que algo dentro dela havia mudado. Ao sair do quarto e passar a noite na sala, refletiu sobre tudo o que estava acontecendo e percebeu que, se Diego não mudasse, ela precisaria tomar uma decisão definitiva. Na cozinha, Elisa preparava o café em silêncio quando ouviu os passos de Diego. Ele desceu as escadas com a expressão fechada, sem nem tentar esconder o cansaço e o aborrecimento. — Bom dia — murmurou ele, sem olhar para ela. Elisa apenas assentiu, sem responder. Diego notou o silêncio frio e sentiu um desconforto. Mesmo assim, decidiu ignorar, pensando que talvez o tempo resolvesse as coisas. Pegou uma xícara de café e se sentou à mesa. Após alguns minutos de silêncio sufocante, Elisa finalmente quebrou o gelo: — Diego, nós precisamos conversar. Ele suspirou, já esperando mais
A madrugada avançava lentamente, e Diego continuava sentado no sofá da sala. A garrafa de uísque agora estava quase vazia, mas a embriaguez não preenchia o vazio que consumia seu peito. O silêncio daquela casa antes tão viva parecia zombar dele. O som da risada de Elisa, as conversas leves durante o jantar, os planos que fizeram juntos… tudo parecia parte de uma memória distante, como se pertencesse a outra vida. Ele apertou os olhos, tentando afastar as lembranças, mas era inútil. O rosto de Elisa continuava presente em sua mente, e a culpa começava a corroer o que restava do orgulho que o impedia de admitir seus erros. Pela primeira vez, Diego não conseguiu se convencer de que estava no controle. Pela primeira vez, ele sentia que estava completamente perdido. Elisa acordou cedo na casa de sua mãe. Apesar da exaustão emocional, o sono fora leve e agitado. Ela olhou para o teto do antigo quarto e, por um momento, sentiu-se como uma adolescente novamente, buscando refúgio nos braços