— Majestade, tem um Inquisidor na cidade, ele exige que Vossa Majestade compareça a praça. - O soldado estava ofegante, e abatido parecia ter corrido por todo o reino. Ísis olha na direção onde Sinis se encontrava, estando lá agora a Imperatriz Duarte sua mãe.— Soldado, qual seu nome e posto? - Enzo pergunta calmamente enquanto observa a troca de olhares entre Ísis e Sinis.— Soares, senhor, trabalho na patrulha da cidade, eles… eles… - O soldado gaguejava sem saber se poderia falar o que realmente estava acontecendo ou não, na verdade, ele temia que a família real fosse a favor do inquisidor.— Soares, – a voz suave de Ísis chama a atenção do soldado. - Respire fundo, e fale com calma o que está acontecendo. - A postura completamente ereta de Ísis, assim como a suavidade em sua voz, transmitiu ao soldado confiança.— Eles levaram minha mãe e minhas irmãs, estão acusando-as de bruxaria, mas minha Rainha, eu juro elas não são bruxas. Somos uma família simples, não fazemos nada de erra
— Hora, essa pergunta sou eu quem deveria fazer. - Ísis completa se aproximando do palco improvisado. - Mas vou ser cortês e me apresentar primeiro, Princesa Ísis Duarte. - Ísis finaliza subindo ao palco, parando em frente ao inquisidor com ambas mãos a frente do corpo, completamente ereta e a cabeça equida, exibindo com graciosidade a tiara que Angel lhe dera. Nesse momento todos na praça, com exceção dos soldados e da equipe da inquisição, se curvaram para princesa. - E o cavalheiro quem seria?— Noah Murphy, O Inquisidor. - Responde com a postura ereta, como se ele fosse superior à realeza e que essa devesse se curvar a ele, postura essa que Ísis não podia permitir. Ela anda lentamente para o lado de Noah, então sem que esse notassem chuta por trás dos joelhos de Noah, fazendo o mesmo cair de joelhos. - Como ousa…— Essa é forma correta de se dirigir a um membro da realeza. - Ísis interrompe sua fala, olha para cima e sinaliza para Enzo descer, e com outro sinal dirigido a Pedro, t
“Para bem conhecer o caráter do povo, é preciso ser príncipe, e para bem conhecer o do príncipe, é preciso pertencer ao povo.”MaquiavelPedro se retira levando consigo o inquisidor e seus soldados, Ísis então se volta para o povo que observava os desenrolar dos fatos atentamente, ela observa cada expressão de cada um ali presente. Os murmúrios haviam começado no momento em que Ísis se apresentara, afinal aparentemente a princesa retornara ao reino. Toda aquela atenção deixou Ísis incomodada, ela nunca fora boa em receber atenções, muito menos em falar em público, e mesmo com todo seu esforço sua tentativa de disfarçar tal incômodo fora em vão. Pelo menos para um certo Marechal, que logo se postou ao seu lado lhe transmitindo uma certa confiança.— Bom dia! - Ísis saúda o povo. - Acho que meio que estraguei os planos de mamãe, ela queria anunciar meu retorno em uma grande festa. - Fala com uma expressão sem graça, tinha que manter a história de que sua mãe ainda estava viva. - Mas o q
Com a saída de Enzo e Pedro, Ísis se encontra “sozinha” na sala do trono, afinal os soldados responsáveis tanto por sua segurança quanto do palácio estavam ali, em suas posições observando cada movimento, garantindo que nada escape de seu olhar.Ísis observa por um tempo as portas do salão se fechando, essa seria a primeira de muitas vezes que estaria naquele salão, afinal não tinha como negar ela precisava assumir o posto de princesa e posteriormente de Imperatriz, e nesse momento não tinha como retroceder. Os livros que Sinis a entregara lhe chamam atenção, então resolve folheá-los, iniciando pelo que lhe fora entregue por último, segundo Sinis nesse continha os acontecimentos que procederam seu desaparecimento, relatados por Angel, e já na primeira página o livro prendeu sua atenção, afinal sua dedicatória era explicitamente a ela.“Alguns dizem que a vida é regida pelo destino, outros pelas escolhas, eu acredito em ambas teorias, afinal cada um de nós tem um destino a cumprir, con
“Capítulo 5Art.1° Todos os crimes que, por sua natureza, causam repulsa a sociedade e/ou possam causar danos ao reino e/ou a coroa devem ser julgados no Tribunal do Povo.Parágrafo Único: São passíveis de punição imediata, sem julgamento prévio pelo Tribunal do Povo devido sua crueldade, os seguintes crimes:- Tortura- Tráfico- Estupro- Genocídio.Art. 2° O Tribunal do povo deverá conter:- Acusado- Acusador- Representante da coroa- 7 jurados, devendo esses serem escolhidos no momento do julgamento aleatoriamente do públicoParágrafo Único: O julgamento deverá ser realizado em local que permita a participação de todo e qualquer membro do povo de Sosayti que deseje participar.Art. 3 Caberá ao Tribunal julgar apenas quanto a culpa ou inocência do acusado, sendo de responsabilidade do representante da coroa ou a Imperatriz, se assim for definido por ela, decidir quanto a punição.”Assim que termina a leitura, Ísis entende a revolta do povo com a extinção do tribunal, entendendo a
— Alteza, se me permite dizer, sei que tem algo de estranho acontecendo no reino desde que sumistes há 25 anos, a Imperatriz não é mais a mesma e quanto ao motivo de minha visita é sobre o surgimento de inquisidores no reino, tenho tido grandes problemas com eles nas províncias que administro. Alguns chegaram a dizer estarem ali a mando da Imperatriz.— Eles lhe entregaram algum decreto?— Não, justamente por isso consigo evitar que realizem julgamentos insanos, mas algumas mulheres desapareceram ultimamente, e os rumores são de que eles teriam pegado elas e realizado o julgamento fora de minhas vistas e executadas.Ao ouvir o relato de César, Ísis se senta nos degraus que dão acesso ao trono, fecha os olhos e leva a mão direita a têmpora, alisando o local. Sua mente estava uma loucura, o reino estava uma completa bagunça, mas uma coisa ela tinha certeza os inquisidores não estavam ali a mando de Senka, afinal ela era uma bruxa. Estariam eles atrás de Senka e Sinis? Ou seria de Angel?
— E você quer saber o motivo dele pensar assim?— Ele não desconfiaria disso sem motivo. Não é apenas isso, ele disse que alguns inquisidores alegavam terem sidos enviados pela Imperatriz.— O que não é possível já Senka é uma bruxa, ela não permitiria caçadores de bruxas tão próximo dela.— Somente uma suicida permitiria isso, logo…— O que eles querem no reino? O que estão a procura? É isso que quer descobrir, por isso colocou César como acusador.— Isso, ele vai me ajudar bastante, mas tem mais uma coisa, eu acho que ele sabe que não era a imperatriz que esteve no poder todo esse tempo.— Ele sabe que ela faleceu?— Talvez não, mas sabe que tinha algo de errado, não somente ele, mas todos os Lordes da corte. - Ísis fala observando o livro em suas mãos, então se levanta e com Enzo ao lado sai da sala do trono com destino seu quarto. Já aos pés da escada volta para seu acompanhante e volta a falar. - Sinis desapareceu desde que me entregara os livros, peça para alguém localizá-la e d
“A base da sociedade é a justiça; o julgamento constitui a ordem da sociedade: ora o julgamento é a aplicação da justiça.”AristótelesO julgamento aconteceria na praça central do vilarejo, o local foi perfeitamente organizado por Pedro. O trono de Ísis se encontrava no centro de um palco que diferente do que ali estava mais cedo, não era nem um pouco improvisado, ele permitia que pessoas do outro lado da praça pudesse acompanhar o julgamento sem quaisquer problemas. De frente ao trono foi disposto dois assentos, um destinado ao acusador, nesse caso o Arquiduque Batista e o outro ao Réu Noah Murphy, na lateral esquerda do palco havias alguns assentos destinado às testemunhas, ali se encontravam a família do Soldado Soares.Enzo ajuda Ísis a subir no palco, ela se põe a frente do trono e com Enzo ao seu lado direito observa atentamento todos ali presentes. A praça estava cheia, as pessoas se amontoavam não apenas para acompanhar o julgamento do “caçador de bruxas”, mas também para ter