Enquanto voltavam para casa, Anna abraçou Keenan com mais força, como se sua vida dependesse disso. Enterrou o nariz no pescoço dele e sentiu o cheiro de coco misturado com menta. Como sentia saudade daquele cheiro!Sem conseguir resistir, passou a ponta do nariz pela pele dele, e o sentiu estremecer. Ele havia evitado o caminho da aldeia para não chamar atenção e optou pela estrada mais curta. Anna apenas queria passar um tempo com ele, saber o que acontecera, e encher Keenan de carinho.Para o inferno aquela aposta que fizeram, agora não fazia sentido. A saudade que sentia dele era imensa, e não queria mais perder tempo com brincadeiras. Só o queria por inteiro. Após o aviso do duque, ela temia por tudo.Ao chegarem à mansão, Keenan saltou do cavalo e a segurou pela cintura, ajudando-a a descer. Anna o abraçou novamente e afastou a cabeça apenas para poder observá-lo. Notou as olheiras em volta dos olhos e a expressão cansada, também. Ele havia emagrecido.Podia julgar que ele realm
Milo sempre foi um rapaz alegre, embora sua história não fosse tão feliz assim. Crescera com sua irmã e mãe em um casebre entre a fronteira de Bunterlling e o reino de Gotril. A magia sempre esteve presente entre eles. Amara, sua mãe, os ensinou tudo sobre feitiços e bruxaria, além de explicar seus dons: ele nascera com a marca da Lua, um grande poder para prever o futuro, e sua irmã, Rhoslyn, herdara o poder de luz muito poderoso, o mesmo de Amara.Antes de sua mãe ser exterminada pelas irmãs — as três bruxas velhas das trevas —, ela escondeu ele e Rhoslyn para que as tias não os encontrassem.Isso funcionou durante algum tempo. Ele e a irmã passaram por muitas dificuldades, incluindo fome, até conseguirem se acostumar a viver sem Amara. Porém, quando a magia de Rhoslyn começou a se manifestar e ele começou a ter visões, algo se acendeu como um farol para as bruxas. Foi quando tiveram que se separar, e, quando se reencontraram, ela estava noiva e grávida do duque de Bunterlling.Milo
— Viktor… Viktor… Viktor…Os sussurros pelo seu nome ecoavam distantes, gradualmente se aproximando. Quando as vozes começaram a soar familiares, uma onda de arrepios percorreu seu corpo. Enquanto uma o chamava, outra soltava uma risada diabolicamente familiar.O Duque despertou de repente, levantando-se rapidamente da cama. Seus olhos se fixaram nas três bruxas velhas paradas ao pé da cama, segurando seus cajados inseparáveis com a mão direita. O som das risadas ecoava pelo quarto. Hylda, Agatha, Matilda.— Eu disse que nosso filho acordaria — comentou Hylda, a mais velha.— Demorou muito para isso acontecer — rebateu Agatha, a irmã do meio.— Sim… demorou — Matilda, a mais nova, concordou com um sorriso cruel.Viktor esfregou os olhos, fitando as três. Logo percebeu que eram apenas imagens fantasmagóricas. Sempre que uma falava, as outras duas completavam suas palavras, como se estivessem em perfeita sincronia. Uma sintonia assustadora.— Mamães, vocês não estão realmente aqui — afi
Esteban estava sentado em seu trono, bebendo lentamente um gole de vinho. Coçou o cavanhaque no queixo, ainda completamente irritado pela intromissão do General Bentley no dia anterior, ou, melhor dizendo, pelo fora da lei.Suas desconfianças só aumentavam. Mas isso ele resolveria em breve. O que ele mais queria naquele momento era destroçar Bentley de uma vez por todas, e um passo importante para isso seria tirar Annabeth Riley dele.A filha de Edward chamou sua atenção desde o primeiro momento em que a viu. Tinha um corpo sedutor e, embora fosse apenas um capricho, ele sabia que seria suficiente para satisfazê-lo por um tempo. Depois, quando estivesse enjoado, descartá-la como se fosse um objeto descartável. Afinal, Esteban nunca se apegou a nada, exceto seu ouro e seu trono.E o fato de a senhorita Riley ser a mulher de seu possível inimigo só tornava tudo mais tentador.Uma coisa era certa: Esteban nunca permitiria que aquele casamento acontecesse. Por isso, mandou chamar Edward e
Eu vou atirar uma flecha na cabeça desse homem! Era o que Keenan pensava enquanto caminhava em direção à sala do trono com Edward. Mal havia chegado na mansão dos Riley's, teve apenas tempo para dar alguns beijos em Anna antes de receber a mensagem do rei, pedindo que ele e o ex-xerife se dirigissem ao castelo. Ele estava furioso, prestes a explodir. De verdade, ele queria matar Esteban com suas próprias mãos. Era pedir demais ter um único dia de paz com sua mulher? Ele não era mais o rei dos ladrões, não ajudava mais o xerife. E, sinceramente, não tinha ideia do que aquele imbecil queria. Ao chegarem na sala, tanto Keenan quanto Edward fizeram uma rápida reverência ao rei. Keenan reparou que o monarca usava um casaco grosso até o pescoço, mas seus olhos treinados perceberam um pequeno ponto roxo visível quando Esteban virou a cabeça. Algo aconteceu... — Senhores! — Esteban os cumprimentou com uma frieza calculada. — Chamei-os aqui para ser claro e objetivo. Ontem não tive a
Edward sabia o que acontecia quando se opunha ao rei. A última vez que tentou desafiar Esteban, Anna ainda era uma criança. O monarca, em sua perversidade, ameaçou não apenas a menina, mas também Bozena. Esteban nunca blefava. A partir daquele dia, Edward entendeu que, para proteger sua filha, precisava afastá-la.Enviar Annabeth para longe foi a decisão mais difícil de sua vida. Ele sentiu o vazio de sua ausência todos os dias, mas sabia que era necessário. Com Felipe, seu irmão, ela estaria em segurança, aprendendo autodefesa e os valores que a ajudariam a sobreviver.Em Foorwod, ele estava sozinho. Ninguém iria ajudá-lo. O príncipe Urick estava morto, e o povo, que antes confiava nele, agora temia sua proximidade ao rei.Quando Anna partiu, ele respirou aliviado. Mas uma preocupação ainda rondava sua mente: Keenan Bentley. O garoto magrelo e insolente, filho da cozinheira, sempre encontrava um jeito de envolver sua filha em confusão. Edward observava de longe o vínculo deles cresce
Edward olhou para as cabanas feitas de madeira, conectadas por passarelas elevadas. No centro da vila, um pátio enorme acumulava neve, enquanto os aldeões lá embaixo paravam o que estavam fazendo para encará-lo, atônitos. O lugar era maior do que imaginava, e ele estava sem palavras.— Você construiu tudo isso? — perguntou a Keenan, ainda incrédulo.— Não, foi o meu pai. Eu só terminei o que ele começou — respondeu o rei dos ladrões. — Vamos, ainda há mais para ver.Enquanto desciam a passarela até o pátio, Edward sentia o peso dos olhares. A maioria das pessoas ali havia perdido suas casas por causa dele. As expressões de medo, repulsa e indignação eram impossíveis de ignorar, e ele sabia que não havia justificativas suficientes para reparar isso.No centro do pátio, ele avistou um homem descendo de outra passarela acompanhado de Gweneth. Quanto mais o estranho se aproximava, mais o rosto dele parecia familiar.— Ah, meu santo Cristo! — Edward cambaleou para trás, chocado ao reconhec
Keenan não esperou que o outro homem falasse mais nada. Disparou para fora do lugar, correndo em direção ao fogo. Ouviu Edward chamá-lo, mas ignorou. Continuou como um louco, cortando caminho por um beco estreito. Olhou para os telhados e considerou usá-los para chegar mais rápido.Era uma boa ideia, mas logo descartou. Poderia ser uma armadilha, ainda mais se fosse coisa do duque. Além disso, a única pessoa que andava por telhados era o Rei dos Ladrões, e ele não podia dar essa confirmação ao inimigo.Depois de um tempo, chegou ao local. Uma cabana de teto de palha ardia em chamas. Aldeões tentavam apagar o fogo com baldes d'água, mas a estrutura já estava quase toda consumida.— Tem alguém lá dentro? — perguntou a um homem que lutava contra o incêndio.— Sim, general, mas é impossível entrar — respondeu ele, ofegante e suado.Edward chegou logo depois, respirando com dificuldade e com as mãos nos joelhos.— Que inferno… — murmurou, olhando para a cabana.Keenan avaliou o local rapid