SILASQuando todos dormiam, nas penumbras, comecei a ouvir gemidos baixos.Aproximei-me da porta do quarto dela, na área de serviço.Detestava o fato de minha senhora não a ter enviado para o alojamento. Por que ela precisava de um tratamento preferencial?Agora entendia o motivo: minha senhora era inteligente, tinha seus próprios planos."Mmmm, sua senhoria é tão linda...""Adoro minha senhora... mmm, senhoria, quero tocá-la..."Eram sussurros femininos indecentes que escapavam do quarto.Cerrei os dentes e soquei a parede, arrancando um pedaço dos velhos tijolos.Eu precisava me controlar; não podia alertar os outros servos nem me deixar levar por esse impulso assassino.Aquela vadia gemia como se estivesse deitada com minha senhora. Parecia efeito do feitiço: ela provavelmente acreditava que a estava agradando em seu quarto.Tudo era falso, mas a simples ideia das cenas que passavam por sua mente suja fazia meu sangue ferver.Os delírios dessa escrava não importavam. Minha senhora
LUCRÉCIAEle me dizia tudo o que eu odiava ouvir, o que me fazia sentir mais vulnerável, rancorosa, porque isso o tornava ainda mais rude comigo. O formigamento delicioso percorrendo minha boceta enquanto aqueles olhos dourados me devoravam com rancor, mas o ódio também é paixão e ninguém nunca me tomou com tanta veemência em toda a minha vida. — Gray, goza dentro da sua dona, goza, meu branquinho, ahhh, Gray, oh sim, querido! Graaaay! Eu estava no limite, só mais algumas estocadas, só um pouco mais, mas então ouvi um grunhido e o jorro quente preenchendo minha boceta. Abri os olhos de repente, furiosa. Aquele maldit0 escravo de novo tinha gozado antes de mim, nem aguentava um pouco de penetrações rápidas! — Você é um idiota! — dei um tapa com toda a raiva reprimida que sentia. Agarrei a outra ponta da corrente e me levantei frustrada, ainda com o desejo a meio caminho. Ele caiu no chão, levando as mãos à cabeça, em posição fetal, choramingando. Isso me enfureceu ainda mais,
SIGRID—Não é necessário que me calce os sapatos, Silas, eu mesma faço isso —tirei as botas de suas mãos e as coloquei sozinha.A verdade é que ter alguém ao meu redor o tempo todo, me ajudando em tudo, me dava dor de cabeça.Mas sua presença silenciosa não me incomodava. Eu permitia. Só que algo me dizia que, neste momento, as tormentas estavam prestes a chegar.—Minha senhora, vou rapidamente ao meu quarto para me trocar. O traje azul que mandou confeccionar para mim... lhe parece adequado? —ele se levantou de repente, apressado.— Melhor eu provar e você me diz...—Espere, Silas —o interrompi quando já havia virado de costas.—Não é necessário que se troque, você não vai comigo à festa.Observei suas costas largas e rígidas. Ele permaneceu em silêncio, sem se virar, mas eu podia sentir o turbilhão de sentimentos que o consumiam por dentro.—É perigoso, podem te reconhecer, não sei se Lucrécia...—É por causa da minha aparência horrenda? —ele se virou de repente, e eu apertei os pun
SIGRIDCada vez a ideia de levá-lo para o futuro ficava mais forte, mas como eu faria isso?—Vou voltar, apenas obedeça, seja bom e eu o recompensarei —soltei-o finalmente, acrescentando também um suborno.Doía ver a vermelhidão em seu queixo, eu queria curá-lo, mas não podia ceder agora ou minhas próprias palavras perderiam o sentido.Dei as costas e saí do quarto, fechando a porta com força.Fiquei de pé no corredor por alguns segundos, segurando a maçaneta.Eu podia senti-lo do outro lado, como se estivesse gritando silenciosamente por mim.Fechei os olhos e coloquei a máscara de Electra.Hoje era um dia importante e complicado demais para falhar.Antes de descer as escadas, ainda lancei um feitiço simples para selar a porta e o quarto por completo. Se Silas me desobedecesse ou alguém mais entrasse, eu saberia.*****—Senhorita Electra —o mordomo colocou a pesada capa sobre meus ombros ao me despedir na porta da entrada.Saí então para o lado de fora, calçando as luvas de couro.Um
SIGRID—Claro, vossa senhoria, se me acompanhar no trajeto até a mansão, a verdade é que ainda estou um pouco irritada —respondi, seguindo todo esse protocolo tolo.Ele me ajudou a subir e, aos olhos dos demais, parecia apenas um gesto cordial, um pedido de desculpas.A porta se fechou, a cortina foi abaixada e a carruagem seguiu colina acima, rumo aos terrenos da mansão.Assim que ficamos sem testemunhas, o ambiente amigável tornou-se hostil e frio.—Fui eu quem enviou a mensagem pessoalmente. A família De la Croix não foi convidada para esta celebração —ele esclareceu, me surpreendendo um pouco, mas logo acrescentou:—A lista de convidados estava sob a responsabilidade da família Silver, aliada da minha família.Ahhh, agora entendi.Por mais que fingíssemos, as De la Croix e os Silver eram rivais, duas poderosas famílias de feiticeiras.Morgana e Lucrécia nunca foram exatamente amigáveis.—E então, o que exatamente estou fazendo aqui, Sr. Vlad? —perguntei, curiosa para entender melh
SILASBAM!A porta se escancarou com um estrondo, e uma mulher de longos cabelos negros entrou junto com a traidora.Eu a reconhecia, eu acho... Como muitos dos meus fragmentos de memória, não conseguia ter certeza.Mesmo assim, eu não podia me deixar ver. Se ela me reconhecesse, colocaria minha senhora em perigo. Então, me escondi nas sombras do balcão, espiando por uma fresta da porta.—Procure bem por toda parte! Precisamos encontrar alguma prova sólida para Morgana, porque se eu estiver errada, Electra vai arrancar minha cabeça! —ordenou à outra mulher, começando a vasculhar os pertences da minha senhora: a cômoda, as mesinhas, o guarda-roupa... Nada escapava.Ela revistava tudo, mas não conseguia encontrar nada.Cada vez que passavam perto do balcão, eu mergulhava ainda mais nas sombras que essa maldição me concedia.Tive tempo para explorar minhas habilidades agora que minha vida não se resumia apenas a sobreviver.Nos meus momentos de solidão, tentei aceitar quem eu era e convi
SILASMeu olho coçava e ardia, mas não o detive. A magia voltou a brotar do meu corpo, e uma névoa escura começou a preencher a noite.— Rápido, fechem os portões! É ordem da chefe, fechem agora!— Droga, o que é essa névoa? Não vejo nada! Alfred, Alfred…!— Não se mexa ou vai cair no fosso, espera, não consigo ver nada.— Aaaahhh!Em meio aos gritos e ao som dos mecanismos girando para trancar os portões, o relincho de um cavalo ecoou.Ele saltou bem no momento em que as duas enormes portas de madeira estavam se fechando.BAM!O som surdo ecoou atrás de nós quando o feudo De la Croix foi finalmente trancado.Eu me agarrava, ofegante e suando, com todos os músculos tensos, deitado completamente sobre o dorso do magnífico cavalo negro, cavalgando velozmente em direção à escuridão e à proteção da floresta.Ainda estava usando essa magia para me esconder das bruxas, apesar do dano que estava causando ao meu corpo.Minhas veias, prestes a explodir, pareciam se inchar e escurecer como uma
SIGRIDAssim chamaram a longa plataforma onde as candidatas lutavam, enquanto Alessandre assistia, bem entediado, sentado no alto da escadaria.—A vencedora é Amelandra Grumon! —gritaram, aclamando uma ruiva toda orgulhosa, lançando olhares sedutores para o tio-avô.Sinceramente, tudo isso me parecia tão ridículo.—Próximas competidoras: Petra Sole e Electra De la Croix! —bem, chegou o momento de descontar toda essa frustração.Subi as escadinhas de madeira e me posicionei em uma ponta, enquanto ela se posicionava na outra. Seu risinho de superioridade já estava me irritando.A cúpula de vidro que protegia o resto do salão contra os feitiços começou a subir e se fechou sobre nossas cabeças.—Que comece a luta! —Assim que deram o sinal, ela avançou contra mim como uma hiena.Começamos a lutar corpo a corpo, chute, desvio, soco, desvio...Me girei, escapando de um agarrão, e acertei um cotovelo devastador nas costelas dela, sentindo o osso estalar.Tão de perto, essa mulher não era páre