Edward sabia que não deveria levar Keenan para sua casa naquele dia, mas, ao olhar para o corpo adormecido e machucado, ficou angustiado, sem saber o que fazer. Só sabia que precisava levá-lo para casa.Para sua surpresa, os aldeões o ajudaram a colocar Keenan na carroça. Edward deu a desculpa de que o levaria para a mansão.— Obrigado, eu trago a carroça pelo amanhecer — agradeceu Edward. — Eu sei que vocês têm motivo para me detestar e não me ajudar.— Está tudo bem, Ed — disse Osvald. — Você não é mais o xerife, e nos ajudou hoje.— Eu sinto muito por tudo.— São águas passadas — disse o outro homem. — Agora leve Keenan, ele precisa de cuidados. Vi que tem algumas queimaduras.— Esse garoto foi extremamente corajoso — João olhou para Keenan, grato. — Nem sei como retribuir.— Foi mesmo, o general foi um herói — Osvald disse.— Com certeza. Vou levá-lo para lá agora. E, João, vocês têm um lugar para ficar com sua família? — Edward perguntou, subindo na carroça e pegando as rédeas.—
Annabeth limpou as lágrimas enquanto ouvia batidas suaves em sua porta. Não queria atender a ninguém. A única pessoa que desejava ver era Keenan. Apenas ele. Despedir-se dele novamente havia sido uma das experiências mais difíceis de sua vida, tudo por culpa daquele rei desprezível.— Filha, sou eu. Precisamos conversar — a voz de Edward soou do outro lado.— Não quero conversar, papai. Vai embora. — Sua voz saiu embargada, mas firme.— Anna, é sobre Keenan... Ele está machucado.A porta se abriu num rompante, revelando o rosto pálido de Annabeth, tomada pelo desespero. Ela segurou a camisa do pai com força, as mãos tremendo.— O que aconteceu com ele?— Calma, Anna. Ele está bem — Edward a puxou para um abraço reconfortante. — Só sofreu alguns machucados. Houve um incêndio numa casa da aldeia, e Keenan... Keenan foi um herói. Ele salvou todos que estavam lá.As lágrimas voltaram, mas desta vez de alívio.— Eu quero vê-lo, papai. Quero ficar com ele. Cuidar dele.— Não! — Edward segur
— Você é fraco! Acredita que alguém poderia te amar? Olhe para você! Olhe esses olhos! Esquisito! Comece a remar nesta merda, agora!Jordan esquivou-se de um golpe no rosto, enquanto Neal continuava tentando acertá-lo de todas as maneiras possíveis. Ele balançou a cabeça, tentando ignorar a voz do homem que já havia sido seu dono, ainda ecoando em sua mente.Os sons ao redor começaram a desaparecer, e, por um instante, ele só viu o navio cargueiro à sua frente. Respirou fundo, fechou os olhos, e o jovem que estava treinando veio atacá-lo. Jordan segurou seus pulsos e o derrubou no chão.— Luta encerrada — avisou para o garoto, que olhou para a plateia formada. — 15 minutos de descanso. Depois começamos para valer.— Eu ainda vou te acertar — disse Neal, um pouco frustrado. — Só para constar, é injusto chamarem o June e não a mim.— Relaxa, garoto, sem afobação — respondeu, com tranquilidade. — Daqui a pouco te chamo de novo. Vai lá.Assim que Neal se afastou, Jordan sentou no banco, e
Kairus colocou suas luvas e ajeitou a roupa sobre o corpo. Ouviu os barulhos vindos da sala ao lado e percebeu que Esteban estava dando mais um de seus chiliques. Ele abriu e fechou a mão nas luvas, prendeu o cabelo em um rabo de cavalo. Já estava cansado daquele lugar. Nada estava saindo como imaginara. A filha do xerife, por exemplo, estava insistindo para ser sua amiga, e o pior de tudo: a conversa com ela o deixava estranhamente calmo, fazia-o se sentir bem. O jeito dela lembrava sua Rhoslyn, e o que dissera para ela há poucos dias era verdade. Jamais machucaria aquela garota ou deixaria aquele idiota de Esteban se aproximar dela. Se Keenan não fizesse nada, ele faria. E era por isso que não iria embora. A parte humana que ainda lhe restava não o deixava partir. Era óbvio para ele que o rei dos ladrões era Keenan Bentley. Porém, mexer com o general sem provas concretas poderia destruir Forwood. Além disso, a senhorita Riley ficaria triste, e essa amargura a acompanharia pelo
Keenan abriu os olhos devagar, sentindo um incômodo profundo nos músculos. Soltou um gemido de dor e se ergueu na cama, sentando-se com cuidado. Aos poucos, sua mente foi clareando. Lembrou-se da ordem do rei, da conversa com Anna, do fogo na cabana, daquelas velhas sinistras e do duque, imóvel no alto da casa, observando-o.Um arrepio percorreu seu corpo ao reviver a cena. O que aconteceu naquela casa não foi normal. Era um milagre estar vivo. Nem sabia como tinha conseguido chegar até ali. Talvez Edward tivesse ajudado.Ao olhar ao redor, percebeu que estava na casa dos pais. O som de passos no corredor chamou sua atenção, e logo sua mãe entrou no quarto.— Oi, filho! Graças a Deus, você está bem… Urick! Ele acordou! — Gweneth gritou na direção do corredor.A mulher veio até ele e segurou seu rosto entre as mãos. O suspiro de alívio que soltou o fez lembrar de quando era pequeno e pegou um resfriado que a deixou desesperada.— Está sentindo alguma coisa? — perguntou aflita, passando
Quando chegou à aldeia, Keenan estranhou o silêncio. Não havia aldeões à vista, algo incomum e inquietante. Ele amarrou a rédea do cavalo no quintal da mãe e saiu, já desconfiado.Ao passar pela feira, encontrou o local completamente vazio. Um frio percorreu sua espinha. Aquilo não era um bom sinal. Ele acelerou o passo, quase correndo pelos becos estreitos, até ouvir uma voz familiar ecoando próxima.Era o rei.Que diabos Esteban estava fazendo ali?O coração de Keenan disparou. Ele ignorou a dor que ainda queimava nos músculos e correu em direção ao som. Ao chegar ao pátio da aldeia, parou, arfando, diante de uma cena que fez seu sangue gelar.Esteban estava lá, cercado por guardas e aldeões submissos. Ele segurava um chicote em uma das mãos e, com a outra, ordenava que seus homens amarrassem um garoto a uma pilastra de madeira.Por tudo que é mais sagrado, aquele menino não tinha nem 13 anos.— Coloquem esse merdinha aí! — gritou Esteban, sua voz cortando o silêncio como uma lâmina
Sinan olhou para a roupa do rei dos ladrões e soltou um suspiro. Nunca imaginou que seu primo realmente abandonaria aquele manto tão icônico.— E aí, você topa? — Milo perguntou, com as sobrancelhas levemente arqueadas.— Claro, se for para salvar meu primo e o garoto — Sinan respondeu sem hesitação.— Ótimo. O resto de nós estará com as nossas roupas habituais de ladrão. — Apolo lançou um olhar firme em direção a Sinan, parecendo querer reforçar o plano.— Sinan, tenha consciência de uma coisa: assim que o "rei dos ladrões" aparecer, o duque virá atrás de você. — Milo alertou, sério.— Ah, droga! — Sinan resmungou, massageando a testa como quem já previa as dores de cabeça que isso traria.— Então — Milo começou, com o tom de quem já esperava esse tipo de reação —, minha ideia é capturar Kairus também. Não sabia quando seria a melhor oportunidade, mas acredito que agora seja o momento ideal.Apolo franziu o cenho e suspirou profundamente, como se carregasse um peso enorme.— Como vam
Quando o rei se preparava para dar o primeiro açoite, uma flecha passou zunindo perto dele, fazendo todos se virarem para os telhados. Os guardas correram para proteger Esteban, enquanto o duque deu alguns passos à frente. Sobre os telhados, havia vários ladrões, todos com as mesmas roupas do assalto na floresta. — Arqueiros! — O rei dos ladrões exclamou. — Atirem! Anna perdeu o fôlego ao ver as flechas voando em direção aos guardas. Elas acertaram o chão bem perto de seus pés, e os soldados deram um passo atrás, assustados. — Você vai atirar em mim, rei dos ladrões? Quer mesmo fazer isso? — Esteban gritou, desafiador. Ao observar o líder dos ladrões, Anna franziu o cenho. Não, ele não era o verdadeiro rei dos ladrões. A voz dele era diferente, mais grave, e ele parecia menor, fisicamente. Anna o reconheceria, mas aquele não era o homem que ela temia. Com a confusão se espalhando, Anna manteve os olhos fixos na cena. Os ladrões se prepararam para lançar novas flechas. —