Eu vou atirar uma flecha na cabeça desse homem! Era o que Keenan pensava enquanto caminhava em direção à sala do trono com Edward. Mal havia chegado na mansão dos Riley's, teve apenas tempo para dar alguns beijos em Anna antes de receber a mensagem do rei, pedindo que ele e o ex-xerife se dirigissem ao castelo. Ele estava furioso, prestes a explodir. De verdade, ele queria matar Esteban com suas próprias mãos. Era pedir demais ter um único dia de paz com sua mulher? Ele não era mais o rei dos ladrões, não ajudava mais o xerife. E, sinceramente, não tinha ideia do que aquele imbecil queria. Ao chegarem na sala, tanto Keenan quanto Edward fizeram uma rápida reverência ao rei. Keenan reparou que o monarca usava um casaco grosso até o pescoço, mas seus olhos treinados perceberam um pequeno ponto roxo visível quando Esteban virou a cabeça. Algo aconteceu... — Senhores! — Esteban os cumprimentou com uma frieza calculada. — Chamei-os aqui para ser claro e objetivo. Ontem não tive a
Edward sabia o que acontecia quando se opunha ao rei. A última vez que tentou desafiar Esteban, Anna ainda era uma criança. O monarca, em sua perversidade, ameaçou não apenas a menina, mas também Bozena. Esteban nunca blefava. A partir daquele dia, Edward entendeu que, para proteger sua filha, precisava afastá-la.Enviar Annabeth para longe foi a decisão mais difícil de sua vida. Ele sentiu o vazio de sua ausência todos os dias, mas sabia que era necessário. Com Felipe, seu irmão, ela estaria em segurança, aprendendo autodefesa e os valores que a ajudariam a sobreviver.Em Foorwod, ele estava sozinho. Ninguém iria ajudá-lo. O príncipe Urick estava morto, e o povo, que antes confiava nele, agora temia sua proximidade ao rei.Quando Anna partiu, ele respirou aliviado. Mas uma preocupação ainda rondava sua mente: Keenan Bentley. O garoto magrelo e insolente, filho da cozinheira, sempre encontrava um jeito de envolver sua filha em confusão. Edward observava de longe o vínculo deles cresce
Edward olhou para as cabanas feitas de madeira, conectadas por passarelas elevadas. No centro da vila, um pátio enorme acumulava neve, enquanto os aldeões lá embaixo paravam o que estavam fazendo para encará-lo, atônitos. O lugar era maior do que imaginava, e ele estava sem palavras.— Você construiu tudo isso? — perguntou a Keenan, ainda incrédulo.— Não, foi o meu pai. Eu só terminei o que ele começou — respondeu o rei dos ladrões. — Vamos, ainda há mais para ver.Enquanto desciam a passarela até o pátio, Edward sentia o peso dos olhares. A maioria das pessoas ali havia perdido suas casas por causa dele. As expressões de medo, repulsa e indignação eram impossíveis de ignorar, e ele sabia que não havia justificativas suficientes para reparar isso.No centro do pátio, ele avistou um homem descendo de outra passarela acompanhado de Gweneth. Quanto mais o estranho se aproximava, mais o rosto dele parecia familiar.— Ah, meu santo Cristo! — Edward cambaleou para trás, chocado ao reconhec
Keenan não esperou que o outro homem falasse mais nada. Disparou para fora do lugar, correndo em direção ao fogo. Ouviu Edward chamá-lo, mas ignorou. Continuou como um louco, cortando caminho por um beco estreito. Olhou para os telhados e considerou usá-los para chegar mais rápido.Era uma boa ideia, mas logo descartou. Poderia ser uma armadilha, ainda mais se fosse coisa do duque. Além disso, a única pessoa que andava por telhados era o Rei dos Ladrões, e ele não podia dar essa confirmação ao inimigo.Depois de um tempo, chegou ao local. Uma cabana de teto de palha ardia em chamas. Aldeões tentavam apagar o fogo com baldes d'água, mas a estrutura já estava quase toda consumida.— Tem alguém lá dentro? — perguntou a um homem que lutava contra o incêndio.— Sim, general, mas é impossível entrar — respondeu ele, ofegante e suado.Edward chegou logo depois, respirando com dificuldade e com as mãos nos joelhos.— Que inferno… — murmurou, olhando para a cabana.Keenan avaliou o local rapid
Edward sabia que não deveria levar Keenan para sua casa naquele dia, mas, ao olhar para o corpo adormecido e machucado, ficou angustiado, sem saber o que fazer. Só sabia que precisava levá-lo para casa.Para sua surpresa, os aldeões o ajudaram a colocar Keenan na carroça. Edward deu a desculpa de que o levaria para a mansão.— Obrigado, eu trago a carroça pelo amanhecer — agradeceu Edward. — Eu sei que vocês têm motivo para me detestar e não me ajudar.— Está tudo bem, Ed — disse Osvald. — Você não é mais o xerife, e nos ajudou hoje.— Eu sinto muito por tudo.— São águas passadas — disse o outro homem. — Agora leve Keenan, ele precisa de cuidados. Vi que tem algumas queimaduras.— Esse garoto foi extremamente corajoso — João olhou para Keenan, grato. — Nem sei como retribuir.— Foi mesmo, o general foi um herói — Osvald disse.— Com certeza. Vou levá-lo para lá agora. E, João, vocês têm um lugar para ficar com sua família? — Edward perguntou, subindo na carroça e pegando as rédeas.—
Annabeth limpou as lágrimas enquanto ouvia batidas suaves em sua porta. Não queria atender a ninguém. A única pessoa que desejava ver era Keenan. Apenas ele. Despedir-se dele novamente havia sido uma das experiências mais difíceis de sua vida, tudo por culpa daquele rei desprezível.— Filha, sou eu. Precisamos conversar — a voz de Edward soou do outro lado.— Não quero conversar, papai. Vai embora. — Sua voz saiu embargada, mas firme.— Anna, é sobre Keenan... Ele está machucado.A porta se abriu num rompante, revelando o rosto pálido de Annabeth, tomada pelo desespero. Ela segurou a camisa do pai com força, as mãos tremendo.— O que aconteceu com ele?— Calma, Anna. Ele está bem — Edward a puxou para um abraço reconfortante. — Só sofreu alguns machucados. Houve um incêndio numa casa da aldeia, e Keenan... Keenan foi um herói. Ele salvou todos que estavam lá.As lágrimas voltaram, mas desta vez de alívio.— Eu quero vê-lo, papai. Quero ficar com ele. Cuidar dele.— Não! — Edward segur
— Você é fraco! Acredita que alguém poderia te amar? Olhe para você! Olhe esses olhos! Esquisito! Comece a remar nesta merda, agora!Jordan esquivou-se de um golpe no rosto, enquanto Neal continuava tentando acertá-lo de todas as maneiras possíveis. Ele balançou a cabeça, tentando ignorar a voz do homem que já havia sido seu dono, ainda ecoando em sua mente.Os sons ao redor começaram a desaparecer, e, por um instante, ele só viu o navio cargueiro à sua frente. Respirou fundo, fechou os olhos, e o jovem que estava treinando veio atacá-lo. Jordan segurou seus pulsos e o derrubou no chão.— Luta encerrada — avisou para o garoto, que olhou para a plateia formada. — 15 minutos de descanso. Depois começamos para valer.— Eu ainda vou te acertar — disse Neal, um pouco frustrado. — Só para constar, é injusto chamarem o June e não a mim.— Relaxa, garoto, sem afobação — respondeu, com tranquilidade. — Daqui a pouco te chamo de novo. Vai lá.Assim que Neal se afastou, Jordan sentou no banco, e
Kairus colocou suas luvas e ajeitou a roupa sobre o corpo. Ouviu os barulhos vindos da sala ao lado e percebeu que Esteban estava dando mais um de seus chiliques. Ele abriu e fechou a mão nas luvas, prendeu o cabelo em um rabo de cavalo. Já estava cansado daquele lugar. Nada estava saindo como imaginara. A filha do xerife, por exemplo, estava insistindo para ser sua amiga, e o pior de tudo: a conversa com ela o deixava estranhamente calmo, fazia-o se sentir bem. O jeito dela lembrava sua Rhoslyn, e o que dissera para ela há poucos dias era verdade. Jamais machucaria aquela garota ou deixaria aquele idiota de Esteban se aproximar dela. Se Keenan não fizesse nada, ele faria. E era por isso que não iria embora. A parte humana que ainda lhe restava não o deixava partir. Era óbvio para ele que o rei dos ladrões era Keenan Bentley. Porém, mexer com o general sem provas concretas poderia destruir Forwood. Além disso, a senhorita Riley ficaria triste, e essa amargura a acompanharia pelo