SIGRIDA noite avançava, e eu precisava agir rápido.Não era o mesmo levar um bebê transformada em névoa do que carregar um homem tão pesado. Eu precisava movê-lo para algum lugar mais próximo.—Consegue caminhar? Ei —inclinei-me ao seu lado, com a guarda alta, pensando que ele poderia me atacar de surpresa.Mas, ao tocar seu ombro com força, seu corpo caiu inerte para trás. Ele havia desmaiado.Pelos céus.Eu bufava de cansaço, mas qualquer pensamento desapareceu ao ver seu rosto descoberto agora que o cabelo sujo havia caído para o lado.Cerrei os punhos enquanto a raiva percorria meu corpo. Seu rosto estava destruído.Coberto de feridas horríveis e profundas, cicatrizes, e o pior de tudo: ao redor de seu olho direito, uma enorme marca negra, como uma queimadura, que se estendia pela bochecha e pela testa.Que tipo de feitiço amaldiçoado estavam experimentando neste infeliz?Cobri-o como pude com a capa e conjurei um feitiço de força. Isso consumiria muita magia, mas não havia outra
SIGRIDAquele homem se levantou e começou a me atacar com uma força descomunal, algo que eu nem sabia de onde vinha, considerando sua condição.—Estou... tirando... o selo —cravei minhas unhas em seus pulsos, resistindo à falta de oxigênio e olhando diretamente para aquele olho dourado que agora me encarava, nublado e errático.A loucura espreitava nas profundezas de seu olhar.—Não... me... toque... maldit4... —rosnou com um ódio que me fez arrepiar o corpo inteiro, tão visceral e profundo, tão sangrento.—Aaggrr —gemi, resistindo, enquanto lutávamos.As unhas negras de suas mãos penetravam cada vez mais dolorosamente em meu pescoço branco. A escuridão rondava minha visão, e minha cabeça girava de tontura.—Eu não sou... ela... tranqui... lize-se... não sou... Lucre... cia.Eu sabia que ele estava me confundindo, que o rancor que sentia por sua antiga dona impulsionava aquele último resquício de resistência em seu corpo.Eu teria que atacá-lo, já sentia isso. Mas não morreria pelos p
VALERIA— Você está... você está certa, Esther? — pergunto com a voz trêmula.Meu coração bate apressado, cheio de felicidade.— Muito certa, Luna, aqui está no ultrassom, é essa pequena mancha escura. Você está grávida.Ela aponta para a tela e vejo a frágil vida do meu filhote se formando dentro de mim.— Por que não consegui sentir o cheiro, nem seu pai? — pergunto preocupada.— É muito recente, talvez por isso, dê mais alguns dias e você deverá perceber suas feromonas.Ela responde e eu aceno com a cabeça, com os olhos turvos de lágrimas.Sou a Luna da matilha “Bosque de Outono”.Há três anos me casei com o homem que amo loucamente, apesar de não sermos pares destinados, meu Alfa Dorian.Fiz de tudo para ser a Luna perfeita, o pilar no qual ele possa se apoiar, no entanto, uma sombra opaca meu casamento e era o tema do herdeiro.Nunca consegui engravidar e admito que não compartilho muito a cama com Dorian, mas sei que suas obrigações como Alfa o mantêm muito ocupado e estressado.
VALERIAEle me morde com ferocidade na coxa e me arrasta para debaixo de seu corpo, controlando-me sem piedade.Tento resistir, pedir ajuda, minhas mãos sobre meu ventre, tentando proteger meu filhote, mas suas garras, como armas mortais, perfuram minha pele, destroçando todo meu pequeno corpo vulnerável.Preciso levantar os braços por instinto quando suas garras afiadas se dirigem ao meu rosto, e grito em agonia por causa de uma ferida profunda que atravessa minha bochecha desde a testa.Ao deixar minha barriga exposta, ele investiu contra nosso filho.— NÃO! O filhote, não! Por favor, Dorian, MEU FILHO NÃO!As lágrimas caíam incessantemente dos meus olhos enquanto eu o suplicava, mas seus caninos devoravam minha carne, e suas garras procuravam, friamente, nas profundezas das minhas entranhas, arrancar a vida que eu carregava.Não sei quanto tempo durou essa agonia; soluçava, implorando enquanto ainda conseguia falar.A dor em todo meu corpo era insuportável, mas a da minha alma, que
VALERIAOuço gritos estridentes, vidros quebrando, um rugido animal, rosnados de Alfa, luta e disputa.Algo quente espirra em meu rosto e braços, minhas garras destroçam e meus caninos rasgam.Não consigo parar, não posso, a raiva me consome por dentro e grita por libertação.Não sei o que estou fazendo, não tenho consciência de mim mesma, só sei que, quando recupero o controle do meu corpo, a primeira coisa que vejo são minhas mãos cobertas de sangue.Estou de joelhos no chão, ao meu redor tudo é vermelho, destroços e partes do que um dia foi um poderoso Alfa, Dorian.O que eu fiz? O que fiz, por Deus?!Olho para a cabeça arrancada a um metro de mim.Seus olhos amarelados ainda me encaram com pânico, e sinto como meu estômago revira.Vomito ao lado, sem conseguir evitar, enojada por toda essa cena cheia de morte e violência.Fui eu quem fez isso? Aqui não há ninguém mais.Olho ao meu redor, não sei onde foi parar Sophia, só sei que alguém foi jogado pela janela de vidro, que está est
VALERIASua atitude gritava "sou o dono de tudo aqui, o senhor absoluto."Imediatamente baixei a cabeça, tremendo. Não importava que eu não tivesse uma loba interior, o poder que emanava daquele homem parecia sufocar, estrangular a alma, e ele estava até um pouco distante de mim.Era um Lycan, a espécie superior dos lobos, a maior evolução, e eu estava quase certa de que ele era o mais poderoso de todos, Aldric Thorne, o Rei Lycan.— Sasha, trate de tirar o lixo e certifique-se de que minha próxima criada pessoal não seja uma vadia intrigante, ou ela perderá mais do que a cabeça — sua voz rouca, intimidadora, fria, ecoou, e então passos se afastando.— Isso é um desastre, já é a quinta em dois meses, não sei o que essas meninas têm na cabeça, eu sempre as aviso.A Governanta, a senhora que administra o castelo, se aproxima e tira um pequeno frasco das mãos da vítima.— Outra que tenta dar um afrodisíaco ao Rei, idiota. Vou chamar um servo para levá-la, e sua primeira tarefa será limpa
VALERIA— Aahh, que horror, ela está deformada!— Invejosa, por isso quer nos afastar do Rei!— O senhor disse que vocês já devem sair — repito impassível, parada ao pé da cama, enquanto elas me insultam, mas não me afeta nem um pouco.Estou pensando em como tirá-las daqui, pois, debilitadas ou não, são três, e eu sou só uma.Nesse momento, batidas começam a soar na porta lateral que leva ao corredor, uma porta que eu nem tinha notado. Deve ser a pessoa que vai tirá-las do castelo.Caminho até lá e abro para dois caras fortes, que entram sem dizer uma palavra.As mulheres começam a resistir, cobrindo suas nudezes e gritando que estão vendo os corpos destinados apenas ao Rei, dizendo que perderíamos nossas cabeças.Não preciso estar aqui há muito tempo para perceber as mentiras delas.Aquele homem as usou como objetos descartáveis e agora as está expulsando como lixo.A loira corre em direção à porta que dá para a sala de jantar, e eu me adianto, parando firme e cortando seu caminho.—
VALERIATiro coragem de onde nem sabia que tinha e me viro, tentando que a cesta não balance tanto com o movimento das minhas mãos.— Se... Senhor, a toalha... posso substituí-la por uma nova. Sinto muito por mencionar isso, foi só... só uma conversa sem maldade...Nem sei o que dizer, mas meu coração bate errático enquanto ele dá um passo em minha direção, e sua sombra me cobre por completo.É como um gigante que ocupa todo o espaço ao meu redor.Uma parede atrás de mim impede a retirada.— Responda minha pergunta, Valeria, não se faça de esperta — ele afasta a cesta de repente e a segura com uma mão, dando outro passo à frente. A cesta era minha única barreira de defesa!— Prefere estar com outro guardião? Talvez com o belo Quinn, já que ficou encantada ao olhar para ele.O perigo se infiltra em cada palavra que ele diz. Não entendo por que está tão zangado, eu nem tinha dito nada!— Não, Senhor, gosto de ser sua criada, nem conheço os outros Guardiões — murmuro, olhando para suas b