A carruagem parou em frente ao castelo, e Anna sentiu uma vontade irresistível de correr para o lado oposto. Esteban os aguardava na entrada, ansioso. O desprezo que ela sentia por aquele homem era ilimitado. A única coisa boa naquela cena era a ausência do duque, outro que também lhe causava um medo terrível.Como sempre, foi a última a sair da carruagem, relutante. Sabia que, para Esteban, convocar um almoço de última hora não era sinal de coisa boa.— Edward, senhora Riley! É sempre um enorme prazer recebê-los em meu castelo — disse o rei, com uma cortesia falsamente efusiva. Quem o conhecia bem sabia o quão exagerado aquilo era. — Senhorita Riley — completou, dirigindo a ela um sorriso estranho e amplo. — A senhorita é sempre uma visão encantadora.Anna respondeu com uma reverência breve, mas não retribuiu o sorriso. Não tinha intenção de disfarçar que não queria estar ali.— Vamos entrar! — disse Esteban, gesticulando para segui-lo. — Como sempre, aguardaremos na sala de estar en
Enquanto voltavam para casa, Anna abraçou Keenan com mais força, como se sua vida dependesse disso. Enterrou o nariz no pescoço dele e sentiu o cheiro de coco misturado com menta. Como sentia saudade daquele cheiro!Sem conseguir resistir, passou a ponta do nariz pela pele dele, e o sentiu estremecer. Ele havia evitado o caminho da aldeia para não chamar atenção e optou pela estrada mais curta. Anna apenas queria passar um tempo com ele, saber o que acontecera, e encher Keenan de carinho.Para o inferno aquela aposta que fizeram, agora não fazia sentido. A saudade que sentia dele era imensa, e não queria mais perder tempo com brincadeiras. Só o queria por inteiro. Após o aviso do duque, ela temia por tudo.Ao chegarem à mansão, Keenan saltou do cavalo e a segurou pela cintura, ajudando-a a descer. Anna o abraçou novamente e afastou a cabeça apenas para poder observá-lo. Notou as olheiras em volta dos olhos e a expressão cansada, também. Ele havia emagrecido.Podia julgar que ele realm
Milo sempre foi um rapaz alegre, embora sua história não fosse tão feliz assim. Crescera com sua irmã e mãe em um casebre entre a fronteira de Bunterlling e o reino de Gotril. A magia sempre esteve presente entre eles. Amara, sua mãe, os ensinou tudo sobre feitiços e bruxaria, além de explicar seus dons: ele nascera com a marca da Lua, um grande poder para prever o futuro, e sua irmã, Rhoslyn, herdara o poder de luz muito poderoso, o mesmo de Amara.Antes de sua mãe ser exterminada pelas irmãs — as três bruxas velhas das trevas —, ela escondeu ele e Rhoslyn para que as tias não os encontrassem.Isso funcionou durante algum tempo. Ele e a irmã passaram por muitas dificuldades, incluindo fome, até conseguirem se acostumar a viver sem Amara. Porém, quando a magia de Rhoslyn começou a se manifestar e ele começou a ter visões, algo se acendeu como um farol para as bruxas. Foi quando tiveram que se separar, e, quando se reencontraram, ela estava noiva e grávida do duque de Bunterlling.Milo
— Viktor… Viktor… Viktor…Os sussurros pelo seu nome ecoavam distantes, gradualmente se aproximando. Quando as vozes começaram a soar familiares, uma onda de arrepios percorreu seu corpo. Enquanto uma o chamava, outra soltava uma risada diabolicamente familiar.O Duque despertou de repente, levantando-se rapidamente da cama. Seus olhos se fixaram nas três bruxas velhas paradas ao pé da cama, segurando seus cajados inseparáveis com a mão direita. O som das risadas ecoava pelo quarto. Hylda, Agatha, Matilda.— Eu disse que nosso filho acordaria — comentou Hylda, a mais velha.— Demorou muito para isso acontecer — rebateu Agatha, a irmã do meio.— Sim… demorou — Matilda, a mais nova, concordou com um sorriso cruel.Viktor esfregou os olhos, fitando as três. Logo percebeu que eram apenas imagens fantasmagóricas. Sempre que uma falava, as outras duas completavam suas palavras, como se estivessem em perfeita sincronia. Uma sintonia assustadora.— Mamães, vocês não estão realmente aqui — afi
Esteban estava sentado em seu trono, bebendo lentamente um gole de vinho. Coçou o cavanhaque no queixo, ainda completamente irritado pela intromissão do General Bentley no dia anterior, ou, melhor dizendo, pelo fora da lei.Suas desconfianças só aumentavam. Mas isso ele resolveria em breve. O que ele mais queria naquele momento era destroçar Bentley de uma vez por todas, e um passo importante para isso seria tirar Annabeth Riley dele.A filha de Edward chamou sua atenção desde o primeiro momento em que a viu. Tinha um corpo sedutor e, embora fosse apenas um capricho, ele sabia que seria suficiente para satisfazê-lo por um tempo. Depois, quando estivesse enjoado, descartá-la como se fosse um objeto descartável. Afinal, Esteban nunca se apegou a nada, exceto seu ouro e seu trono.E o fato de a senhorita Riley ser a mulher de seu possível inimigo só tornava tudo mais tentador.Uma coisa era certa: Esteban nunca permitiria que aquele casamento acontecesse. Por isso, mandou chamar Edward e
Eu vou atirar uma flecha na cabeça desse homem!Era o que Keenan pensava enquanto caminhava em direção à sala do trono com Edward. Mal havia chegado na mansão dos Riley's, teve apenas tempo para dar alguns beijos em Anna antes de receber a mensagem do rei, pedindo que ele e o ex-xerife se dirigissem ao castelo.Ele estava furioso, prestes a explodir. De verdade, ele queria matar Esteban com suas próprias mãos. Era pedir demais ter um único dia de paz com sua mulher? Ele não era mais o rei dos ladrões, não ajudava mais o xerife. E, sinceramente, não tinha ideia do que aquele imbecil queria.Ao chegarem na sala, tanto Keenan quanto Edward fizeram uma rápida reverência ao rei. Keenan reparou que o monarca usava um casaco grosso até o pescoço, mas seus olhos treinados perceberam um pequeno ponto roxo visível quando Esteban virou a cabeça.Algo aconteceu...— Senhores! — Esteban os cumprimentou com uma frieza calculada. — Chamei-os aqui para ser claro e objetivo. Ontem não tive a felicidad
Avisos: Essa é a uma história de Ficção. Conteúdo Adulto. Créditos: Capa criada por Freepik IDADE MÉDIA - INGLATERRA - FORWOOD As nuvens encobriam o céu enquanto os gritos ecoavam pelos becos da Aldeia de Forwood. Um menino pulava sobre as tendas das barracas enquanto fugia, levando três maçãs em suas mãos. Atrás do pestinha estava a guarda real, e ele ouvia os gritos dos aldeões comerciantes – alguns reclamavam de sua ação, enquanto outros praguejavam contra os que o perseguiam. O garoto saltou da última tenda, dando uma cambalhota ao alcançar o chão. As galinhas no caminho se espalharam, cacarejando e batendo as asas para sair da frente. Ele olhou para trás e viu os soldados sendo barrados pelos comerciantes. Um sorriso sapeca tomou conta de seu rosto. — Corre, garoto! — exclamou um feirante. — Toma aqui. — Ele entregou mais uma fruta ao rapaz. — Obrigado, senhor Eduardo — respondeu o menino. Em um ato de ousadia e travessura, ele parou rapidamente, e, olhando para o
Algumas semanas depois— Eu não quero ir — Annabeth disse, abraçada a Keenan, com o rosto enterrado em seu peito. — Não quero que ninguém pegue o meu lugar.E aquilo era pura verdade; o maior medo de Annabeth era ser esquecida ou substituída.— Ei, ei... olhe para mim — ele pediu, tocando delicadamente o rosto dela. — Ninguém pode tomar o seu lugar. Ele é só seu. Você é única!— Sou mesmo? — perguntou com a voz embargada.Ele balançou a cabeça, concordando.— Já podemos ir, Annabeth? — A voz impaciente de seu pai soava irritada.Nem uma despedida decente eles poderiam ter. Annabeth apertou o abraço em Keenan, sem conseguir imaginar como seria sua vida sem ele. Era seu melhor amigo, e, em todas as confusões em que ele se metia, lá estavam eles juntos.— Filha, precisamos ir — disse Bozena, a mãe dela.— Não! — sussurrou Annabeth, enterrando o rosto mais fundo no peito dele.— Aninha — murmurou Keenan, segurando o rosto dela e o erguendo devagar. — Isso vai ser rápido. Você voltará logo